Foram dois dias complicados os que antecederam a volta de Remus. Minha cabeça dava voltas e mais voltas.

Então ele voltou. Parecendo muito doente e cansado, machucado. Soube que foi falar com Dumbledore primeiro e este lhe disse que eu sabia, que eu havia descoberto.

Encontrei com Remus no corredor de seu quarto. Ele estava indo falar comigo e eu procurava por ele.

- Mel – ele disse, parecendo cauteloso e com um tom de quem pede desculpas.

- Shhh – eu disse, colocando o dedo indicador em seu lábio. – Por que não me contou? Você pode confiar em mim, sabe disso.

- Eu tinha medo de você se afastar de mim, como a maioria das pessoas faria. As pessoas têm medo de quem não é... normal. – ele disse, baixando os olhos.

Eu fechei os olhos, o abracei e sussurrei em seu ouvido.

- Sentimentos não se vêem, se sentem. Você sente que eu tenho medo de você? – eu perguntei.

- Não – ele disse em resposta.

Eu sorri e olhei em seus olhos.

- Venha, precisa cuidar desses ferimentos. – disse, pegando sua mão e encaminhando-o para seu quarto.

Ele estava realmente machucado. Nunca o havia visto daquele jeito.

- Não é direito uma moça entrar no quarto de um rapaz, mas dane-se – eu disse, abrindo a porta. Ele riu.

Fomos até o banheiro e deixei a água escorrer para dentro da banheira.

Ele se olhava no espelho enquanto isso. Abracei-o por trás e olhei para o espelho, que emoldurava nossos rostos.

- Somos perfeitos juntos – ele disse.

- Somos – afirmei.

Ele se virou e olhou para mim. Eu sorri. Eu desejava aquele homem na minha frente mais do que tudo.

Coloquei minhas mãos em seu peitoral, descendo devagar até os botões da camisa. Fechei os olhos e fui desabotoando-os, um por um, no mais lento ritual. Ele levou suas mãos até as alças de minha camiseta e acariciou meus ombros, puxando as alças de minha camiseta para baixo. Quando acabei de desabotoar a camisa, ele puxou minha camiseta para cima, eu levantei os braços para que ele a tirasse por completo.

Ele colocou as mãos na minha cintura, subindo levemente até meus seios e acariciou-os levemente. Eu sentia seu abdome forte nas minhas mãos. Desci as mãos até sua calça e comecei a tentar tira-la, enquanto ele fazia o mesmo com a minha. Calças atiradas na pia, ele me beijou doce e calmamente.

Encaminhou-me para a banheira e entramos. A água estava morna. Ele molhou as mãos e passou-as delicadamente por todo o meu corpo. Eu tremi prazerosamente enquanto ele acariciava a parte mais íntima do meu corpo, beijando meu pescoço e meus seios.

Ele me olhou docemente e eu gemi de prazer. Ele havia penetrado em mim. De alguma forma, ele estava dentro de mim da maneira mais doce. Nunca pensei que aconteceria dessa forma, sem dor. Ao contrario, a melhor sensação que já tive. Todos os meus músculos pareciam estar em harmonia com ele e com aquele prazer que me proporcionava. Quando acabou, ele me olhou sorrindo e me beijou.

- Não importa o que você seja, eu te amo, Remus Lupin – sussurrei ao seu ouvido.

Acabamos tomando banho juntos na banheira. Sensações de felicidade, desejo e amor se fundavam naquele momento.

Eu ria enquanto ele me secava, fazendo-me cócegas por todo o corpo. Então me conduziu até a cama, deitando-me devagar. Ficou ao meu lado, porém com o rosto a cima do meu.

- Você é linda – disse, beijando-me os lábios e descendo até o pescoço. Eu sorri.

Então ele parou de me beijar mas continuou na mesma posição. Vi que ele olhava fixamente para meu pescoço. Meu coração começou a bater forte. Ele havia visto a flor. Não sabia porquê, mas sabia que precisava esconder aquilo de todos.

- Remus – comecei.

Ele sentou na cama, de costas para mim.

- Você...

- Eu tenho isso desde os onze anos, não sei como apareceu aí – dizia, aflita.

Realmente, agora via que aquela maldita flor devia ser escondida, já que causava esse impacto.

- Por que não nos disse? Claro, era tudo um plano, não é? Um plano dele! E você conseguiu nos envolver! – ele disse, levantando-se e começando a vestir-se, nervoso.

- Ele quem? De quem você está falando?! – eu perguntava, sentando-me na cama, aflita.

- Você sabe muito bem de quem eu estou falando! Foi tudo um plano! Ele te infiltrou aqui! É óbvio que não diria que havia achado a filha! Claro que não! – disse, acabando de colocar a camisa e pegando a varinha.

- Remus, do que você está falando? Quem é ele? – eu perguntei. Estava nervosa, segurando lágrimas. Com medo. Eu estava sem nada, sem nem roupas, e ele estava com uma varinha apontada pra mim e falando coisas das quais eu não entendia.

- É uma ótima atriz! E agora seu joguinho acabou, acabou! – ele disse. Nunca o havia visto daquele jeito, falando em tom de ameaça. Não sabia do que estava falando.

Não pude mais conter as lágrimas. Tínhamos acabado de fazer amor e agora ele estava me acusando da maneira mais vulgar.

- Ainda é uma vagabunda. Você brincou comigo – ele disse, cuspindo as ofensas na minha cara. Jogou minhas roupas para mim.

- Do que você me chamou? – perguntei, afetada e soluçando.

- Tudo fazia parte de um plano dele para nos espionar. Tudo o que você falou, tudo o que você fez, vagabunda!

Eu juntava as roupas que ele havia tacado e me vestia rápido. O rosto encharcado. A varinha dele em punho e apontada para mim.

Não adiantava mais eu argumentar, dizer que não sabia do que ele estava falando. Ele não acreditaria. Há pouco havia dito que me amava e nesse momento me chamava de vagabunda.

Depois que eu estava vestida, ele me puxou pelo braço e foi me carregando até a sala de Dumbledore.

Fui calada enquanto ele me puxava de uma maneira rude, como se puxasse um animal.

- Remus, acredite em mim, eu não sei do que você está falando... – choramingava pelo caminho.

Ele não respondeu.

Chegamos à gárgula, ele disse a senha. Remus abriu a porta do diretor com tal brutalidade que Fawkes, a fênix, deu um chiado forte e Dumbledore arregalou os olhos para ver quem era o intruso.

- Lupin, o que significa isto? – o diretor perguntou, levantando-se. – Solte a menina!

- Não antes de o senhor ver isto! – Remus disse, levando-me até Dumbledore.

Tirou meus cabelos do pescoço e mostrou a flor. Dumbledore lançou um olhar tranqüilizador a mim e repetiu.

- Solte a menina, Lupin.

Ele finalmente me soltou. Levei a mão direita ao braço esquerdo, que doía. Dumbledore olhou de mim para a cadeira, mandando-me sentar. Obedeci.

- Sente você também – ele disse, referindo-se a Remus.

- Estou bem aqui – respondeu.

- Como quiser – disse Dumbledore, sorrindo. Odiava esse sorriso cínico que ele sustentava às vezes. – Devo dizer que já suspeitava, Lupin.

Remus olhou estranhamente para Dumbledore, questionador.

- A voz que Mel escuta às vezes. O basilisco despertou porque sente o sangue de seu mestre novamente em Hogwarts. Porém, ele não consegue sair, pois Mel não fala com ele, como sua mestra. A mesma idade, o mesmo tipo físico. A característica rara de transfigurar coisas sem uso de varinha. Os mesmos olhos azuis penetrantes e ferozes que por tantas vezes mentiu para mim há alguns anos. A flor era o que eu precisava para saber se minhas suspeitas estavam certas.

- Do que estão falando?! Vocês ficaram malucos?! – perguntei, exaltada.

- Você é a filha perdida de Voldemort – Dumbledore disse, curto, frio e simples.

- O quê? – perguntei. Aquilo não era verdade. Não podia ser. Uma menina de orfanato não poderia ser a filha desaparecida de um dos maiores bruxos dos tempos.

- Quando ele começou a reunir seguidores, logo o Ministério soube. Voldemort então começou ataques. Ataques após ataques durante oito anos. Então a coisa apertou para o lado dele. Seus seguidores já não conseguiam, não eram poderosos o suficiente para derrotar nossos aurores. Ele enfraqueceu e teve que fugir.

- E o que eu tenho a ver com isso?!

- Durante os oito anos de ataques, uma menininha chamada Melody crescia. Essa menina, mesmo muito nova, já era bastante temida pela sociedade mágica. Ela era filha de Voldemort e havia herdado vários dos seus raros dons. Felizmente, ou não, para nós, após a fuga do Lorde das Trevas, nunca mais se ouviu falar dela. Nunca mais ninguém viu. E a notícia de que a herdeira dos Riddle havia morrido se espalhou.

Eu começava novamente a chorar.

- Ao mesmo tempo, uma senhora achou uma menina perdida, de oito anos e sem sobrenome. Levou para seu orfanato e cuidou dela durante longos dez anos.

Eu não conseguia dizer uma palavra, não conseguia gritar que era mentira, não conseguia correr e o pior: não conseguia dizer que não era verdade. Depois de anos sem explicações, sem possíveis explicações para o meu passado, Dumbledore me dava algo para pensar.

- Como pode saber se a história que ela contou sobre o orfanato e tudo o mais era verdade? – Remus perguntou. Agora parecia mais calmo e voltara ao seu habitual tom civilizado e distraído.

- Por que eu pesquisei, Lupin. Sei da verdade. Ela não sabia de nada. De todos aqui, ela é a mais confusa. A que mais merece explicações.

Eu ainda estava perplexa. Minhas mãos haviam grudado nos braços da cadeira e meus olhos estava cravados em alguma coisa a minha frente. Não conseguia distinguir pois meus olhos estavam cheios de lágrimas.

De repente senti dois braços me abraçando por trás.

- Me desculpe. Me desculpe por tudo o que eu disse, por favor. – era Remus. – Fui um imbecil. A raiva me subiu quando pensei que você poderia ter me enganado e fosse tudo um plano. Desculpe.

Eu sorri aliviada, ele estava me pedindo perdão. Voltava a ser o Remus que eu amava.

Segurei suas mãos, as levei até meus lábios e as beijei.

- Obrigado – ele sussurrou ao meu ouvido.

- E agora, o que vão fazer comigo? – perguntei. Remus trouxe sua cadeira até ao lado da minha e ficou segurando minha mão.