CAPÍTULO QUATRO - A PROFETISA E O LOBISOMEM

Thera abraçou o lobo Remus com força, surpreendendo a este, que demorou um pouco antes de corresponder, lambendo o rosto da profetisa e sacudindo o rabo. Thera mergulhou seu rosto no pêlo do lobo, sentindo a textura deste.

Os dois ficaram deste jeito por algum tempo, quando um barulho perto dali fez Remus sair dos braços de Thera.

"O que foi?" Ela perguntou ao lobo.

Remus não podia responder que vinha vindo algum animal grande, que não parecia amigável. Ele pegou cuidadosamente a beira da manga do robe de Thera com os dentes, cuidando para não feri-la de forma alguma, e começou a puxá-la para fora daquele lugar. Thera entendeu o recado e seguiu o lobo sem protestar.

Todos os sentidos de Remus estavam atentos ao redor. Seus instintos lhe diziam que ele tinha que proteger Thera na floresta a qualquer custo. Os dois caminharam por um bom tempo antes de chegarem aos arredores de Hogwarts. O lobo fez sinal para que Thera seguisse para dentro do castelo, mas a jovem se recusou. Ela se sentou recostada a uma árvore na orla da floresta e fez com que o lobo se deitasse ao seu lado com a cabeça no seu colo. Foi desta maneira que eles finalmente dormiram.

*****

Sirius estava se dirigindo à floresta de manhã bem cedo para procurar Remus e ajudá-lo a voltar ao castelo quando viu algo que o chocou. Thera vinha retornando da floresta ajudando Remus a andar. O animago se apressou a ajudá-la e suportou o amigo pelo outro braço. Entre os dois o levaram até a enfermaria. Poppy examinou Remus e o colocou para dormir. Quando o lobisomem adormeceu, Thera e Sirius foram tomar café e depois dar suas respectivas aulas.

*****

Remus acordou no final da manhã imaginando se a noite anterior havia sido ou não um sonho. Era quase impossível que Thera o tivesse encontrado na floresta, o abraçado tão espontaneamente como ela fez e o tivesse deixado adormecer com a cabeça no colo dela. O lobo dentro de si nunca permitira que ninguém se aproximasse dele desta maneira sem correr risco de vida. E o lobo ficou completamente manso!

Foi quando ouviu o ruído da porta da enfermaria se abrindo e alguém entrando. Remus poderia reconhecer o som daqueles passos em qualquer lugar. Era a sua companheira. Ele sabia que não podia mais lutar contra isto. A noite anterior não permitia. Ele enfrentaria tudo o que fosse preciso para poder estar ao lado de Thera.

"Se sentindo melhor, Remus?"

"Muito melhor, obrigado por perguntar." Falou Remus olhando dentro do belo par de olhos violeta, antes de acrescentar timidamente: "Obrigado pela companhia noite passada."

Thera abriu um enorme sorriso. "O prazer foi todo meu."

"Foram seus poderes empáticos que me fizeram ficar tão manso noite passada?"

"Um pouco. Você ficou calmo por si mesmo, só usei meus poderes para me aproximar no princípio."

"É a primeira vez que fico calmo desta maneira nas noites de lua cheia. Mesmo tomando poção mata cão nunca fiquei tão manso."

"Sempre existe uma primeira vez para tudo. É a primeira vez que abraço um lobisomem também..."

Os dois se olharam por algum tempo, até que Remus reuniu coragem para perguntar algo.

"Neste final de semana haverá visita dos alunos à Hogsmeade. Será que a senhorita me daria a honra de sua companhia neste passeio?"

Thera ficou vermelha.

"Isto seria um... encontro?" Perguntou timidamente.

Remus assentiu: "Se você quiser chamar de encontro...."

"É a primeira vez que tenho um encontro. Eu nunca tive permissão para chegar perto de rapazes..."

"Eu entendo. Pesquisei muito sobre a profetisa de Ávalon e o que ela significa. Eu aprendi, nestas pesquisas, que é vedado a profetisa todo e qualquer contato com homens, apesar de eu achar que, depois da festa do casamento de Harry e Ginny e da noite passada, você esteja disposta a ignorar esta proibição."

"Sim, eu estou. Eu cresci ouvindo que eu nunca deveria ser tocada como uma mulher, que eu teria que me manter sempre pura para que nada interferisse no meu dom. Eu não entendo como surgiu esta proibição. A primeira profetisa de minha família foi Kassandra de Tróia, que é minha ascendente direta. Kassandra teve filhos, senão ela não estaria na linhagem de minha família como uma das matriarcas. E o dom nela era muito forte. Alguns séculos depois que surgiu esta proibição. Mas eu não quero isto para mim. Cansei de apenas obedecer. Minha presença aqui é prova disto. Eu nunca havia saído de Ávalon antes, pois sempre fui proibida de fazer isto. Convenci o conselho que era meu destino, o que é verdade. Eu vi Hogwarts e eu vi você nas minhas visões, Remus. Você e Hogwarts são meu destino. Eu quero ficar contigo, Remus. Quero ficar ao teu lado."

"Eu entendo isto perfeitamente, Thera, mas aviso que será difícil. Me disseste que pesquisaste lobisomens, estou certo?", a jovem mulher concordou, "Pois, nesta tua pesquisa, deve ter aparecido que um lobisomem só tem uma companheira pela vida inteira. Eu tenho sonhado contigo há meses, e quando te vi sabia que tu eras a companheira pela qual sempre esperei. Então descobri que tu pertencias a família Du Lac e, acima de tudo, que eras a profetisa. Então eu pensei que seria impossível te clamar como minha companheira."

"Impossível por que, Remus? Eu pensei muito no que sinto por ti, e conversei com algumas amigas tentando entender o que era isto que eu estava sentindo. E descobri que é amor. Eu te amo, Remus. Eu não me importo se sou a profetisa ou se tu és um lobisomem. Tudo isto são estereótipos. O que sinto quando estou perto de ti, o que sinto quando te toco, o que senti quando nos beijamos na festa de casamento, isto sim é real."

"Eu sei. Eu sinto a mesma coisa. O lobo em mim te quer como companheira, como a mãe dos futuros filhotes, que são o futuro da alcatéia. É quase impossível para mim, na lua cheia, não ceder aos instintos do lobo. Noite passada fiquei calmo, manso, pela primeira vez em muito tempo, e um humano pode chegar perto de mim sem sofrer nada. O lobo se sentiu seguro, mas também estava pronto para fazer o que fosse necessário para proteger sua fêmea. E eu, o homem, entendo isto perfeitamente. Há muito tempo aceitei que eu me apaixonei perdidamente por ti, Thera. Eu te amo como nunca pensei que fosse possível amar alguém. Não consigo me imaginar sem ti. E isto torna tudo mais difícil. Thera, para o Ministério da Magia eu sou uma criatura das trevas. Eles não me permitem ter relacionamentos estáveis, pelo menos não do jeito que tua família vai exigir, mesmo que eles concordem em permitir que a profetisa seja tocada como uma mulher por um homem. Nosso amor é proibido pelo Ministério da Magia e por Ávalon. Não consigo imaginar o que faremos para ficar juntos. Eu já pensei em sumir e te levar comigo, mas tenho certeza que eles virão atrás de nós, e eu não quero que tu vivas a vida inteira em fuga."

"Eu entendo. Também pensei nisto. A única solução que consigo encontrar é nós convencermos uma das duas parte, ou o Ministério ou Ávalon, a suportar nossa união. Se o Ministério nos der apoio, eu estou disposta a deixar meu passado para trás. Tenho certeza que não perderei meu dom por me apaixonar por alguém e querer ter um futuro com esta pessoa. Ávalon perceberá isto com o tempo e provavelmente acabarão nos aceitando, e minha família também. Se Ávalon nos der apoio, tenho certeza que serás bem recebido, Remus. Ao contrário daqui, as famílias de Ávalon tem sangues de tantas espécies nas linhagens que ninguém tem preconceitos contra pessoas diferentes. Minha família, mesmo, é proveniente de uma mistura de sangues e, mesmo sendo a mais antiga família puro sangue, temos mesmo alguns trouxas no início da linhagem. Existem mesmo amazonas na linhagem de minha família! Esta mistura primordial foi que concedeu todos os poderes que os hoje membros da família possuem, inclusive o da profecia."

Remus olhou fixamente nos olhos de Thera, vendo sinceridade e determinação nestes.

"Estás mesmo disposta a arriscar tudo o que sempre conheceste, a tua posição em Ávalon, a família e tudo que esta sempre te deu, por mim? Um lobisomem de quarenta anos e sem um único galeão em Gringotts?"

Thera o olhou séria.

"Eu não me importo com dinheiro. Sei que nunca vivi sem o conforto que meu dom me garantiu, mas não me importo com ele. Eu posso trabalhar, como estou fazendo agora. Pela primeira vez estou ganhando meu próprio dinheiro! E eu também não sou mais uma menina, pois já tenho meus trinta anos. Não vamos deixar isto nos separar, Remus, por favor."

Remus suspirou. Ambos queriam a mesma coisa e tinham previsto os mesmos obstáculos. Thera estava certa, eles poderiam fazer este relacionamento dar certo. Ele ia dizer isto a ela quando madame Pomfrey apareceu para ver como andava seu paciente. Thera deu um sorriso à Remus e se despediu, indo dar as aulas de depois do almoço.

*****

A semana passou rápida com todos os alunos eufóricos com a perspectiva do passeio a Hogsmeade no final de semana para a compra dos presentes de natal. Thera e Remus estavam sempre juntos conversando. Sirius percebeu que seu velho amigo parecia feliz como ele não o via desde o tempo dos marotos. O lobisomem parecia rejuvenescido e mais saudável do que nunca.

O sábado chegou rápido. Thera se olhou novamente no espelho arrumando o véu branco bordado sobre os longos cabelos prateados que lhe caiam as costas numa trança. Ela olhou novamente para o robe azul celeste que usava, seu melhor traje, se certificando que este lhe caía perfeitamente sobre o corpo. A jovem pegou sua varinha de freixo com crina da cauda de um centauro, que era excelente para predições, e sussurrou alguns feitiços de glamour, fazendo uma leve maquiagem aparecer. Novamente se olhando no espelho a jovem se convenceu que estava pronta para o seu primeiro encontro.

*****

Sirius estava se segurando para não rir do nervosismo de Remus ao se arrumar para o passeio de sábado em Hogsmeade. O lobisomem experimentara cada traje que tinha três vezes e se olhara no espelho. Felizmente ele não tinha muitos trajes.

"Como estou, Padfoot?" Perguntou quando finalmente se decidiu por um traje marrom.

Sirius fez de conta que examinava o nervoso amigo.

"Não sei. Eu acho que marrom definitivamente não é sua cor, Moony."

Remus começou a se desesperar.

"E agora? Este é meu melhor robe."

"Para que tanto nervosismo, Moony? Me pareces um adolescente se arrumando para o seu primeiro encontro.", Sirius viu Remus ficar vermelho e abaixar a cabeça e arregalou os olhos ao entender a situação, "Me diga que estou enganado, Moony, por favor! Me diga que este não é seu primeiro encontro!"

"É meu primeiro encontro sim, Padfoot." Falou o encabulado lobisomem.

Sirius começou a rir com tanta força que quase caiu no chão.

"Eu não acredito! O velho Moony nunca teve um encontro! Agora só falta me dizer que é virgem...", ao ver a expressão de Remus, Sirius compreendeu que isto era verdade e começou a rir mais forte ainda.

"Vamos nos concentrar no problema do meu robe, Padfoot, por favor." Pediu o vermelho lobisomem.

"Mas é claro! Agora que sei deste teu probleminha, o conselheiro para assuntos amorosos Padfoot vai te dar toda a ajuda possível para resolvê-lo o mais rápido o possível. Ainda bem que a beldade de olhos violeta parece disposta a colaborar e..." Sirius não conseguiu terminar de falar antes de um irado Remus o olhar ameaçadoramente.

"Me escute bem, Padfoot, pois só vou avisar uma vez. Eu quero todo o respeito do mundo para com Thera. Ela é minha companheira destinada e eu quero fazer tudo da forma mais correta o possível. Isto inclui esperar para fazer todo e qualquer avanço depois que nós estivermos com nossa união aprovada. Então nada de piadas e brincadeiras neste sentido."

"Calma, Moony! Você acabou de me lembrar de Snape com esta atitude. E quanto a esperar para fazer avanços, isto inclui beijos? Senão esta parte já não deu certo, se contarmos com o beijo na festa de casamento do Harry."

Remus se acalmou um pouco.

"Desculpe, Sirius, mas sempre que Thera aparece em uma conversa eu perco o controle. A minha necessidade de protegê-la é muito grande. E eu acho que beijos não contam quando falo de avanços."

"Então vamos deixar isto de lado. O velho Padfoot aqui vai te ajudar a ficar bem bonito para a tua profetisa, meu amigo." Com isto Sirius pegou sua varinha e a apontou para Remus, murmurando alguns feitiços para modificar o traje deste. Em pouco tempo o lobisomem vestia um traje marinho que parecia novo.

"Ficou muito bom, Padfoot. Que feitiços são estes?"

"São uns truquezinhos que aprendi nos últimos meses para utilizar na megera de língua ferina que é prima da sua companheira, Moony. Claro que eu sempre dou asas a minha imaginação e prefiro transformar as roupas dela em algo mais... emocionante."

Esta foi a Remus de rir um pouco. Estavam explicados os trajes aberrantes que Morgan usara durante a semana. O lobisomem terminou de se arrumar rapidamente e foi buscar sua profetisa.

*****

A caminhada até Hogsmeade fora rápida. Remus e Thera fizeram o trajeto de mãos dadas enquanto observavam Sirius e Morgan discutindo um pouco a frente deles e Rolanda arrastando um emburrado Severus. Todos alunos acima do terceiro ano se encontravam na cidade, lotando as lojas. A Dedosdemel e a Zonko's eram as mais cheias, além do Três Vassouras, onde os estudantes faziam fila para provarem uma cerveja amanteigada.

Os seis foram aos Três Vassouras para o almoço, onde se sentaram nas mesas reservadas aos professores de Hogwarts. Vários deles já estavam lá, alguns acompanhados.

Harry e Charlie começaram a interrogar Remus sobre Thera, deixando o lobisomem novamente encabulado, para a diversão deles e de Sirius. Severus observava a todos discretamente, dando sorrisos diabólicos cada vez que Sirius e Morgan começavam a discutir por algo.

"Vocês dois me lembram de Ron e Hermione na escola. Eles não paravam de discutir por um segundo.", disse Harry a seu padrinho e a professora de Duelos, "Aposto que estas brigas de vocês ainda vão resultar em casamento..."

"EU! CASANDO COM ESTA MEGERA MIMADA?"

"EU! CASANDO COM ESTE IDIOTA CONVENCIDO?"

Gritaram Morgan e Sirius ao mesmo tempo, fazendo todos os presentes rirem. Muitos alunos arregalaram os olhos ao ouvirem as risadas de Severus, pensando em quem seria o coitado que iria sofrer a ira do professor de Poções, pois a risada deste era demoníaca.

*****

Thera ria junto com os colegas das brigas de sua prima e Sirius quando sua visão ficou borrada. Pouco depois ela não via mais o ambiente do Pub, mas sim as ruas de Hogsmeade.

....seres de preto, mascarados, aparatando na cidade....

...maldições sendo lançadas, gritos....

....crianças, estudantes, caindo, imóveis....

...morte...

A jovem voltou a si com Remus a amparando.

"O que aconteceu, Thera?" Perguntou o preocupado lobisomem.

Thera rapidamente se sentou e pegou as mãos de Remus com força.

"Temos que tirar as crianças da cidade agora! Eles vão atacar as crianças."

Isto atraiu a atenção de todos os professores.

"Foi uma visão, Thera?" Perguntou Morgan.

"Sim. Pessoas de preto, mascaradas, aparatando na cidade. Eles começaram.... começaram a matar as crianças. Temos que tirar todas daqui, levando-as para Hogwarts."

O grupo de professores e acompanhantes se pôs rapidamente em ação. Ninguém duvidou do que ouviu. A jovem era a profetisa de Ávalon e os avisos dela sempre tinham valor.

*****

Severus levantou rapidamente e começou a ordenar aos alunos presentes no Três Vassouras que corressem de volta à escola, levando todos os outros colegas que encontrassem no caminho. Os outros professores correram porta afora, todos de varinhas em punho, para procurarem os alunos nas outras lojas e despachá-los de volta a Hogwarts, além de avisarem os habitantes de Hogsmeade do provável ataque.

Ele não acreditava que o pesadelo do qual escapara há tão pouco tempo estava de volta. O mestre de Poções saiu do pub e começou a apressar os alunos que estavam nas ruas na direção da escola, sempre atento a qualquer aparatação inesperada. Ele mal percebia Rolanda ao seu lado também de varinha em punho.

Foi neste momento que Severus ouviu o barulho de várias aparatações ocorrendo ao mesmo tempo. Muitos homens mascarados vestidos de preto começaram a aparecer nas ruas de Hogsmeade. Os estudantes que ainda não haviam corrido para Hogwarts começaram a gritar. Severus segurou firme sua varinha mirando no atacante mais perto dele.

"ESTUPEFAÇA!" Gritou o mestre de Poções. Ele pode ouvir Rolanda gritando o mesmo feitiço às suas costas. Um pouco mais abaixo na rua ouvia-se Harry Potter gritando feitiços que criavam barreiras ao redor dos estudantes, protegendo-os das maldições.

"IMPEDIMENTA!" Ouviu-se o grito de Ginny Potter, bloqueando um ataque.

Snape não tinha tempo para analisar nada. Os professores de Hogwarts e os outros adultos formaram um círculo ao redor dos alunos que ainda estavam na cidade, os protegendo dos ataques. Podia-se ver uma marca negra nos céus de Hogsmeade. Uma marca diferente da de Voldemort, mas ainda anunciando o que ali ocorria.

Neste instante Severus ouviu o terrível grito de "CRUCIO!" e ouviu um grito de dor perto de onde estava. Grito este que foi logo seguido por outro.

*****

Minerva McGonagall estava sentada no seu escritório em Hogwarts olhando pela janela em direção a Hogsmeade. Foi quando viu uma comoção vindo em direção aos portões da escola. Olhando com cuidado ela viu os alunos que visitavam o povoado chegando correndo. Foi quando olhou para cima e viu a marca negra nos céus da cidade.

"Isto não pode ser verdade..... O lorde negro está morto..." Ela começou a balbuciar. A diretora saiu do seu estupor e correu em direção a lareira, pegando um pouco de pó de flu de um jarro.

"Ministro Weasley!" Gritou a bruxa à lareira.

Logo o rosto de Arthur Weasley surgiu.

"Minerva! O que aconteceu?" Perguntou ao ver o pavor nos olhos da diretora.

"A marca negra está sobre o céu de Hogsmeade! E as crianças estão lá!"

"Pela Deusa! Estou mandando os aurores, Minerva." E o rosto de Arthur Weasley sumiu. A diretora saiu então correndo de seu escritório em direção à enfermaria gritando por Poppy Pomfrey, que apareceu pouco depois. A medibruxa ficou horrorizada ao ouvir a diretora contar sobre o ataque que estava ocorrendo e começou a preparar a enfermaria para aqueles que fossem feridos.

Depois de avisar Poppy, Minerva correu para a porta principal, onde encontrou Titus apressando os alunos que chegavam a entrarem no castelo e os contando para ver quantos ainda não haviam retornado. Logo outros professores que não haviam ido até o povoado chegaram ali também.

"O que aconteceu?" Perguntou a diretora a uma monitora de Ravenclaw que entrava neste momento. A garota a olhou por alguns instantes, se acalmando um pouco, antes de responder.

"Eu não sei. Eu estava no três Vassouras com alguns amigos quando, de repente, todos os professores levantaram da mesa onde estavam com as varinhas em punho. O professor Snape foi até nós e nos mandou corrermos para cá o mais rápido que conseguíssemos, trazendo todos os colegas que encontrássemos no caminho. Quando eu sai, vi que os outros professores correram para as outras lojas mandando os alunos voltarem para cá. Eu corri e, quando olhei para trás, vi a enorme marca nos céus." Disse a garota antes de começar a chorar de nervosa.

Minerva apertou a mão dela antes de correr porta afora seguida pelos professores remanescentes.

"Vamos lá ajudar!" Falou a professora Sinistra.

"Não!", disse Minerva, "Precisamos ficar aqui e proteger os alunos que estão na escola caso o ataque chegue até aqui."

*****

Sirius lançava feitiços para todos os lados, numa graça de movimentos que pareciam um bailado, com perfeita harmonia entre defesa e ataque, tentando proteger o grupo de alunos reunidos às suas costas. O antigo maroto só conseguia pensar que a paz nunca iria chegar. Cada vez que eles achavam que estava tudo bem acontecia algo para destruir a harmonia alcançada a duras penas.

'Quem serão eles?', se perguntava o animago, 'achei que havíamos pego todos os cupinchas de Voldemort.' Mas ele não tinha tempo para pensar nisto. Se ele se desconcentrasse poderia ser atingido.

Foi quando um grito atraiu a atenção de Sirius.

*****

Morgan estaria mostrando a seus alunos, se algum deles não estivesse tão apavorado com o que acontecia para prestar atenção, porque ela era a professora de Duelos. A jovem não hesitava antes de atingir qualquer oponente com feitiços certeiros. Mas a preocupação dela ia além dos alunos. Ela estava preocupada com Thera. Ela vira a prima sair do Três Vassouras segurando a varinha pronta para lutar, mas Thera nunca enfrentara uma luta na vida!

Morgan tinha certeza que Thera não sabia um único feitiço ofensivo, e provavelmente não sabia os defensivos também. A prima fora treinada, desde muito pequena, nas artes da Adivinhação e Profecias. Thera provavelmente só sabia feitiços inofensivos.

A mestra de Duelos nocauteou outro oponente quando ouviu uma das maldições imperdoáveis sendo lançada. Então dois gritos de dor se sucederam: um por causa da maldição, o outro por ver quem fora atingido.

*****

Remus correu até a Dedosdemel depois do aviso de Thera e mandou os alunos que lá estavam correrem para a escola. Ele ia indo para outra loja quando viu Thera exatamente atrás de si.

"Thera, vá com os alunos para Hogwarts agora." Lupin pediu a profetisa.

"Não vou. Eu já disse que meu lugar é ao teu lado."

"Mas você sabe lutar?" Perguntou o preocupado lobisomem, antes de acrescentar: "Eu não quero te ver ferida."

"Eu nunca participei de um combate, mas tenho certeza que vou poder ajudar. Eu não posso deixar que minha visão se concretize. Todas aquelas crianças caídas no chão, mortas...."

Remus sentiu que perdeu a discussão neste instante.

"Então fique do meu lado e não se afaste dele por nada. Eu vou te proteger."

Foi quando os atacantes aparataram no povoado.

*****

Thera fazia o melhor possível para ficar ao lado de Remus, como este havia dito. A jovem estava dando o melhor de si para lembrar de algum feitiço que ajudasse na luta. Ela podia sentir a tensão de Remus através de sua empatia, enquanto este dava tudo de si para proteger as crianças, a ela e a si mesmo.

Neste momento a profetisa viu, com o canto do olho, um mascarado apontar a varinha para Remus, que lutava com outra pessoa, e gritar "C RUCIO!" Thera não pensou duas vezes antes de se atirar no caminho da maldição, e pouco depois tudo o que ela conhecia era dor. Dor como nunca havia sentido antes. Ela não pode evitar gritar em agonia antes de cair no chão, meio desacordada.

*****

Remus ouviu a maldição cruciatus sendo lançada e pouco depois ouviu um grito de dor. O grito de dor de Thera. Foi como se seu mundo começasse a se mover em câmera lenta enquanto ele se voltava e via sua companheira caindo no chão, suas feições marcadas pela dor terrível da maldição. Foi quando tudo ficou vermelho para Remus. Ele só conseguia pensar em proteger Thera. Ele sentiu o lobo dentro de si se libertando, os instintos deste dominando sua mente e sentidos.

"THERA!" Remus gritou antes de se lançar em cima do atacante mais próximo com toda a velocidade, agilidade e ferocidade que sua maldição lhe garantia.

*****

Morgan ouviu Remus gritando o nome de sua prima e soube que esta fora atingida pela cruciatus. A jovem sentiu sua atenção se dividindo entre a batalha e a preocupação por Thera.

Esta distração foi tudo o que outro atacante precisou para lançar a maldição cruciatus nela.

Morgan se preparou para a dor que ela sabia ser inevitável quando se sentiu sendo jogada no chão.

*****

Sirius ouviu o grito de Remus. Um grito que ele nunca havia ouvido antes. O animago rapidamente nocauteou o adversário com o qual lutava e se virou rapidamente para ver o que acontecia com o amigo. Foi quando percebeu Morgan perto de si e a maldição cruciatus sendo lançada nela. Sirius sentiu uma urgência dentro de si e se lançou contra Morgan, a derrubando no chão fazendo com a que a maldição imperdoável errasse seu alvo.

"Você!" Foi tudo o que a jovem disse.

"Não precisa me agradecer. Falamos disto depois. Temos mais o que fazer no momento." Com isto ele levantou e lançou um feitiço defensivo que formou um escudo diante deles bloqueando outras maldições, enquanto Morgan levantava e logo se engajava em outro combate.

*****

Severus nunca havia ouvido tanta dor em uma voz quanto ouvira na de Remus quando este gritara o nome de Thera. Com o canto do olho o vice-diretor percebeu a profetisa caída no chão, em dor, e o lobisomem se atirando contra os atacantes ferozmente, sem sua varinha. O ataque de Remus pegou a todos inesperadamente e Severus aproveitou e começou a tentar nocautear todos os que conseguia, com Rolanda protegendo sua retaguarda.

Seu olho pegou outro movimento inesperado e ele viu Potter também se lançar com os punhos em cima de outro mascarado que tentava ferir Ginny.

Neste instante foram-se ouvidas mais aparatações. O mestre de Poções não sabia como eles iriam se defender contra mais oponentes quando percebeu que os mascarados com quem lutavam começaram a desaparatar, levando consigo os que haviam sido nocauteados. Foi quando percebeu que os recém-chegados eram do esquadrão de aurores do Ministério da Magia. Neste momento Snape sentiu a tensão dentro de si começando a baixar.

"Você está bem?" Perguntou à Rolanda, que assentiu. Então eles começaram a checar os alunos, vendo se todos estavam bem. Alguns haviam sido atingidos por alguma maldição ou por estilhaços de vidros quebrados, mas eram todos ferimentos leves.

Neste instante Severus agradeceu que o grupo de professores que ali estava fosse todo tão bem treinado em técnicas de combate, depois de tanto enfrentarem Voldemort.

Olhando para os professores, ele viu Granger no chão, sendo amparada por Victor Krum que viera vê-la naquele dia e havia se juntado a eles na luta, e por Ron Weasley, que acabara de chegar com o esquadrão do ministério. Krum tinha um braço sangrando, mas não parecia preocupado com este.

Em outro lado Potter ajudava a esposa a levantar. Os dois tinham alguns cortes pelo corpo e as mãos de Potter estavam inchadas dos socos que ele distribuíra no homem com quem lutara.

Penny Weasley estava parada no meio dos alunos, examinando os ferimentos destes, ajudada por alguns bruxos do ministério.

Foi quando outra comoção atraiu a atenção de Severus. Alguns aurores, junto com Black e a Du Lac sabe tudo, tentavam lentamente se aproximar de Thera, para socorrê-la, sendo impedidos por Remus.

Severus nunca vira Lupin daquela maneira. O homem civilizado com quem trabalhava havia sido substituído por um animal. Neste instante o mestre de Poções soube que Lupin estava completamente fora de si, que o lobo dentro dele o havia dominado.

O lobisomem andava de um lado para outro na frente da profetisa caída, agindo como qualquer outro animal agiria para proteger sua fêmea. Snape observou Black tentar se aproximar para acalmar Lupin, mas este rosnava para o amigo.

Então Severus soube exatamente o que fazer. Ele levantou a varinha e a apontou para Lupin: "ESTUPEFAÇA!"

O feitiço atingiu Lupin, mas não o nocauteou, como deveria ter acontecido. O lobisomem era muito forte para o feitiço.

"Snape! Por que você o atingiu?" Um Sirius indignado marchou em direção ao vice-diretor.

"Alguém terá que acalmá-lo se quisermos chegar na senhorita Du Lac, e você, pelo que vi, não estava tendo sucesso."

Sirius ia retrucar quando se ouviu uma voz.

"Remus...."

Thera havia acordado.

*****

Thera lentamente voltava a si sentindo todas as conseqüências da maldição em seu corpo. A dor por todo ele era incrível.

Ela abriu os olhos e viu Remus a sua frente, não deixando ninguém se aproximar. Ela podia sentir através de sua empatia que o lobo havia dominado o homem. Foi quando ouviu alguém gritando 'Estupefaça!' e o feitiço atingindo Remus, que baqueou mas continuou firme na frente dela, a protegendo.

Ela viu também os aurores se preparando para atingirem Remus. Ela soube neste instante que tinha que fazer alguma coisa.

Deixando todos os seus sentidos em aberto, a profetisa chamou seu dom empata e o focalizou completamente no homem que amava, antes de o chamar: "Remus....."

*****

Nenhum pensamento coerente se passava na cabeça de Remus. O lobo dentro de si tinha que proteger sua fêmea de tudo e de todos.

Ele não deixava ninguém se aproximar, andando à frente de Thera de um lado para outro, rosnando ameaçador. Foi quando sentiu algo o atingir. Seus sentidos foram afetados, como se o tivessem anestesiado, mas o lobisomem lutou contra isto, continuando a proteger sua companheira. Foi quando sentiu uma forte sensação de segurança, e ouviu o chamado "Remus..."

Neste instante finalmente a mente de Remus clareou, enquanto o lobo voltava a dormir. O professor de DCAT parou de andar e olhou ao redor, percebendo o que havia acontecido. Então ele deixou tudo de lado e correu para o lado da mulher que amava, a apanhando nos braços.

"Thera! Não te mexas, fique parada." E com isto a abraçou com força, antes de se afastar e capturar os lábios de Thera num beijo onde extravasava toda a sua preocupação e seu amor.

Morgan viu aquele beijo e esqueceu momentaneamente que sua prima fora atingida pela cruciatus. Ela só pensava que era vedado a Thera todo e qualquer contato com homens por ser a profetisa.

"Largue dela!" Ordenou a Remus, que a ignorou, continuando a sussurrar nos ouvidos da profetisa.

"Isto é contra a lei de Ávalon, eu já disse que é para largar Thera e ..."

"Ora, deixe-os em paz." Falou Sirius.

Morgan olhou para o animago com os olhos cheios de raiva.

"É contra a lei de Ávalon tocar a profetisa. Aliás, por que eu estou te explicando isto? Provavelmente não tens inteligência o suficiente para entender."

"Tenho sim. Eu tenho tanta inteligência que compreendo que os dois se amam e não estão nem aí para algumas leis idiotas, que proíbem as pessoas de seguirem seus corações."

"Não é uma lei idiota. É a tradição da ilha sagrada e...."

"Eu não estou nem aí para a tradição. Remus e Thera se amam e qualquer um pode ver isto. Mas o que eu esperava de uma professora de Duelos que se distrai durante um combate quase sendo atingida pela cruciatus? Se não fosse por mim, tu estarias no chão gritando de dor!"

"Eu não pedi para ser salva, seu arrogante e...."

Morgan não terminou o que ia dizer, pois neste momento Sirius a calou com um beijo. A professora de Duelos se entregou a este no início, sentindo a eletricidade que cruzava os corpos deles, antes de se afastar e dar um tapa bem forte no rosto de Sirius.

Todos observaram Morgan marchando raivosa para longe do animago e ficaram a olhar para Sirius.

"Estão olhando o quê?", perguntou este passando a mão no lugar onde Morgan o atingira, "Esta foi a única maneira que encontrei de faze-la ficar quieta, e vocês tem que concordar que funcionou."

*****

Minerva McGonagall se dirigia ao salão principal de Hogwarts, pronta para acalmar os alunos. Ela sabia que eles tiveram sorte. Nenhuma vida fora perdida naquele dia, e os poucos alunos que foram feridos mais gravemente estavam repousando na ala médica.

A diretora falou aos alunos de Hogwarts sobre o ataque, acalmando-os e garantindo-lhes que nada atrapalharia o ano letivo, que todos os professores estavam bem. Depois disto ela ordenou aos monitores que levassem todos para suas respectivas casas e que ninguém tinha permissão para sair depois do recolher, ameaçando com severa punição aquele que fosse encontrado perambulando nos corredores do castelo.

Quando todos os alunos saíram, Minerva se sentou em sua cadeira à mesa principal, respirando aliviada pela primeira vez desde que se iniciara o ataque. Eles tiveram sorte, muita sorte. Alguns minutos depois, Arthur Weasley e vários aurores entraram no salão, acompanhados por outros bruxos que Minerva concluiu serem do departamento de Mistérios. Os aurores estiveram até o momento revistando Hogsmeade, Hogwarts e a floresta proibida em busca de pistas sobre os atacantes.

"Acharam alguma coisa?" Perguntou a diretora.

"Não, absolutamente nada. Hoje tivemos sorte de não termos perdido ninguém." Respondeu o ministro.

"Sorte e o aviso de Thera. Se não fosse por ela teríamos perdido alunos e provavelmente professores também. Finalmente alguém que realmente é uma vidente..."

"Sim, devemos muito a senhorita Du Lac por hoje. E quanto aos professores, como estão?"

Minerva suspirou antes de responder.

"Alguns estão na enfermaria. Thera foi atingida em cheio pela cruciatus e Poppy disse que ela terá que ficar uns dois dias na cama, até passarem todos os efeitos. Remus está com ela. Poppy ficou horrorizada com os vários cortes que ele tinha, por ter se atirado em cima dos comensais sem sua varinha. Ela não sabe como ele chegou caminhando aqui, e trazendo Thera com ele, pois além dos cortes ele havia sido atingido por algumas maldições."

"Sim, eu fiquei sabendo dos dois e do que aconteceu com Remus durante o ataque. Terei que conversar com eles antes que este relacionamento vá muito longe. Existe o problema da legislação a respeito de lobisomens a qual Remus está sujeito."

"É verdade. Mas eu espero que algo possa ser feito, Arthur. É tão lindo vê-los juntos."

"Vou tentar, Minerva. E quanto aos demais?"

"Bem, Virginia tem uma concussão devido ao feitiço expulsatório que a atirou contra uma parede, além de outros ferimentos. Ela também levou alguns pontos na cabeça. Harry está com ela. Ele tem vários hematomas pelo corpo por causa da briga com o comensal que atacava Ginny. Hermione foi atingida pela cruciatus, além de ter muitas de suas energias drenadas pela barreira mágica que ergueu. Ronald está com ela, assim como Victor Krum, que teve um braço atingido por estilhaços de vidro e provavelmente não poderá jogar quadribol por umas duas semanas, segundo o que Poppy me disse. Acho que Harry terá este problema também, porque as mãos dele estão muito inchadas. Penelope, Charles, Sirius, Morgan, Severus e Rolanda escaparam do ataque apenas com alguns arranhões."

"É muito bom saber, eu estava preocupado."

"Isto é compreensível, Arthur. Você tinha dois filhos, duas noras e um genro na luta."

"Nem me lembre. Bem, vou reunir meus filhos e ir para Saint Mungos. Logo, logo teremos mais uma adição à família."

"Eu percebi que Charles partiu rapidamente depois daquela mensagem urgente que recebeu. Presumo que logo ele será pai. Dentro de alguns anos teremos novamente muitos Weasley estudando aqui em Hogwarts. Espero que eles não sejam como Fred e George."

Arthur deu uma gostosa risada ao ouvir isto e ver a expressão de Minerva. Então ele se despediu e foi, junto com seus familiares, ver como estavam Cho, Charlie e sua pequena família.

*****

Remus ignorava todos os seus ferimentos, ainda assustado com o que havia acontecido com ele durante o combate. Ele deixara o lobo vir a tona, esquecendo que era humano. Ainda bem que isto não acontecera em alguma noite de lua cheia, porque o lobisomem se lembrava muito vagamente de ter distribuído algumas várias mordidas quando enfrentara os comensais. Se fosse noite de lua cheia, ele teria passado sua maldição adiante, coisa que jurara nunca fazer...

Mas Thera o havia trazido de volta a razão. A voz dela surgiu como uma luz no final de um túnel, permitindo que sua mente novamente dominasse seu corpo. O antigo maroto sabia que nunca poderia viver sem sua amada depois disto.

Agora ele acompanhava Thera de volta aos aposentos dela, depois deles passarem dois dias na enfermaria. A jovem se recostava no seu braço, confiando nele como ninguém confiara antes. E esta era uma sensação maravilhosa.

Os dois entraram nos aposentos da profetisa e se sentaram no sofá, aproveitando o momento de privacidade. Eles estavam nervosos. Minerva lhes dissera que amanhã Arthur Weasley viria conversar com eles sobre o seu relacionamento. Esta conversa poderia trazer-lhes esperanças de aceitação ou poderia enterrar a esta de vez. Os dois se abraçaram e ficaram ali parados, buscando conforto e forças um no outro para enfrentarem o dia seguinte.

*****

Sirius andava de um lado para outro do lado de fora da porta que dava acesso ao escritório de Minerva. A diretora, Arthur Weasley, Remus e Thera estavam trancados lá dentro há mais de duas horas. O animago sabia que o resultado desta reunião era muito importante para seu amigo. Ele também sabia que Arthur era um bom e compreensível homem, além de excelente ministro. O patriarca dos Weasley com certeza entenderia o que Thera e Remus sentiam um pelo outro e, se alguém conseguisse achar um jeito de driblar a lei que regulamentava a vida de lobisomens, Arthur encontraria esta maneira.

Mas mesmo esta certeza não impedia Sirius de se preocupar. Ela sabia o quanto Remus sofrera por causa de sua maldição, e queria que o amigo fosse feliz.

Sirius resolveu extravasar sua ansiedade de alguma maneira e logo pensou numa brincadeira para aplicar em Morgan. Com este pensamento o animago foi até seu quarto pegar o que precisava e depois foi procurar a professora de Duelos.

*****

Morgan chegara da última aula de duelos da tarde louca por um bom banho. Ela rapidamente encheu a banheira, adicionou os seus sais de banho e se despiu, escorregando na água quente.

A professora de Duelos ficou por um bom tempo no banho, deixando seu corpo relaxar. Quando saiu, ela se arrumou para o jantar.

Morgan não entendia porque todos os alunos olhavam para ela no corredor. Ela se olhara no espelho antes de sair do quarto e estava tudo normal.

Quando ela entrou no grande salão, todos os presentes a olharam e então ela ficou desconfiada, ainda mais com o riso zombeteiro que Black exibiu. Mas se fez de desentendida e se sentou no seu lugar de costume. Então percebeu que ainda faltavam quatro pessoas à mesa: Minerva, Thera, Remus e o lugar extra devia ser para o ministro Weasley. Isto significava que a reunião deles durara toda a tarde. Como ela temia o resultado desta reunião. Se o resultado fosse bom, então sua prima iria quebrar toda a lei da ilha sagrada para seguir um sonho. Morgan não conseguia aceitar isto.

Neste instante a porta do salão se abriu mais uma vez para admitir os que estavam faltando. A expressão no rosto de sua prima dizia tudo. Morgan nunca vira tanta felicidade em um rosto.

Thera se acomodou na sua cadeira ao lado de Morgan e olhou para a prima.

"Por que você está brilhando?"

Neste instante Morgan descobriu o que estava fazendo com que todos no salão a olhassem. Ela fuzilou Black com o olhar, sabendo que este devia ser o responsável por isto, além de ter enfeitiçado seu espelho para que ela não percebesse no quarto. Morgan jurou se vingar dele na manhã seguinte.

*****

Remus iria olhou para Thera sentada no outro lado da mesa, louco para estar ao lado dela. Definitivamente eles teriam que mudar o arranjo dos lugares na mesa principal. O lobisomem estava surpreso que tudo houvesse sido tão fácil com o ministério. Arthur conversou com eles longamente, apontando tudo o que poderia acontecer se ele e Thera ficassem juntos, mas ambos estavam dispostos a encarar qualquer possibilidade. Então o ministro comunicara que encontrara uma abertura na lei que regulamentava lobisomens. Se a família Du Lac aprovasse o relacionamento de ambos, ninguém no ministério poderia fazer nada contra. A família Du Lac, mesmo não estando sobre a regência do Ministério da Magia e sim de Ávalon, tinha muitas leis dentro do ministério que a protegia. Leis milenares. Leis que não poderiam ser quebradas por nenhuma outra lei ou decisão. E uma destas leis dizia que ninguém poderia interferir quando um Du Lac encontrasse a pessoa a quem era destinado. Estes encontros favoreciam o fortalecimento da magia dentro da família, renovando-a quando necessário. Este conjunto de leis envolvendo esta família era praticamente desconhecido a não ser que se procurasse por ele, estando armazenado num livro conhecido como 'Protocolos Du Lac'.

Esta notícia trouxera esperanças a Remus e Thera, tudo o que eles teriam que fazer agora era convencer a família dela que eles eram destinados. E Remus tinha certeza que isto não seria uma tarefa fácil. Mas ele não desistiria sem tentar.

Ron e Hermione finalmente marcaram o casamento. Ele e Thera iriam a este antes de irem até Ávalon, enfrentar o conselho da ilha e a família dela. Então, se tudo desse certo, ele iria propor casamento a Thera.

*****

Remus procurava desviar do olhar de Morgan enquanto abraçava Thera dentro da carruagem que os levava para Ávalon. Eles haviam iniciado a viagem há dois dias, no dia seguinte ao casamento de Ron e Hermione. Eles iriam passar o Natal na ilha, ao invés de irem para a Toca, onde todos os Weasley, Harry e Sirius iriam se reunir.

Remus estava nervoso e sabia que Thera podia sentir isto através de seus poderes empáticos pela maneira que ela o abraçava. Desta visita dependia o futuro deles.

Depois de mais uma hora de viagem eles chegaram a ilha. Os três desembarcaram, enquanto a carruagem e as coisas deles eram levadas por um caminho secreto, e subiram no pequeno barco que fazia as travessias até a ilha.

Quando as brumas se abriram diante de Remus ele prendeu a respiração. O lugar era lindo! Podia-se sentir a magia que a ilha emanava em todos os lugares. Todas as casas eram de madeira e pedra e as duas grandes construções visíveis eram as academias Ávalon e Druídica. Outro prédio um pouco menor era avistado mais ao longe, a sede do Conselho da Ilha Sagrada. As árvores da floresta que estava em todos os lugares tinham uma aparência muito antiga, reverente. O lobo dentro dele queria correr entre aquelas árvores. Vendo a tudo isto, Remus entendeu perfeitamente porque chamavam Ávalon de Ilha Sagrada.

Remus seguiu silenciosamente o rapaz que o levava até o quarto de hóspedes da academia Druídica. Ainda era estranho para o lobisomem ver todos usando robes azuis. Remus sentou na cadeira e ficou olhando pela janela para a imponente floresta. Como ele queria que Thera estivesse ali com ele, mas pela tradição da ilha eles tinham que ficar separados.

Thera lhe dissera que ela iria enfrentar o conselho de sua família naquela tarde e, se sua família a ouvisse, entre os dois eles enfrentariam o conselho da ilha. Tudo o que restava a ele era sentar e esperar...

*****

Thera se sentava ereta e imponente perante os anciões de sua família, consciente de sua posição nesta como a profetisa. Ela utilizava o seu melhor traje. Morgan estava sentada numa das laterais da grande sala, em silêncio, como todos os Du Lac deveriam permanecer quando em presença dos anciões.

Todos escutaram o que Thera tinha a falar. Ela não escondera nada. Narrara sua primeira visão de Hogwarts e do lobo, sobre como este estava em seu destino. Narrara todas as sensações que sentira quando conhecera Remus, quando tocara Remus, quando beijara Remus... Narrara a sensação que teve, neste beijo, que eles já haviam se encontrado vezes sem conta antes, sempre se buscando em cada nova vida. Narrara como usara seus poderes para chegar até Remus em uma noite de lua cheia e sentira tudo o que este atravessava durante sua transformação. Narrara a aventura na floresta, em como ela dominara o lobo. Narrara o ataque a Hogsmeade e o que acontecera a Remus, e como ela havia conseguido traze-lo de volta. Narrara todas as suas conversas com o lobisomem, onde eles revelavam suas almas um ao outro.

O conselho da família escutara em silêncio. Nenhum deles se importava se Remus era um lobisomem ou não. A linhagem da família tinha origem em muitos seres diferentes. O problema era que Thera era a profetisa. Pela lei e pela tradição ela não poderia ser tocada como uma mulher por um homem.

Thera argumentara que a lei nunca cobrira toda a linhagem da família, pois Kassandra de Tróia, a primeira profetisa, tivera descendentes. Ela era uma destas descendentes. E suas visões eram claras ao mostrar Remus como parte de seu destino. Pela lei da Ilha Sagrada e pela tradição da família, nada poderia impedir a profetisa de cumprir aquilo que o destino dela ordenava.

Por mais de três horas se discutiu o assunto, com Thera sempre defendendo seu ponto de vista. Os antigos registros genealógicos da família foram trazidos. Nestes registros estavam assinalados o nascimento de cada profetisa. Foi-se confirmado, desta maneira, que as primeiras profetisas realmente tiveram descendência, sem perderem seus poderes por isto. A lei que regia a vida da profetisa foi examinada minuciosamente, provando que realmente a profetisa tinha que seguir o destino apresentado em suas visões. Finalmente a presença de Remus perante o conselho Du Lac foi requisitada.

Esta decisão surpreendera a muitos presentes. Era a primeira vez que alguém que não fosse membro da família tinha permissão para se apresentar perante o conselho.

Alguns minutos depois o lobisomem chegou. Ele procurou Thera rapidamente com o olhar, para se assegurar que ela estava bem. Este gesto não escapou do atento conselho, que começou a interrogar Remus.

O antigo maroto falou de seus sonhos com uma mulher de olhos violeta, de sua reação ao ver Thera pela primeira vez, das conversas que tiveram, sobre como o lobo reagira a ela no encontro na floresta e sobre como o lobo o dominara quando percebera que Thera havia sido atingida no ataque a Hogsmeade. Então Remus explicou como lobisomens estavam destinados a encontrarem uma única companheira por toda a sua vida, e como ele sabia que Thera era esta companheira. Novamente o conselho começou a discutir o que haviam escutado, decidindo que Remus falara a verdade.

Após muita deliberação foi perguntado a Remus se este seguiria a lei de Ávalon, se isto fosse necessário para que ele ficasse junto a Thera. O lobisomem prontamente concordou. Perguntaram então se ele concordaria em abdicar de sua posição em Hogwarts e se mudar para Ávalon como condição para ficar com Thera. Novamente Remus prontamente concordou. O conselho pareceu satisfeito com estas respostas, dispensando os dois jovens por duas horas, enquanto eles chegavam a um consenso.

Duas horas depois Remus e Thera se reapresentaram diante do conselho. O mais velho dos anciões se levantou e proclamou a decisão final do conselho: Remus e Thera tinham permissão para prosseguirem com seu relacionamento e com suas atividades em Hogwarts, desde que atendessem a cada chamado de Ávalon prontamente quando estes ocorressem. O conselho decidira que eles não tinham o direito de impedir que a profetisa seguisse seu destino, como claramente era o que ela estava fazendo. E com isto encerraram a reunião.

Remus e Thera não podiam acreditar que houvessem atravessado mais esta barreira. Agora só faltava o conselho de Ávalon, mas com a permissão do Ministério da Magia e da família Du Lac já garantidas, o conselho da Ilha Sagrada não poderia fazer nada para impedir que eles se unissem.

*****

Severus estava se sentindo nervoso como nunca se sentira antes e isto já o fizera gritar com um grupo de HufflePuffs, descontar pontos de Ravenclaw, dar detenções extras aos Gryffindors e expulsar um Slytherin da aula de Poções, coisa que ele nunca havia feito. E o nervosismo se devia ao fato que em uma semana ele seria um homem casado! Severus ainda não conseguia entender como Rolanda aceitara sua corte e posterior pedido de casamento, mas não podia negar que ele e a Gryffindor tinham a mesma paixão por aquilo que faziam, fossem poções ou aulas de vôo. E a professora de Vôo sempre trazia a tona o bom humor de Severus.

Os dois estiveram em Hogwarts na mesma época, apenas Rolanda estivera uma série abaixo. Os dois jogaram quadribol pelos times de suas casas. Rolanda fora a capitã de Gryffindor depois que James Potter se formou.

Severus se lembrou sobre como desgostava da atacante dos cabelos amarelo acinzentados, que marcavam os membros da família Hooch tal qual os cabelos vermelhos marcavam os membros da família Weasley. Mas ele não podia negar que ela sabia voar. O único que talvez voasse melhor do que ela, nos times da época, fosse Potter.

Quando Severus se formou, ele nunca mais viu a jovem atacante, ainda mais que foi quando se juntou a Voldemort.

Este fora o maior erro de sua vida! O mestre de Poções fora um jovem muito seguro de si ao terminar Hogwarts, sempre querendo mostrar seus conhecimentos e procurando por influência e poder. Isto o levou a se juntar aos Comensais da Morte, junto com muitos outros bruxos de sua geração.

Ele cometera atos abomináveis em nome do Lorde Negro. Atos pelos quais ele nunca encontraria redenção. Até que um dia ele finalmente percebera os erros que cometia e se atirara aos pés de Albus Dumbledore, pedindo por uma punição. Albus o recebera de braços abertos, terminando assim de quebrar toda e qualquer incerteza que o jovem pudesse ainda ter. Neste momento Severus chorara pela primeira vez em sua vida.

O diretor lhe ofereceu então o cargo de professor de Poções, além de confiança. E também ofereceu a oportunidade de se redimir trabalhando como espião. Fora o jovem Snape que informara a Dumbledore que Voldemort estava atrás dos Potter. Ele só nunca descobrira que Pettigrew era um Comensal também.

Depois da queda do Lorde Negro, Severus continuara em Hogwarts, tentando ensinar a beleza da arte de fazer poções a crianças que não queriam a aprender. As a marca negra ainda estava em seu braço, muito pálida, mal sendo visível, mas presente. Isto significava que Voldemort não estava morto. Então Severus teve que continuar interpretando o leal comensal da morte perante todos, principalmente os Slytherins, já que as famílias de muitos também eram comensais.

Então Harry Potter veio para a escola e posteriormente Voldemort renasceu. Depois de muita luta e muitas perdas, o Lorde Negro fora derrotado definitivamente.

Voldemort se fora, mas com ele também se foram Hogwarts e Dumbledore. Severus ficou e ajudou na reconstrução da escola, como ele sabia que Albus iria querer. O diretor sempre disse que educar as crianças era o mais importante. Severus Snape ficou sem palavras quando Arthur Weasley, agora o Ministro da Magia, o nomeara vice-diretor. Snape ainda achava que não merecia isto pelo que havia feito no passado.

Então ele começara a conversar com Rolanda....

Rolanda Hooch voltara a Hogwarts no ano seguinte ao que Severus assumiu o posto de professor de Poções. A professora de Vôo anterior morrera num ataque dos comensais ao Beco Diagonal e Rolanda era a melhor opção para o cargo.

Ela e Severus se falaram muito pouco através dos anos, mas depois que Potter viera para Hogwarts, os dois começaram a conversar mais seguidamente, principalmente sobre quadribol. Foi quando Severus percebeu que ele realmente gostava da companhia de Rolanda. Depois da batalha final e da queda de Hogwarts, Rolanda também ficara para ajudar a reconstruir. Foi quando os dois começaram a sair, no início para tomarem cerveja amanteigada. Até que uma noite Severus se enchera de coragem e beijara a fogosa professora de Vôo. Depois disto o relacionamento deles floresceu.

Quando Hogwarts estava quase pronta, Severus novamente se armara de coragem e pedira Rolanda em casamento. Esta aceitou a proposta, para imensa surpresa dele. Dele e de todos os que o conheciam.

E agora estava chegando o dia do casamento... Severus ainda tinha suas dúvidas se este iria mesmo sair, se ele estava mesmo pronto para se casar, se ele tinha mesmo condições de ter uma família.

Severus queria muito conversar com alguém, tentar suprimir suas dúvidas, mas a pessoa a quem ele iria estava morta. Albus Dumbledore dera sua vida pela escola e por seus alunos. Severus não tinha amigos fora de Hogwarts, e ele não conseguia se imaginar conversando com nenhum dos seus colegas de serviço. Pérgamo era filosófico demais, Filch e Titus não serviam para este tipo de conversa. Black – neste ele nem queria pensar. Charles Weasley também não era uma alternativa. Potter estava sempre em Hogwarts, até parecia que morava lá, mas também não era alguém com quem Severus pudesse se imaginar trocando confidências. Sobrava Lupin. Este poderia entender, mas Snape ainda estava com um pé atrás sobre se abrir com o lobisomem.

A solução era enfrentar o que viesse a acontecer. Ele já fizera coisas mais perigosas do que isto, principalmente espionar Voldemort. Com certeza ele poderia sobreviver a um casamento.

*****

No dia dos namorados todos os alunos receberam a notícia de que não haveriam aulas naquele dia e que uma enorme festa estava sendo preparada no salão principal.

Enquanto os estudantes aproveitavam, o grupo de professores se reunia nas masmorras para celebrar a união de Severus Snape e Rolanda Hooch dentro da lei dos bruxos. Minerva coordenou a pequena cerimônia. Todos os professores estavam presentes, além de algumas pessoas relacionadas ao corpo docente, como era o caso de Harry Potter e Ron, Percy e Cho Weasley. Severus estava torcendo o nariz à presença de Sirius Black no seu casamento, mas concordou com o pedido de Rolanda, que fora colega de Black no time de quadribol de Gryffindor nos seus tempos de escola. O animago era um dos batedores.

Os presentes fizeram o tradicional circulo, cada um com uma vela nas mãos. Os noivos se postaram no meio, Rolanda deslumbrante em um robe púrpura e Severus usando o tradicional robe preto, feito especialmente para a cerimônia.

Como nenhum dos dois noivos tinha familiares ainda vivos, os amigos supriram os papéis destes na apresentação dos noivos aos presentes. Flora Sprout atuou como parente de Rolanda. As duas eram boas amigas desde que a jovem Hooch começara a dar aulas de Vôo.

Para a surpresa de todos, Remus Lupin foi o escolhido por Severus para representar sua família. Lupin e Sprout também foram os padrinhos do casamento. Severus sempre quis que Albus tivesse esta honra, mas a guerra não permitiu isto....

Depois de trocados os votos dos noivos e das bênçãos rituais haverem sido proclamadas, Thera abençoou o casal em nome da Deusa Mãe, conforme era feito pela crença antiga.

Terminado o ritual, Percy Weasley trouxe o livro de registros do ministério, onde os noivos assinaram, tornando seu casamento indissolúvel perante a sociedade mágica.

A festa foi diferente da do casamento de Harry e Ginny Potter. Não houve os tradicionais arremessos da liga e do buquê porque os noivos optaram em se casar em trajes bruxos. Rolanda apenas utilizara a tradicional coroa de flores de laranjeira sobre seus cabelos.

Brindes com champanhe e licor de cereja foram levantados em honra aos noivos. Um fotógrafo contratado batia algumas fotos para serem guardadas como lembrança da ocasião, apesar dos protestos de Severus contra estas.

A suave melodia de uma flauta e de uma harpa anunciava a dança tradicional dos noivos, que foram acompanhados pelo olhar atento dos convidados, antes destes também se reunirem à dança.

*****

Remus segurava Thera contra si enquanto eles deslizavam na cadência da suave melodia. O lobisomem pensava fascinado que nunca imaginara uma festa acontecendo nas masmorras. A mulher em seus braços também o fascinava. Remus ainda não acreditava que conseguira a autorização para a união deles. A permissão do Ministério da Magia chegara a pouco, sendo entregue pessoalmente por Percy Weasley. Agora tudo o que Remus tinha que fazer era perguntar a Thera se ela aceitava ser sua esposa, sua companheira por toda a eternidade. O único problema era que ele não sabia como fazer isto.

Mas o dia dos namorados parecia ser a data perfeita para isto!

Remus pensou um pouco, decidindo o que fazer a seguir. Por fim, ele resolveu levar Thera para fora das portas do castelo, apesar de ainda haver neve, pois ele não considerava romântico pedi-la em casamento dentro das masmorras de Hogwarts. Apenas Severus conseguia achar aquelas masmorras românticas o bastante para casar-se ali e morar ali com Rolanda.

'Bem, cada um com sua mania...' pensou o lobisomem ao lembrar de Severus.

Quando terminou a música, ele conduziu Thera para fora da pista de dança. Os dois ficaram ali parados conversando um pouco antes do professor de DCAT convidar sua amada para um passeio.

Os dois subiram as escadas que davam acesso a parte principal do castelo. Ali Remus conjurou as capas de inverno dos dois, antes de levar Thera para o lado de fora.

******

O cenário de Hogwarts no inverno era lindo! Isto Thera não podia negar. Apesar de a noite estar escura, pois a lua estava no seu minguante, podia-se ver bem ao redor com o céu sem nuvens. Fofos montes de neve branca podiam ser vistos em vários lugares, cobrindo o chão, o castelo, as estufas e as árvores. O lago reluzia sob o luar, completamente plácido. Era uma visão magnífica.

Ver Remus caminhando ao seu lado, segurando seu braço, também fazia o coração de Thera se aquecer. Ela nunca pensou que alguém a completaria tão bem quanto o lobisomem a completava.

A profetisa deixou Remus conduzi-la até estarem debaixo de uma árvore à beira do lago. Neste instante Remus se voltou para ela e a olhou bem dentro dos olhos.

"Thera, não ficarei aqui falando coisas sem sentido, mas eu gostaria de dizer que desde que entraste na minha vida, trouxeste uma luz a esta que há muito tempo eu procurava. Como te disse uma vez, lobisomens tem apenas uma companheira por toda a sua existência. E tu és a minha. Tu me aceitaste como sou, como homem e como fera. Agora quero te pedir mais uma coisa..."

Thera olhou bem para Remus, imaginando o que este poderia querer.

"Thera Du Lac, profetisa de Ávalon, darias a honra, a este humilde professor, de aceitares ser minha companheira pela vida inteira, minha esposa?"

Thera levou alguns segundos para processar o que havia acabado de ouvir. Remus a estava pedindo em casamento! Ela, que nunca esperou casar-se devido ao seu dom, estava sendo pedida em casamento pelo homem de seus sonhos.

"Sim, Remus, é claro que SIM!"

A jovem mulher deu ao lobisomem um forte abraço, que este devolvera com vontade, antes de buscar os lábios dela num beijo apaixonado. Algum tempo depois os dois quebraram o beijo e começaram a retornar para dentro do castelo, abraçados, voltando para a festa para contar aos demais sobre o seu enlace.

Bem, chegamos ao final de outro capítulo, onde aconteceram muitas coisas.

Antes que alguém pergunte, quero deixar claro que para efeitos deste fanfic e do fanfic 'Reencontros', Rolanda Hooch tem 39 anos, um ano a menos que Severus, Sirius e Remus. Acho que agora expliquei como ela terminou junto a Severus. Eu e a Andrea pensamos muito quando começamos a escrever sobre com quem deixaríamos Severus. Bem, já havíamos criado Thera e Morgan, então não iríamos inventar outra bruxa especialmente pro mestre de poções. Bem, por eliminatória, chegamos na madame Hooch. Nós a achamos extremamente simpática e que ela era exatamente aquilo que Severus precisava.

Obrigada a todos os que revisaram e aos que estão lendo estes dois contos nos quais eu e a Drea, minha mana do coração, temos trabalhado. Eu iria citar o nome destas pessoas, mas infelizmente enquanto estou escrevendo estas linhas, a fanfiction.net está fora do ar, então não tenho como buscar a relação de revisores.

Mas eu desejo a todos uma boa leitura, e deixem a mim e a Andrea sabermos da opinião de vocês, ela é importante para o desenvolvimento deste trabalho. E fiquem esperando pelo capítulo cinco de Encontros: Entre Tapas e Beijos!