Mistura D'Amore
De Casca, tradução por Supercool Lady
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Capítulo Três
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Disclaimer: o de sempre. Não tenho direitos sobre Harry Potter e blá blá blá.
Notas da Tradutora: Aí está o último capítulo da fic. Agradeço a todo mundo que mandou reviews e e-mails elogiando a fic: Ying Fa, Wo Ai Ni, Nani Potter, Carol Malfoy Potter, Deby, Black Phoenix, Ðre, Priscila Cardozo, Jane, Patricia Rowert e Xyania. Valeu mesmo!! Me deu mais estímulo pra continuar traduzindo. Ah, e resolvi mandar o capítulo um dia antes. Agora, vamos a história!!
Fim de Semana Em Hogsmeade
Harry Potter estava furioso. Um acontecimento estranho, na verdade, já que ele era conhecido por ser uma pessoa de temperamento calmo. No entanto, nos momentos em que cruzou os portões de Hogwarts a caminho para as escadas do castelo Harry já estava familiarizado com a fria natureza da raiva. Ele não se importou com os olhares curiosos que lhe eram lançados quando bateu as grandes portas de madeira do castelo e mal ouviu a Professora McGonagall gritar "Devagar Potter!" quando ele fazia seu caminho pelos corredores em direção à torre da Grifinória. Ele nem se importou com o que Rony fosse pensar sobre o seu interesse incomum no paradeiro de Gina quando caminhou até onde ele e Hermione estavam e perguntou:
- Cadê a Gina?
Os olhos de Hermione foram na direção de Rony. – Ãh... Gina?
- É, Gina Weasley, irmã do Rony… você a conhece, né? – ele disparou pra Hermione. – Cadê ela?
- Ah… - Hermione aparentemente tinha perdido as palavras.
Harry se virou para Rony e e levantou as sobrancelhas em expectativa.
- Harry? – disse Rony, com uma cara chocada e confusa.
- Harry, ela está doente, - Hermione disse dramaticamente.
Harry quase riu. – Doente? Sério? Que interessante. Vejamos, na última vez que ela me deu um cano ela disse que estava doente também. Ela me pareceu muito bem essa manhã então tente de novo, Hermione.
- Te deu um cano? – Rony perguntou numa voz exagerada. Ele lembrou a Harry um ator muito ruim fazendo uma peça.
- É, nós tínhamos marcado um encontro em Hogsmeade – Harry disse impaciente. – Olha, desculpa por não ter te contado, mas ela é sua irmã e era meio estranho. – Depois ele se virou pra Hermione. – Onde ela está, Hermione?
- Harry, tô falando sério. Ela está muito doente.
- Tá bom… então eu vou até o dormitório dela pra ver se ela ainda está viva. – Ele começou a caminhar para as escadas decidido quando Hermione gritou:
- Não!
- Ele levantou as sobrancelhas. – Sim?
- Ela não está lá em cima, Harry – Hermione disse em pânico. – Ela foi até a Madame Pomfrey.
- Ela está na ala hospitalar?
- Ãn han – Hermione disse.
Em qualquer outro momento ele acharia engraçado como Hermione era transparente, mas não naquela hora. Ele só tinha uma garota na cabeça e já que ele tinha percebido que ela não deixaria seus pensamentos tão cedo, ele precisava falar com ela. Imediatamente.
- Bem, então eu talvez vá dar uma olhada lá na ala hospitalar – Harry disse, se retirando.
- A Madame Pomfrey não vai te deixar entrar, Harry – Hermione chiou, correndo atrás dele.
- E quem disse que eu vou pedir pra ela me deixar entrar, Hermione? – ele replicou e saiu pelo buraco do retrato.
Harry disparou pelos corredores em direção à ala hospitalar, virando bruscamente nas esquinas e sem se importar de ir mais devagar nem quando uma professora passou ("Dez pontos a menos pra Grifinória, Potter!, berrou McGonagall). Quando ele chegou na porta da ala hospitalar, ele a abriu e começou a caminhar em direção às camas quando Madame Pomfrey deu um pulo na frente dele.
- Onde voc pensa que vai? Granger e Weasley não estão aqui – ela disse a ele.
Harry pensou com raiva se as pessoas pensavam que ele não tinha outros amigos além de Rony e Hermione. – Gina Weasley está aqui? – ele perguntou, sabendo que a resposta era não.
Madame Pomfrey o observou desconfiada. – Não há nenhum Weasley aqui.
- Tem certeza? – Harry se viu exclamando.
Madame Pomfrey estava fora de si. – Eu sei de que pacientes eu cuido, Potter!
- Certo, certo – ele murmurou – Me desculpa.
Madame Pomfrey fez um barulho de desgosto. – Isso não é jeito de se falar com os mais velhos. Cinco pontos a menos pra Grifinória.
Foi a vez de Harry olhar desconfiado. Ele não tinha certeza se a enfermeira podia tirar pontos das casas, pelo menos ele nunca tinha visto Madame Pomfrey fazer isso antes. Mas ele não podia discutir com ela a respeito disso, então saiu, imaginando quantos pontos Gina Weasley iria lhe custar hoje. Ele não tinha controle sobre seu comportamento, então não era culpa dele.
Harry não tinha controle sobre seus sentimentos desde que ele olhou para Gina Weasley numa manhã depois do café-da-manhã. O mundo dele tinha virado de cabeça para baixo sem que ele conseguisse evitar. Ele não tinha ficado surpreso na verdade quando seu coração caiu até o chão à simples visão dela naquela manhã. Era um sentimento muito esquisito, como se ele soubesse que ia acabar se sentindo dessa maneira um dia, mas ele não sabia disso até aquele momento.
Era muito estranho também que ele não tenha tentado esquecer desses sentimentos, por mais tórridos que fossem. Ela era uma Weasley. Ele não deveria se sentir assim pela caçula dos Weasley, irmã de Rony, irmã de Fred e Jorge. Na verdade, Gina era irmã de todo mundo. Menos dele...
"Irm" foi a última coisa que ele pensou quando a viu naquele dia.
No entanto, estava bem claro que ela não compartilhava desse sentimentos, ele pensou enquanto andava pelo castelo sem rumo, olhando em cada sala de aula e espiando cada corredor tentando achá-la. Obviamente ela não sentia o mesmo e estava tentando achar um jeito de dispensá-lo. Não precisava ser um gênio para saber que quando uma garota foge de um garoto toda vez que ele se aproxima 5 metros dela é porque ela não gosta dele.
Harry tentou não se aborrecer com isso. Ele tentou acreditar que o motivo que o fazia sair atrás dela era porque ele não gostava de levar um cano. Ninguém gosta de levar um cano, principalmente da garota... não, ninguém gostava de levar um cano, ponto final. Não importava que pessoa que dava o cano.
E daí se ela fosse a única garota por quem ele tinha se sentido assim? Era idiotice pensar em que presente dar a ela de Natal, dali a seis meses? E daí se ela era a garota mais bonita que ele já tinha visto e que ele estava se amaldiçoando por não ter notado antes? Tudo isso não importava, ele estava chateado por ter levado um cano e ter feito papel de palhaço.
Depois de quase três horas de buscas por todos os lugares possíveis que Gina poderia estar (e até mesmo os lugares incríveis em que ela dificilmente estaria), depois de perder mais cinco pontos pra Grifinória (tirados de Snape quando Harry estava procurando nas masmorras), Harry se encaminhou para o Salão Comunal da Grifinória pra achar Rony e Hermione.
- Ela já voltou? – ele perguntou aos amigos. Ele tinha ido várias vezes na torre da Grifinória durante suas buscas para perguntar se Gina tinha voltado e Rony parecia mais enjoado a cada vez que Harry fazia isso.
- Não Harry, eu já te disse, ela est doente. Madame Pomfrey só disse que Gina não estava lá porque ela não gosta que seus pacientes recebam visitas. – Hermione tinha ficado mais confortável com sua mentira deslavada e agora estava falando com a maior cara de inocente, embora seus olhos se desviassem a cada vez que ela falava.
Harry a ignorou e com um olhar ligeiramente selvagem, arrastou uma cadeira pelo salão e se sentou de frente para o buraco do retrato. – Agora não vou perdê-la de vista, vou? – Ele perguntou a Hermione, que parecia que ia explodir em lágrimas. Rony olhava pra Harry incrédulo. O resto dos grifinórios olhavam pra ele curiosamente, davam de ombros e voltavam a fazer o que estavam fazendo.
- Harry, talvez você devesse ir jantar. – Hermione sugeriu preocupada meia hora depois. – Não deve ser tarde demais, normalmente o jantar não acaba antes das oito horas.
- Hermione, eu bebi quatro cervejas amanteigadas enquanto esperava. Não tô com fome.
- Acho que ele está meio bêbado – Harry ouviu Rony sussurrar para Hermione, que fez um barulho de impaciência.
- Claro que não – ela sibilou de volta. – Cerveja amanteigada não é tão forte assim.
- Tem certeza que o que você bebeu foi cerveja amanteigada, cara? – Rony perguntou a ele.
Harry ignorou Rony e cruzou os braços, encarando o buraco do retrato.
Mais trinta minutos se passaram. Já eram nove da noite e Harry já estava prestes a encurralar Hermione para perguntar de novo se Gina estava no dormitório quando o retrato fez um barulho. Ele olhou decidido, sentando-se na cadeira, mas o retrato não abriu. Ele franziu as sobrancelhas ao ouvir sussurros femininos.
– Não, não abre, deixa eu dar uma olhadinha antes.
Logo depois ele viu o rosto de Sarah Murphy o encarando diretamente.
- Oh! – ela grunhiu ao ver Harry e desapareceu.
Estreitando os olhos, ele se levantou da cadeira e se aproximou do retrato, ouvindo mais sussuros.
- Ele está bem lá!
- Como assim, bem lá!?
- Ele está sentado na frente do… - Sarah parou de falar quando Harry abriu o buraco do retrato e saiu.
Como ele já suspeitava, Gina e Sarah estavam reunidas no corredor escuro, que estava iluminado pelas tochas acesas nas paredes.
- Oi, Harry, como vai? – Sarah engasgou.
Mas Harry estava olhando para Gina, cujos olhos pareciam que iam saltar das órbitas enquanto ela se encostava na parede. Ele se virou pra Sarah: - Você não tem nenhum lugar pra ir não? – ele perguntou grosseiramente.
Atrás dele, ele ouviu Gina dar um resmungo indignado. Sarah olhou de Gina pra Harry e de Harry pra Gina.
- Acho que sim – ela sussurrou, parecendo prestes a cair no choro. Ela lançou a Gina um olhar fugaz como se estivesse prestes a dar a amiga de comida aos lobos. – A gente se vê, Gina.
- Tchau, Sarah! – Gina disse desesperadamente.
Assim que o retrato se fechou, Gina falou. – Harry Potter, como ousa falar com a minha amiga assim?
- Gina, - ele começou a falar tenso, mas ela o cortou.
- Coitadinha da Sarah! – Gina chiou. – Ela é a única pessoa que está do meu lado e você vai e a expulsa daqui! Bem, vou te dizer uma coisa. – Ela apontou o dedo pro peito dele. – Você não pode fazer isso.
Harry olhou pra ela como se ela fosse louca. – Gina! Como você pode gritar comigo?
Para seu completo horror, os olhos de Gina se encheram de lágrimas. – Eu não sei! – ela berrou, colocando a mão na boca. – Eu não sei o que eu estou fazendo mais, parece que eu fui enfeitiçada.
- Olha, nós precisamos conversar – ele disse ponderadamente tentando ignorar as reviravoltas que seu estômago dava quando ela deixou escapar um soluço e enterrou o rosto nas mãos.
- Precisamos – ela sussurrou, concoradando com a cabeça. – Precisamos mesmo.
As coisas não estavam indo como ele planejava. – Gina eu quero saber o que está acontecendo com você. Por que você não foi me encontrar essa tarde? E sem mentiras, por favor – ele disse com frustração.
- Desculpa por não ter ido – ela sussurrou. – Harry... tem uma coisa que você precisa saber.
- O que é? – ele perguntou, ansioso pela verdade.
- O motivo… o motivo pelo qual você está me convidando a ir nos lugares e está sentindo... algo por mim... bem, não é...
- Não é… o quê? – ele perguntou, com o rosto queimando.
- Harry, há uns dias atrás eu e minhas amigas fizemos uma poção. Foi uma idiotice da nossa parte e eu nunca mais enquanto viver vou fazer algo desse tipo de novo. Eu nem tinha planejado dar a minha pra ninguém e não dei. No entanto, Lana Richmond colocou a minha poção no seu suco sem meu consentimento.
- Poção? – ele perguntou lentamente, com pequenos vestígios de medo arrepiando sua espinha. – Que poção?
Gina suspirou de novo. – Uma poção chamada Mistura D'Amore.
Harry tentou repetir as palavras. – Que língua é essa?
- Italiano.
- E o que significa?
Gina mordeu o lábio. – Mistura do Amor.
Harry gaguejou. – Uma… uma poção do amor?
- Harry, eu sinto muito!
Ele não conseguia falar, tudo que conseguia fazer era olhar pra ela incrédulo. – Quando...?
Ela olhou pro chão. – No mesmo dia do… do salgueiro.
Seu interior parou de funcionar. – O que isso significa, Gina? Tem um contra-feitiço? – ela fez uma careta de dor e Harry percebeu como tinha soado horrível. – Quero dizer...
- Não, não há contra-feitiço. Era pro efeito acabar...
- Oh – ele parou. – Quando?
Gina engoliu e parecia desconfortável. – Bem... depende.
- De quê?
- Da… pessoa. – ela parecia querer dizer outra coisa, mas sacudiu a cabeça com firmeza e encarou o chão.
Houve um silêncio muito longo e tenso e os dois evitavam olhar um pro outro. – Bem...
- É, - Gina sussurrou.
- Gina, me desculpa…
- Não, Harry, não peça desculpa, nada disso é sua culpa. Me desculpa por não ter contado antes, eu... Na verdade não há desculpa. Eu deveria ter te contado no começo.
- Tu-tudo bem. Acho que não é sua culpa. – Harry não sabia o que sentir. Tudo era resultado de uma poção? Ele estava... abalado. Ele pensou na semana passada e nos esforços de Gina para evitá-lo. Ele viu as coisas sob a perspectiva dela e logo se sentiu muito mal por ela. Antes de perceber o que estava fazendo ele se aproximou e colocou uma mão sobre o ombro dela.
- Gina…
Ela deu um passo pra trás e cruzou os braços sobre o peito. Logo, Harry percebeu que esses sentimentos que ele estava tendo, essa vontade de abraçá-la e dizer que ele não a culpava, nada disso era real.
- É melhor a gente entrar – ela disse enfaticamente. – Filch já deve estar rondando por aí essa hora, né? – Harry não se importava nem um pouco com Filch, mas ele não queria que Gina levasse uma detenção. Ele ficou imaginado se esses pensamentos eram causados pela poção também. Ele preferiu não pensar nisso.
Eles se viraram pra a Mulher Gorda que abriu o buraco do retarto com o olhar triste. Quando eles entraram e Gina subiu as escadas, Harry se sentia totalmente miserável. Ele não queria que esses sentimentos fossem errados. Ele queria...
Ele olhou para Rony e Hermione, que tentavam parecer muito ocupados, mas Harry sabia que eles estavam se perguntando o que tinha acontecido. Ele até apostava que Hermione já sabia de tudo. Mas Harry percebeu que ele não se importava muito com isso. Ele murmurou boa noite para os amigos e subiu para seu dormitório.
Ao subir as escadas e olhar para a porta do dormitório feminino do quinto ano, seu coração deu um solavanco e ele pensou furiosamente que seus próprios sentimentos não eram mais seus. E logo tudo o que ele queria era ir pra cama e dormir até essa poção idiota perder o efeito e ele pudesse ter certeza do que era certo.
Dia da Revelação
No entanto, a próxima manhã chegou e os sentimentos de Harry estavam numa bagunça tão grande que ele não sabia se eram por causa de Gina ou pelo fato de ele estar sob efeito da poção. Ele se sentia confuso, com raiva, usado e enganado. Ele sentia decepção e culpa, e a culpa o deixava com raiva.
Ele se vestiu em silêncio e desceu um pouco mais cedo. Enquanto descia a escada em caracol ele ouviu sussuros vindos do Salão Comunal.
- Gina deve ter feito alguma coisa pra fazê-lo notá-la depois que o efeito da poção acabou porque vi Harry sentado sozinho na mesa quando ela estava prestes a entrar.
Harry congelou na base da escada e deu uma espiada no salão. Lana Richmond estava conversando com outra garota do quinto ano (Rebecca alguma coisa) e elas estavam sozinhas no salão. Harry mordeu o lábio mas continuou onde estava enquanto elas continuavam a falar.
- Então ela ia encontrá-lo lá? – Rebecca perguntou.
- É, - Lana disse com uma risada sarcástica. – Embora eu ainda não tenha descoberto o que ela fez pra conseguir isso. Ela é tão... imatura. Sinceramente nunca pensei que ele ia cair na dela do jeito que ela se rastejava por ele. De qualquer maneira, não é esse a questão, eu simplesmente não consigo entender porque ela está sendo tão infantil por causa disso. Nós fizemos o impossível quando demos a poção pra ele. A poção fez Harry ter sentimentos por ela, mesmo que só por um dia. Ela é que é idiota por não tirar proveito disso.
- Eu sei. Eu não acredito que ela não tenho ido ao treino de Quadribol, ele teria esquecido de tudo mesmo.
- Eu sei, eu sei. Não me pergunte o que se passa na cabeça de Gina Wealey. Nós crescemos, mas ela continua imatura. É patético, na verdade, como ela... – Lana parou de falar e olhou horrorizada quando Harry entrou no Salão Comunal.
Levantando as sobrancelhas, ele olhou diretamente para Lana quando passava por ela e não disse uma palavra pra garota.
Harry saiu pelo buraco do retrato. Sua boca estava seca de raiva pelas palavras de Lana. Ele odiou as coisas que ela disse de Gina, mas as palavras que o tinham paralizado foram ditas antes dela chamar Gina de idiota. A poção fez Harry ter sentimentos por ela.
Mas não fez… fez? Ele já não sentia isso antes...? Certamente parecia que ele já sentia. Embora soubesse que nunca tinha olhado pra Gina no... sentido romântico (seu rosto queimou com esse pensamento), ele não achava esses novos sentimentos... completos.
Harry ficou completamente parado no meio do corredor (sob o olhar curioso da Mulher Gorda) tentando pensar no tempo em que ele tinha pensado em Gina do jeito que ele pensava agora. Ele pensou em todas as vezes que a pegava olhando pra ele... ele tentava agir como se não tivesse visto, mas como ele realmente se sentia? Ele não tinha sentido nada, ele pensou furiosamente, ele não tinha se permitido sentir nada...
Harry quase soltou um grito de surpresa, Era verdade? Será que esses sentimentos sempre estiveram lá e Harry simplesmente tinha se recusado a senti-los? Se fosse verdade, a poção não tinha lhe dado esses sentimentos, eles já estavam lá pra começo de conversa.
Então isso significava…
Ele não tinha a menor idéia do que isso significava. Tudo que ele sabia era que tinha pensado mais nesses cinco minutos do que no ano todo em Poções. E ele estava com raiva porque não podia fazer nada a respeito dessa nova informação.
E Lana não tinha dito que só durava um dia?
- Ela foi dar uma volta.
Harry deu um pulo de susto. – Quê? – ele perguntou a Mulher Gorda, que agora o olhava deliberadamente.
- Sua senhorita de cabelos vermelhos. Ela saiu cedo essa manhã e quando eu perguntei onde ela estava indo tão cedo ela disse que estava indo dar uma volta no lago. Ela parecia um tanto pertubada. – A Mulher Gorda suspirou nostalgicamente em sua moldura.
Harry a olhou desconcertado. – Ah.. obrigado... eu acho.
Harry saiu na bela manhã de primavera e começou a caminhar em direção ao salgueiro, avistando-a imediatamente. Gina estava deitada no chão, vestida em roupas casuais. Sua cabeça estava apoiada num monte de ramos que estavam agrupados no chão e ela estava cantarolando pra si mesma, movendo os pés incessantemente.
- Gina?
Ela soltou uma exclamação de surpresa e se sentou.
Harry revirou os olhos por sua própria estupidez. – Desculpe, não quis te assustar...
- Tudo bem – ela disse rapidamente.
Havia folhas no cabelo dela, ele pensou selvagemente. As mesmas folhinhas dos ramos, só que agora elas estavam misturadas a pequenas pétalas brancas dos galhos do salgueiro onde ela estava deitada.
Antes que ela se levantasse ele se aproximou e sentou-se perto dela no solo macio. O vento soprou e carregou milhares de folhas e pequenas pétalas brancas pelo ar. Ele fez uma careta de dor quando um grande galho bateu no seu rosto e ele o tirou rapidamente. Ele lançou um olhar a Gina, que estava com os olhos divertidos e mordendo o lábio para esconder o riso.
- Não sei porque você está rindo. A árvore toda está no seu cabelo.
Seu queixo caiu e ela colocou as mãos na cabeça e mexeu no cabelo. As folhas se mexeram. – Ah não – ela murmurou e deu uma sacudiu a cabeça com força. Não ajudou em nada. Então ela deu um grande suspiro e deu uma risada. – Ora ora.
- Ora ora – ele deu uma risadinha irônica. Parece que os dois pensaram na poção na mesma hora porque os dois desviaram o olhar e o ar se encheu de tensão de repente.
- A mulher Gorda disse que você estaria aqui. – Foi tudo que ele conseguiu pensar em dizer.
- Hum. Isso me encoraja a contar pra ela meus segredos.
Harry se endireitou. – Eu estou… interrompendo alguma coisa…
- Não, não. Eu tava brincando.
- Ah!
Mais silêncio.
- Posso te perguntar uma coisa? – ele perguntou a ela.
- Claro, - ela disse baixo.
- Sobre… sobre a poção...?
Ela deu de ombros e desviou o olhar do dele.
- O que acontece quando o efeito passa?
Gina hesitou por um longo tempo. – Quem a bebe esquece tudo que aconteceu com a outra pessoa enquanto estava sob o efeito dela.
O pânico o atravessou. Ele ia esquecer? Mas, não… isso era impossível. Ele não queria esquecer nada que tinha acontecido. Harry pensou no convite para ir a Hogsmeade e no dia que balançaram no ramos do salgueiro... no dia que correu pelos terrenos da escola com ela e na visão dela na partida de Quadribol. Ele a olhou naquele instante... linda, com um olhar pensativo e pétalas brancas adornando seu cabelo acobreado e Harry se pegou gravando a imagem de seu rosto na memória, contariando o efeito da poção.
- Eu odeio isso – ele sussurrou, olhando fixamente para o chão.
Ela não disse nada, mas olhou pra o lago.
Então ele levantou a cabeça de repente, lembrando de algo que Lana tinha dito. – Não era para o efeito passar em um dia?
Gina congelou e concordou lentamente com a cabeça.
- Mas comigo isso não aconteceu.
Ela não disse nada, mas Harry sentia que ela queria dizer.
- Gina, e se… e se quem beber a poção, digamos, já... sinta certas coisas pela outra pessoa... antes de beber... mas ela não saiba dessas coisas, er, o que aconteceria?
- Bem… - ela disse lentamente. – Se quem a bebe já sente... A poção faz os sentimentos de verdade virem à tona, se eles estão reprimidos... ou não puderem aparecer de outra forma.
- Então… a poção ainda perde o efeito em um dia…?
Ela levantou as sobrancelhas. E concordou lentamente com a cabeça.
A emoção o atravessou. – Então… já acabou. O feitiço acabou? Mas eu não esqueci de nada... como...?
- Você não esqueceu de nada porque você não estava sob efeito da poção, Harry. Você nunca esteve, a poção só fez os sentimentos virem à tona, ela não influenciou seu comportamento de forma alguma.
Ele a encarou. – Quer dizer que é tudo real?
- Você pode ver as coisas desse jeito, eu acho – ela sussurrou.
- Isso muda tudo! Gina…
- Não muda nada – ela disse com raiva e se levantou para caminhar em direção ao lago onde cruzou os braços e observou a superfície resplandescente.
- Eu não entendo – Harry disse, se levantando e caminhando até ela. – Se o efeito da poção já acabou, tudo isso é real! Exatamente isso que aconteceu... eu... eu já tinha esses sentimentos antes, eu só... – ele corou e colocou as mãos no bolso. – Eu só não me permiti senti-los.
- E por que você não se permitiu senti-los, Harry? – ela inquiriu.
- Eu não sei… acho que estava envolvido demais com outras coisas para…
- Errado – ela disse com firmeza. – Claro, é verdade que você tinha muita coisa pra resolver nesses últimos anos. Mas não é razão pra que você não tenha reconhecido seus sentimentos.
- Não é? Então o que é, você sabe? Porque eu não...
- Sou eu! – ela sussurrou.
- Você?
- Eu não sou… notável!
- … O quê? – ele perguntou, imaginando do que ela estava falando.
- Eu não pude trazer à tona seus sentimentos, por isso você nunca os sentiu. Você nunca reparou em mim, Harry, porque... porque eu não sou notável!
O que ela estava tentando dizer o atingiu em cheio. E ele deixou escapar um longo e necessário suspiro de alívio. Se o único obstáculo que ele tinha que enfrentar era a insegurança dela, ele tinha certeza que podia dar um jeito nisso. – Não é?
- Não! Oh, eu sei que não é minha culpa que eu não seja muito boa com as palavras... ou... ou excepcionalmente genial quando falo com você. E eu não jogo Quadribol e não temos nada em comum. Sei que não é minha culpa se eu não tenho uma aparência... er... extravagante. Mas mesmo assim, sabe, o que me dá raiva é que se eu tivesse uma dessas coisas poderíamos ter evitado tudo isso porque talvez você tivesse me notado por algo que eu fiz e sem a ajuda de uma poção idiota... o que você está fazendo?
Ele notou um olhar de pânico quando deu um passo à frente e gentilmente segurou o rosto dela com as mãos. – Harry? – ela sussurou alarmada e ele se inclinou bem lentamente e suavemente tocou os lábios dela com os seus.
A mente dele ficou vazia… a única coisa que ele percebia era o cheiro das flores no cabelo dela e os barulhinhos que ela fazia enquanto ele a beijava. Era estranho, maravilhoso e aterrorizante.
Quando acabou, Harry abriu os olhos e ficou parado onde estava. De repente ele estava bem consciente que suas mãos ainda seguravam o rosto de Gina e que ela estava olhando pra ele com óbvio choque.
Ele deu um passo pra trás e olhou para ela, sem poder acreditar no que tinha acabado de fazer. Ele a tinha beijado... ele realmente tinha beijado uma garota. E não qualquer garota, Gina Weasley, a garota que ele... bem, gostava. Ele estava aterrorizado.
E ele queria beijá-la de novo.
Mas ele não podia porque ela estava encarando-o com os olhos arregalados (eles tinham um coloração castanha tão linda, como ele nunca tinha reparado antes?) e a boca dela estava ligeiramente aberta. Ela parecia tão aterrorizada quando ele.
- Desculpa – ele murmurou. – Eu… não queria… Eu queria, mas não quis… - ele parou de falar. Talvez fosse melhor não dizer nada.
Ela deixou escapar uma longa e estremecida respiração. – Hum – foi tudo que ela conseguiu dizer.
Harry engoliu. – Mas sinceramente, Gina. As coisas que você disse... são uma loucura. Não é nada verdade, nada. É idiota, pra dizer a verdade.
Ela franziu as sobrancelhas. – Sou idiota então?
Ele suspirou impacientemente. – O que você disse é idiota, essa história de não ser notável. Gina eu percebi você. Te enxerguei o tempo todo, e percebi coisas. Posso não ter sentido nada… mas foi naquela hora. Mas eu notei. Eu enxerguei.
Ela encarou o chão, com os olhos pertubados. Depois sacudiu a cabeça. – Você não me enxergou, Harry.
- Quer apostar? – ele disse em voz baixa.
Quando ela não respondeu, Harry respirou fundo. – Há dois anos atrás, no Baile de Inverno, Neville pisou no seu pé enquanto vocês dançavam.
Ela olhou pra ele desacreditada, depois revirou os olhos. – Foi isso que você percebeu? Porque...
- Você queria não ter aceitado o convite de Neville – ele disse rapidamente. - Porque você poderia ter ido comigo.
Ela levantou as sobrancelhas. – Você está querendo me fazer sentir uma idiota?
- Não, estou tentando dizer que eu percebi essas coisas!
- Coisas idiotas – ela replicou.
- Não são idiotas. Você colocou o cotovelo na mantegueira – Harry disse de repente, lembrando-se da sua primeria visita à Toca.
Ela parecia prestes a explodir e lembrando que uma vez os gêmeos tinham mencionado o temperamento explosivo de Gina, Harry acrescentou rapidamente. – Sei que não foi extravagante ou genial ou nada disso... mas, sabe... foi... bonitinho. – Ele a observou com medo: será que ele conseguiria convencê-la que ele estava certo?
- Você fingiu não ter notado a história do cotovelo.
Harry a observou atentamente. – Você percebeu, então?
Ela mordeu o lábio e levantou os olhos para encontrar os dele. Eles estavam sorridentes. – Eu percebi tudo, Harry.
Ele sentiu algo muito bom correr suas veias. – Eu sei. – Eles fixaram os olhares um no outro. - Obrigado.
Ela balançou a cabeça positivamente. Depois sorriu. – Não era algo que eu pudesse controlar.
Ele sorriu de volta. – Obrigado mesmo assim.
Eles ficaram lá, sorrindo bobamente um para o outro por alguns segundos e depois Harry pensou numa coisa. – Rony vai surtar.
- Argh – ela disse, fazendo cara de nojo. – Por que você tinha que falar dele?
- Bem, eu não conversei direito com ele a respeito disso, na verdade. Na verdade ele nem faz idéia dessa poção do amor... o quê?
Gina tapou a boca com a mão e caiu na gargalhada. – Harry, - ela arfou. – Ele soube antes de você!
O queixo dele caiu. Rony? – O quê?!
- Me desculpa, mas ele descobriu. Ele achou a descrição da poção num livro da Hermione e...
- A Hermione também? Que amigos eu tenho!
- Eles são ótimos amigos e você sabe disso. Bem, pelo menos a Hermione é. Já meu irmão... nunca vou entender o que você viu nele, Harry.
Ele deu um meio sorriso. – É o charme dele. Ei, a gente deveria voltar pro castelo.
Ele caminharam de volta ao castelo e Harry entrelaçou seus dedos nos dela, imaginado quando teria a chance de beijá-la de novo.
- Se servir de consolo, Rony ficou indignado com essa confusão toda – Gina disse e Harry desejou que não tivesse o mencionado. – Ele ficou... muito aborrecido por causa disso tudo.
Harry bufou. – Bem que ele merece. Ele e Hermione estão me deixando louco.
- Não sei o que fazer com esse dois – Gina suspirou. – É tão óbvio que foram feitos um pro outro.
- Rony precisa se tocar – Harry disse casualmente e não viu o bufo sarcástico de Gina. Ele estava ocupado pensando nos arrepios que subiam pelo seu braço por causa do toque dos dedos dela nos seus.
- Nós deveríamos dar uma ajudinha a eles – ela suspirou.
- Hum… - ele disse com um meio sorriso, reparando que o cabelo dela ainda estava cheio de pétalas. Ele soltou a mão de Gina para brincar com elas. – Já tem alguma idéia...?
- Não diga isso – ela avisou, com o rosto corado enquanto ele continuava a brincar com o cabelo dela.
- O quê? – ele perguntou inocentemente.
- É muito cedo até mesmo pra começar a brincar com isso...
- Talvez devêsssemos dar um poção do amor a ele! – Harry exclamou sorrindo.
- Harry! – ela exclamou e tentou gritar com ele, mas ele riu e aproveitou a chance para dar aquele beijo nela.
FIM
N/T: E aí gente, gostaram? Correspondeu às expectativas? Eu achei o final bem fofo, espero que vocês também. Mandem reviews e e-mail dizendo o que acharam!!! Tchau e até a próxima!!!
