Capítulo V

- Quer café, Sakura? – perguntou Shaoran.
- Obrigada, quero sim.

Shaoran pegou um copo e levou para Sakura. Ela agradeceu, a pouca clarida da luz de emergência permitia ver um pouco, mas, mesmo sem a luz, Shaoran foi percebeu que sua querida flor estava nervosa.

- Quanto tempo será que vamos ficar presos aqui? – perguntou ela.
- Não sei... Tem claustrofobia ou algo assim?
- Tenho um pouco.
- Não se preocupe, se estiver passando mal me avisa que posso tentar arrombar a porta. – disse sorrindo - Tem medo de mim? – perguntou com uma voz um pouco rouca.
- É claro que não. – respondeu firmemente Sakura, mas, estava mentindo.

Após a resposta da moça, Shaoran se aproximou um pouco mais, tirou o copo das mãos trêmulas de Sakura, segurou as suas mãos a puxando, fazendo-a levantar-se da cadeira.
"O que vou fazer agora?" se perguntava Sakura.
Shaoran a segurou pela cintura com uma das mãos, fazendo-a chegar mais perto, sua outra mão acariciava o rosto de Sakura, os seus lábios começavam a chegar mais perto dos dela, sussurou em seu ouvido:
- Não precisa ter medo de mim... não vou fazer nada que não queira...

Com essas palavras Sakura se acalmou e pode então se deliciar com o maravilhoso beijo suave.

Ela enlaçou o pescoço dele, acariciava seus cabelos, ele começou a apertá-la mais em direção do seu corpo, queria sentir o corpo da moça que estava à sua frente. Os instintos dele estavam agindo mais do que a lógica, suas mãos começaram a percorrer as costas dela, tentando descer um pouco mais...

Do lado de fora da sala, os funcionários da empresa estavam preocupados com o casal que estava preso na sala de reunião, se aproximaram da porta avisando que estavam procurando a chave mestre, e começaram a escutar os gritos de Sakura.
- Isso tá doendo muito!!
- Calma, já vou tirar...
Os funcionários se entreolharam, não queriam perder a oportunidade de ver o que acontecia dentro daquela sala. Rapidamente sairam para pegar a chave mestre mais rapidamente, e não informaram nada ao casal. Imeditamente abriram a porta.

Sakura estava de costas e não viu a decepção estampada no rosto dos funcionários, enquanto Shaoran tentava tirar uma farpa de um dedo dela. Com o nervosismo, ela acabou passando a mão nas bordas da mesa, e uma lasca saiu espetando o seu dedo.

- Obrigada por terem aberto a porta. – agradeceu Shaoran.

A energia elétrica não voltou tão cedo. Sakura com o seu sorriso e simpatia costumeiros encantava as pessoas da reunião que sorriam, mas ao verem o olhar de Shaoran, se concentravam novamente no que a moça dizia.
- Um momento, senhorita Kinomoto! – pediu um dos membros da reunião – Isso vai deixar o processo mais rápido, mas, o nosso custo vai aumentar, não?
- Como disse anteriormente sim. – respondeu Sakura desapontada, ela já havia falado desse detalhe antes – Mas, como disse também, existe a relação custo benefício, o custo aumenta em 20% mas os benefícios quanto a produtividade aumenta em 35% quanto a produção e 28% quanto a manutenção, se precisar dela.
- Preciso analisar sobre melhor sobre esse assunto. Depois conversamos melhor, ok!
- Ok – respondeu a moça ao senhor que lhe fazia perguntas.
Shaoran não gostou muito de ver isso, Sakura não havia percebido mas aquele velho a olhava com olhos esfomeados.

Ao final da reunião, o senhor se aproximou de Sakura enquanto ela arrumava os seus papéis em sua pasta.
- Senhorita Kinomoto...
- Sim Senhor Shimizu. Posso explicar sobre o custo benefício novamente.
- Não posso agora, que tal se a gente jantar hoje? Esse é o único horário que tenho disponível, infelizmente. A não ser que isso vá te atrapalhar.
Sakura ficou triste, pois queria jantar com seu filhinho, Shaoran um pouco mais afastado se aproximou um pouco de Sakura quando viu aquele senhor se aproximar daquela maneira.
- Não se preocupe Senhorita Kinomoto. – disse Shaoran – Posso explicar o que o senhor quiser neste jantar de negócios, o quê acha?
- Eu preferia a Senhorita Kinomoto, já que sempre tratamos esses assuntos com ela e o Senhor Hiragizawa.
- Irei jantar com o senhor para explicar sobre os detalhes que não entendeu, Senhor Shimizu. – respondeu docemente Sakura.
- Está bem, estarei esperando-a no Le Sion às 19:00.
- Estarei lá. Até depois.

Sakura saiu da sala sorrindo e se despedindo dos clientes, Shaoran não acreditava no que aquela moça acabava de aceitar.

- Sakura... – disse Shaoran enquanto entravam no carro. – E o Seiji?
- Eu sei... estou morando de novo com o meu pai, então não vai ter muito problema.
- E... – Shaoran viu que a moça não havia realmente percebido as intenções daquele velho – Gostaria de ir com você na reunião, ficarei perto apenas para aprender o que ele lhe dirá sobre os negócios e como deve responder, afinal, devo aprender com você,
- Está bem. – respondeu Sakura sorrindo.
Shaoran pensava sobre a ingenuidade daquela moça, ela não percebeu nada mesmo, não sabia se isso era uma virtude, sabia apenas que deveria estar lá para protegê-la.

Chegando ao escritório, Tomoyo aguardava a amiga para almoçarem juntas.
- Vamos almoçar, Sakura? – perguntou docemente Tomoyo.
- Vamos sim!
- Até mais tarde Sakura. – disse Shaoran, estava com a cabeça meio perturbada, queria conversar com o seu amigo para entender melhor o que acontecia.

Chegando na sala de Eriol, Shaoran conta o que houve e pede para o amigo lhe explicar o que acontece.
- Você realmente gosta dela? – perguntou Eriol sério.
- Percebi isso quando ficamos longe, senti a falta dela, parecia que o ar me faltava e quando o rosto dela vinha a memória, minhas mãos ficavam úmidas, coração batia mais forte... isso é o suficiente?
- Nem parece você... – riu Eriol ao escutar a confissão do amigo – Vamos ver no que posso te ajudar então. Me diga o que quer saber.
- O quê aconteceu com a Sakura exatamente? Sei que ela se separou do ex-marido e tem um filho.
- Tem certeza que quer conversar sobre isso agora? É uma história meio estranha, nem eu consigo entender ao certo, a Tomoyo entende melhor do que eu, já que é mulher e amiga da Sakura. Não quer que eu peça para ela lhe contar? Acho que é melhor assim do que escutar pela minha boca.
- Se você acha melhor, sem problemas.
- Então, vamos almoçar. – disse Eriol.

No restaurante, Sakura e Tomoyo já estavam sentadas esperando os pratos, e conversavam.
- Ele disse que me ama. – disse Sakura a Tomoyo. – Só que eu não consigo acreditar muito, tenho um pé atrás.
- Como sempre está preocupada, não é mesmo?
- Você sabe, não quero mais sofrer. Não quero que o Seiji sofra com as minhas escolhas também.
- Entendo o seu ponto Sakura, mas, acho que ele não faria esse tipo de coisa com você. Precisa conhecê-lo melhor. Ouvi muitas histórias do Shaoran pelo Eriol, eles são amigos há muito tempo, e ele me disse que nunca o viu dessa maneira, que é um moço sério e que não deixa qualquer moça se aproximar, que é até anti-social.
- Acho que é verdade mesmo, porque a Mei Lin me disse que era noiva dele, mas, na verdade ela diz isso para que as moças não se aproximem dele, a pedido dele mesmo.
- Essa é uma grande prova que ele confia em você. Mas, ela ainda não desmentiu para você?
- Não, ele me contou isso hoje de manhã quando...
- Quando?
- Então... – disse meio sem graça – nos beijamos...
- Que maravilha!! Vou comprar uma camera nova para filmar a nova vida da minha encantadora Sakura!
- Tomoyo... – tentou choramingar Sakura totalmente sem graça, mas é interrompida pela amiga que aponta para a porta do restaurante.
Neste momento entram no recinto Shaoran e Eriol.
Os olhares femininos foram para a porta, para infelicidade de Sakura, Shaoran era atraente demais, chamava a atenção mesmo não querendo. Ela não podia negar, ele era mesmo maravilhoso.
Tomoyo acena para Eriol que cutuca Shaoran, e ambos vão a direção da mesa de Tomoyo e Sakura.
- Podemos nos sentar com vocês? – perguntou Eriol sorrindo.
- Claro, por favor, sente-se ao meu lado – respondeu docemente Tomoyo com o sorriso que só ela tem.
Shaoran foi ao lado de Sakura e puxou uma cadeira. Ele sorri e olha para uma Sakura que estava vermelha de vergonha do assunto da conversa que estava tendo com Tomoyo estar se sentando ao seu lado.
Com o seu porte impecável, sentou-se com o seu olhar sempre para Sakura, parecia que estava se divertindo em ver as feições que a sua flor fazia ao ser observada.

Os moços fizeram o pedido, a garçonete veio mais rápido que pode para pegar os pedidos.

Shaoran permaneceu em silêncio sorria raramente, os olhares de outras moças de outras mesas pareciam que se voltavam para ele, Sakura estava sentindo uma pontada de ciúme, mas não demonstrou, ficou apenas sorrindo com a conversa que escutava entre Tomoyo e Eriol.

Sakura percebeu que a pessoa que estava sentada ao seu lado era diferente daquela que conhecia, do Shaoran sorridente, naquele momento ele parecia ser uma pessoa muito fria, e não entendia o motivo daquele olhar.
- Está tudo bem? – perguntou Sakura preocupada e tocou a mão dele para lhe chamar a atenção.
- Sim. – respondeu ele com um sorriso, mas logo voltou a ficar sério novamente.
- Não se preocupe Sakura. – respondeu Eriol. – Ele normalmente é assim.
- Eriol, por favor... – pediu Shaoran.
- Apenas para que Sakura não se preocupe. – disse o amigo ajeitando os óculos.
- Obrigada por se preocupar, Eriol – respondeu Sakura sorrindo, e olhou para o Shaoran que estava extremamente sério. Percebeu então que ele ficava mais relaxado quando estava apenas com ela.

Voltando para o escritório, nada parecia estar diferente, todos pareciam muito profissionais.

Na sala de Eriol, Shaoran queria saber um detalhe sobre Sakura que não podia esperar por Tomoyo.
- Me diz uma coisa, Eriol. – pergunta Shaoran com um olhar sério. – A Sakura é desligada ou o quê?
- Por que?
- Um senhor da empresa que visitamos, o Senhor Shimizu, a convidou para um jantar sobre uma pauta que ela explicou 2 vezes, ele usou essa mesma pauta para conseguir esse jantar, e ela aceitou. Eu vi como aqueles homens olhavam para ela, e ela parecia não se importar...
- Precisa entender que a Sakura é ingênua. Ela não vai perceber nada de mal até que o mal apareça e ainda se apresente, senão, ela não vai peceber.
- É por isso que ela sofre então...
- Isso é um dos motivos.
- Certo, mas, vamos voltar ao trabalho senão, vou ficar só falando dela. – diz Shaoran sorrindo.
- Okay, mas sei que seus pensamentos estarão nela, não é?
- É claro que não! Sei pensar em trabalho também!!
- Estava brincando, afinal, você lidera as empresas da sua família, não é?
Shaoran seriamente acena com a cabeça e olha para baixo para analisar os papéis que estavam em sua mesa, havia recados que a secretária de Eriol havia deixado e outras anotações.

No final do expediente, Sakura estava saindo no horário, Tomoyo passou na sala da amiga para perguntar se queria ir levar o Seiji para passear naquela noite.
- Não posso... – respondeu Sakura meio triste – O Senhor Shimizu pediu para que eu fizesse uma reunião com ele no jantar, ele não entendeu algumas coisas que expliquei hoje...
- Ah... Você vai sozinha?
- Não, o Shaoran vai comigo.
- Então ficarei sossegada. – Tomoyo deu uma piscadinha e acenou para a amiga.
Mei Lin estava na sala, não gostou muito do que escutou.
- Você vai sair com o Shaoran? – peguntou Mei Lin.
- Vou em uma reunião, ele queria ir comigo para aprender como tratar alguns dos assuntos.
Mei Lin notou que havia algo errado aí, o seu primo era ótimo para negócios, isso não havia sombra de dúvidas, não sabia o que estava acontecendo ainda, mas já desconfiava. Precisava apenas confirmar as suas dúvidas, mas quando ia falar, Sakura já não estava mais na sala.

Sakura vai a sala de Eriol.
- Vamos Shaoran? – pergunta Sakura.
- Por favor, vá na frente, preciso terminar de enviar uns emails. – respondeu o moço retirando os óculos e sorrindo para a moça.
Sakura se pegou suspirando ao ver aquele o sorriso daquele homem, bem diferente do que viu no restaurante na hora do almoço, e como era charmoso.
Eriol apenas observou os dois, e vendo o que poderia acontecer com os dois no futuro, apenas torceu para que desse certo o relacionamento dos dois.

- Então, estou indo. – disse Sakura sorrindo – Até daqui a pouco.

Saiu da sala sorrindo.

Mei Lin chegava na sala, um pouco aflita.
- Shaoran, recebeu o email da Tia?
- Recebi sim. Mas, não precisa se preocupar. Passei instruções de como reverter à situação. Espero que pelo menos isso possam fazer sem mim.
- Isso pode custar muito caro para a empresa, tem certeza que não é melhor voltar?
- Tenho sim.
Vendo o primo irredutível a situação que ela julgava ser muito importante, se aproximou e perguntou bem baixinho:
- Ela é especial assim?
- ...
- A Sakura.
Em um suspiro e com o corpo relaxado respondeu:
- Muito. – levantou-se da cadeira e saiu da sala, precisava ir para o restaurante proteger sua flor.

Sakura chegara ao restaurante, o Senhor Shimizu a aguardava na mesa, deu um olhar estranho para a moça e depois olhou para o copo que estava vazio da acompanhante.

*********************FLASHBACK*********************

- Preciso de um favor para hoje, meu amigo. – dizia o Senhor Shimizu nervoso ao telefone, sentado a sua cadeira, de costas para a mesa olhando para a janela situada atrás. – Sim, é para hoje... é aquele negócio mesmo... por favor, mande entregar para mim, só que não quero que saibam... sei que posso confiar... então, te mando o dinheiro quando chegar... claro... até logo.

O Senhor Shimizu aparentava ter uns 60 anos, cabelos grisalhos, 80% brancos, era magro e não muito alto. Era um senhor muito respeitado, e aparentemente muito bonzinho e sério, só que nutria uma paixão por Sakura, mas, ela não parecia ter interesse algum por ele, havia tempos que havia planejado um jantar com ela, mas, Eriol sempre estava presente e não permitia que ele se aproximasse muito, na última reunião, ele não estava presente e pode se aproveitar da situação.

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- Só usarei isso em caso de emergência. – disse o senhor para si mesmo.

Neste momento chegou Sakura a mesa.
- Boa noite. – disse amavelmente a moça, estendendo a mão.
- Boa noite! – respondeu o senhor, levantando-se, cumprimentando-a, e depois foi puxar a cadeira para que ela pudesse se sentar.

- Então, vamos aos negócios? – perguntou Sakura. – Eu trouxe esses relatórios para que o senhor pudesse entender melhor.
- Ah! Obrigado. – respondeu o senhor. – Mas, me diga uma coisa, senhorita...
- Sim?
- Tenho um outro assunto que gostaria de conversar. Teria tempo?
- Sim, tenho tempo. – respondeu Sakura sorrindo.
- Gostaria de saber se teria algum interesse em ter um marido.
- No presente momento não. – respondeu torcendo o nariz. – Se este for o outro assunto, não gostaria de conversar. Se fosse algo referente a empresa, terei prazer em discutir, mas, minha vida particular não quero.
- "Por favor, não diga isso..." – pensava o homem, nervoso. Olhou para o copo da sua acompanhante, aparentemente vazio, algumas gotinhas estavam no fundo, teria que usar o seu "plano B". - Então, vamos ver o que me trouxe nestes papéis. – disse o velho amavelmente.
Neste instante, o senhor pediu bebida ao garçom, este prontamente trouxe um vinho.
- Não bebo, Senhor Shimizu. – respondeu Sakura.
- Apenas para me fazer companhia... – pediu o senhor.

Sakura para não fazer desfeita, bebeu um gole do vinho, estava doce, sua cabeça começou a ficar branca, parecia flutuar, era uma sensação de alívio do cotidiano, não conseguia se lembrar de nada para se preocupar, começou a ficar feliz com tudo.
- Está muito gostosa a bebida... – disse Sakura.
- Que bom que a agrada... – disse o senhor.

Neste momento, Shaoran chega ao restaurante e sabendo que o velho teria outras intenções para com sua flor, primeiramente observou todo o local para ver onde estavam sentados. Notou que Sakura sorria, não se preocupou muito. Pediu uma mesa próxima a dos dois, mas posicionada estrategicamente para que o senhor não pudesse vê-lo: em suas costas.

- Me diga, não quer ir para a minha casa depois, Senhorita Kinomoto? Tem uma vista ótima da cidade. – perguntou o Senhor Shimizu.
- Ah! Eu adoraria!! – disse Sakura dando mais um golinho na bebida.
Shaoran estava se sentando quando escutou a conversa dos dois.
Deu um tapinha no ombro do velho, este virou e se espantou ao ver o rosto conhecido. Não era para menos, Shaoran tinha um olhar furioso, não estava entendendo o porque de Sakura estar aceitando aquele convite sendo que ela se preocupava em passar mais tempo com o Seiji.
- Boa noite. Estou atrapalhando? – disse seriamente Shaoran.
- N-n-não meu jovem. – disse o velho. – Estamos de saída, não é mesmo, Senhorita Kinomoto?
- É! Vamos à casa do Senhor Shimizu ver a cidade! – disse Sakura sorrindo mais do que nunca, adorando a idéia de ver a cidade de noite.
- Você está bem Sakura? Não era apenas uma reunião para explicar a planilha para o Senhor Shimizu?
- Estou bem! Ele vai ler a planilha depois, não é?
- Que tal levar o Seiji para passear já que não tem mais compromissos? – perguntou Shaoran.
Sakura pensou por um instante, sorriu para Shaoran e aceitou com um sorriso mais lindo ainda e se levantou da mesa.
- Espera! – disse o senhor. – Não vai a minha casa?
- Não... vou sair com o Shaoran, gosto da compania dele! – respondeu Sakura toda feliz.

Shaoran olha para a mesa, vê que apenas beberam vinho, pediu para ver a garrafa, era um vinho normal, fraco e até mesmo meio vagabundo, pela quantidade que haviam tomado não deixaria uma pessoa bêbada. Desconfiou do copo, o velho poderia ter colocado algo lá. Foi pegá-lo para ver o que poderia haver de diferente dentro, mas, o velho vendo a intenção do moço, pegou o objeto e o espatifou no chão.

- Se a levar a um hospital, ela pode ser presa e não há como provar que eu fiz algo. – disse o velho com um olhar desafiador.
- O que você fez seu desgraçado? – disse Shaoran com os dentes trincando e puxando o senhor pelo colarinho.
- Se não tivesse aparecido ela já poderia estar bem. – disse o velho mais desafiador ainda. – Farei com que pague por isso, não sabe com quem está lidando.
- Sinto meu caro, é você que não sabe com quem está lidando. – respondeu Shaoran soltando a gola da camisa do velho ao ver que Sakura estava quase saindo do restaurante.

Sakura estava próxima à porta aguardando Shaoran. Este pediu as chaves do carro de Sakura, entregou a um garçom e pediu para que ele guardasse o veículo na garagem do restaurante até o dia seguinte, fez menção para estender a mão e lhe deu um dinheiro para isso. Prontamente o rapaz sorriu e foi estacionar o carro e disse ainda para não se preocuparem.

- Uma coisa, não vamos levar o Seiji para passear, não está em condições para isso Sakura. – disse Shaoran olhando com muito carinho a sua flor.
Ela estava com a mente tão branca que nem se importou com isso.

Ele a levou para o seu carro, abriu a porta, ela entrou, estava feliz com tudo o que acontecia por efeito da droga. Após manobrar o carro, Sakura abriu todo o vidro do carro, se acomodou novamente no veículo, abriu um botão da blusa que estava usando.

-Shaoran... estou com sede... estou com calor... – falou Sakura bem baixinho.
Ele a fitou, estava um pouco vermelha, estava preocupado com o que seria que ela havia ingerido, não sabia ao certo o que fazer, sabia apenas que não queria que acontecesse nada de mal a garota, e como o velho havia dito, não havia como provar que ele havia dopado Sakura com alguma coisa. Pensou um pouco, achou melhor a levar para o apartamento dela.

Chegaram no prédio, os vigias e outras pessoas viram Sakura entrar no apartamento, sem o Seiji e com um moço muito lindo.
- Sakura, qual o telefone do seu pai? – perguntou Shaoran assim que entraram no apartamento.
- Ah... esqueci, pega na agendinha na gaveta do telefone... Vou tomar água...

Shaoran liga para a casa do Senhor Kinomoto, não sabia ao certo o que poderia dizer, resolveu mentir, dizer que Sakura precisaria ficar fora aquela noite para terminar o trabalho, e foi o que fez.
- Alô? – perguntou a voz do outro lado da linha.
- Por favor, gostaria de falar com o Senhor Kinomoto. – pediu um Shaoran meio nervoso, não sabia se o nervosismo era causado pela mentira ou por estar falando com o pai da Sakura.
- É ele mesmo.
- Meu nome é Shaoran Li, trabalho com a sua filha Sakura.
- Sim, aconteceu algo errado?
- Bom, tivemos alguns imprevistos e ela vai precisar ficar aqui comigo. Estou ligando pessoalmente pois ela está muito compenetrada.
- Entendo. Agradeço a sua atenção Senhor Li.
- Não há de quê. Amanhã ela pode tirar o dia de folga, poderá ficar com o Seiji.
- Ah! Obrigado por informar.
- De nada. Preciso ir, até logo.
- Até logo.

Quando desligou o telefone com um peso enorme na consciência por ter mentido, resolveu ligar para Eriol, mas Sakura estava na porta da sala observando-o, sorrindo.
- Ligou para o meu pai? – perguntou a moça docemente.
- Sim, falei que ficaria trabalhando até tarde. Como está se sentindo?
- Estou bem, por que?
- Sakura... senta aqui um pouco... – Shaoran indicou o sofá.
Ela se senta no sofá, ele se ajoelha na frente dela, preocupado tocou a testa da moça para ver se tinha febre. Ela achou graça nisso, e também tocou a testa dele.
- Preciso te explicar uma coisa. – disse ele sério. – Aquele Senhor Shimizu colocou algo na sua bebida, e a deixou meio fora de si, preciso ver se você está bem.
- Que coisa! Mas, não sinto nada de diferente...
- Então, provavelmente não vai sentir mesmo, não sei o que é a droga que ele usou. Ele disse que se a levar para o hospital podem te prender, como sei que ele não tentaria colocar algo que fosse prejudicial a sua saúde, vamos evitar problemas, então, vamos ao hospital somente em emergência, precisa me dizer tudo o que sente. – disse segurando as mãos da bela moça que estava sorrindo para ele.
- Tá bom, mas, estou super bem.
- Eu suspeito que ele colocou algo que a deixasse...

Não conseguiu terminar a frase, Sakura selou a boca de Shaoran com o dedo.
- Não diga mais nada... – pediu a moça tirando o dedo dos lábios dele, se ajoelhando em frente a ele e aproximando seu rosto ao dele.