MISTURA D'AMORE

Por Casca, traduzida por Supercool Lady

Disclaimer: Harry Potter, Gina, Rony, Hermione, Hogwarts e outros personagens secundário não pertencem a mim nem a autora da fic. Somente as "amigas" e amigas da Gina são de autoria da Casca. Portanto não nos processem!!

Notas da Tradutora: Nossa, recebi reviews!!! Tô tão contente!! Sério mesmo, vocês alegraram meu dia!!! Eu sei que a fic é demais, mas eu nunca imaginei que alguém fosse ler. Pros desavisados, que devem estar pensando "Meu Deus, mas que garota convencida", fiquem sabendo que eu não escrevi, apenas traduzi, quem escreveu foi a Casca. Eu só tentei traduzi o melhor que pude e espero que vocês gostem! Obrigada a todas, mesmo!! Depois vou agradecer individualmente, no próximo (e último capítulo), que devo postar no sábado, depois de revisar. E estou sendo boazinha, porque eu ia postar esse no sábado, mas eu sei como é chato esperar séculos pelo final de uma fic que você gosta! Então aproveitem! E mandem reviews ou e-mails, que talvez me motivem a revisar mais rápido, he he he!!

Capítulo Dois

Segundo Dia

Hermione estava sentada à mesa do café-da-manhã comendo seu mingau e lendo suas anotações de História da Magia quando Rony chegou e se juntou a ela. Ela sorriu ao sentir os dedos de Rony tocarem levemente o seu pulso e os joelhos dele encostarem nos seus por baixo da mesa, isso enqaunto se servia. Ela adorava esses pequenos gestos carinhosos que ele direcionava a ela, principalmente quando ele não percebia que os fazia, como era o caso naquele momento. Isso a fazia constantemente pensar em quando ele começaria a ficar, ãn, mais carinhosos. Nos dois últimos anos, ela e Rony tinham feito um acordo silencioso que eles, de fato, se gostavam. No entanto, nenhum dos dois tinha tomado nenhuma providência a respeito.

- Cadê o Harry? – ela perguntou, guardando suas anotações.

Rony murmurou algo incompreensível.

- Qual é o problema?

- Bem, ele estava esquisito hoje de manhã.

- Esquisto como? – Hermione perguntou, tomando um gole de suco.

Rony soltou um bufo. – Sei lá... ele estava assim ontem à noite também, depois do treino de Quadribol. Ele tá de mal humor.

- Isso não é esquisito. Ele está assim desde o ano passado, principalmente esse ano – ela disse suavemente, desejando poder fazer alguma coisa pra aliviar a mente de Harry a respeito de Voldemort.

- Não, não é isso – Rony disse. – É diferente, ele não estava quieto como normalmente fica quando está preocupado com essas coisas. Ele estava possesso e com muita raiva. Estava falando algo sobre "perder a chance" ou algo assim.

- Perder a chance? – Hermione perguntou confusa. – O que será isso?

Rony deu de ombros. – Não sei, e agora mesmo, eu desci e ele estava no sofá com a cara feia e disse que demorei demais e ele tinha perdido a fome. E quando perguntei o que diabos tinha acontecido com ele, ele disse que eu era um idiota tapado e que ele ia dar uma volta pelo lago e pediu pra eu não encher o saco dele.

Hermione franziu as sobrancelhas. – Bem, não parece nada bom. Rony, você deveria ir atrás dele.

- Por que eu?

- Porque… se eu for perguntar pra ele qual é o problema, ele vai achar que nós estávamos falando dele pelas costas.

- Nós estamos mesmo e eu não ligo pro que ele pensa. Eu tô com fome – Rony declarou e começou a enfiar comida na boca.

- Rony, - Hermione gemeu. – Vá falar com ele. Descubra qual é o problema; odeio pensar que ele está lá fora sozinho e triste...

Rony fez um barulho de desgosto. – Ele não está triste, ele é um babaca.

- Rony.

- Hermione, pára de dizer meu nome assim.

- Por favor? – ela implorou. – Por mim?

Ele se virou e olhou feio pra ela. – Isso não vai funcionar dessa vez.

Hermione baixou a cabeça e começou a mexer na comida, murmurando muito magoada, - Tudo bem.

Rony suspirou e soltou o garfo. – Tá bom, tá bom, eu vou, mas pra sua informação, sei que você tá fingindo. Eu sei desses seus joguinhos comigo e eu vou começar a não cair mais nessa. – Ele disse com uma voz firme, mas Hermione viu um sorriso relutante escapar do canto dos seus lábios quando ela levantou as sobrancelhas pra ele.

Ela deu um tapinha na mão dele. – Tudo bem, não caia mais nessa então.

Assim que Rony saiu, Gina apareceu na mesa, sem fôlego e paracendo frenética. – Hermione, preciso falar com você!

- Gina? – Hermione perguntou surpresa. – Qual é o problema?

- Ah, Hermione. Uma coisa horrível.

- O que foi? – ela perguntou, bem sobressaltada em relação à declaração de Gina.

Hermione escutou com os olhos esbugalhados Gina contar tudo que tinha acontecido nos dois últimos dias. Quando Gina acabou, Hermione soltou uma exclamação.

- Você quer dizer que… Harry não esqueceu?

Gina sacudiu a cabeça negativamente. – E ele ainda sente algo por mim, Hermione. Eu acabei de cruzar com ele quando estava lá fora e ele ficou me olhando. Quer dizer, do mesmo jeito que antes, só que de um jeito bem intenso, e o mais curioso é que eu acho que ele está brabo comigo por ter sido tão bizarra com ele ultimamente. Eu não sei o que fazer, me diga, o que eu vou fazer?

- Você vai à biblioteca!

- O quê? – Gina choramingou quando Hermione a arrastou pra fora do Salão Principal. – Por quê?

Gina estava sentada na mesa redonda da biblioteca observando cansadamente Hermione empilhando um livro atrás do outro na frente dela. O livro decorado de Emma, onde elas tinham achado a Mistura D'Amore estava aberto sobre a mesa e quando Hermione se sentou novamente, ela começou a abrir os livros e dar uma olhada neles.

- Que bem isso vai fazer, hein? – Gina gemeu.

- Já disse – Hermione disse pacientemente enquanto folheava calmamente os livros. – É provável que haja mais sobre essa poção do que esses dois parágrafos. Uma poção com todos esses igredientes é mais complexa que isso.

- O que poderia ser mais que complexo que amor por vinte quatro horas?

- Bem, obviamente não é um feitiço de vinte e quatro horas; nós temos que achar um jeito de revertê-lo.

Gina suspirou e Hermione sentiu uma pontada de remorso por ela. – Aposto que você nunca pensou que estaria procurando um feitiço pro Harry se "desapaixonar" por você – ela disse, olhando a amiga sombriamente.

- Não.

- Gina, - Hermione apertou a mão dela. – Eu acredito que ele vai começar a notar você. De verdade.

- Acho que só você – Gina murmurou e pegou o livro Adoração e Desejo: Um Guia de Poções do Amor.

Elas folheavam um livro atrás do outro e duas horas depois, Gina fechou o seu livro com uma explosão. – Isso é inútil! Nós nunca vamos conseguir...

- Shhhhh!

- Desculpa! – as duas sussurraram para uma Madame Pince irritadíssima.

- Gina, não desista, - Hermione disse num sussuro. – Tem que ter alguma coisa sobre essa Mistura D'Amore em algum desses livros, eu sei disso... Espera! Aqui, escuta! – Hermione alisou a página e começou a ler.

- "Deve se prestar uma atenção especial ao preparo de certas poções do amor; pode parecer evidente o que cada igrediente representa para as características específicas de cada poção, os elementos podem ter outros efeitos que não são óbvios para o preparador que não pesquisou a fundo como os igredientes agem quando misturados. Por exemplo, um decuido comum se dá quando são usados igredientes naturais (entende-se como "natural" o igrediente "não-mágico"). Nesse contexto, deve se considerar e pesquisar cuidadosamente o igrediente natural.

Num caso particularmente comum, o uso de açúcar na antiga poção italiana Mistura D'Amore, representa normalmente a base para o comportamento "natural" daquele que a bebe. De fato, um dos apectos mais notáveis da Mistura D'Amore é como o açúcar se funde aos outros igredientes da poção e faz quem a bebe não perder sua personalidade e continuar naturalmente apaixonado – tudo dentro de um período de vinte e quatro horas. No entanto, o açúcar na poção Mistura D'Amore tem outro efeito, um efeito que nenhuma poção ou contra-feitiço pode curar. Caso a pessoa que bebeu a poção tenha sentimentos românticos reprimidos em relação a pessoa que a preparou, o uso do açúcar, um igrediente puro e não-mágico, faz com que os sentimentos floresçam naquele que a bebeu. A poção de fato perderá seu efeito no período de vinte e quatro horas, no entanto os sentimentos de quem a bebeu continuarão os mesmos devido ao fato de que a Mistura D'Amore não os criou, só fez com que o bebedor os reconhecesse. Em muitos casos, os fatos que aconteceram enquanto o bebedor estava sob efeito da poção não foram esquecidos por ele, já que ele não estava agindo sob efeito da poção e sir por vontade própria."

Hermione parou de ler e olhou para Gina, que estva de boca aberta e com um olhar insano.

- Então, você está dizendo, - Gina começou a falar lentamente, olhando Hermione bem desconfiada. – Você está dizendo... dizendo...

Hermione sacudiu a cabeça positivamente, incapaz de acreditar também. – O efeito da poção já passou, Gina. Os sentimentos de Harry são reais, a poção só o fez se dar conta disso.

Gina parecia que tinha sido petrificada. – Mas, mas... – ela gaguejou incoerentemente.

- Viu? Harry sentia algo por você antes de beber a poção. Ele nunca disse nada porque provavelmente ele nem sabia disso.

- Hermione, não é possível, - Gina disse com a voz fraca. – Tem que ter um contra-feitiço, tem que ter!

- Gina, não tem nenhum contra-feitiço porque não há feitiço! Isso é ótimo!

- Não, não é, - Gina, disse quase aos prantos. – Agora ele nunca vai parar de se sentir assim. Não é certo, do jeito que aconteceu. Se Harry sentia algo por mim, não era desse jeito que as coisas tinham que ter acontecido!

- Ah, Gina, eu sei disso. Mas a poção não fez nada de horrível, só fez os sentimentos de Harry virem à tona.

- Exatamente. Supostamente, Harry tem sentimentos reias por mim… - ela parou e Hermione podia ver que Gina nunca se acostumaria com essa idéia. - ...e eu nem tive a capacidade de trazê-los à tona. Precisei de uma poção idiota e agora tudo é mentira. Lana está certa, eu sou patética.

O coração de Hermione estava prestes a partir. Ela queria dizer que sabia como Gina se sentia: incapaz de fazer com que um certo garoto a olhasse de um jeito romântico. Mas esse era um problema de Gina, não de Hermione. – Eu sei que parece que você falhou. Mas, Gina... são sentimentos reais, não resultados de uma poção, sentimentos reais. Isso é... lindo, sabe?

Os olhos de Gina se encheram de lágrimas. – É a concretização de um sonho. Por tanto tempo eu desejei... e agora isso significa que tudo que aconteceu ontem foi...

- Real – Hermione disse sorrindo. – Foi tudo real.

- Eu estou feliz com isso… mas Harry nunca vai me perdoar por isso, Hermione. Ele não vai entender.

Hermione suspirou e transcreveu os dois parágrafos que ela tinha acabado de ler do livro para um pedaço de pergaminho com a varinha. – Então não conte.

Gina ficou horrorizada. – O quê?

- Ele precisa mesmo saber? – Hermione perguntou sensatamente.

Gina ficou chocada. – Claro que ele precisa saber. Hermione, eu nunca conseguiria mentir pra ele. E eu não posso... – Gina corou. – Bem, o que eu quero dizer é que se Harry continuar, quero dizer, eu não posso...

Hermione sorriu. – Você não conseguiria dizer que não está interessada.

Gina balançou a cabeça negativamente, com os olhos arregalados. – Nunca – ela sussurrou.

- Olha, Gina… Eu acho que o que a gente precisa fazer é pensar nisso com bastante calma e racionalmete por alguns dias.

Gina lhe lançou um olhar. – Não dá pra ser calma e racional quando Harry me chama pra ir em treino de Quadribol e... balança em ramos de salgueiro comigo.

- Dá sim, Virgínia Weasley. Você é uma mulher forte – Hermione disse com severidade.

Gina deu um bufo. – Acho que sim.

- Eu sei disso. Dê uns dias e quando tivermos tempo para pensar nisso mais claramente, nós conversamos de novo. Até lá... você terá que sofrer com a atenção de Harry.

- Ha ha – Gina murmurou e as duas arrumaram a mesa e rumaram para a torre da Grifinória.

Terceiro Dia

Depois de um longo dia de análises, a solução era bem clara para Hermione. Ela não conseguia achar uma boa razão para que Harry soubesse da verdade. Os sentimentos dele por Gina, se Hermione pudesse relacioná-los a seus próprios sentimentos por Rony, não acabariam nem se ele tentasse ignorá-los. Gina se sentiria culpada e o próprio Harry se sentiria envergonhado deles. Ele não acreditaria em Gina ou nos seus sentimentos. E isso o deixaria preocupado... Merlin sabia que Harry não precisava de outra preocupação.

Não, não dava pra contar pra ele, Hermione concluiu. Causaria mais problemas do que resolveria.

Hermione tinha acabado de prometer a si mesma que ia forçar Gina a perceber isso quando Rony se tornou a causa de uma interrupção bem repentina e pessoal em sua vida. Ela estava sentada no salão comunal da Grifinória naquela noite, esperando Gina chegar pra que pudessem conversar quando Rony se encaminhou para Hermione e se atirou na cadeira em frente a dela. Ele cruzou os braços e fez uma cara feia proposital para ela.

- Qual é o problema com você? – Ela perguntou, se endireitando na cadeira, surpresa. Foi tudo que ela pôde fazer para não fazer uma careta sob o o olhar criterioso que ele lançava a ela. – Rony...? Tá tudo bem?

Rony continuou encarando-a, os olhos estreitos em pensamentos, como se estivesse tentando ponderar algo em sua mente. Então ele descruzou o braço lentamente e estendeu a mão, que segurava um pedaço de pergaminho, na direção dela. Levantando as sobrancelhas, Hermione pegou o papel e olhou para ele. Seu coração desceu até seus joelhos. Ele tinha lhe dado o pergaminho onde ela tinha copiado a descrição completa da Mistura D'Amore do livro da biblioteca. No final estava a receita completa para a poção que ela tinha copiado do livro de poções de Emma Dashbrook. Bem lenta e cuidadosamente, Hermione levantou os olhos para encontrar os dele. E ela soltou um gemido involuntário ao ver a expressão irritada, porém passiva, do rosto dele.

- Onde você arranjou isso? – ela perguntou despreocupadamente como se fosse muito normal uma garota ter receitas de poção do amor à sua disposição.

- Seu livro de História da Magia – Rony disse cuidadosamente, nunca quebrando o contato ocular. – Onde voc arranjou isso?

Hermione se esforçou para parecer indignada. – O que você estava fazendo com o meu caderno? – ela inquiriu.

- Copiando suas anotações – ele disse sem hesitar.

- Rony, eu não acredito…

- Hermione, não mude de assunto – Rony disse numa voz alta que deu calafrios de apreensão na espinha de Hermione.

- Um… ah, bem, é só… Rony, não é o que parece.

- Você… fez essa poção, Hermione?

Algo deu um aperto em seu coração. – Não – ela insistiu, com os olhos arregalados. – Não fiz.

- Então por que eu… - Rony parou de falar.

- Sim? – ela pressionou, - Por que você o quê?

Rony olhou de volta pra ela, prestes a dizer alguma coisa, mas mudou de idéia abruptamente. - Se você não fez a poção, então porque você está com isso? Eu não lembro de Snape ter pedido nenhum trabalho sobre poções do amor. – A voz dele tinha um tom muito contido que sugeria acusação.

Herminou soltou uma longa respiração. – Eu... eu não posso te contar porquê. Mas posso dizer que não tem nada a ver comigo.

Parece que isso não foi suficiente. – Eu não entendo porque você tem isso se não tem nada a ver com você – Rony disse e Hermione ficou incrivelmente magoada por causa de seu olhar desconfiado.

- Outra pessoa fez a poção e me deu isso, Rony. Eu só estava ajudanda a pessoa a lidar com as consequências. Eu não fiz a poção, eu nunca faria algo assim, pelo menos não para usar em alguém – a voz dela tremeu.

Rony mordeu o lábio e Hermione sabia que ele se sentia mal. Mas ela não se importou: por um momento ela achou que Rony fosse dizer a ela que ele...

- Então, hum… quem fez a poção então? Alguém que eu conheça? – ele perguntou bruscamente.

Hermione suspirou e sabia que a tensão tinha passado. - Não posso te dizer, Rony. Eu prometi.

- Não vou dizer pra ninguém – ele disse, ficando indignado de repente. – E vai esconder segredos de mim?

- Não estou encondendo de voc, Rony. O mundo não gira em torno do seu umbigo.

- Eu nunca disse isso!

­- Você automaticamente conclui que tem a ver com você. Por quê? – ela inquiriu, tentando desesperadamente mudar de assunto.

- Hermione, eu não entendo, por que você não pode me dizer quem está sob o maldito feitiço de amor?

- Rony, eu não posso quebrar uma confidência. – Brava com a idiotice insuportável de Rony, Hermione baixou os olhos para seu livro e começou a ler, ignorando totalmente a fúria de Rony.

- Tá, então é assim – Rony disparou. – Eu vou pra cama.

- Tá bom, faz o que quiser então. – ela murmurou pra si mesma enquanto Rony ia para o dormitório masculino.

Depois de ficar cinco mintos olhando com uma raiva cega seu texto de Aritmancia, Hermione se virou ao ouvir o barulho do buraco do retrato se abrindo. Com certeza Gina estava entrando acompanhada de sua amiga Sarah. Hermione se levantou enaquanto Gina e Sarah passavam pelo Salão Comunal à jato. Vários grifinórios olharam para elas curiosos.

- Gina, espera! – Hermione exclamou quando Gina e Sarah chegavam às escadas e começavam a subir.

Elas se viraram. – Qu? – Gina sussurrou apressadamente, com olhos se movendo na direção do retrato.

Hermione estava espantada. – Eu… eu preciso falar contigo sobre…

Pra surpresa de Hermione, Gina a interrompeu com um revirar de olhos. – Hermione, agora não dá. Ele está vindo!

- Quem? – perguntou Hermione, completamente estupefata pelo rosto pálido de Gina e os olhos assustados de Sarah.

- Quem?! Harry! – Gina sibilou. – Ele tá me seguindo o dia inteiro, quase tive que falar com ele no jantar, mas graças a Deus, Sarah o viu e pudemos sair de fininho.

Hermione estreitou os olhos ao observar a expressão louca no rosto de Gina. – Gina... isso é ridículo; você não pode evitá-lo pra sempre. Eu ia te dizer que você não precisa contar pra ele. Não faz sentido... – ela parou ao ouvir um barulho ressoar pelo salão. As três garotas se viraram para o retrato quando ele se abriu e um inconfudível garoto de cabelos escuros entrou.

Gina soltou uma exclamação alarmada e disparou pelas escadas em direção ao dormitório arrastando uma Sarah bastante apavorada com ela.

Hermione ficou parada onde estava. Como a noite dela estava sendo horrível! Primeiro as acusações bizarras de Rony e sua provocação incessante, depois a recusa de Gina de ouvir a voz da razão e agora o medo infundado de ficar no mesmo cômodo que Harry... Hermione estava começando a acreditar que ela era a única sã no meio daquela gente louca. Ela se sentou de novo e abriu o livro, mas nem se importou de olhar para as páginas. Ela olhou para o espaço pensativamente e sua distração pela idiotice de seus amigos foi quebrada quando Harry se afundou na cadeira em frente a ela.

Ele estava com a mesma cara que Rony estava mais cedo, só que ele não estava fazendo cara feia pra ela. Ele fazia cara feia olhando para um ponto do tapete e tão severamente que Hermione teve que dar uma olhada no chão pra ver se tinha uma horrível mancha.

- Harry? – ela perguntou cuidadosamente.

- Ãn? – ele murmurou, ainda encarando o chão.

Hermione logo se deu conta de que ela simplesmente não queria saber. – Nada. – ela disse e se forçou a ler.

Depois de alguns minutos, no entanto, Harry perguntou, - Hermione?

Ela levantou a cabeça. Parecia que ele estava submetido a algum tipo de tortura mental. – Que foi, Harry?

Ele hesitou. – Hermione… eu tenho tido uns pensamentos.

Ela franziu as sobrancelhas. – Pensamentos?

- Ãn han, - ele disse lentamente, parecendo bastante desconfortável.

Ah não. Ele não estava prestes a contar… ah, sim, estava, ela percebeu quando o observava se endireitando em sua cadeira. Ele ia contar a ela sobre seus sentimentos repentinos por Gina. Hermione se sentiu enjoada. Como ela podia falar com ele a respeito disso sem mentir? Afinal, ela sabia a verdade... até mesmo ouví-lo seria uma mentira.

- Ok – ela disse com voz fraca.

- Sobre uma garota.

- Harry, espera. Eu… acho que não sou a melhor pessoa pra você falar a respeito disso.

- Você é a única pessoa com quem posso falar, Hermione. Rony... – ele parou de falar e uma expressão de medo tomou conta de seu rosto. – Eu não posso contar pro Rony.

Não, com certeza ele não podia, Hermione percebeu logo. A descoberta de Rony da poção combinado ao conhecimento dos sentimentos repentinos de Harry em relação a Gina sem dúvida levariam Rony à verdade: que Gina tinha feito a poção e Harry tinha a bebido. Resignada com o fato de que ela teria que ouvir os detalhes da vida amorosa de Harry, Hermione fechou o livro. – Tá bom, então. Por que você não pode contar pro Rony?

Ele hesitou novamente. – É a Gina.

- Gina? – ela fingiu estar chocada e se prometeu que iria matar a senhorita Virgínia Weasley por deixá-la a sós com Harry.

- Eu não sei explicar como isso aconteceu, Hermione. No outro dia, eu saí do Salão Principal depois de tomar meu café-da-manhã e eu a vi lá. E de alguma forma eu tinha que olhar pra ela... estava além do meu controle. E depois eu comecei a ter esses pensamentos.

Hermione se inclinou pra frente. – Que tipo de pensamentos?

Harry se mexeu no seu assento de novo e parecia muito desconfortável. – Preciso di--?

- Não – ela respondeu. – Não precisa. Já entendi.

Ele pareceu aliviado.

- Então você sente alguma coisa pela Gina – ela disse gentilmente. – Por que você está tão chateado?

- Ela é a irmão do Rony, Hermione! E eu-

- Você o quê? – ela pressionou quando ele parou de falr e desviou o olhar.

- Eu… eu não acho que ela sente o mesmo. – Ele olhou pela janela, com o olhar inquieto.

O coração de Hermione se partiu ao vê-lo assim. Ah, sim, o assassinato de Gina Weasley estava com certeza na sua lista de coisas a fazer. – Você já perguntou a ela?

Harry sacudiu a cabeça negativamente. – Eu não consigo achá-la sozinha! Eu a convidei pra ir no treino de Quadribol, mas ela passou mal. Eu tentei o dia todo encontrá-la nos corredores pra chamá-la pra dar uma volta, mas ela parece que está sempre com pressa. Ou então está com as amigas dela. Por que eu fui tão tapado? Por que eu não anotei quando tinha a chance?

- Harry, fala com ela. Você vai acabar a encontrando. E quando encontrar, faça com que ela escute. É o máximo que eu posso te dizer.

Harry a olhou envergonhado. – Você sabe… se ela ainda, sabe...

- Ah não – Hermione sacudiu a cabeça. – Eu não vou me meter nesse assunto. – Ao pronunciar as palavras Hermione riu de si mesma. Ela estava bem no meio desse calvário e ela nem tinha feito a poção. – Mesmo se eu soubesse, Harry, eu não te diria. Não posso quebrar uma confidência.

- Entendo – ele disse melancolicamente.

- Ah Harry, não fica tão pra baixo! Diga a ela o que você sente e tudo vai dar certo, confie em mim. Ah, e Harry, qualquer coisa que você fizer não conte ao Rony. Pelo menos não por enquanto. Temos que arrumar um jeito de contar pra ele que seja melhor pra todos os envolvidos, - Incluindo sua irmãzinha não tão inocente.

- É, acho que você tem razão, - Harry suspirou.

Quarto Dia

Rony e Harry estavam de péssimo humor ao acordarem no dia seguinte. Eles andaram pelo dormitório abatidos ao se vestirem murmurando mal-humorados um pro outro, enquanto Neville, Simas e Dino sabiamente evitavam falar com os dois.

O comportamento infuriante de Hermione na noite anterior estava incomodando a mente de Rony e já que ele não podia reclamar com seu melhor amigo a respeito disso, Rony estava penando. Ele tinha começado a falar com Harry a respeito do comportamento misterioso de Hermione e que alguém na escola tinha sido enfeitiçado com uma poção do amor quando Harry tinha finalmente chegado no dormitório na noite anterior, mas Harry o parou antes mesmo de ele ter a chance de falar, murmurando algo a repeito de ter que pensar e pulando imediatamente na cama. O comportamneto peculiar de Harry também estava pertubando Rony. Eles eram melhores amigos, eles não deveriam falar de seus problemas um com o outro?

Obviamente não, Rony pensou amargamente quando lançou um olhar a Harry, que estava calçando um par de meias, com uma grande carranca. O que estava acontecendo com todo mundo ultimamente?

Apesar de sua raiva, Rony esperou por Harry na porta, observando impacientemente Harry colocando as meias, depois os sapatos, levando um tempo considerável para atar os cadarços. Estava na ponta da língua falar pra Harry que ele podia chamar Dobby, o elfo doméstico para amarrar os seus cadarços, talvez fosse mais rápido. No entanto, Rony não queria começar o dia com uma briga então ele simplesmente levantou as sobrancelhas e disse, - Pronto?

- Espera um minuto, tá? – Harry disse irritado e não viu o olhar aborrecido que Rony lhe lançou.

Quando Rony e Harry entraram no Salão Comunal, Harry parou e disse, - Espera!

- O que foi agora? – Rony perguntou. – Eu tô com fome, quero descer pr café-da-manhã.

Harry não parecia bravo com a explosão de Rony, na verdade ele parecia bem desconfortável ou algo do tipo.

- Não é melhor esperar…?

- Por quê? – Rony inquiriu.

- Bem… você sabe, a Hermione e… e, bem outra pessoa?

Rony olhou para Harry como se ele fosse louco. – Hermione já desceu, você sabe que ele sempre desce pra café antes da gente.

- Hum – Harry disse monotonamente, imerso em pensamentos.

Rony achava que sua cabeça estava prestes a explodir. – Qual é o seu problema? – ele exclamou.

- Não há problema algum, qual é o seu problema? – Harry replicou.

- Nada! Podemos ir pro café-da-manhã agora?

Harry não disse nada mas lançou a Rony um olhar enojado enquanto caminhavam para o buraco do retrato. Quando entraram no Salão principal, Rony viu Gina e Hermione sentadas perto uma da outra, entretridas numa conversa aparentemente bastante secreta. Ele sentiu uma pontada de irritação—o que era isso agora? Outra coisa que Hermione estava escondendo dele? O pior de tudo, Gina sabia e ele não?

Harry deslizou no assento do outro lado de Gina, forçando Rony a dar a volta pela mesa e se sentar oposto a Hermione. As duas se calaram rapidamente e Rony observou que sua irmã mexia na comida com os olhos fixos no prato. Hermione parecia muito alegrinha.

- Não é um belo dia para um jogo de Quadribol? – ela perguntou alegremente. – Pronto, Harry?

- Ãn han – Harry murmurou e Rony o viu dar uma olhada rápida pra Gina. Gina manteve os olhos no prato, agora colocando comida na boca num ritmo alarmante. Rony não teve tempo de pensar a respeito desse estranho fato porque Hermione começou a falar bem entusiasticamente. E muito alto. Tão alto, na verdade que vários corvinais da mesa ao lado olharam para ela.

Rony não tinha a menor idéia do que ela estava falando, ás vezes as divagações de Hermione não passavam de barulho aos seus ouvidos. No entanto, ele ouviu Harry e ele estava falando com Gina.

- Você vai ao jogo então? – Harry perguntou a ela.

Gina continuou a comer seu cereal e aparentemente não tinha escutado-o.

Harry cutucou seu braço de brincadeira. – Ei.

Gina levantou a cabeça de repente. – Desculpa, você tava falando comigo? – ele perguntou em voz baixa.

- Sim – Harry disse e Rony percebeu um toque de hesitação na voz de seu amigo.

- Ah… bem, claro. Eu sempre vou aos jogos.

Harry balançou a cabeça. – Que bom – ele sorriu e Gina sorriu de volta, depois desviaram o olhar rapidamente.

Rony encarou Harry por alguns minutos, as peças de um tipo de quebra-cabeça desagradável se se encaixando em sua cabeça. Depois, lentamente Rony virou seus olhos estreitados na direção de Hermione.

Ela olhava pra ele atentamente, despedançando um guardanapo com seus dedos nervosos. Rony já tinha sua resposta.

Harry. Era Harry que tinha bebido a poção... e... Gina? Ah, ele ia matar sua irmã por isso, ele com certeza ia assassiná-la...

- Rony, preciso falar com você agora – Hermione disse, se levantando. Gina e Harry olharam pra ela.

- Agora não, Hermione…

- Agora, Rony, nesse instante. É uma emergência. – Ela estava com os olhos arregalados e Rony logo quis ficar a sós com ela.

Pra que ele pudesse assassiná-la antes.

- Tá bom então – ele disparou. - Vamos.

Harry se levantou. – O que tá acontecendo aqui?

Logo depois, o capitão da Grifinória se levantou e chamou o time enquanto Rony e Hermione praticamente voaram pra fora do salão.

- Rony… - Hermione começou quando eles chegaram no hall de entrada.

Rony a cortou. – Hermione, não me dê desculpas. Ela está frita... acho que vou até escrever e contar tudo pra mamãe.

- Rony, escuta, não foi ela! – Hermione arrastou Rony para a torre da Grifinória e contou tudo pra ele, incluindo o não-envolvimento de Gina e como os sentimentos de Harry não eram resultado da poção. Rony sentou-se boquiaberto por alguns minutos depois que Hermione tinha acabado de contar a história. Ele não podia nem imaginar que Harry poderia sequer pensar na irmã dele desse jeito... era no mínimo nojento.

- Isso é loucura – ele finalmente murmurou.

- Pois é… aconteceu. E não há nada que a gente possa fazer a respeito.

- Quando Harry descobrir, - Rony começou mas Hermione o cortou.

- Ele não vai descobrir.

- O quê? Hermione, eu não vou ficar de braços cruzados e deixar Harry ser sacaneado…

- Pense nisso sensatamente, Rony. Que bem vai fazer contar pra ele? Os sentimentos dele são de verdade… ele acabaria sentindo-os um dia…

- Mas…

- Gina não tentou enganá-lo, ela está tão espantada quanto você!

- Mas…

- E se contarmos vai ser só mais uma coisa pra ele se preocupar. Rony, a Gina faz bem a ele. Ele quase nunca sorri com tudo que tá acontecendo fora de Hogwarts e você o viu hoje de manhã no café-da-manhã? Tinha algo muito... reconfortante nele. Apesar de ele estar nervoso de falar com ela, ele parecia feliz. Como se não estivesse pensando em nada mais.

Rony suspirou. O fato de que Harry estava nervoso por falar com Gina, irm de Rony, não fazia sentido pra ele. Mas por mais estranho que fosse, Hermione estava certa. Harry não precisva ter mias com o que se preocupar. E era raro ver Harry brincando, mesmo que fosse com Gina (a irmã caçula de Rony?) que ele estivesse brincando. Apesar de Rony não estar certo a respeito de mentir pra Harry, ele não tinha outra escolha: ele preferia ver Harry feliz do que dá-lo mais um motivo pra se aborrecer.

- Tá bom – ele disse lentamente. – Certo, não contarei nada a ele. Mas eu não acredito que Gina não quer contar pra ele. Ela deveria, sabe, ela deveria gostar dele e tudo mais. Isso não a incomoda?

- Bem, ela relutou, mas acabou concordando em não contar a ele. Ela insiste que precisa de mais tempo para pensar, mas sei que ela vai perceber que vai ser melhor assim.

Gina estava no alto das arquibancadas do campo de Quadribol, abrindo e fechando os dedos. A conversa com Hermione café-da manhã se repetia incessamente em sua cabeça e Gina sabia que isso já estava ficando repetitivo.

Ela tinha que contar a verdade para Harry. Não tinha outro jeito.

Tudo bem que Hermione não via nenhuma vantagem em contar a verdade a Harry, que isso só ia lhe causar mais raiva e confusão do que era necessário. No entanto, era Gina que teria que olhar nos olhos verdes dele, que estavam tão absortos nela e se sentir culpada por esconder isso dele. Ele nunca seria capaz de sentir as coisas que queria sentir quando Harry a olhava daquele jeito, ela nunca se sentiria tolamente feliz e nunca seria capaz de corresponder os sentimentos dele. O fato de ela esconder-lhe alguma coisa, principalmente se foi essa coisa o motivo que o impulsionou a se sentir daquela maneira, simplesmete não daria certo.

Então quando Hermione e Rony se sentaram ao lado dela, Gina deu uma olhada para Hermione e sussurrou que precisava falar com ela depois do jogo.

- Pode falar agora, Gina, Hermione me contou tudo – Rony disse irritado.

Hermione lhe lançou um olhar bem estreito e Gina se surpreendeu. – Você contou pra ele?

- Ele descobriu sozinho, ele encontrou a receita da poção no meu livro.

- Que maravilha! Será que você tem algum sermão pra me dar? – Gina disparou para o irmão.

Rony lhe lançou um olhar. – Não. – ele respondeu. – Tô morrendo de raiva, mas não de você. Agora vou ter guardar um segredo do meu melhor amigo.

- Bem, não precisa se preocupar com isso, porque decidi que vou contar pro Harry a verdade. Hoje, depois do jogo. Se bobear, conto no intervalo do jogo.

- O quê? Gina, achei que nós já...

- Vou contar pra ele, Hermione. E ponto final.

- Ah não vai não – Rony disse determinadamente.

- Rony, você acabou de dizer…

- Isso vai aborrecê-lo.

- Eu tenho que contar, não posso continuar com isso…

- O mundo não gira ao seu redor, Gina – Rony disse com raiva.

- Mas isso diz respeito a mim!

- Não diz nada. São os sentimentos de Harry, não os seus e você não pode chegar e dizer que eles não são reais. Provavelmente são os únicos sentimentos bons que ele tem e você não pai privá-lo disso!? Como você pode ser tão egoísta?

Gina estava dividida entre o nojo de ouvir seu irmão discutindo os sentimentos de Harry em relação a ela e o completo choque de ouvir as palavras dele. – Eu não sou egoísta... ele vai entender.

- Não, ele não vai entender. Você não o conhece, Gina, ele não vai entender, ele vai pirar com isso. Ele vai acabar se sentindo culpado a respeito disso e isso é a última coisa que ele precisa.

- Eu o conheço – ela disse baixo. E ela sabia que Rony estava certo. Harry sempre fazia a coisa mais nobre a ser feita, mesmo que isso significasse se culpar por uma coisa sobre a qual ele não tinha controle. E isso não seria nem um pouco diferente.

Mas como eu posso viver com isso? Ela pensou freneticamente. Nesse momento o alvo de seus pensamentos fazia uma descida espetacular e segurava com o braço estendido o pomo de ouro. A torcida explodiu em gritos... mas Gina ficou sentada em seu assento, se sentindo miserável.

Depois que as arquibancadas se esvaziaram e todos os estudantes e funcionários tinham voltado para o castelo, Gina caminhou lentamente pela porta que conduzia ao vestiário do time. A maioria dos jogadores grifinórios estavam saindo em direção ao castelo, mas Harry ainda não tinha saído. Gina esperava por ele na esperança de que vê-lo e falar com ele lhe darias as respostas que procurava. Além do mais, ele não tinha conversado direito com o garoto desde o dia do salgueiro. Ele precisava falar com ele... só não sabia explicar porquê.

Harry se materializou na porta, com seu equipamento de quadribol nos ombros, segurando a Firebolt com a outra mão. O coração de Gina deu um salto a simples visão dele, com seu cabelo bagunçado pingando água e grudando nas pontas, seus olhos verdes penetrantes iluminados pela excitação do jogo. Ela sabia muito bem que podia se perder naqueles olhos.

Principalmente quando eles sorriam de surpresa e prazer para ela. – Oi. E aí?

- Estava te esperando – ela disse, imaginando porque ela sempre se sentia engasgada perto dele, porque seu olhar a deixava sem fôlego. – Eu queria, hum, bem... – ela respirou profundamente. – Queria dizer que você mandou bem no jogo.

Ele sorriu. – Obrigado. Tem certeza que é só isso? – ele perguntou a observando divertido. – Você parece... tensa.

Gina sorriu. – Queria também me desculpar por não ter vindo no treino naquela noite.

Ele deu de ombros. – Tudo bem, você não estava se sentindo bem, né?

Gina percebeu que ele não a olhava nos olhos. – É – ela disse firmemente, prometendo a si mesma que essa seria a última mentira que ela iria contar pra ele. Ela tentou desesperadamente ignorar o fato de que todo o relacionamento deles a partir daquele momento seria baseado em uma mentira.

- Bem, não foi nada demais, eu acho. Ei, você tem algum plano pra esse fim de semana em Hogsmeade? – ele perguntou enqaunto eles se dirigiam ao castelo.

- Ãn… - O coração de Gina batia em seus ouvidos. – Não... na verdade não.

- Você gostaria de, er, me encontrar lá, talvez? – ele perguntou quase que timidamente, encarando o chão enquanto caminhavam. Ele está me chamando porque ele gosta de mim... ele gosta de mim de verdade e isso não tem nada a ver com a poção.

- Tá bom – ela respondeu e mordeu forte o lábio.

Ele sorriu pra ela e Gina sentiu lágrimas se formando em seus olhos. Os sentimentos dele eram reias, verdadeiros, ela tinha que repetir pra si mesma. Não é a poção, é voc. Ela imaginou se um dia seria capaz de sinceramente acreditar nisso.

- No Três Vassouras… lá pelas… três horas?

Gina concordou, se forçando a acreditar. – Certo. Parece ótimo. Obrigada.

Harry parou e se virou para encará-la, com os olhos grudados nos dela. – Obrigado você – ele disse suavemente. Os olhos dele encaravam os lábios dela.

O coração dela desceu do peito até seus joelhos. Ele queria beijá-la...! Não, não, não, não, não... ele não podia beijá-la, pelo menos não por enquanto, ela ainda não estava preparada. – É melhor a gente voltar pro castelo – ela deixou escapar sem pensar.

Harry tirou seus olhos dela, corando. – É... provavelmete estão dando uma festa de arromba na Grifinória.

- Hum – ela concordou, com o coração batucando em seus ouvidos. – E a estrela do jogo nem está lá. Que coisa horrível da sua parte!

Harry soltou uma risada. – E daí? A estrela do jogo tinha outras coisas pra fazer. – ele encostou seu ombro no dela.

Gina riu. – Como o quê, chamar garotas pra ir a Hogsmeade? Isso não parece questão de vida ou morte.

- Acho que é sim – ele sorriu.

- Típico – ela disparou para ele um olhar brincalhão. Flertar com Harry... que iria imaginar que isso se tornaria tão natural pra ela? - Vamos lá – ela disse começando a correr. – Eu chego primeiro!

- Ah, isso não é justo – ele gritou, correndo atrás dela. – Tô carregando um monte de tranqueiras!

- É justo sim… ei! – ela gritou quando ele a ultrapassou. Ela puxou as costas da camisa dele para pará-lo e ultrapassá-lo.

- Trapaceira! – ele gritou e a alcançou nas escadas do castelo. Ele passou por ela, subindo três degraus de cada vez e bloqueou as grandes portas de madeira da entrada com um sorriso. – O que você vai fazer agora?

Cansada da corrida, Gina subiu o último degrau. – Qual é – ela tomou ar, sorrindo. – Sou uma menina, você tem que me deixar ganhar.

Ele soltou um barulho sarcástico e sorriu ainda mais. – As coisas não funcionam assim comigo.

- É mesmo?

- An han – ele disse, laragando a vassoura e o equipamento e cruzando os braços. – Como você vai entrar?

­ - Harry, você tem que ir, todo mundo deve estar imaginando onde você está...

- E daí?

- … e eles vão perceber que eu não estou lá também...

- E daí?

- …eles vão chegar à conclusão...

- E? O que você está insinuando, Gina? – os olhos dele brilhavam de malícia.

Ela revirou os olhos, era tudo que podia fazer para não flertar com ele. – Eu só estou achando que meu irmão não vai achar muito divertido – o sorriso de Harry desapareceu e Gina aproveitou a oportunidade para passar por ele e abrir as portas. – Ah, você é tão ingênuo! – ela riu lhe lançando um sorriso descarado. – Venci!

- Ah não – ele disse, pegando suas coisas e a seguindo pelo castelo. – Isso não acabou, senhorita Weasley... você vai pagar por isso depois, nem que seja a última coisa que eu faça...

Gina estava no meio das escadas de marfim quando ele entrou no hall de entrada e ela se virou pra ele. – Aposto que você vai se divertir muito tentando pelo menos. – Aí ela soltou um gritinho e ele começou a subir pelas escadas atrás dela com um olhar perverso.

Fim de Semana em Hogsmeade

O fim de semana em Hogsmeade chegou com muita expectativa. Gina tinha praticamente negligenciado seus estudos durante a história da poção e passou seus dias depois do jogo trabalhando em dobro para recuperar o tempo perdido. Isso significava que ela mal tinha tempo de conversar com seus amigos... e com Harry.

Apesar disso ele sempre arranjava tempo pra sentar ao seu lado enquanto ela estudava no Salão Comunal ou puxava papo com ela durante as refeições. Às vezes ele parecia meio pertubado quando ela saía do jantar cedo alegando que tinha dever pra terminar. Gina supunha que ele ainda não estava muito confiante nela, afinal ela não tinha lhe dado muito motivo pra ter certeza e ela tinha agido estranhamente com ele. Ela sabia que ele ainda pensava naquela desculpa de estar doente e Gina não o culpava, ela não tinha sido muito convincente.

No entanto, por mais aborrecida que tivesse com a razão dos sentimentos de Harry, Gina não dedicou muito de seu tempo pra pensar nisso, com o tanto de trabalho de casa com que ela tinha se deparado. Ela secretamente desejava que todas as suas inseguranças a respeito do assunto desaparecessem.

Rony, claro, deixou tudo dez vezes mais difícil. Ele deixou bem claro que ficava extremamente desconfortável toda vez que estava no mesmo cômodo que Harry, no entanto toda vez que Gina encerrava uma coversa com Harry ou se levantava pra deixar a sala, Rony lhe lançava um olhar de alerta. Por mais estranha que a perspectiva de ver seu melhor amigo e sua irmã caçula tendo sentimentos um pelo outro fosse, ele não queria que Gina fizesse ou dissesse qualquer coisa que poderia levar Harry a descobrir a verdade. Gina teve vontade de pegar sua varinha e colocar um feitiço silenciador nele no dia que ele disse que ela precisava ser mais afetuosa com Harry com uma cara enojada enquanto falava.

Hermione fez o melhor que pôde para acalmar Rony, mas Gina sabia que ela estava do lado de Rony. A prioridade de todos era o bem-estar de Harry e isso estava começando a enlouquecer Gina. Parecia que ninguém entendia o seu lado, toda vez que Harry olhava ou falava com ela, só conseguia pensar em uma coisa: a poção. A caminhada depois do jogo de Quadribol e o convite para o treino a atormetaram a semana toda. Ela não podia nem se permitir ficar feliz por seu sonho ter se tornado realidade: apesar de não se sentir mais culpada, ela estava completamete insegura a respeito de tudo.

No entanto ela não tinha tempo pra pensar em si mesma… ela tinha que passar o tempo todo pisando em ovos por causa de Harry. Ela não estava chateada somente pelo tempo que eles estavam fazendo segredo sobre isso, ela sabia que ele ficaria furioso se descobrisse o que estava se passando pelas suas costas. Ele sempre odiou ser tratado como criança por causa de suas conecções com Voldemort, e lá estavam seus dois melhores amigos e a menina de quem ele gostava fazendo exatamente isso.

Gina tentou explicar isso pra Rony, mas ele ficou com raiva e disse que o que Harry não sabia não o machucaria e que se ela tentasse dizer a verdade pra ele, ele mandaria uma coruja pra mãe e contaria que ela tinha aborrecido Harry. Gina se sentia presa num pesadelo. Na verdade ela tinha tido um sonho na véspera do dia do passeio a Hogsmeade com ela e Harry dali a dez anos, casados, felizes e com filhos e Rony espiando pela janela de sua casa, se certificando se ela estava sendo afetuosa o suficiente com Harry.

Desnecessário dizer que quando Gina e Sarah chegaram em Hogsmeade os nervos de Gina estavam à flor da pele.

- Que horas são? – ela perguntou a Sarah pela quinta vez quando as duas passavam pela Dedosdemel.

Sarah lançou um olhar a amiga. – Cinco minutos desde a última vez que você perguntou. São 2:25, você ainda tem vinte minutos antes de ter que sair par encontrar com Harry.

- Eu sei, eu sei – Gina disse, esfregando as mãos suadas nas suas vestes. Sarah parecia ser a única que estava do lado de Gina. – Desculpa, é que eu tô nervosa.

Sarah segurou a mão de Gina e olhou pra ela implorando. – Você precisa relaxar, Gina. Essa é sua vida. Você e Harry estão a caminho de se tornarem um casal, isso não vai acabar.

- Eu sei, eu sei… eu tô tentando Sarah, tô mesmo.

- Ah Gina! – Sarah suspirou. – Repita pra si mesma que esses sentimentos são verdadeiros, muito verdadeiros.

Gina meneou bruscamente a cabeça como se estivesse concordando com algum plano de batalha. Quando faltavam quinze minutos pras três horas, Gina se despediu de Sarah, que segurou sua mão e deu um aperto encorajador. Gina caminhou solenemente pela rua do restaurante, sem pressa, e quando chegou ao bar, ela respirou fundo, abriu as portas... e deu de cara com Lana Richmond.

Gina permitiu-se um olhar frio antes de passer por ela. Lana a agarrou pelo braço. – Gina, espera. Não me diga que ainda está com raiva por causa daquela história da poção. Por favor, já é coisa do passado.

Gina deu uma risada sarcástica e tentou passar por ela, mas Lana a impediu novamente.

- Não acredito que você está agindo assim – Lana disse ferozmente. – Já acabou, Gina, sem prejuízos.

- Saia da minha frente – Gina disse friamente. – Não tenho nada pra conversar com você.

- Não aja como se eu tivesse feito algo devastador na sua vida. Seu precioso Harry está de volta ao normal. Você deveria é me agradecer por te dar um gostinho do que você nunca vai ter.

Gina empalideceu. – Sai do meu caminho, Lana. Estou atrasada.

- Atrasada? Vai se encontrar com alguém? – Lana perguntou curiosamente.

- Não é da sua conta – Gina respondeu friamente e seus olhos se depositarm em Harry, que estava sentado sozinho em uma mesa, olhando para o relógio enquanto uma garçonete colocava duas cervejas amanteigadas sobre a mesa. Para o horror de Gina, Lana olhou na mesma direção e ela soltou uma gargalhada assombrada.

- Eu não acredito! Você vai encontrar com Harry? Nossa Gina, que legal! Vejo que a poção fez mais que imaginávamos.

­- O efeito – Gina disse, com o rosto queimando – Já passou.

- Ah, claro que já. Estou feliz de ver que você tirou vantagem disso.

Os olhos de Gina relampejaram – Eu não tirei vantagem disso. Harry está aqui por causa de mim, e não por causa de uma poção.

Lana lançou um olhar depreciativo às vestes de segunda mão e os jeans desbotados de Gina. – Não há nada pra se envergonhar, Gina. Você não conseguiu conquistá-lo por conta própria, então você achou um outro jeito. Na verdade estou bastante impressionada. Bom almoço. – E com isso, Lana se retirou do bar.

Gina ficou parada no pequeno vestíbulo do bar e olhou Harry sentado sozinho na mesa. Ela absorveu a verdade das palavras de Lana e de repente não podia enxergar devido às lágrimas que inundavam seus olhos. Com um soluço angustiado, ela deixou o bar e disparou pela rua na direçao da Dedosdemel.

Ela encontrou Sarah no mesmo corredor em que ela a tinha deixado e quando viu Gina correndo em sua direção, seu queixo caiu. – Gina! O que... o que aconteceu?

- Ah, Sarah, eu não consigo. Eu simplesmente não consigo, é muito difícil – ela sussurrou, com lágrimas rolando pelo rosto.

­- Bem, o que aconteceu? – Sarah tirou uma mecha de cabelo do rosto de Gina. – Oh Gina, não chora – ela disse chorosa.

- Ah Sarah – Gina soluçou – Temos que ir embora… ele deve vir me procurar.

- Você viu o Harry? O que ele disse?

- Eu o vi, mas ele não me viu. Vem, Sarah, não posso ficar aqui, temos que voltar.

- Gina, não é tão ruim assim, mesmo. Os sentimentos dele...

- São reais, eu sei. Mas Sarah, você não vê? Ele nunca teria olhado par mim se não fosse pela poção. Ele nunca teria desejado sentir isso. Eu nunca poderia fazê-lo sentir, tinha que ser alguma mágica.

- Isso não é verdade, Gina – Sarah sussurrou – Ele é um idiota por não sentir isso por conta própria.

- A culpa não é dele, Sarah. É minha, só minha – Gina fechou os olhos com força enquanto mais lágrimas caíam e Sarah a abraçava pelos ombros. De braços dados, as duas garotas voltaram pra escola.

N/T.2: Pra quem não leu a gingantesca nota da tradutora acima, quero avisar que esse é o penúltimo capítulo, o último postarei em breve, sábado provavelmente.