Capítulo IX

- "O que está acontecendo?" – se perguntava enquanto as palavras que a prima havia lhe confidenciado esmigalhavam a sua alma.
Confuso, resolveu dar uma volta pelo jardim, esquecendo-se de jantar.
Não era possível o que Meilin havia lhe contado, a prima nunca iria lhe desejar mal, Sakura não seria capaz de traí-lo assim... o quê estava acontecendo?

Sakura tinha uma sensação estranha enquanto estava deitada em sua cama. Não conseguia dormir, seu coração estava apertado. Talvez fosse a saudade da noite anterior que estava agitando-a, sentiu um frio na barriga ao se lembrar.
- Shaoran... – sussurou ao virar no travesseiro, sorrindo. Era o início do presságio que estava se apaixonando.

Yelan observava seu filho andando pelo jardim, e se sentou em um dos bancos.
- A noite está linda, não? – disse Shaoran a mãe, mas sem fitá-la.
- Sim. Elas são mais agradáveis quando estou com você e suas irmãs. – disse Yelan em um tom sério.
- Sente a nossa falta, não é mesmo?
Yelan o observa, era incrível como aquela mulher poderia não transmitir sentimento algum, e como era linda.
- Na realidade, gosto de visitas casuais, de vez em quando. Sabe que gosto de meus hobbies, e todos eles não incluem outra pessoa comigo.
Shaoran se lembra como temia sua mãe quando era menor, como a respeitava por tudo o que ela fazia e pelo que ela representava. Nesse momento se sentiu como quando era pequeno.
- Está aflito com algo, não? – perguntou a mãe sem mudar o tom de voz.
- Sim.
- Eu sinto isso. Mas, não se preocupe, tudo acabará bem.
- ...
- Mas, essa decisão ficará em suas mãos, assim como nas mãos dela. Vai precisar de muito amor para poder enchergar o que os outros não vêem.
Dizendo essas palavras, Yelan se levantou e caminhou em direção da mansão e sumiu na escuridão da noite.
- Preciso apenas entender o que está acontecendo... – suspirou Shaoran.

No dia seguinte, Sakura acorda disposta, apesar de sentir uma leve pontada no coração.
- Mamãe!! – gritou Seiji de pijama pulando em cima da mãe.
- Bom dia. – disse Sakura sonolenta, dando um beijinho no menino.
- O tio Tooya disse que você está atrasada...

Após o grito e a correria, Sakura desce a escada trocada para ir ao trabalho, com Seiji.
- Tem coisas na vida que não mudam, não é mesmo? – disse Tooya com um riso sarcástico.
- Não briguem vocês dois. – disse Fujitaka colocando a mesa para o café, e passando a mão na cabecinha do Seiji. – Bom dia, anjinho.
Seiji sorri. Como o sorriso dele era capaz de deixar todos felizes naquela casa.

Sakura e Tooya saem para ir trabalhar.
- Sakura... – disse Tooya antes de sair.
- Hmmm??
- Se precisar de alguma coisa, me liga.
- Não precisa se preocupar, não vou sair com o Senhor Shimizu.
- Não apenas para isso, ok!

Sakura não gostou de ouvir aquelas palavras, Tooya tinha um dom meio estranho, conseguia prever o futuro. Isso a assustava.

- Bom dia, Sakura! – disse Tomoyo sorridente ao ver Sakura entrando no escritório.
- Bom dia, Tomoyo! Como foi o jantar?
- Maravilhoso! Tenho tudo gravado...
- É claro...
- Mas, vamos tomar café que te conto mais... e também, quero saber o que aconteceu...
Sakura ficou vermelha de vergonha, Tomoyo se divertia em ver que aconteceu alguma coisa interessante entre ela e Shaoran.

- Isso está emocionante! – suspirou Tomoyo.
- Tomoyo!! – disse Sakura morrendo de vergonha ainda.

Sakura e Tomoyo estavam sentadas, cochichando: Tomoyo estava contando que Eriol a pediu em casamento, e que ela havia aceitado. Sakura estava radiante com a novidade. A felicidade era tanta que seu sorriso era mais lindo e encantador do que o de sempre.
Nesse instante, Meilin entrou na cafeteria, viu o sorriso de Sakura e o brilho em seus olhos. Chegou na mesa e sentou-se.
- Bom dia, Meilin. – disse Sakura sorrindo.
- Bom dia! – disse Tomoyo, simpática como sempre.
- Bom dia, Tomoyo.
Meilin fuzilou Sakura com o olhar. Sakura a olhou com ar interrogativo, aguardou que ela se pronunciasse, era mais sábio não tentar especular com aquele olhar feroz sobre ela.
- Você é muito cara-de-pau... – disse Meilin olhando Sakura.
- Perdão... tem certeza que é comigo?
- Tenho... pois saiba que Shaoran e eu somos noivos!!!
O mundo de Sakura começou a desabar, ele havia mentido??
- E-ele me disse que você dizia isso para afastar outr...
- Sua cretina!!! Como pode???
- Acreditei nele...
- Você sabe quem ele é??
Sakura olhou aflita para os lados, ela estava fazendo o papel de bandida, do tipo que ela abominava.
- C-como assim?
- Você sabe quem ele é e está se fazendo de idiota, não é mesmo? Daidouji... acho que você sabe e contou para ela, não é mesmo?
Sakura olhou para Tomoyo sem entender nada. Tomoyo, com o seu olhar meigo, olhou para Sakura como se pedisse desculpas.
- Sim, Meilin. Eu sei quem é o seu primo, mas, por pedido e respeito a ele, não falei nada a Sakura.
- Do que vocês estão falando? – indagou Sakura mais confusa do que nunca.
- Não se faça de desentendida!! Pensa que poderia enganá-lo até quando? Sua farsa é idiota demais!!! Nem esperou ele sair da cidade para soltar as asas, não é mesmo? – falou mais energicamente Meilin, chamando a atenção das pessoas das outras mesas.
Todos pararam o que estavam fazendo e olhavam curiosos a mesa com aquelas três mulheres, cada uma com uma expressão diferente: Sakura com quase lágrimas correndo pelo rosto, Tomoyo com feição de um pedido de desculpas e Meilin com um olhar mortal.
Elas se acalmaram, Tomoyo disse que precisavam voltar as suas salas, estavam atrasadas.

- Eu vi que estava com um homem e uma criança ontem... estava praticamente grudada no pescoço dele. Nem esperou Shaoran sair da cidade... – ameaçou Meilin, usando o coringa que tinha em suas mãos.
Sakura olhou indignada para Meilin, apenas virou a cabeça sem fitá-la e disse:
- Não preciso dar satisfações da minha vida, apenas peço desculpas por ter interferido em algo em seu noivado, e prometo não me aproximar mais do seu noivo.

Tomoyo pegou Sakura pelo braço e a levou para a sua sala.
- Tomoyo, por favor... não quero conversar mais nada agora... preciso ir trabalhar...
- Quero pedir desculpas, Sakura. Somos as melhores amigas que existe na face da terra. Eu queria... te contar...
Sakura se sentou na cadeira que Tomoyo indicou, ela também se sentou de frente para a amiga e pegou suas mãos.
- Sabe... Shaoran Li não é a pessoa que diz ser... Ele é uma pessoa importante, mas está se passando por uma outra pessoa aqui...
- Ele é uma pessoa que está me enganando, isso já é o suficiente para mim.
- Sim, ele te enganou. Não só a você, mas, quase todos daqui. Mas, o motivo é profissional e não pessoal.
- Como assim?
- Ele é o dono dessa editora, assim como dono de muitas outras coisas.
Sakura ficou pálida. Tinha se envolvido com uma pessoa importante dentro da empresa, o seu chefe absoluto.
- Ele tinha pedido para não falar quem ele era Sakura, mas, era para apenas se preservar... ele seria assediado o dia inteiro, pessoas inescrupulosas tentariam tudo para conseguí-lo e ele precisa sentir confiança na pessoa para permitir que se aproxime dele. Imagina o que é ter várias pessoas pegando no pé por causa de dinheiro, status.
Sakura balançou a cabeça positivamente.
- Entendo isso, e também, entendo o que é ser usada. Fui o brinquedinho dele aqui, mas, não vou me permitir sentir rancor disso. Prometi que não sentiria isso, não me arrependeria de ter sido apenas uma aventurinha dele.
- Sakura...
- Com licença, Tomoyo.

Sakura não sabia o que fazer. Tinha se envolvido com o dono da empresa, e ele tinha uma noiva. Precisava fugir daquilo para não sofrer mais do que poderia estar sofrendo, o tempo a faria esquecer. Mas, o que faria para se redimir pelo que fez com Meilin? Ela estava certa em chamá-la de todos os nomes que usou na cafeteria, afinal, foi traída pelo noivo, e Sakura acreditou nele. A culpa não era apenas de Shaoran, mas dela também por ter desejado aqueles momentos com ele.

Sakura pegou o celular.
- Tooya...
- Oi Sakura!
- Podemos almoçar juntos?

A manhã de Sakura passou lentamente. Todos estavam em um silêncio, a alegria daquela equipe em trabalhar com aquela líder simpática e alegre havia sumido, era nítido que ela estava infeliz com alguma coisa, em respeito à dor que ela sentia todos permaneciam em silêncio. Mas, ninguém tinha coragem de perguntar o que estava ocorrendo. Meilin não apareceu na sala para continuar com o seu aprendizado.

Sakura se encontra com Tooya no almoço.
- Eu queria pedir demissão do meu emprego. – disse a moça abatida pela tristeza, sem olhar o irmão.
- O quê?? Você sempre adorou trabalhar lá, todos de lá gostam de você também. Por que isso agora?
- Não queria discutir isso agora, mas, não estou me sentindo bem em ficar lá.
- Olha, sei que não pode ficar desempregada por causa do Seiji, o que ganho posso sustentá-los sem problemas.
- Não quero que me sustente. Queria a sua opinião apenas.
- Não te quero triste de novo. Sabe, quando ficou naquele estado daquela vez, eu sentia pena de você. Não quero sentir pena, quero sentir meu sangue ferver quando brigamos, quero que seja a você de sempre.
Sakura olhou o irmão com olhos arregalados, ele nunca havia lhe contado isso.
- É meio surpreendente escutar isso de você, obrigada por se preocupar comigo. Saiba que amo você como sempre amei, de todo o meu coração...
- Pelo que vejo, acho melhor você sair da empresa. A gente sobrevive, não é mesmo?
Sakura sorri para Tooya, sentiu-se feliz pelo irmão a ajudar tomar uma decisão e apoiá-la. Queria ter escutado exatamente o que ele disse.

Em Hong Kong, Shaoran tentava se concentrar em sua papelada sobre a mesa, não conseguia se concentrar no trabalho, seus pensamentos estava em Sakura. Para ele era óbvio que precisava apenas conversar com ela e entender o que está acontecendo. Mesmo que Meilin o tenha alertado, ele queria conversar para resolver essa situação. Pelo relato da prima, o caso era o de sempre: uma mulher interesseira, queria apenas se dar bem. Mas, Sakura era capaz de fazer isso, apenas se relacionar um homem como ele para se dar bem? Ela tinha um filho, era fato que muitos homens se afastariam dela ou se aproximariam sem boas intenções, para evitar isso, era nítido que ela não deixava que ninguém se aproximasse o suficiente para que se machucasse.
- Eu a amo... – disse para si mesmo. Foi quando pensou em até mesmo comprá-la para tê-la ao seu lado, não sabia ao certo como, mas, se fosse necessário, o faria, afinal, nunca se sentira daquela maneira tão especial.

No final do expediente, Sakura vai a sala de Eriol. Estava meio triste ainda, mas, parecia que estava voltando ao normal.
- Eriol... – disse Sakura ao bater na porta. – Queria conversar.
Eriol a fitou, percebeu quais as intenções dela antes mesmo que ela abrisse sua boca.
- Vim para entregar isso. – mostrou um envelope lacrado. – Já assinei todos os papéis.
Ele observou o envelope sobre a sua mesa, e com um sorriso respondeu:
- Isso é para eu abrir, ou para o Li?
Sakura sorriu em troca, baixou a cabeça desviando os olhos e apertou as suas mãos.
- É para você, afinal, você é o meu chefe direto.
- Pelo jeito, não tenho nada a fazer mais, não é...
- Não. Nada irá mudar a minha decisão.
- Sei disso. Afinal, a conheço. – disse Eriol levantando-se da cadeira e indo em direção dela.
- Amanhã não virei mais.
- Não quero nem forçá-la a isso. Quero apenas que não fique com essa cara triste, querida Sakura.
- Você sabe de tudo o que está acontecendo, não é?
- Sim. Sei o que está acontecendo, e sei também o que vai acontecer. Vai acabar tudo bem, eu lhe asseguro isso.
Sakura fez uma cara estranha, mas, sorriu em seguida.
- Obrigada pela compreensão.
- Não há de que, e saiba que se precisar, estarei aqui para ajudar.

Sakura se despediu e saiu da sala de Eriol.

Shaoran corria do aeroporto para o escritório, tinha esperança de conseguir pegar a Sakura ainda na sala. Chegando lá, viu que o carro não estava mais no estacionamento. Resolveu entrar para ver como as coisas estavam caminhando e desabafar com o amigo.

Na residência dos Kinomoto, Tooya falou de uma vaga que havia sido aberta na parte administrativa na empresa que trabalhava. Era uma empresa onde fabricavam eletrodomésticos. Fujitaka achou estranho a filha ter pedido demissão de um emprego que ela gostava tanto, e a terem deixado partir sem negociação.

Na editora, Shaoran estava indignado, fechou a cara ao ver que Sakura havia pedido demissão, seu humor estava péssimo.
- Calma. Não é assim que se resolve uma situação. – disse Eriol fitando o amigo caminhar de um lado para outro dentro da sala, parecendo um animal enjaulado.
- Como calma?? O que espera de mim?? Ficar calmo e tranquilo sabendo que ela pediu demissão e você aceitou assim????
- Como não aceitar? Minha pergunta é um pouco diferente da sua, mas talvez a mais adequada. Precisa esfriar a cabeça um pouco, depois pensar sobre isso.
Shaoran se sentou emburrado, pegou um copo de água e pediu para que Eriol chamasse Meilin.
Ela entrou na sala, seu olhar era de compaixão pelo primo.
- Shaoran... sinto muito pelo que aconteceu...
- Me diga uma coisa, o quê você viu no restaurante?
- Vi Sakura abraçada a um homem, e esse homem carregava um menininho no colo. Ele parecia ser seu namorado. Ela esperou você sair do país para se encontrar com ele.
- A Sakura não se envolveu com ninguém depois de ter se separado, Meilin. – disse Eriol calmamente ajeitando os óculos em seu rosto. – Você disse algo para ela hoje de manhã, não é mesmo?
- Disse. – falou erguendo o nariz. – Disse muita coisa para aquela mulher ordinária.
Eriol olhou para o telefone, chamou por Tomoyo. Em poucos segundos ela apareceu na sala. Shaoran estava sentado com a cabeça apoiada nas mãos e os cotovelos nos joelhos.
- Tomoyo, tem uma foto de Sakura, Fujitaka, Tooya e o Seiji? – perguntou Eriol. – Pelo que soube, 2 dias atrás ela teve que deixar o carro no restaurante onde o Senhor Shimizu esteve. Acho que ela foi buscá-lo com alguém e o Seiji.
Tomoyo mexeu na bolsa e pegou a filmadora, havia filmado um aniversário do Seiji, onde eles apareciam.
- É aquele homem e a criança!!! Vê Shaoran, eles estão juntos há muito tempo!!!!
- Sim, eles estão juntos há mais de 20 anos... – disse Tomoyo com uma cara não muito boa. – Eles são irmãos, Meilin.
Meilin colocou as mãos na boca, os seus olhos mostravam o seu sentimento de culpa. Shaoran olhou para o seu rosto, aliviado, Sakura não havia feito nada de mal.
- Como pude fazer algo tão... – resmungou Meilin, seus olhos demonstravam que estava arrependida por ter sido tão cruel com Sakura.
- Agora já foi feito. – disse Shaoran.
- O problema agora, não é apenas esse... – disse Tomoyo olhando para Meilin. – Ela disse algumas coisas desagradáveis para Sakura. E por isso, Sakura pediu demissão, mas, como disse, agora foi feito.
- O que ela disse de tão grave?
- Eu te desmascarei... – respondeu Meilin.
- Sakura o julga um mentiroso. – disse Tomoyo em um tom sério. – Ela jura que não vai mais acreditar em uma palavra sua.
Realmente ele era isso, um mentiroso.
- O que foi feito, não tenho como voltar. – disse Shaoran.

Saiu da sala, estava decidido a ter Sakura. A idéia de comprá-la era absurda, mas era isso que passava pela sua cabeça quente. Ele precisava mostrar a ela o quanto a amava, mesmo que fosse contra a sua vontade, sem usar palavras que poderiam ser interpretadas como mentira.

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Olá! Como estão?
Queria ter atualizado esse capítulo entre os dias 15 a 20 de março de 2004 no webfanfic, mas, o site ainda está em manutenção, então, resolvi publicar aqui também. Estou revendo o próximo capítulo para colocar essa semana também - hoje é dia 22 de março. Então, passem para dar uma olhadinha na continuação dessa estorinha, se não tiver nada de importante para fazer :)
Queria agradecer ao apoio das pessoas que postaram comentários para essa fanfic no webfanfic ( Kirika, Anna Martins, Kathy, Anie, lyly, Lan ayath, ..::Gaby::.., MeRRy-aNNe, Camilla e a ..::Sarah*McDouga::.), e também, pela dica da MeRRy-aNNe, acho que não teria me tocado para colocar a fic aqui, se não fosse por ela - Domo arigatou gozaimasu!! Mas, a minha fic é bem pobrezinha...
E obrigada por acompanhar essa fic, se estiver muito ruim, por favor, me avisem! Opniões sempre são bem-vindas :)

Até a próxima!
[]'s
Miki