CAPÍTULO TRÊS – BRINCADEIRAS E FUGAS...

Thera atravessava os corredores de Hogwarts em direção à torre onde estava a sala de aulas de Adivinhação. Ela ainda estava fascinada com a beleza da festa de abertura do ano letivo que ocorrera na noite anterior, e na cerimônia do sorteio. A cerimônia de abertura de Ávalon era bonita, mas de uma maneira diferente. Tinha um caráter muito mais místico, mais religioso, com homenagens à Deusa-Mãe. Em Hogwarts havia tradição na cerimônia, mas também haviam brincadeiras, descontração. A profetisa havia adorado isto.

Agora Thera se encaminhava para a sua primeira turma, pela primeira vez indo dar aulas a garotos e garotas. Quando entrou na sala, os quintos anos Ravenclaw e Gryffindor já a esperavam, todos em pé, sem saberem como se portar na sala onde não havia cadeiras.

"Por favor, cada um pegue uma almofada e sentem-se em um círculo." Thera orientou. Quando todos os alunos já estavam acomodados, ela fez o mesmo.

"Sou Thera Du Lac e serei a professora de Adivinhação. Primeiramente, eu gostaria de saber o que aqueles que já estudaram adivinhação antes aprenderam nas outras escolas."

Rapidamente alguns alunos começaram a citar cartas de Tarô, folhas de chá, bolas de cristal e outras técnicas. Thera sorriu.

"Entendo. Isto foi o que vocês estudaram. Agora eu quero saber o que realmente aprenderam e se realmente conseguiam prever alguma coisa ou se vocês apenas inventavam previsões."

Quando toda a turma ficou em silêncio, Thera obteve a resposta que temia.

"Vamos começar do básico então." E começou a falar da importância da meditação e da purificação do ambiente na preparação para a realização de previsões. Depois disto passou a discutir as propriedades das ervas para a purificação e as maneiras mais eficazes de meditação ensinando as técnicas aos alunos. Quando a turma começou sua primeira tentativa de realizar qualquer destas técnicas, soou o sinal de término da aula.

Os alunos começaram a sair comentando a diferença daquela aula de Adivinhação de todas as que eles já haviam presenciado.

Remus dispensou seu terceiro ano Slytherin depois de uma aula sobre bichos-papões. Quando o último de seus alunos saiu, o lobisomem voltou seus pensamentos para a mulher que os ocupava no ultimo mês e meio.

Remus se sentia atraído por aquela mulher como nunca estivera por ninguém antes. E estava apavorado com a intensidade desta atração. Parecia a ele que cada célula de seu corpo ansiava por Thera. E a proximidade da lua cheia estava tornando tudo mais difícil ainda. O lobo dentro dele ficava mais forte a cada dia e clamava pela profetisa, para torná-la sua companheira. No último mês a transformação já fora difícil, mas como ele estava longe de Hogwarts e da mulher que o transtornava, não houveram problemas. E mesmo assim Sirius teve que assumir sua forma animal para acalmá-lo. Remus pensou com pesar nesta ocasião. Mesmo com a poção mata cão, os instintos do lobo estavam tão fortes que Sirius acabou muito ferido depois daquela noite. Harry teve que socorrer os dois na manhã seguinte e fazer os feitiços e curativos necessários em ambos.

'Será melhor ficar sozinho este mês, muito bem trancado na sala especial que existe em meu quarto. Não quero me arriscar a ferir mais ninguém.' Ponderou o lobisomem.

Neste momento o ruído dos quartos anos HufflePuff o tirou de seu devaneio e ele se pôs a explicar a turma algo sobre as maldições ilegais.

Sirius andava cautelosamente pelos corredores de Hogwarts em direção as masmorras. O animago sorria consigo mesmo ao pensar na cara de Snape quando os cabelos deste ficassem rosados e cheios de cachos.

Ao alcançar a sala de aulas de Poções, o antigo maroto escutou atentamente através da porta fechada, ouvindo Severus dar seu tradicional sermão sobre a importância da arte de fazer poções aos primeiros anos Slytherin e Gryffindor, criticando duramente os alunos. Sirius abriu discreta e silenciosamente uma fresta na porta e apontou sua varinha para a mesa do professor, que neste momento estava no fundo da sala. O animago sorriu mais uma vez e começou a murmurar o feitiço que havia descoberto num dos muitos livros de brincadeiras práticas que tinha comprado. Pouco depois ele acabou e percebeu que a cadeira de Snape tinha um leve brilho rosa que logo desapareceu. Agora o primeiro que ali sentasse teria seus cabelos transformados em belos cachos rosados, que durariam um dia inteiro. Não havia contra-feitiço para este truque.

Tão silencioso como quando chegou, Sirius fechou a porta e se afastou das masmorras. Ele veria o resultado durante o almoço no grande salão.

Morgan saiu de sua sala de Duelos onde terminara de organizar tudo para a primeira classe logo depois do almoço, reunindo estudantes do sétimo ano de Ravenclaw e Hufflepuff quando vislumbrou Sirius se esgueirando pelos corredores.

"O encrenqueiro deve ter aprontado alguma coisa, pela cara dele." Ela resmungou.

Morgan ainda não perdoara Sirius pelo beijo trocado no dia do casamento de Harry e Ginny. Aliás, a jovem estava irritada consigo mesma por se apanhar pensando naquele beijo várias vezes. Rapidamente ela decidiu se vingar e foi até o grande salão. Quando chegou na mesa dos professores, ela procurou pela cadeira onde o Animago se sentara na noite anterior e no café da manhã e colocou nesta um feitiço que havia descoberto num livro de brincadeiras práticas. O primeiro que sentasse naquela cadeira ficaria com belos cachos verdes durante um dia inteiro.

'Quero ver como o convencido vai ficar com cabelos verdes, da cor de Slytherin, que ele tanto detesta.' Pensou a jovem sorrindo satisfeita consigo mesma.

Severus terminara de descontar alguns pontos de um primeiro ano Gryffindor quando se sentou na sua cadeira. Pouco depois a sala inteira começou a rir.

"Do que vocês estão rindo?" Demandou furioso.

Nenhum estudante conseguiu responder. Naquele momento soou o sinal do término das aulas da manhã e Severus gritou para que seus alunos sumissem da frente dele. Em seguida conjurou um espelho e se olhou.

"BLACK! EU TE MATO!" Gritou o furioso professor ao visualizar o cabelo rosa cheio de cachos e as sobrancelhas também rosadas. Ele começou a tentar desfazer o feitiço e nada adiantava. Muito irritado ele saiu da sala de aula e se dirigiu ao grande salão, onde todos se reuniriam para o almoço.

Quase todos os professores e a maioria dos alunos já estavam sentados para almoçar quando Severus entrou no salão. Os estudantes começaram a rir apontando para o novo penteado do professor de Poções enquanto vários professores se seguravam para não fazer o mesmo. Snape foi diretamente até Remus.

"Onde está Black?"

Remus engoliu o riso ao ver a fúria do homem a sua frente, antes de responder que não sabia. Severus se sentou emburrado no seu lugar ao fim da mesa, onde Rolanda tentou acalmá-lo.

Neste momento Sirius entrou no salão despreocupadamente, ignorando os olhares de ódio de Severus. Ele foi até a mesa principal e se sentou tranqüilo na sua cadeira. Foi quando outra onda de risos encheu o salão. Sirius ignorou, achando que eram para Severus e seus cabelos cor de rosa quando percebeu que este também estava rindo.

"O que eu fiz?" Perguntou a Remus desconfiado.

Remus engoliu outra risada e conjurou um espelho para seu amigo. Quando Sirius viu seu reflexo quase teve um ataque. Seu penteado era um reflexo do de Snape, a única diferença é que era num lindo tom de verde.

"Quem fez isto?" Perguntou furioso ao amigo.

"Não faço a mínima idéia, Padfoot. Mas quem te aplicou este truque pelo visto tem o mesmo gosto que o seu, só mudando a cor. Se você e esta pessoa tivessem combinado, acho que não teriam conseguido aplicar o mesmo truque." Sirius engoliu a raiva e tratou de almoçar, enquanto pensava em quem havia lhe aplicado a brincadeira.

Thera alcançou sua prima rapidamente depois do almoço.

"Foi você, não foi, Morgan?"

Morgan abriu um sorriso malicioso.

"Claro que fui eu. Quem mais daria aquele idiota o que ele merece, ainda mais depois de ter tido a ousadia de me beijar?"

Thera suspirou. Morgan havia começado a se comportar novamente como uma criança grande. E pelo visto Sirius também era uma, pois os dois conseguiram pensar no mesmo tipo de piada prática para aplicar. Quando eles iriam crescer?

A semana passou rápida e logo era a noite da lua cheia. Remus sentia o chamado da lua desde cedo, acordando o lobo. O antigo maroto retornava a sua sala voltando das masmorras depois de ter buscado a poção mata cão com Severus. Ao dobrar outro corredor o lobisomem encontrou a mulher de olhos violeta que o assombrava. Ele a cumprimentou polidamente.

"Olá, Remus." Thera respondeu com um lindo sorriso que fez o coração de Remus disparar. "O que é isto?" Perguntou a jovem curiosa apontando para o cálice que Remus carregava. Remus corou.

"É poção mata cão. Hoje é noite de lua cheia e preciso dela para manter minha mente."

Thera concordou. Ela havia lido tudo o que havia na biblioteca sobre lobisomens desde que conhecera Remus, e ainda lera mais alguns livros que haviam vindo diretamente de Ávalon a pedido dela. Ela sabia que durante a transformação o lobo dominava o homem e este perdia toda a capacidade de pensar. Ela também lera que a poção mata cão permitia ao lobisomem manter sua mente durante as noites de lua cheia.

"Como é ser um lobisomem, Remus? Eu li tudo o que achei sobre o assunto, mas nenhum livro fala sobre a experiência de quem enfrenta esta maldição."

Remus ficou surpreso. A profetisa queria saberHHh como era conviver com sua maldição?

"Não sei se aqui é o lugar ideal para conversarmos."

"Vamos até meus aposentos." Convidou a jovem.

Remus ficou indeciso por alguns instantes, antes de segui-la. Quando chegaram nos aposentos dela, o lobisomem se surpreendeu ao descobrir que estes fossem tão simples.

"Eu esperava que os aposentos da profetisa de Ávalon fossem mais suntuosos." Comentou.

Thera sorriu.

"Realmente, se dependesse de Morgan e do conselho da ilha sagrada, seriam muito suntuosos, mas eu prefiro coisas mais simples. Já basta que algumas coisas que uso nas previsões são mais caras. E você parece saber bastante a meu respeito."

Remus corou, pois teria que admitir que andara pesquisando sobre ela.

"Confesso que fiquei curioso e pesquisei um pouco sobre sua família. É curioso que alguém da família Du Lac saia de Ávalon, e é mais surpreendente ainda que este alguém seja a profetisa."

"Eu tive meus motivos, e estes motivos provaram ao conselho que eu necessitava deixar Ávalon. Meu destino me mandava vir aqui para Hogwarts. Minhas visões foram muito claras neste ponto."

Remus ficou curioso ao ouvir isto, pensando em como aquela mulher mudara toda a vida que conhecia seguindo uma visão.

"Mas nós não viemos falar de mim aqui. Confesso que também fiquei curiosa e li muito a respeito de lobisomens. Eu nunca tinha encontrado nenhum."

"E isto te trouxe medo?" Remus perguntou com o coração apertado, temendo a resposta dela.

"Não. Eu sei que não tenho nada a temer de ti.", a jovem afirmou com tanta convicção que pegou Remus de surpresa.

"Pois deveria. Nas noites de lua cheia o lobo dentro de mim desperta e, mesmo com a poção mata cão, posso fazer algo do que me arrependerei depois."

"Eu sei que não tenho nada a temer. Minha visão também te mostrou e, pelo visto, algo faltou na tua pesquisa. Ela não disse que eu tenho um outro dom especial além do da profecia? Eu também tenho o dom da empatia com animais. Posso dizer que nunca fui atacada por nenhum animal."

"Eu fico surpreso, mas peço que não tente testar este dom com minha forma de lobo. Não sei se esta responderá como qualquer outro animal."

Thera não respondeu, preferindo guardar silêncio. Ela testaria isto na primeira oportunidade que tivesse, mas não diria nada a Remus. O lobo de sua visão era seu protetor e algo mais que ela não conseguira descobrir ainda, então o mesmo valia para o homem à sua frente. Com isto em mente, ela voltou ao assunto dos lobisomens, fazendo muitas perguntas a Remus, que as respondeu o melhor que pôde enquanto ambos comiam bolinhos acompanhados por chá. Conforme chegava a noite, Remus tomou sua poção e se despediu, indo se trancar em seus quartos depois de ter expulsado Sirius que insistia em acompanhá-lo naquela noite.

Sirius andava pelos corredores resmungando. Ele detestava quando Remus o expulsava. Moony era seu amigo, o único amigo que havia sobrado da turma do colégio. James se fora, morto por Voldemort. Harry podia ser muito parecido com o pai e ser como um filho para o ex-fugitivo, mas ele não era Prongs. O antigo maroto ainda sentia o vazio dentro de si que existia desde que seu melhor amigo morrera, e sabia que este nunca deixaria de existir, mas era a hora da vida continuar. Sirius finalmente obtera sua vingança sobre o traidor. Peter estava em Azkaban apenas de corpo presente, pois seu espírito há muito se fora pela boca de um dementador. E pensar que um dia chamara Peter de amigo....

Mas Sirius estava preocupado. Não era do feitio de Remus não deixá-lo o acompanhar durante a lua cheia. Algo mudara no amigo, ele estava mais selvagem, como logo que James, Sirius e Peter se tornaram animagos para acompanhá-lo durante as transformações. E Remus estava tomando a poção mata cão! Algo mudara no lobisomem, algo que o afetara profundamente. Os silêncios, o ar perdido, a maneira como o sempre observador e atento Moony vivia agora no mundo da lua e, acima de tudo, o comportamento dele enquanto lobo.

Sirius queria ajudar, mas não sabia como. Ele havia feito uma rápida pesquisa para saber se este comportamento era normal em lobisomens, mas não encontrara nada. Talvez ele devesse pedir ajuda a Hermíone, que sabia onde estava tudo em todos os livros da biblioteca e adoraria este desafio.

Sirius passou por uma janela e viu a lua alta no céu, em todo seu esplendor. Remus já devia ter passado pela dolorosa transformação. Neste instante ele viu uma sombra seguindo silenciosamente em direção aos aposentos de Remus. Rapidamente o ex-fugitivo foi interceptá-la.

"O que você pensa que está fazendo?" Perguntou quando a pessoa se aproximou da porta do amigo. Neste instante ele reconheceu a professora de Adivinhação. Ela parecia uma criança sendo pega ao roubar biscoitos do pote da cozinha.

"Eu vim ver Remus." Ela respondeu numa voz doce.

"Você é maluca? Hoje é noite de lua cheia e Remus se transformou. Ele não quer ninguém por perto, nem a mim, que sempre o acompanhei."

"Eu sei que Remus não vai me fazer mal algum."

"Mas eu não vou permitir que você entre aí. Volte para seu quarto."

Thera o encarou por alguns segundos antes de dar meia volta e se afastar. Sirius decidiu passar a noite vigiando a entrada dos aposentos de seu amigo para o caso da mulher de olhos violeta resolver tentar de novo.

"Ela o quê?" Se assustou Remus no dia seguinte quando Sirius contou que Thera tentara entrar no quarto.

"Ela tentou entrar no quarto, Moony!"

"Eu pedi a Thera que não fizesse isto."

"Calma aí!", Sirius ergueu uma sobrancelha ao fitar o amigo intensamente, "Ela disse que queria estar presente durante a transformação, mesmo sabendo o que poderia acontecer e você pediu a ela que não fosse. Por que ela queria estar lá, Moony, e por que vocês estavam discutindo isto?"

Remus ficou muito vermelho, o que fez Sirius dar uma risada.

"Estou vendo. Descobri quem é a namorada do velho Moony..."

"NÃO!" Gritou Remus. "Ela não é minha namorada, Padfoot. Ela é uma amiga."

"Uma amiga que quer te fazer companhia na lua cheia, mesmo sabendo dos riscos, e que te faz ficar vermelho ao falar nela?"

Remus ficou mais vermelho ainda.

"Thera é uma empata animal além de ser a profetisa. Ela quer descobrir se o dom dela funciona com minha forma de lobo, por isto ela tentou entrar ontem."

"Moony, Moony, não me esconda nada. Não te esqueças que eu te conheço muito bem e sei que tem mais coisas por trás disto. Conte tudinho aqui pro velho Sirius."

Remus ficou desconcertado, pois sabia que as palavras de Sirius eram verdadeiras.

"Pode haver alguma coisa a mais sim." Respondeu baixinho.

"Eu sabia! Você tem andado no mundo da lua, desatento e silencioso. E mais selvagem. O que é, Moony?"

"Sirius, minha forma de lobo está clamando por sua companheira."

Sirius olhou atentamente para seu amigo, sem entender. Moony suspirou e explicou melhor.

"Padfoot, todo lobisomem acha uma única companheira certa durante a vida. Esta companheira tem que ser aceita pelo homem e pelo lobo que existe dentro dele. A presença dela aguça os sentidos e torna os impulsos do lobo muito fortes, assim como os sentimentos do homem."

Sirius arregalou os olhos conforme compreendia a implicação destas palavras.

"E a jovem de olhos violeta é sua companheira?"

Remus se sentou numa cadeira e colocou seu rosto entre as mãos, antes de continuar.

"Os olhos dela, Padfoot. Eu sonhei com aqueles olhos por muito tempo antes de encontrá-la. E Thera me disse que me viu em uma de suas visões, a mesma visão na qual ela viu que seu destino estava em Hogwarts! Quando Thera está perto de mim, mal consigo me conter em segurá-la em meus braços e nunca mais soltá-la. O sentimento de posse é incrível. Só consigo pensar que ela é minha e só minha. O lobo dentro de mim quer sair e protege-la de tudo e de todos, clamando-a como sua. Por este motivo estou tão selvagem quando me transformo, mesmo tomando poção mata cão. Quando estou perto de Thera só consigo pensar nela, e na forma de lobo isto é mais intenso ainda."

"Então fale com ela, Moony. Explique isto e veja como ela se sente."

"É mais fácil falar do que fazer, Sirius. Thera é a profetisa de Ávalon. Ela não tem permissão para ter nenhum tipo de relacionamento. Além disto, ela pertence a família Du Lac, o que torna tudo mais difícil ainda. O ministério não permite que lobisomens tenham relacionamentos estáveis, não do jeito que a família Du Lac exigiria. Sirius, para o ministério eu nem gente sou! Para eles eu não passo de uma criatura das trevas. Não pude ficar com Harry quando James e Lilly morreram e você foi para Azkaban por este motivo! Imagine só clamar um membro da família Du Lac como companheira, ainda mais a profetisa!"

Sirius percebeu toda a angústia do amigo.

"Moony, vou fazer o que eu puder para ajudar. Eu sei o quanto sofreste durante os anos e sei o quanto sofres a cada lua cheia."

Remus olhou muito sério para Sirius.

"A melhor ajuda que podes me dar no momento, Padfoot, é não deixar Thera chegar perto de mim durante a lua cheia de maneira alguma. Eu não serei capaz de me conter nesta ocasião. Por favor, meu amigo, eu te peço que mantenhas a mulher pela qual me apaixonei longe de mim"

"Vou fazer isto, meu amigo, não se preocupe."

No mês de outubro Thera novamente tentou entrar nos aposentos de Remus durante a lua cheia, somente para ser impedida por Sirius. A profetisa estava ansiosa por se aproximar de Remus na sua forma de lobo. Ela sabia que este encontro seria fundamental para ele e para ela. Era o destino deles. Ela não conseguia entender a relutância de Remus em permitir isto. Thera havia pedido a ele inúmeras vezes durante o mês que ele a deixasse entrar, mas o lobisomem firmemente negara.

Algo mudara nela desde que conhecera Remus. Ela queria conversar com alguém, pois os sentimentos que a consumiam lhe eram totalmente desconhecidos. Sempre havia Morgan, mas esta provavelmente lhe citaria a lei de Ávalon para a profetisa, dizendo que não lhe era permitido se envolver sentimentalmente com outra pessoa, pelo menos não da maneira como Thera estava se sentindo. A jovem teria que encontrar outra pessoa. Talvez Ginny Potter ou Rolanda Hooch.

Mas uma coisa era certa. No próximo mês, ao invés de tentar estar fisicamente com Remus durante a lua cheia, ela iria acompanhá-lo através de sua visão. Esta magia a deixava esgotada, mas seria por uma boa causa. Ela precisava descobrir o que acontecia com o homem que mexia profundamente com seu ser durante a lua cheia.

Severus Snape entrou na sala de professores e percebeu que vários de seus colegas estavam reunidos ao redor de Charles Weasley. Todos estavam dando palpites que Charles cuidadosamente anotava no pergaminho em suas mãos. Silenciosamente ele se aproximou, curioso sobre o motivo do ajuntamento.

"Eu aposto um sicle que Sirius vai chegar hoje para o café com pés gigantescos." Pérgamo colocou a moeda nas mãos de Charles, que anotou a aposta.

"E eu aposto um sicle que Morgan terá problemas com seus cabelos hoje." Ginny Potter estendeu a moeda ao irmão, que a guardou depois de anotar a aposta.

"Então agora fazemos apostas aqui em Hogwarts?" Todos os professores se sobressaltaram ao ouvirem a voz de Severus. Muitos empalideceram, antes de lembrar que o vice-diretor não poderia mais descontar pontos deles e nem dar-lhes detenção.

"Bem, já que temos apostas, eu aposto um galeão que Sirius chegará hoje no café com orelhas gigantes." Severus deu um leve sorriso ao imaginar seu antagonista com enormes orelhas de elefante.

Muitos deram risadas ao imaginar isto, enquanto Charles anotava a aposta e recebia o dinheiro de Severus. Esta aposta fora a mais alta do dia.

Depois do dia em que ficara com os cabelos verdes, Sirius se empenhara em descobrir quem lhe aplicara a brincadeira até chegar em Morgan. Então ele se vingara dela fazendo com que a cadeira onde ela se sentava na mesa do salão gritasse cada vez que ela se aproximava. Morgan retribuíra isto deixando Sirius sem pêlo algum no corpo com uma poção que o animago tomou sem saber com o café. Os alunos riram muito de Sirius se transformando num grande cachorro pelado na aula de princípios de Animagia. Então o antigo maroto revidou. Os dois estavam com esta guerra de brincadeiras e piadas práticas há mais de um mês, fazendo todos ansiarem pelo café da manhã para ver a próxima vítima e qual seria a piada prática aplicada.

Minerva tentara conter a dupla, mas não obtivera sucesso. Severus se divertia cada vez que Sirius entrava no salão sofrendo os efeitos de alguma coisa. O mestre de Poções tinha pena de Morgan cada vez que ela era quem entrava no salão como vítima, mas estava aliviado que Sirius estivesse tão preocupado com a professora de Duelos que o tivesse esquecido. Então Severus resolveu apenas relaxar e observar as duas crianças grandes.

Agora quase toda a escola tinha sua lista de apostas sobre quem seria a vítima e qual seria a piada prática envolvida.

Os demais professores terminaram suas apostas e todos foram para o grande salão esperar pelo café. Pouco depois Morgan chegou acompanhada por Thera e se sentou em seu lugar tranqüilamente. Aqueles que haviam apostado nela grunhiram, pois obviamente nada havia acontecido com a jovem.

Minerva e Remus entraram em seguida no salão discutindo a próxima criatura necessária para as aulas de DCAT dos terceiros anos e se sentaram. Todos aguardando por Sirius.

Alguns minutos depois o animago entrou no salão com um pano amarrado em sua cabeça. Ele se sentou no seu lugar depois de lançar um olhar prometendo retribuição na direção de Morgan.

"Então, Padfoot, o que aconteceu hoje?" Perguntou Remus o que todos ali queriam saber.

Sirius lentamente retirou o pano que envolvia sua cabeça e todos caíram na risada quando duas enormes orelhas apareceram.

Charles Weasley discretamente passou o envelope com o dinheiro das apostas para Severus, que havia ganho o bolão do dia. O mestre de Poções abriu um sorriso diabólico enquanto guardava o envelope num bolso interno do seu robe, feliz pela primeira vez que Sirius estivesse dando aulas em Hogwarts só para vê-lo sofrendo o resultado do seu próprio jogo.

Chegara o mês de novembro e com ele outra lua cheia. Remus se trancou em seu quarto enquanto Sirius se postou de guarda no corredor, esperando por Thera que provavelmente tentaria novamente entrar nos aposentos do lobisomem, sem saber que desta vez a jovem mulher tinha planos diferentes.

Thera purificou seu quarto e pôs mais ervas nos queimadores, deixando tudo esfumaçado e perfumado. Depois ela colocou seu único robe sem costura alguma, de um azul muito pálido e soltou os longos cabelos prateados. Acendendo um fogo na lareira reservada para previsões, a jovem foi buscar uma de suas bacias e a encheu com a água da chuva que apanhara alguns dias antes, colocando a bacia no chão na frente da lareira. Por fim ela buscou a faca com cabo de prata e a colocou do lado da bacia.

A jovem se afastou de seus preparativos e foi-se olhar no seu grande espelho de prata. Pegando um pequeno pote de uma prateleira e um pincel, ela reforçou a marca da Deusa Mãe em seu rosto com tinta azul feita por Morgan. Agora ela estava pronta.

Thera se ajoelhou em suas almofadas e pegou um punhado de ervas as atirando ao fogo, que começou a brilhar em prata. A jovem pegou a faca e fez um pequeno corte em seu braço, deixando um pouco de seu sangue cair na água da bacia. Ela então jogou esta água no fogo e murmurou o feitiço necessário para o que pretendia fazer, olhando fixamente as chamas enquanto se sentia sendo carregada para os aposentos de Remus.

Thera se achou num quarto no qual ela não havia entrado quando fora visitar Remus nos últimos dias. O quarto estava sem mobília alguma e não tinha janelas, enquanto a porta fora reforçada e estava trancada. A profetisa percebeu Remus caminhando num canto do quarto, nu. A jovem desviou o olhar por pudor. Foi quando uma dor aguda cruzou seu corpo. Ela olhou para Remus e viu que este se encolhera em dor. Instantaneamente, Thera soube porque sentira a dor. Este feitiço que utilizara lhe permitia ver e sentir tudo o que acontecesse com Remus até que ela quebrasse a conexão ou ficasse fraca demais para a manter. A dor continuava a atingi-la enquanto ela via Remus se transformando. Pouco depois um grande lobo acinzentado tomava o lugar do homem.

Thera ficou a noite inteira vendo o lobo se debatendo, querendo sair do seu confinamento. A jovem queria muito acalmá-lo, mas isto lhe era impossível pois apenas sua consciência estava presente no quarto, e não o corpo. Conforme a manhã foi chegando ela novamente sentiu seu corpo em dor, observando o lobo lenta e dolorosamente voltando a ser Remus, que caiu desmaiado no chão após a transformação. Neste instante Thera sentiu que suas forças acabaram e foi puxada de volta para seu próprio corpo. Só o que ela sentiu foi muito frio antes de também desmaiar.

Sirius abriu lentamente a porta do quarto onde Remus se transformava e em seguida correu até seu amigo, o ajudando a levantar, a vestir um roupão e o levando para a ala hospitalar, onde Poppy Pomfrey já os esperava. Depois disto se juntou aos demais professores no salão para o café da manhã. Lá chegando percebeu que a professora de Adivinhação não havia aparecido. Ela também não tentara entrar nos aposentos de Remus na noite anterior.

Morgan não gostou de ver Sirius entrando no salão com sua aparência de sempre. Pelo visto a brincadeira que preparara nos aposentos dele não havia funcionado. Quando ela notou Sirius olhando para o lugar de Thera foi que percebeu que sua prima não havia aparecido para o café da manhã. Isto era algo incomum a não ser que Thera estivesse em transe em seus aposentos, o que não havia acontecido desde que elas deixaram Ávalon. Bem, se Thera não aparecesse para o almoço ela checaria a prima.

Remus acordou no meio da manhã na enfermaria, encontrando Sirius ao seu lado.

"Como estás te sentindo, Moony?"

"Da mesma maneira que me sinto depois de cada lua cheia. Ela tentou ontem a noite?" Perguntou timidamente.

Sirius abriu um sorriso. Remus estava perdidamente apaixonado pela professora de Adivinhação e, mesmo que ele não a quisesse ao seu lado na lua cheia, sempre perguntava pela jovem depois.

"Não, ontem ela não tentou." Remus pareceu desapontado ao ouvir isto, e também apreensivo, ele sentia que alguma coisa acontecera com Thera.

"E ela também não foi tomar café hoje de manhã." Completou Sirius.

Agora Remus estava definitivamente apreensivo. Ele nunca vira Thera perdendo nenhuma refeição. Sem pensar muito, começou a levantar-se da cama, apenas para ser detido por Sirius.

"Aonde você pensa que vai, Moony?"

"Eu sinto que alguma coisa está errada com Thera. Ela precisa de mim agora."

Sirius ainda tentou segurar Remus, mas a força deste era muito maior graças a sua maldição. Remus empurrou Sirius e saiu o mais rápido o que pôde da ala hospitalar, com Sirius exatamente nas suas canelas.

Os dois homens correram pelos corredores chamando a atenção de muitos. Morgan chegou na porta da sala de Duelos, onde estava a dar aulas para os sétimos anos Gryffindor e Slytherin, para descobrir a fonte da comoção quando viu Remus passar correndo. Ela foi até o corredor apenas para ser atropelada por Sirius.

"Ei, veja bem por onde anda, seu mal-educado!"

"Mais tarde discuto com você, convencida, agora não posso." Respondeu o animago e continuou a correr. Morgan mandou a turma continuar com os exercícios e saiu correndo atrás deles, querendo saber onde os dois iam com tanta pressa. Foi quando os viu parar na frente dos aposentos de Thera.

Remus sentia a angústia crescendo dentro de si. Algo muito ruim acontecera com a garota dos seus sonhos. Rapidamente ele disse a senha que a jovem havia lhe dito num dos dias anteriores e entrou com Sirius e Morgan. Não se podia ver Thera em lugar algum mas a intuição do lobisomem o levou diretamente à porta do quarto de meditação. Remus a abriu rapidamente e o que enxergou fez seu coração parar.

Ali, bem no meio do gélido quarto, estava caída Thera, muito pálida e com um pouco de sangue em seus braços. Remus superou o choque e, em três grandes passos, chegou ao lado dela e a segurou em seus braços.

Morgan empurrou o chocado Sirius para fora do caminho e correu até onde estavam Remus e Thera, se apressando em tomar o pulso da prima.

"A pulsação está muito fraca."

"Sirius, vá buscar madame Pomfrey!" Ordenou Remus ao amigo, que saiu do choque no qual se encontrava e correu porta afora atrás da enfermeira.

Morgan terminou de examinar a prima e começou a olhar ao seu redor, começando a entender o que Thera havia feito na noite anterior.

"Eu não acredito que ela fez isto." Murmurou baixinho para si mesma. Remus, com a excelente audição que a maldição lhe concedia, a ouviu.

"O que ela fez?" Demandou saber.

"Thera fez uma magia muito antiga e perigosa, que só pode ser utilizada por aqueles que tem o dom da Visão. Ela concentrou todos os seus poderes para separar a sua consciência de seu corpo e ver, estar e sentir tudo o que a pessoa a quem ela estava observando via e sentia durante o tempo de duração do feitiço. Como Thera é a profetisa, a Visão nela é muito forte, e isto faz com que este feitiço funcione para ela."

Remus empalideceu. Ele tinha a intuição que Thera utilizara este feitiço para estar com ele.

"Ela pode sentir tudo o que se passa com a pessoa a quem está observando?" Ele procurou confirmar o que Morgan acabara de dizer, para ver se havia entendido direito.

"Sim, como se acontecesse com ela."

Remus sentiu uma dor no fundo de sua alma. Thera sentira a mesma dor lancinante que ele sentira durante a transformação. Será que ela ainda estava consciente para ver a segunda transformação e novamente sentir a dor desta?

"O que vai acontecer com ela, Morgan?"

"Este feitiço por si só já deixa a pessoa que o utiliza muito doente, além de sugar todas as reservas mágicas desta. Somando-se a isto o que ela pode ter visto e mais o tempo que ficou inconsciente aqui neste frio.... Não sei, Remus, eu francamente não sei." A jovem de cabelos negros disse isto num fiapo de voz.

Remus apertou Thera em seus braços, sentindo uma forte onda de proteção emergindo dentro de si. Sua companheira destinada estava ferida e ele tinha que protegê-la a qualquer custo. Neste instante passos foram ouvidos e Sirius adentrou o quarto juntamente com madame Pomfrey, Minerva e Severus. Poppy correu até onde estava o lobisomem com a mulher em seus braços, tentando examiná-la o melhor que conseguiu já que Remus não queria soltá-la, enquanto Morgan explicava sobre o feitiço feito por Thera para os demais.

Severus voltou para sua sala de aulas nas masmorras depois do almoço. Como dera trabalho fazer Lupin soltar Thera e deixá-la em uma das camas da enfermaria. O lobisomem não queria fazer isto de forma alguma. Poppy a examinara e decretara que a profetisa iria ficar bem, precisando apenas de repouso, uma dose da poção Anti-gripe e algumas várias doses da poção fortalecedora. Em alguns dias a professora de Adivinhação estaria nova em folha e com seus poderes restaurados.

O mestre de Poções suspirou ao lembrar das poções indicadas por Poppy. A simples menção a estas poções fez a outra Du Lac começar a interrogá-lo sobre a validade das poções que ele fizera para a enfermaria e que Poppy iria utilizar.

'Droga! Por que Morgan Du Lac fica dando palpites na maneira como faço poções? E ainda tem a ousadia de dizer que minhas poções não prestam, dando palpites nelas.' Pensou Snape.

Ele tinha vontade de esganar a professora de Duelos. Severus nunca pensou que encontraria outra pessoa da qual desgostasse tanto quanto desgostava de Sirius, mas tinha encontrado. E pensar que ficara com pena da garota cada vez que ela chegava no salão vítima de uma brincadeira de Black...

Rolanda Hooch estava sentada na enfermaria ao lado da cama de Thera colaborando na vigília. Minerva pedira a colaboração de todos para a organização de turnos zelando pela profetisa inconsciente. Esta fora a única maneira encontrada pela diretora de fazer Remus sair do lado da cama da jovem, retomar suas classes e cuidar um pouco de si mesmo. E mesmo assim o professor de DCAT passava na enfermaria cada momento disponível do seu tempo. Todo o corpo docente e boa parte do discente estava comentando a atitude do lobisomem. Sirius fora interrogado várias vezes por curiosos membros da família Weasley e por Harry, mas não contara o que seu amigo lhe confidenciara.

O professora de Vôo estava imersa em pensamentos quando ouviu ruídos vindos da cama ao seu lado. Ela olhou para Thera e foi recompensada pela visão de olhos violeta que ninguém via há quatro dias.

"Shh, se acalme. Vou chamar Poppy para que ela a examine." E fez menção de se levantar quando ouviu Thera pedir: "Por favor, chame Remus."

Rolanda olhou para a jovem e assentiu. Ela foi ao escritório de Poppy e a avisou que a profetisa havia acordado, depois saiu da enfermaria e foi avisar Minerva que Thera havia acordado e pedira para ver Remus. Minerva concordou e foi buscar seu professor de DCAT em sua sala.

Remus explicava ao sexto ano Ravenclaw como reconhecer objetos repletos de magia negra quando ouviu alguém batendo na porta da sala. Rapidamente foi atender e encontrou Minerva.

"Ela acordou, Remus, e quer te ver." Falou a diretora.

O lobisomem não pensou duas vezes antes de mandar a turma pesquisar sobre o assunto na biblioteca e lhe entregar depois duas folhas de pergaminho sobre o assunto antes de sair apressado em direção a enfermaria com a diretora atrás de si.

Quando lá chegaram viram Thera sendo examinada por Poppy. A profetisa abriu um belo sorriso ao ver Remus, que rapidamente se sentou ao lado dela, esperando que a medibruxa terminasse o exame. Depois Minerva fez algumas perguntas antes de retirar acompanhada por Poppy. Foi apenas então que Remus falou algo.

"Por que, Thera? Por que é tão importante assim ver o que acontece comigo na lua cheia, a ponto de arriscares tua vida para descobrir?"

Thera capturou os olhos de Remus com os seus, antes de responder.

"Eu faço o que é necessário. E isto era necessário. Eu precisava saber o que acontece contigo nas noites de lua cheia e, como não me deixaste testemunhar pessoalmente, tive que usar os recursos que tinha a minha disposição. Eu preciso te entender por completo, Remus, para saber o que está no nosso destino."

Remus ficou em silêncio tentando compreender, mas ele sentia que precisaria de algum tempo para isto.

"Prometa-me, Thera, que não vais mais fazer isto. Por favor, me prometa."

"Eu prometo que não usarei mais esta magia com a mesma finalidade, Remus."

Remus se satisfez com esta promessa. Ela não prometeu exatamente o que ele pediu, mas isto já o satisfazia.

Tão logo a promessa foi feita Morgan entrou na enfermaria e Remus não pode mais conversar a sós com Thera.

Uma semana e meia depois, Penelope Weasley estava tomando chá com duas de suas cunhadas na pequena sala dos seus aposentos de Hogwarts. Ela, Hermíone e Ginny falavam dos problemas da última em dar aulas porque os alunos só queriam saber da carreira de Harry. Foi quando uma batida se fez ouvir na porta. Penny foi abri-la e encontrou Thera, convidando-a para entrar e reunir-se a elas no chá. As quatro falaram sobre os alunos por algum tempo e comentaram sobre as últimas piadas práticas de Sirius e Morgan, quando Thera expôs o assunto que a trouxera até ali.

"Eu posso perguntar a vocês como vocês sabiam que amavam seus homens?"

Ginny, Mione e Penny ficaram olhando para Thera, tentando entender o porque da pergunta repentina, até que esta, somando-se ao comportamento estranho de Remus, fez sentido para as três. Penny foi a primeira a responder.

"Esta não é uma pergunta fácil, Thera. Eu sei porque amo Percy, mas não sei se consigo colocar isto em palavras. Mas posso dizer que eu o amo por se importar comigo, por ser louco por serviço como ele é, por querer sempre fazer tudo certinho. Enfim, eu o amo por quem ele é e pelo que nós temos em comum."

"Eu amo Ron por ser o maior cabeça dura e o ser mais teimoso que existe", falou Hermione, "Ele pode ser estourado e sempre estar disposto a discutir comigo. Ele tem defeitos assim como eu, mas mesmo estes defeitos não nos afastam, apenas nos aproximam mais. Eu não mudaria nadinha nele, mesmo que até hoje ele ainda me provoque citando Lockhart e 'Hogwarts, uma história'."

"Eu amo Harry desde que o vi quando tinha meus dez anos. Posso dizer que a primeira vez que ele me percebeu foi quando me salvou na câmara secreta de Slytherin. Eu me senti inteira quando ele começou a corresponder ao que sinto, e terminei de me sentir completa no dia em que nos casamos. Eu seria apenas metade do que sou se não tivesse Harry ao meu lado, e sei que ele se sente da mesma maneira. Isto para mim é muito importante. Isto é o amor."

Thera pensou por alguns momentos enquanto as outras jovens a observavam.

"Eu me sinto como se conhecesse Remus desde sempre. Eu tive uma visão sobre Hogwarts e sobre ele, na forma de lobo, mesmo antes de vir para cá e conhecê-lo. Tenho a impressão que encontrei uma parte minha que estava desaparecida há muito tempo. Eu preciso estar ao lado de Remus sempre, não me importa se seja lua cheia ou não, e eu preciso que Remus esteja ao meu lado. Tenho sentimentos dentro de mim que nunca experimentei antes, que nunca tive permissão para tentar experimentar e não sei o que fazer."

As três cunhadas olharam para a profetisa, entendo que os sentimentos desta pelo lobisomem eram profundos. As três trocaram os sorrisos conhecedores de quem já passara pela mesma situação. Elas sabiam que só tinham um único conselho para dar.

"Fale com ele sobre todos os teus sentimentos, Thera. Nós podemos perceber que você o ama. Pela reação de Remus aquele feitiço fizeste, ele também te ama. Fale com ele."

Thera assentiu e, se despedindo, saiu do quarto. Agora ela sabia o que sentia, só faltava descobrir o que fazer para vencer todos os obstáculos que existiam para que ela e Remus pudessem ficar juntos.

Nos dias que se seguiram, Remus e Thera se encontraram muitas vezes, mas por mais que Thera começasse a falar de seus sentimentos, Remus sempre evitava esta conversa, pois sabia que dificilmente os dois ficariam juntos.

Morgan e Sirius discutiam a todo o momento sobre os dois. A professora de Duelos argumentava que Thera tinha que seguir a lei de Ávalon e não ter nenhum envolvimento afetivo com Remus, pois a lei da ilha sagrada a declarava intocável. Sirius defendia o amigo, dizendo que lei alguma, nem de Ávalon, nem do ministério, podia mandar no coração de uma pessoa. Freqüentemente estas discussões levavam ao mesmo final: Morgan se enfurecendo com Sirius e acertando um tapa no rosto dele. Toda a comunidade escolar acompanhava com ávido interesse as brigas e as cada vez mais pesadas piadas práticas de ambos, principalmente Severus, que se divertia imensamente com a situação.

Finalmente chegara outra lua cheia, bem no início do mês de dezembro. Remus decidiu passar a noite na floresta proibida. Ele sentia que se ficasse outra noite no quarto especial enlouqueceria, então iria se embrenhar profundamente na floresta e correr. Sirius queria ir junto, mas Remus lembrou ao amigo que alguém tinha que passar a Thera a impressão que ele estava no quarto para que ela não fosse procurá-lo na floresta.

Thera sentia que Remus não estava no castelo naquela noite. Ela pegou sua capa de viagem e saiu sorrateiramente de Hogwarts, se embrenhando na floresta. Depois de quase duas horas de caminhada, se guiando apenas por sua intuição, a profetisa avistou o objetivo de sua busca. O grande lobo acinzentado que vira através do perigoso feitiço no último mês estava parado mais a sua frente, prestando atenção em algo, provavelmente outro animal. Thera procurou se aproximar e, ao pisar em um galho, atraiu a atenção do lobo para si.

Remus ouviu outro barulho e rapidamente procurou a fonte deste. Foi quanto enxergou Thera. Ele gelou. Todos os seus instintos o mandavam ir até ela e clamá-la como sua, mas sua mente ordenava que saísse dali o mais rápido o possível. Ele ficou vendo Thera se aproximar vagarosamente, com seus braços abertos. Remus ia sair dali quando lembrou do grande animal que ouvira antes. Ele sabia que Thera era uma empata, mas isto não lhe garantia que nada ocorreria a ela. E aquela era a floresta proibida, onde havia todo os tipos de criaturas, inclusive outros lobisomens que não hesitariam em atacá-la. No final o instinto de o ordenava a proteger sua fêmea de todos os perigos foi o que venceu, fazendo com que Remus ficasse parado.

Thera se aproximou lentamente, estendendo os braços para mostrar que não carregava nada. Ela pode perceber Remus indeciso entre ficar ali e fugir dela. Foi quando ela percebeu o aceitação do lobo e este ficando parado, como se a esperando. Ela terminou de se aproximar e se ajoelhou na frente de Remus. Os dois se olharam por alguns instantes antes de Thera abraçar o lobo.

Bem, com isto chegamos ao final do terceiro capítulo. Escrevi mais do que pretendia. Bem mais, para ser sincera. Eu gostaria de agradecer a todos os revisores. Cada opinião de vocês me é válida pois me guia no caminho certo ao desenvolver este conto. É meu primeiro trabalho em capítulos, pois geralmente tenho o hábito de escrever tudo de uma única vez. Estou trabalhando em outro fanfic também em capítulos, mas ele está sendo mais difícil do que eu imaginava de concluir.

Andrea, minha amiga e irmã do coração, fico muito feliz em trabalhar contigo. Nossas longas discussões noturnas estão valendo a pena. Encontros e Reencontros estão sendo cada vez mais divertidos de escrever.

Gostaria também de agradecer à BuffyHaliwell e a MarianaMaiz. Fico feliz que tenham gostado e comentado.

Para quem não adivinhou ainda, sou fã de Sirius e Severus, mas sobretudo de Remus. Eu queria ter um lobisomem destes para mim.

Eu e Andrea temos ainda muitas surpresas para todos nos futuros capítulos. Esperamos que vocês estejam gostando tanto destas histórias que acompanhem o desenrolar delas.

Também gostaria de me desculpar por alguns errinhos terríveis de gramática no capítulo anterior.

Eu normalmente escrevo fanfics sobre Card Captor Sakura, com algumas exceções que trazem como tema Digimon e Magic Knight Rayearth. Estou escrevendo um crossover em capítulos de Harry Potter e CCS, do qual espero logo, logo postar o primeiro capítulo. Até hoje, sobre Harry Potter, atuei mais como beta leitora. Aliás, não só deste universo, mais de outros universos imaginários também. E já falei demais.

Até!