CAPÍTULO DOIS - QUANDO OLHOS SE ENCONTRAM...

No início do mês de agosto Hogwarts começou a receber os primeiros professores que teriam o desafio de elevar o nome daquela escola ao mesmo patamar que este tinha antes da batalha final entre as forças da luz e das trevas e da destruição da mesma.

Uma carruagem dourada, com dois cavalos imaculadamente brancos a puxando, seguia em direção à escola. O cocheiro vestia um uniforme azul escuro, com o símbolo das Academia Ávalon de Artes Arcanas nele. O mesmo símbolo podia ser visto em ambas as portas da carruagem. Pouco depois, ela parou em frente a grande porta principal de Hogwarts, onde dois bruxos estavam parados esperando.

O cocheiro saltou de seu lugar e correu a abrir a porta do carro. Então ele baixou alguns pequenos degraus para que os ocupantes pudessem sair e estendeu sua mão para auxiliar o primeiro deles a descer. Pouco depois uma mão delicada segurou a do cocheiro enquanto que uma jovem vestida de azul e com seus cabelos cobertos por um véu branco bordado descia, soltando exclamações sobre a beleza de Hogwarts.

Thera se maravilhou com a primeira visão de seu novo lar. Como era grande! Era maior que as academias Ávalon e Druídica juntas. E que bela floresta podia ser vista um pouco mais ao lado. A mesma bela floresta de sua visão! Ela podia sentir a magia emanando da floresta. Como haviam coisas magníficas fora da ilha santuário! Nos últimos dias de viagem na carruagem ela vira muitas coisas que não pensara possíveis antes.

A jovem mulher estava tão fascinada que nem percebeu quando sua prima se juntou a ela, também vestida em um robe azul e com um véu branco sem bordado algum cobrindo seus cabelos.

"Sejam bem vindas a Hogwarts!" Exclamou Minerva McGonagall tão logo suas novas professoras estavam fora da carruagem.

"O prazer é todo nosso em estarmos aqui, diretora McGonagall." Respondeu Thera, curvando levemente sua cabeça para cumprimentar a diretora e o outro bruxo ali presentes como era costume em Ávalon, sendo imitada pela prima.

"Por favor, me chamem de Minerva. Nós as estávamos esperando. Este é meu vice diretor, Severus Snape. Ele também é nosso mestre de Poções."

"É um prazer conhecê-las." Disse Severus, mantendo seu rosto impassível.

Thera respondeu ao cumprimento enquanto que Morgan ficou analisando o bruxo alto vestido de preto. Então ele era o mestre de Poções! Morgan simplesmente adorava lecionar Poções. Ela amava o som dos caldeirões fervendo, os cheiros dos ingredientes e das suas combinações, a visão das belas cores que cada uma das poções possuía. Ela amava a meticulosidade do trabalho que cada poção necessitava para ser elaborada. Morgan considerava a elaboração de poções como a parte mais perfeita da magia.

E ela teria que lecionar Duelos aqui nesta escola!

Pela enésima vez Morgan sentiu o desejo de esganar sua frágil prima e suas previsões! Se não fosse pelo dom de Thera e a necessidade desta de seguir seu destino, ela estaria muito feliz em Ávalon lecionando Poções para as turmas mais avançadas, dentro de seu maravilhoso laboratório. Neste instante um pensamento passou pela mente da jovem. Será que Severus Snape não gostaria de um pouco de competição para ver quem tinha mais habilidade em elaborar poções?

Morgan abriu um enorme sorriso a este pensamento atraindo a atenção de Thera, que sabia que sua prima estava armando algo que resultaria em problemas. E Thera, conhecendo bem Morgan, tinha quase certeza que o que quer que sua prima estivesse armando, tinha a ver com Severus Snape e ao fato deste ser o professor de Poções de Hogwarts.

"Vamos entrando.", convidou Minerva, "Vou lhes mostrar seus aposentos. Não se preocupem com a bagagem, os elfos domésticos se encarregarão dela. Deixarei vocês se acomodarem e mais tarde Severus irá lhes mostrar tudo por aqui."

E com isto os quatro entraram no castelo.

Thera olhava para seus novos aposentos satisfeita com estes. Eles eram amplos, bem arejados, com uma bela vista da floresta, como ela havia solicitado. Haviam também duas lareiras, uma para comunicação interna, outra para suas necessidades como vidente. A grande cama num dos cantos do quarto tinha seu dossel também em azul. Estes quartos ficavam numa ala um pouco mais isolada, para evitar o excesso de barulho que podia atrapalhar a sua meditação.

Suspirando satisfeita, Thera abriu seu baú e começou a retirar suas coisas de dentro para arrumá-las.

Em pouco mais de uma hora a jovem organizara tudo. O tapete perto da segunda lareira fora coberto por almofadas muito fofas. Em uma estante ao lado podiam ser vistos inúmeros jarros contendo todo o tipo de ervas utilizadas para purificar o ambiente e facilitar as visões. Vários tipos de velas multicoloridas alegravam o ambiente. Três grandes bacias feitas de pura prata, além de um jarro, estavam ali, esperando para recolherem água da chuva para a realização de previsões. Dois punhais também estavam na estante, em cima de uma almofada de veludo. Um era feito de ouro e outro de prata, com seus cabos incrustados de pedras preciosas. Queimadores para as ervas estavam espalhados pelo quarto. Um grande espelho de prata com uma moldura trabalhada a mão em âmbar encontrara seu lugar em uma das paredes. Uma mesinha rodeada por cadeiras estava postada num dos cantos da sala dos aposentos da profetisa, juntamente com um sofá com duas poltronas e algumas estantes com livros, prontos para receber visitas. O armário do banheiro logo ficou repleto de vidros contendo todo o tipo de essências e sais de banho.

Quando terminou de organizar, Thera deu um passo para trás e contemplou novamente seu novo lar, aprovando o que via. Ele era quase tão confortável quanto seu antigo em Ávalon. Pouco depois a jovem ouviu um batida à porta e, ao abri-la, encontrou o professor Snape pronto para mostrar-lhe todos os recantos de sua nova casa.

Morgan olhava para seu novo lar um pouco desapontada. Ela preferia a vista que tinha das árvores de Ávalon de seu velho quarto. Não que a vista do lago que havia em Hogwarts fosse feia, apenas não era Ávalon. Resignada, começou a desempacotar tudo o que havia dentro do baú expandido magicamente.

Pouco depois o quarto refletia a personalidade da jovem, com as cores fortes das tapeçarias contrastando com o azul do dossel da cama. Prateleiras de livros se espalharam por todos os lados, a maioria deles sobre poções.

Em uma das salas anexas, a jovem montou seu laboratório de poções, cuidadosamente organizando os vidros com rótulos escritos numa bela letra contendo os nomes dos ingredientes nas prateleiras e colocando seus caldeirões sobre os queimadores e as balanças numa mesa perfeitamente plana para que nada pudesse interferir na pesagem. Um conjunto de facas nos mais diferentes materiais estava disposto numa bandeja de prata em cima de outra mesa e mais prateleiras com livros se espalhavam no lugar.

Na outra sala logo os poucos móveis existentes estavam cobertos por bordados feitos por Morgan enquanto observava Thera em transe. O banheiro recebeu os muitos vidros com ervas aromáticas e sais de banho, além de cremes para a pele feitos pela própria feiticeira.

Morgan ainda estava terminando de organizar sua aparelhagem no laboratório quando ouviu uma batida na porta da sala principal. Ao abri-la encontrou Severus e Thera ali parados a esperando. Ela terminou rapidamente de organizar tudo e se juntou a eles.

Minerva recepcionou Remus e Sirius quando estes chegaram em Hogwarts. Ela rapidamente os levou para dentro para o antigo escritório de Dumbledore que agora lhe pertencia.

Quando chegaram, os três se acomodaram e começaram a conversar sobre as últimas novidades, principalmente sobre o noivado de Harry.

"Eu acho que estou tão nervoso quanto Harry. Não é todo dia que meu afilhado favorito está para se casar!" Falou Sirius entusiasmado.

"Ele é seu único afilhado, Padfoot." Colocou Remus.

"Não sejas um estraga prazer, Moony." Retrucou Sirius fazendo uma careta para o amigo.

Minerva sorriu discretamente a pequena discussão de seus ex-alunos.

"Então, eu presumo que Harry não sabe que vocês dois estão aqui...."

"Ele não sabe. Nós conseguimos não contar para ele, apesar de ter sido muito difícil fazer Sirius ficar calado. Ele simplesmente não sabe como ficar quieto."

Sirius deu um soco brincalhão no braço do amigo.

"Quando vocês se mudam para cá?" Pergunto a diretora.

"Uns dez dias antes do início do ano letivo. Está bem assim, Minerva?" Perguntou polidamente Remus.

"Sim, desta forma vocês terão tempo para organizarem seus quartos e suas salas de aula. Vamos para a reunião agora? Só estavam faltando vocês."

Com isto os três saíram do escritório da diretora e se dirigiram para a sala de professores.

Ginny conversava feliz com seu irmão e suas cunhadas. Ela nunca pensou em encontrá-los ali na primeira reunião do novo corpo docente de Hogwarts.

"Então era por isto que a professora McGonagall não queria que eu e Harry contássemos que ela havia me convidado para lecionar Feitiços." Falou Ginny.

"Ela também me pediu segredo." Disse Charlie.

Penélope e Hermione concordaram, dizendo que Minerva havia pedido a mesma coisa a elas. Neste instante a porta se abre e Minerva entra na sala acompanhada de Remus e Sirius. Os dois olharam ao redor e ao verem os Weasley presentes, logo se reuniram ao grupo.

"Ginny! Que surpresa vê-la aqui! Você e Harry não me contaram nada sobre isto." Exclamou Sirius.

"Não fui só eu que não contou nada sobre dar aulas em Hogwarts para ninguém.", retrucou a ruivinha, antes de continuar, "Eu entendo a presença de Remus aqui, afinal de contas, ele foi o melhor professor de DCAT que eu tive, mas você aqui, Sirius... Quem foi louco o bastante para te convidar a dar aulas?"

Sirius ficou indignado ao ouvir isto, enquanto que os demais davam risadas.

"Eu me perguntei a mesma coisa quando Minerva fez o convite a Padfoot." Falou Remus entre risadas.

"Ei! Não falem de mim como se eu não estivesse aqui. É claro que sou capaz de dar aulas. Afinal de contas, eu sou um adulto responsável."

Mal Sirius terminou de falar isto, os demais recomeçaram a rir.

"Concordo que você é um adulto, Padfoot, mas responsável...."

"Cale-se, Moony, afinal de contas eu tenho a tua idade."

"O que Remus quis dizer, Sirius, é que dar aulas é muito diferente de fazer piadas práticas. Você vai ser um professor, então não poderá dar mal exemplo aos alunos." Explicou Hermione.

"Mas tenho certeza que ninguém vai se importar se eu fizer alguma brincadeira com Snape de vez em quando."

Remus apenas sacudiu a cabeça em reprovação enquanto os outros riam. Neste momento a porta da sala se abriu novamente e Severus entrou acompanhado por duas mulheres vestidas de azul. Ginny soltou uma exclamação de surpresa e correu em direção as duas recém-chegadas, atraindo a atenção de todos na sala.

"Professoras Du Lac! Vocês por aqui?"

Thera e Morgan se viraram a este chamado, abrindo um sorriso ao reconhecerem Ginny.

"Senhorita Weasley! É um prazer vê-la! Vais lecionar aqui também?" Perguntou Morgan.

"Sim, serei a professora de Feitiços. Vou poder colocar em prática tudo o que aprendi em Ávalon."

Antes que qualquer uma das mulheres Du Lac pudessem responder, Minerva solicitou que todos sentassem nos lugares marcados por suas disciplinas.

Remus não percebia que todos estavam se sentando e nem conseguia entender o que lhe diziam. Ele vira, como todos os outros, as duas jovens entrando na sala logo atrás de Severus e a felicidade de Ginny em vê-las. Quando a jovem de véu bordado levantou o rosto, Remus enxergou o mesmo par de olhos violetas que lhe perseguiam nos sonhos há semanas. Neste momento seu corpo parou de reagir e nenhum pensamento coerente lhe veio a cabeça. Tudo o que ele podia fazer era ficar ali de pé fitando a dona daquele magnífico par de olhos, sentindo seus instintos que ele tanto lutara para dominar aflorando dentro de si. Os instintos do lobo que havia dentro dele. Neste momento a jovem de olhos violetas olhou na direção dele e os olhos dela encontraram os do antigo maroto, fixando-se neles.

Thera prendeu a respiração por um momento ao enxergar o belo par de olhos âmbar do homem do outro lado da mesa. Eram os olhos do lobo de sua visão! Ela prendeu seus olhos com os dele, tentando descobrir o que aquele homem tinha a ver com o seu lobo, quando sentiu um puxão na manga de seu robe.

"Sente-se logo, Thera, que a diretora quer começar a reunião. Aqui não é lugar para entrares em transe." Disse impaciente Morgan. Thera fez o que a prima ordenou, ainda tentando clarear seus pensamentos.

"Remus! Moony! MOONY!" Gritou Sirius finalmente, depois que os chamados pelo amigo não conseguiram atrair a atenção deste.

Remus se sobressaltou, virando-se imediatamente para Sirius.

"O que foi, Padfoot?"

"Eu que pergunto. Minerva nos mandou sentar e você está parado como um bobo no meio da sala."

Remus olhou em volta e viu que todos já estavam acomodados. Ele corou e começou a procurar o lugar do professor de DCAT na mesa de reuniões, o que não foi difícil, pois só havia uma única cadeira vaga. E esta cadeira ficava exatamente do lado oposto daquela mulher cujos olhos sempre lhe perseguiam.

Minerva começou a reunião falando sobre a reconstrução de Hogwarts e sobre o ano letivo que em breve recomeçaria. Ela comunicou a todos os professores que haveria necessidade de sortear-se todos os alunos do terceiro ano para baixo, já que durante este tempo a escola estivera fechada e todos tiveram que estudar em outros lugares. Todos os alunos do terceiro ano para cima estavam enviando por carta sua escolha de disciplinas opcionais, então logo ela teria as listas de chamada destas turmas prontas.

Depois que estes assuntos terminaram, Minerva começou a nomear todos os professores e suas respectivas disciplinas para aqueles que ainda não se conheciam, assim como apresentou o resto do quadro funcional principal de Hogwarts.

"Madame Irma Pince é nossa bibliotecária. Ela pede a todos, encarecidamente, que observem bem o que os alunos estão lhes pedindo para assinar para poderem retirar material da parte restrita da biblioteca."

Hermione corou quando ouviu isto, lembrando da vez que ela enganara Lockhart para que ele assinasse uma autorização para ela sobre um livro da sessão restrita.

"Madame Poppy Pomfrey é nossa medibruxa. Ela lembra a todos para enviarem os alunos para a área hospitalar tão logo eles se machuquem numa aula. Argus Filch, nosso zelador, vai depois lhes repassar a lista de todos os objetos proibidos no castelo para que vocês recolham qualquer um deles que encontrem com os alunos."

Neste ponto todos olham para Sirius, como que a dizer que ele também teria seu material recolhido se algum destes itens fosse encontrado com ele. Sirius apenas rolou os olhos e continuou a escutar.

"Flora Sprout é nossa professora de Herbologia. Qualquer necessidade de ervas ou outras plantas falem com ela. Meridian Sinistra é nossa professora de Astronomia. Alexas Vector leciona Aritmância. Binns é nosso professor de História da Magia."

Todos olharam para o fantasma que continuava com seu posto de professor, esperando para novamente falar a seus alunos sobre guerras envolvendo duendes.

"Rolanda Hooch é nossa professora de vôo. Ela pede para lembrar que a triagem para os times de quadribol das casas começarão na segunda semana de aulas e apenas alunos do segundo ano para cima tem permissão para participar. Então não apresentem a ela alunos do primeiro ano."

Todos olharam para Minerva quando ela falou isto, pois a diretora fora a única pessoa que quebrara esta regra ao apresentar Harry Potter para apanhador do time de Gryffindor no primeiro ano deste em Hogwarts.

"Pérgamo Rolls é nosso professor de Runas Antigas. Charles Weasley é o professor de Trato das Criaturas Mágicas. Ele me prometeu não criar nenhum animal perigoso aqui em Hogwarts, como o antigo professor fazia."

A isto toda a mesa ficou em silêncio, lembrando de Hagrid.

"Penélope Weasley é a professora de Estudo dos Trouxas. Hermione Granger, futuramente Weasley, é a professora de Transfiguração. Virginia Weasley, futuramente Potter, é a professora de Feitiços."

Neste ponto da apresentação todos puderam ouvir Severus Snape suspirando em voz algo.

"Estes Weasleys nunca param de me perseguir, e cada vez há mais deles..."

Todos começaram a rir do desânimo do vice-diretor.

"Remus Lupin é o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Eu peço a todos que não se esqueçam do problema entre Remus e a lua cheia antes de o procurarem para resolverem qualquer coisa nestas ocasiões. Posso garantir que será uma experiência dolorosa esquecerem esta recomendação."

Thera ouviu esta recomendação e finalmente entendeu qual a relação do homem de olhos âmbar e o lobo de sua visão. Ele era o lobo. Ele era um lobisomem.

"Thera Du Lac é nossa professora de Adivinhação. Finalmente teremos alguém competente ensinando esta disciplina."

Todos na sala deram sua aprovação a substituição de Trelawney, que ninguém mais agüentava.

Remus ouviu o nome da nova professora e o anotou cuidadosamente em sua memória, prometendo a si mesmo descobrir mais sobre ela depois. Mas o sobrenome dela era conhecido dele. Du Lac. A mais antiga família sangue puro do mundo mágico. Realmente era impressionante lembrar tudo o que ele sabia sobre esta família.

"Severus Snape é o professor de Poções. Ele me pediu para lembrar a todos que ele não aceitará piadas práticas voltadas a sua pessoa...."

Com isto todos no quarto se viraram para Sirius, que abriu um enorme sorriso.

"...e também para avisar que ele não permitirá que ninguém invada seus estoques particulares de ingredientes para poções..."

Hermione ficou novamente vermelha.

"...e nem que mexam com sua noiva."

"O QUÊ?! O chato seboso tem uma noiva? Quem é louca o suficiente para namorar Snape, e ainda por cima aceitar se casar com ele?" Gritou Sirius exaltado.

Remus e muitos outros também ficaram surpresos com esta novidade. Severus começou a olhar para Sirius com uma expressão de quem estava pronto para usar uma maldição imperdoável, antes de retrucar.

"Sim, eu tenho uma noiva. E é bom você cuidar o que fala na frente dela, Black, pois eu não pretendo ouvir desaforos voltados a minha pessoa ou a ela, principalmente vindos de você, que eu ainda não sei como veio parar aqui no grupo de professores. Certamente isto não ocorreu com a minha aprovação.", neste momento Severus deu um sorriso sarcástico, antes de continuar, "Pelo menos eu tenho alguém que me ama, que não me acha repulsivo, enquanto que um certo arruaceiro não tem."

Remus segurou Sirius antes que este pulasse em cima de Severus. Depois disto o lobisomem perguntou.

"Desculpe ser indiscreto, Severus, mas quem é ela?"

Severus olhou bem para o homem, antes de responder.

"Isto não deveria lhe interessar, Lupin, mas eu não desejo manter segredos de meus colegas.", o professor de Poções levantou-se e se dirigiu até outra professora sentada, ajudando-a a levantar, "Esta é minha noiva Rolanda"

Todos os que não sabiam ficaram boquiabertos. Uma gryffindor noivando um slytherin. Era surpreendente.

Minerva chamou a atenção de todos os presentes, para poder continuar com a ordem da reunião.

"Agora que todos se acalmaram depois desta novidade, vamos continuar. Uma das solicitações feitas pelo ministério antes da reabertura da escola foi que Hogwarts oferecesse mais duas disciplinas para alunos extremamente capazes em Feitiços e Transfiguração. Estas disciplinas são Duelos e Animagia. Morgan Du Lac é nossa professora de Duelos"

Sirius já estava com um tremendo mal humor devido a pequena discussão com Severus e agora descobrira quem iria ensinar a classe que ele queria lecionar. Ele olhou para a jovem mulher que seria a professora, percebendo que ela era bonita, mas ele sentiu uma antipatia imediata por ela, por lhe tirar a sua disciplina favorita.

"Por fim, Sirius Black é nosso professor de Animagia."

Morgan o detestou a primeira vista. Pelo visto ele era um causador de problemas. Ela que não o queria perto de si.

"Quantos aos diretores das casas, teremos algumas modificações, já que agora sou diretora de Hogwarts e não posso tomar partido de casa alguma e Filius não está mais entre nós..."

Novamente fez-se silêncio em respeito ao professor caído em combate.

"Severus continuará como diretor de Slytherin, pois ele sabe muito bem como lidar com os alunos que lá ingressam. Flora continuará como diretora de Hufflepuff, fazendo o bom trabalho que sempre realizou lá. Pérgamo, eu gostaria que você assumisse a direção de Ravenclaw, já que vens desta casa e sabes como lidar com os alunos dela."

"Podes contar comigo, Minerva."

"Quanto a Gryffindor, eu gostaria que você, Remus, fosse o novo diretor."

Remus arregalou os olhos, pensando se ouvira bem. Ele como diretor de Gryffindor?

"Eu, Minerva?"

"Sim, Remus. Para mim você é a pessoa mais indicada para isto."

"E nas noites em que eu estiver... indisposto?"

"Tenho certeza que Hermíone ficará feliz em ajudar nestas ocasiões." A jovem em questão concordou.

"Será uma honra, Minerva. Podes contar comigo." Falou Remus.

Então eles passaram a tratar do sistema de avaliações e dos materiais e equipamentos necessários para cada sala de aulas.

Remus não estava prestando muita atenção a discussão. Ele não conseguia tirar seus olhos da mulher de olhos violeta e cabelos prateados sentada a sua frente, do outro lado da mesa. Ela despertava todo o seu lado lupino. Todos os seus sentidos estavam focados nela, captando seu cheiro e a maneira como ela se movia. Ele estava lutando para controlar o impulso de ir até ela e a segurar em seus braços, a protegendo de tudo e de todos. Ele nem percebeu quando a reunião terminou.

Quando todos levantaram, Sirius olhou para Remus e o viu perdido em pensamentos. O animago sacudiu seu amigo, o trazendo de volta a realidade.

"O que houve, Moony? Nunca te vi tão distraído assim?"

"Não sei ainda, Sirius. Depois te conto."

Sirius, não satisfeito com a resposta, já ia começar a interrogar o amigo e deu um passo para trás, esbarrando em alguém que naquele momento passava atrás dele.

"Veja se olha por onde anda!" Exclamou a pessoa irritada.

Sirius percebeu que se tratava da professora de Duelos, a disciplina que ele queria para si.

"Você é que não estava olhando." Retrucou.

"Eu estava sim. Você que saiu andando de costas esbarrando em qualquer um que estivesse no caminho. Que falta de educação."

"Eu não sou mal educado. Você que saiu gritando comigo por causa de uma suave colisão."

"Eu não sai gritando. Você que começou a gritar comigo, seu grosso!"

"Eu não sou grosso, você que é uma escandalosa!"

"Eu não sou escandalosa. Fui educada em Ávalon para..."

"Eu não quero saber aonde você foi educada, isto não me interessa..."

Neste meio tempo quase todos na sala estavam olhando para a discussão entre Sirius e Morgan. Severus abriu um sorriso discreto, feliz que não fosse o único a antipatizar com o ex-fugitivo.

"Vocês dois estão dando um belo espetáculo." Comentou seco.

Morgan e Sirius se viraram para Severus e disseram apenas uma palavra: "Cale-se!" antes de voltarem a discutir.

Severus já ia entrar na discussão quando sentiu uma mão em seu braço.

"Deixe-os discutir, Sev, se intrometer não irá ajudar em nada." Disse Rolanda olhando para seu noivo.

Severus pareceu indeciso por um momento, antes de acatar as palavras de sua amada.

Remus ouvia Sirius discutindo na beira de sua consciência. Ele estava imerso em pensamentos sobre o que estava sentindo quando uma mão tocou seu braço. Ele se virou rapidamente com os reflexos que sua maldição havia lhe garantido e encontrou o rosto da mulher cujos olhos lhe perseguiam em sonhos.

"Olá! Meu nome é Thera Du Lac e sou a nova professora de Adivinhação. É um prazer conhecê-lo!"

Remus olhou para a jovem por alguns instantes, antes de responder.

"Sou Remus Lupin, professor de DCAT. E o prazer é todo meu em conhecê-la."

E com isto Remus fez algo que completamente inesperado até para si mesmo. Ele pegou a delicada mão de Thera e a levou a seus lábios, dando-lhe um beijo.

Quando os lábios dele encostaram na pele da mão dela, os dois sentiram uma energia correndo entre eles. Remus rapidamente soltou a mão da profetisa, sentindo o lobo dentro de si lutando para vir a tona e prontamente olhou ao redor, procurando por Sirius, o encontrando a conversar com Minerva. O lobisomem deu um adeus muito rápido a Thera e andou o mais rápido o possível na direção do amigo.

"Então estamos combinados, Minerva. O casamento de Harry e Ginny pode ser aqui nos jardins de Hogwarts, a beira do lago." Confirmou Sirius.

"Estou plenamente de acordo, Sirius." Falou Minerva.

Neste momento Remus puxou seu amigo pela manga em direção a porta, sem se despedir de ninguém e sem se importar com os protestos de Sirius.

Thera ficou olhando para a porta mesmo depois de já se haver passado algum tempo desde que Remus e o outro homem haviam saído. A jovem tentava entender a sensação que sentira quando os lábios dele tocaram a pele de sua mão. Ela só sabia que seu corpo inteiro parecera acordar de repente, como se estivesse adormecido por muito tempo. E, pela maneira como reagira, Remus também fora afetado por aquele contato. Neste momento ela sentiu um puxão em sua manga.

"Finalmente, prima. Eu achei que estava falando com um zumbi. Todos estão saindo. Vamos também, quero voltar para meu laboratório para terminar de organizá-lo."

Thera concordou com Morgan, a seguindo porta afora, ouvindo sem prestar atenção ao que a prima dizia.

"Realmente aquele homem é um grosso! Onde já se viu me chamar de escandalosa? Não sei como foram chamá-lo para lecionar. Me é perfeitamente claro que ele não é capaz de cuidar de si mesmo, imagine então lidar com alunos?"

E Morgan seguiu todo o caminho até seus aposentos se queixando sobre Sirius. Se Thera não estivesse tão perdida em pensamentos, ela provavelmente teria dito a prima que esta havia se apaixonado à primeira vista por Sirius Black.

O casamento de Harry e Ginny fora lindo e emocionante. Os votos que os noivos trocaram haviam tocado fundo as pessoas presentes devido a grande emoção contida neles.

Remus secava uma lágrima discreta cada vez que revivia em seus pensamentos a cena de Harry dizendo seus votos a Ginny. Ele utilizara os mesmos votos que James um dia dissera a Lilly. Como o rapaz lhe lembrara o pai naquele momento.

Harry era praticamente igual a James, exceto na cor dos olhos, que ele herdara de Lilly. Ginny também relembrava muito a Lilly. Ela tinha a mesma estatura e os mesmos cabelos ruivos da mãe de Harry. Se Remus não tivesse certeza que estava no casamento dos dois jovens, ele juraria que o tempo havia retrocedido e que ele novamente vira James e Lilly se casando.

"Ele lembra muito James, não? Se eu não soubesse que este é Harry, eu juraria que Prongs estava se casando com sua Lilly de novo..." Falou Sirius chegando ao lado do amigo.

"Sim, Harry me lembra de James e Ginny me lembra de Lilly. Eles se amam tanto quanto nossos amigos, eu rezo que eles não tenham o mesmo destino trágico."

"Eu também, Moony, eu também. Sabe, às vezes me pergunto o que há entre homens Potter e ruivas... É incrível pensar que pai e filho escolheram mulheres tão parecidas fisicamente e no temperamento."

"Eles se amam, Padfoot. Isto é tudo o que importa."

"Tens razão, Moony, como sempre. Veja só, nossos pombinhos estão se preparando para abrir a pista de dança."

Harry levou Ginny para o meio do salão principal de Hogwarts, onde logo começou a tocar uma linda valsa. O jovem casal deslizava pela pista olhando um nos olhos do outro. Pouco depois mais pessoas se juntaram a eles enquanto inúmeras melodias eram executadas pela pequena orquestra contratada.

"Moony! Veja aquilo! Snape está levando Rolanda pra pista de dança! Eu nem imaginava que o seboso sabia dançar... Eu sou obrigado a achar alguém para dançar comigo. Não posso agüentar ver Snape na pista de dança e eu aqui parado."

Remus abriu um sorriso ao ouvir Sirius. Era bem coisa deste ter ciúmes de Severus dançando. Sirius sempre fora o rapaz mais popular entre as garotas quando eles eram estudantes, nunca ficando sem uma namorada. Ele provavelmente tinha namorado metade das garotas de Hogwarts. Era duro para ele agora ver Severus, que nunca fizera sucesso com garota alguma, com uma noiva e ele sozinho.

Remus, em si, não se importava de não ter ninguém. Sua maldição contribuía para afastar as mulheres, além de impor que ele apenas poderia ter uma única companheira para a vida, que ele ainda não havia encontrado. Foi pensando nisto que ele enxergou Thera pelo canto do olho. A jovem o viu e veio andando na sua direção. Remus sentiu sua pulsação se acelerando.

A jovem parou diante de Remus e Sirius, dando-lhes um lindo sorriso, antes de perguntar.

"Me darias o prazer desta dança, senhor Lupin?"

Sirius abriu um sorriso zombeteiro ao embaraço de seu amigo.

"Vá dançar, Moony. Não deixes a linda dama esperando."

Remus fez uma careta para Sirius, antes de responder.

"Eu ficaria muito honrado em dançar contigo, senhorita Du Lac."

"Por favor, me chame de Thera. Senhorita Du Lac é muito formal já que somos colegas de serviço."

"Apenas se você me chamar de Remus." E com isto o lobisomem ofereceu seu braço a jovem, a conduzindo a pista de dança.

Sirius começou a sorrir observando seu amigo. Ele não se lembrava de ter visto Moony em volta de garotas enquanto estava em Hogwarts, mas isto se devia a relutância de Remus de se envolver por causa da maldição que carregava, ainda mais que a sociedade bruxa era preconceituosa contra lobisomens. E Remus andava tão estranho nos últimos dias que Sirius estava começando a achar que o problema era uma mulher.

Neste momento ele avistou a beldade morena que era seu novo nêmesis conversando com outras pessoas ao redor. Sirius desvia seu olhar para a pista de dança e vê Remus e Thera dançando muito duros e Severus beijando Rolanda.

Isto fez o antigo maroto estourar. Não havia maneira daquele seboso estar acompanhado e ele, Sirius, o maior galanteador de Hogwarts, não!

Sirius olhou em volta e enxergou novamente Morgan, que estava se aproximando dele desacompanhada. Sem pensar duas vezes o ex-fugitivo segurou a jovem pela mão e a puxou para a pista de dança.

"Ei! O que você acha que está fazendo? Me solte! Eu me recuso a dançar com você, seu idiota." Protestou Morgan.

Sirius não ouviu nada disto, só o que lhe interessava era mostrar a Severus que ele também tinha companhia. Morgan tentou se soltar mas não conseguiu, tão forte era o aperto de Sirius em seus braços. Ela então ficou dançando com a melhor carranca que pôde fazer voltada para o indesejado par. Sirius não percebeu. Ele estava tão ocupado vigiando Severus que não viu as caras que Morgan lhe fazia.

Num dos cantos do salão os Weasley se reuniram. Molly estava ocupada conversando com suas noras sobre os detalhes da cerimônia. Arthur e os filhos estavam cuidando tudo o que Harry e Ginny faziam para terem certeza que eles estava se comportando. Fleur percebeu a atitude deles e cutucou suas concunhadas e sogra, indo todas distraírem seus homens, os trazendo para a discussão que elas estavam tendo.

"Foi tudo tão romântico...", exclamou a francesa, passando a mão pelo enorme ventre, "Os votos de Ginny estavam lindos e carregados de emoção, e os de Harry também."

"Estavam mesmo." Concordou Bill abraçando sua esposa.

"Eu quero saber de quem é o próximo casamento. Ginny vai jogar seu buquê daqui a pouco e eu quero ver quem será a próxima noiva." Disse Molly.

"Bem, poderíamos ter mais um casamento na família, o último que falta, se apenas alguém que eu conheço parasse de enrolar." Falou Charlie com um sorriso divertido, olhando para Ron, que ficou muito vermelho.

"É verdade, Charlie. Eu já estou começando a pensar que nunca serei eu a escrever meus votos..." Falou Hermíone olhando para seu noivo, que ficou mais vermelho ainda, mesmo que isto parecesse impossível.

"Ei! Snape está beijando a madame Hooch na frente de todo mundo!" Fred conseguiu a atenção de todos ao anunciar o que via. Todos os Weasley arregalaram os olhos ao fitarem o mestre de Poções.

"Isto é nojento." Exclamou George.

"Se eles se gostam, eu não vejo mal nenhum nisto." Falou Alicia. George fez uma careta ao ouvir sua esposa.

"AI!" Gritou Fleur, chamando a atenção de todos.

"O que foi, amor?" Perguntou Bill preocupado.

"Nosso filho está querendo conhecer a todos, Bill. Minha bolsa d'água acabou de estourar."

O mais velho dos irmãos Weasley ficou pálido enquanto o resto da família se alvoroçava. Todos começaram a falar sem parar até que Molly colocou ordem na família, ordenando a Bill que levasse Fleur para a ala hospitalar, enquanto que enviava seus outros filhos a procura de Poppy Pomfrey na festa. E que eles tratassem de não chamar a atenção de Ginny e Harry para isto, afinal era o casamento dos dois e eles mereciam aproveitar a festa.

Todos os Weasley correram a fazer o que Molly mandava.

Na pista de dança Remus e Thera seguiam a melodia com todo o cuidado, sentindo todas as sensações que corriam entre eles.

Um pouco mais ao lado Sirius continuava a dançar com Morgan sem tirar os olhos de Severus.

Severus e Rolanda estavam se divertindo. O professor de Poções estava com um excelente humor naquele dia graças a sua noiva.

"O que tens em mente, Severus? Nunca te vi tão bem humorado quanto hoje." Perguntou a professora de vôo.

"Esta cerimônia me fez perceber o que quero para o futuro, Rolanda. Eu cansei de ser um solitário. Quero a mesma felicidade que Potter e a senhorita Weasley encontraram hoje, no casamento deles. Vamos marcar a data do nosso casamento, Rolanda."

Rolanda olhou para seu noivo, vendo sinceridade nos olhos deste.

"Vamos sim. Algum dia em mente, Sev?"

"Sim, eu pensei em nos casarmos em 14 de fevereiro do ano que vem, no dia dos namorados."

Agora Rolanda olhou para seu prometido de olhos arregalados. Severus estava sendo romântico escolhendo aquela data? Ela decidiu não quebrar a cabeça e concordar, o que deixou Snape mais feliz ainda.

Sirius viu Snape abrir um sorriso e começou a entrar em pânico. Ele nunca havia visto seu algoz abrir um sorriso tão repleto de felicidade. Isto fez o animago fazer a primeira coisa que lhe veio em mente: mostrar a Snape que ele também estava feliz, e que ele também tinha alguém. Com estes pensamentos ele beijou a mulher em seus braços.

Morgan estava com um enorme mal humor por estar dançando com o homem que ela odiou logo que viu quando, de repente, sentiu o causador de seu suplício beijando-a. Sendo pega de surpresa, ela sem querer começou a responder ao beijo quando se conscientizou sobre quem a estava beijando. Com grande força de vontade a professora de Duelos se soltou dos braços do homem que a beijava e, sem pensar duas vezes, acertou um tapa no rosto dele com toda a força que possuía, deixando a marca vermelha de sua mão muito visível no rosto de Sirius.

"Ei! O que foi isto?" Reclamou este esfregando seu rosto com a mão.

"Quem você acha que eu sou para simplesmente sair me agarrando? Eu não sou uma destas mulheres fáceis que você arranja pela rua, seu idiota. Nunca mais olhe para mim." E saiu andando com toda a dignidade que conseguiu reunir, deixando Sirius para trás esfregando o rosto diante de todo o público que havia parado para ver a cena e de Severus que olhou tudo com um sorriso zombeteiro nos lábios.

Thera e Remus viram o que acontecia entre Sirius e Morgan. Os dois começaram a sacudir a cabeça em reprovação ao comportamento deles.

"Por que Sirius tem sempre que chamar a atenção de todos?" Perguntou o lobisomem para si mesmo?

"Provavelmente pela mesma razão que Morgan tem para estar sempre metida em todas as confusões que acontecem." Falou a profetisa, respondendo a pergunta retórica do seu acompanhante.

Remus abriu um leve sorriso ao ouvir isto. A mulher com quem dançava obviamente tinha a mente aguçada e isto o agradava. Foi quando outra comoção começou no salão, atraindo a atenção deles. Ginny estava se preparando para jogar seu buquê, fazendo com que todas as mulheres solteiras se reunissem num grupo.

"Você não vai tentar pegar o buquê?" Perguntou a Thera.

"Não sei se deveria. Sou a profetisa da ilha sagrada e casamento não é uma coisa que me seja permitida."

Remus entendeu o que ela quis dizer. Ele havia pesquisado sobre a mulher em seus braços e descobriu tudo o que pôde sobre ela e sobre a sina de ser a profetisa. Devia ser uma vida solitária, tanto quanto a sua. De um certo ponto de vista, ser a profetisa não era uma benção, mas sim uma maldição, tal qual a que ele carregava.

"Vá tentar." Instigou Remus.

Thera sorriu e se aproximou do grupo de solteiras.

Ginny sorria feliz ao ver tantas mulheres esperando para tentar pegar seu buquê, mas ela notou uma ausência.

"Onde está Hermíone?" Perguntou a Harry, que estava ao seu lado.

O jovem apanhador olhou em volta procurando pela amiga e não a encontrou.

"Não sei, mas como também não estou vendo Ron, eles devem estar namorando em algum canto."

"Que pena, eu queria que ela tentasse pegar o buquê. Então quem sabe Ron decidisse marcar a data do casamento."

"Não desanime, amor.", falou o rapaz a sua esposa, "Tenho certeza que Ron deve estar pensando nisto. Veja só, Rolanda também não veio pegar o buquê. Ela está parada na beira da pista abraçada a Snape. Provavelmente eles já marcaram a data do casamento por isto ela não veio."

Ginny sorriu, concordando, antes de virar de costas e jogar o buquê.

Thera estava parada, um pouco mais atrás das outras mulheres, fazendo de conta que se esforçava para pegar o buquê, quando este aterrissou em suas mãos. Ela ficou parada olhando e quase nem percebeu quando Ginny veio abraçá-la enquanto o fotógrafo batia uma foto.

Remus viu a jovem que dominava seus pensamentos pegar o buquê e sentiu seu coração se enchendo de felicidade e, ao mesmo tempo, de apreensão. O que aquilo queria dizer? Seria alguma espécie de presságio?

Foi quando chegou a vez dos solteiros se reunirem para pegar a liga que Harry jogaria. Remus sentiu alguém o empurrando para o grupo de homens reunidos e encontrou Sirius.

"Padfoot, o que você está fazendo?"

"Ora, Moony, venha tentar, vai ser divertido. Eu aposto que pego aquela liga e vou esfregá-la na cara de Snape."

Remus sacudiu a cabeça perante a teimosia de seu amigo. Neste momento Harry atirou a liga de Ginny e todos os homens, exceto Remus, começaram a se empurrar tentando pegá-la. A pobre liga era atirada de um lado para outro quando finalmente parou nas mãos de alguém.

Remus olhou apavorado para a liga em suas mãos. Como ele poderia ter pego aquilo? Sua maldição não permitia que ele se envolvesse.

Antes que ele pudesse ir além nestas reflexões, Harry chegou ao seu lado para cumprimentá-lo.

"Remus, escondendo o jogo é? Quem é a sortuda? E como é que eu não sabia disto?"

Ao mesmo tempo Sirius começou a interrogá-lo também.

"Moony, estou ofendido. Além de pegar a minha liga, ainda nem me contaste que tinha uma namorada. Quem é ela, Moony?"

Remus ficou em silêncio enquanto fotos eram batidas. Neste momento ouviu alguém dizer que agora o homem que pegara a liga teria que colocá-la na perna da mulher que pegara o buquê. O antigo maroto engoliu em seco, enquanto sentia que o empurravam até o lugar onde Thera havia se sentado.

Os dois se olharam por algum tempo antes de Remus se ajoelhar, levantar o delicado pé de Thera e começar a subir a liga pela perna dela vagarosamente. Isto fez muitos arrepios correrem pelas colunas dos dois. Quando ele terminou, ele se levantou e ajudou Thera a levantar. Foi quando um coro começou a gritar em volta deles.

"Beija! Beija! Beija!"

Os dois ficaram extremamente vermelhos, sabendo que teriam que fazer o que todos pediam. Remus olhou para Thera por um segundo, antes de segurar o rosto dela e cobrir aqueles lábios vermelhos com os seus.

Foi um contato que durou apenas alguns segundos, mas para os dois pareceu uma eternidade. Eles derreteram nos braços um do outro, sentindo emoções que não conheciam. Era o primeiro beijo que qualquer um deles trocara, pois ambos eram amaldiçoados pelo que eram, condenados a solidão.

Remus sentiu o lobo dentro de si querendo se libertar e clamar a mulher em seus braços como sua companheira. Ele rapidamente terminou o beijo e se afastou, antes que perdesse o controle.

Thera sentiu um vazio muito grande quando Remus se afastou. No momento que ele a beijou, ela começou a ver imagens de casais se beijando. Sempre eram pessoas diferentes em épocas diferentes, mas algo lhe dizia que todos aqueles rostos desconhecidos tinham algo a ver com ela e com o primeiro homem que a beijara.

Na porta da área hospitalar de Hogwarts a família Weasley se reunia esperando ansiosamente pela chegada de mais um membro, completamente alheios a tudo o que acontecia no grande salão. Eles podiam ouvir a música tocando e as risadas ecoando pelas paredes da escola, juntamente com os gritos de Fleur dentro da enfermaria. Depois do que pareceu uma eternidade, a porta se abriu e Bill saiu, segurando o recém-nascido em seus braços.

"Quero apresentar a todos Jean Weasley, meu filho!" Falou orgulhoso.

Todos os Weasley presentes se reunirão rapidamente ao redor do mais velho dos filhos de Molly e Arthur, paparicando o recém-nascido.

Aquele dia ficaria marcado para sempre na mente de todos os que o vivenciaram.

PS: Dia 14 de feveriro é dia dos namorados em muitos outros países do mundo, o nosso, aqui no Brasil, é uma exceção.