Capítulo Sete – O Faro do Lobo
Remus olhou para fora da janela de seu escritório. O registro de seu diploma, exposto dentro da bela moldura que Thera lhe dera no natal, se destacava em uma parede. Vários alunos, principalmente os Gryffindors, ficaram muito contentes com o novo título de seu diretor.
O lobisomem sentia seus sentidos ficando mais aguçados. O lobo dentro de si estava mais forte com a proximidade da lua cheia. Em mais três dias novamente sua transformação aconteceria.
Remus pensou em suas transformações depois de seu casamento. Na primeira ele e Thera estavam em Ávalon.
Como fora bom correr por entre as árvores da floresta sagrada da ilha. O lobo nunca se sentira tão solto, tão livre. A melhor parte fora voltar para perto do alojamento de hóspedes utilizado por ele e seu esposa, um pouco antes da lua se pôr, e encontrar Thera o esperando com uma muda de roupas nos braços. Sua esposa o ajudara a se vestir e a chegar nos aposentos deles onde já havia uma medibruxa esperando.
Nas transformações seguintes ele e Thera estavam em Hogwarts. Em algumas noites, o lobo saia correndo pela floresta proibida. Sempre que ele retornava, a profetisa o estava esperando na porta da escola com uma muda de roupas nos braços. Algumas vezes, quando o lobo voltava mais cedo, ela o guiava para dentro dos aposentos deles, onde Remus se transformava. Thera então o ajudava a se vestir e a chegar até a cama, onde esperavam pela chegada de Poppy Pomfrey pela manhã para verificar como estava Remus.
Em outras noites, o lobo Remus não saia do quarto. Ele observava Thera se sentando numa confortável poltrona antes de ir apoiar sua cabeça no colo dela. Então a profetisa começava a afagar o lobo. Conforme a noite avançava, Thera ia se deitar na grande cama de casal enquanto Remus, por sua própria insistência, se enroscava no tapete da frente da lareira.
O antigo maroto nunca pensou que pudesse ansiar por suas transformações mensais. Ele ainda sofria toda a dor que estas proporcionavam, mas não se preocupava mais em perder sua mente para a fera. A poção Mata-cão, que Severus mensalmente lhe fornecia, evitava isto. E agora ele tinha sua bela esposa que o esperava depois de noites na floresta ou lhe fazia companhia em noites no castelo. E, sem dúvida alguma, ele preferia a companhia dela à de Padfoot.
*****
Thera acabara de dispensar seus alunos, quartos anos Hufflepuff, de mais uma aula de Adivinhação. Finalmente todo o trabalho que ela tivera reformulando o currículo da disciplina em Hogwarts e retirando o desnecessário e ineficaz deste começara a dar resultados. Seus alunos não perdiam mais tempo inventando seus deveres de casa de Adivinhação. Muitos já utilizavam as técnicas de meditação aprendidas com ela como uma forma de relaxar as tensões diárias e aumentar a concentração. Mesmo que muitas das crianças jamais conseguissem prever qualquer evento futuro, por não terem o dom da Visão dentro de si, elas poderiam utilizar outras coisas que aprenderam durante a sua vida.
A profetisa olhou para o grande calendário estrelar que mantinha na sala de aula. Na próxima noite seria lua cheia.
Thera, particularmente, passara a detestar as luas cheias no último ano. Não que a noite não fosse bonita nem repleta de energias mágicas. Ela não podia negar isto. Mas a lua cheia significava que Remus ia se transformar no lobo.
A jovem amava seu marido intensamente, mesmo quando ele tinha, como Severus tanto gostava de dizer, pêlos, garras e presas. Não era por ver seu marido na forma de lobo que ela detestava a lua cheia. Ela a detestava por significar que Remus ia sofrer muito duas vezes durante a noite.
Thera sentira a dor da transformação no ano anterior, quando realizara o feitiço que lhe permitira ver Remus pela primeira vez na forma de lobo. Ela sentira tudo o que seu amado sentira, inclusive a dor das transformações. A profetisa não conseguia imaginar nada que se comparasse com esta dor. Ela sentira como se todos os seus músculos se partissem de uma só vez, como se todos os seus ossos se quebrassem ao mesmo tempo. Nem mesmo a maldição Cruciatus lhe parecera tão dolorosa. E ela só sentira a dor na sua forma espiritual, não no seu corpo.
Thera não conseguia entender como Remus conseguia atravessar as transformações todos os meses duas vezes na noite da lua cheia. Mas ela sabia que era inevitável, não havia como impedir que o lobo aparecesse. Então ela se resignara a tentar fazer o resto destas noites o mais confortável o possível para ele. Claro que ela não gostava que Remus insistisse em deitar no tapete da frente da lareira enquanto lobo, mas ela ainda não conseguira convence-lo a vir dormir na cama. Então tratara de arranjar um tapete bem felpudo para que o lobo ficasse bem confortável, além de algumas almofadas.
Thera abriu um sorriso. Na próxima noite ela faria o lobo Remus vir dormir na cama. Ela ainda não sabia como, mas faria isto.
*****
Sirius abriu discretamente a porta do quarto de Morgan. Ele já era especialista em adivinhar as senhas que a professora de Duelos utilizava.
Rápido e silenciosamente ele começou a andar pelo quarto, abrindo as gavetas do guarda-roupa, até encontrar as peças que procurava. Ele as apanhou e deixou o quarto tão discretamente quanto entrara, suas presas dentro do bolso do robe.
*****
Morgan dispensou seus sétimos anos Ravenclaw e os acompanhou até o grande salão para o jantar. Esta era a sua turma que terminava mais tarde, bem no horário da refeição, impedindo que ela tomasse um bom banho para relaxar depois de passar boa parte do seu dia tentando ensinar aos alunos como segurar as varinhas apropriadamente para um duelo, como erguer um escudo mágico forte o suficiente para bloquear maldições, como desarmar seu adversário o mais rápido o possível.
A professora de Duelos entrou no salão e sentou na sua cadeira depois de verificá-la para ver se não havia nenhum logro escondido nesta. Rapidamente ela começou a conversar com Darius Alfarrabios, que estava sentado a sua direita.
Todos no salão já estavam jantando quando um grande balão vermelho surgiu no meio do salão, flutuando alto. Conforme os estudantes iam percebendo, eles iam chamando a atenção dos seus colegas para o grande objeto. Logo, logo o burburinho entre os alunos chamou a atenção dos professores, que seguiram a direção do olhar deles e viram o balão. De repente, o objeto em questão começou a piscar e explodiu!
Muitos estudantes gritaram ao ouvirem a explosão. De dentro do balão vários objetos saíram voando. Morgan arregalou os olhos quando um dos objetos aterrissou perto dela.
A professora de Duelos não conseguia acreditar no que via. Ela levantou de sua cadeira e foi até o objeto não identificado, o pegando delicadamente entre os dedos e o levantando do chão. Foi quando reconheceu uma de suas calcinhas favoritas. Rapidamente Morgan começou a apanhar todas as peças de roupas que se espalharam pelo salão, encontrando toda a sua roupa de baixo. Várias peças ela teve que arrancar da mão de alunos curiosos. Morgan ficava cada vez mais vermelha conforme ia juntando suas calcinhas e sutiãs, sua raiva se acumulando. Quando ela terminou de reunir todas as peças que encontrara, ela se virou para a mesa principal e fuzilou com o olhar o provável culpado por aquele logro.
"BLACK, EU TE MATO!" Gritou ela enfiando todas as peças de roupa nos bolsos e puxando sua varinha.
*****
Sirius estava quase se sufocando de tanto rir quando viu Morgan vindo para cima dele. O animago rapidamente se levantou quando a professora de Duelos chegou perto da sua cadeira e começou a correr em volta da mesa principal com ela atrás de si, circundando a mesa várias vezes.
Todos no salão olhavam para a perseguição. Minerva McGonagall colocou suas mãos sobre seu rosto e sacudiu a cabeça, não sabendo mais o que fazer com os dois professores. Remus e Thera Lupin simplesmente desistiram de tentar colocar bom senso dentro da cabeça de seus amigos. Severus Snape se recostou na sua cadeira e começou a murmurar que só faltava uma bacia de pipocas na sua mão para que o espetáculo ficasse melhor, recebendo um beliscão de sua esposa pelo comentário. Os vários Weasleys na mesa estavam se segurando para não rir. Ginny Potter estava só imaginando o que ia contar para seu marido. Ela sabia que Harry ia lamentar não ter estado presente para testemunhar o que estava acontecendo.
De repente Sirius se transformou em Padfoot e correu para o meio do salão com Morgan na sua cauda. A Du Lac levantou sua varinha e a mirou enquanto corria, gritando: Incendius!
Desta vez ela conseguiu acertar e o rabo de Padfoot pegou fogo. O grande cão começou a ganir, antes de se transformar novamente em humano. Quando isto aconteceu, o robe de Sirius estava em chamas, que ele rapidamente tratou de apagar. Neste meio tempo, Morgan o alcançou.
Ela chegou bem perto do animago e o esbofeteou com força, deixando a marca vermelha de sua mão no rosto dele. Então a jovem se virou e deixou o salão ainda bufando e começando a planejar sua vingança.
*****
Remus e Thera se recolheram aos seus aposentos para se prepararem para a lua cheia. O professor de DCAT já havia deixado trabalhos para todas as suas turmas do dia seguinte, instruindo-os a pesquisarem na biblioteca.
Remus fechou a porta de entrada com um forte feitiço, para ter certeza que não poderia sair, em seguida verificou se havia pó de flú no jarro acima da lareira e se esta estava ligada. Se algo saísse muito errado, então Thera poderia escapar por ali.
A profetisa se aproximou de seu marido com um cálice contendo a última dose de poção Mata cão necessária para aquela noite. Remus tomou tudo de uma só vez, fazendo caretas quanto ao gosto.
Thera se trocou e se preparou para a noite. Quando ela saiu do banheiro, encontrou seu marido já sem suas roupas, pronto para a transformação. E ele não teve que esperar muito. A profetisa queria correr até o lado de seu amado e dizer que tudo iria ficar bem, que a dor logo iria passar, mas se conteve sabendo que tinha que esperar. Mas isto não tornava mais fácil ouvir e ver seu marido em tamanho sofrimento, mordendo seus lábios para não gritar de dor. Alguns minutos depois o lobo se encontrava no quarto. Ele se levantou e olhou ao redor, percebendo Thera e abanando o rabo.
Thera olhou para os olhos do lobo e percebeu que estes eram quase humanos. A poção funcionara mais uma vez. Seu marido estava no controle do lobo. Então a jovem seguiu a rotina deles das noites de lua cheia, indo sentar na poltrona mais confortável do quarto. Pouco depois o lobo pôs a cabeça no colo dela e se deixou afagar. Remus sempre dizia que isto tornava seu suplício mais fácil. Eles ficaram desta forma por muito tempo, até que o sono começou a bater. Thera sabia que esta era a noite em que faria Remus lhe fazer companhia na cama.
Ela se ergueu. O lobo Remus prontamente retirou sua cabeça peluda do colo dela e foi até o tapete à frente da lareira, onde começou a rodear se preparando para deitar. Thera foi até o quarto deles e se deitou na cama, onde esperou por certo tempo. Quando decidiu que a espera já havia sido suficiente, ela se levantou e foi até a sala. O lobo, graças aos seus sentidos aguçados, levantou a cabeça tão logo ela entrou na sala e a inclinou para o lado, como a perguntar o que havia acontecido.
"Remus, vem comigo, por favor." Pediu a jovem.
O lobo sacudiu a cabeça numa negativa, olhando a jovem com seus olhos tristes.
"Eu estou me sentindo muito sozinha, e estou com um pressentimento ruim. Eu preciso de ti, Remus." Thera pediu com sua melhor cara de necessidade. O lobo ainda a olhou de maneira céptica.
"Eu só quero tua companhia, Remus. Só quero que você se deite ao meu lado e me deixe abraçá-lo. Eu preciso disto, amor."
O lobo Remus encarou Thera por mais alguns segundos, enquanto debatia internamente se era sensato ou não se reunir a ela na cama, antes de concordar.
A profetisa voltou para a cama acompanhada pelo lobo. Ela se deitou e bateu na cama ao seu lado, esperando por seu companheiro. O lobo sabia que ela não ia desistir, e subiu lentamente na cama, antes de se deitar de lado, as quatro patas estendidas e a cabeça no travesseiro. Thera se encostou às costas do lobo, sentindo a suavidade dos pêlos deste e o calor que vinha do animal, e então passou um braço por cima do lobo, o abraçando por trás. Em pouco tempo os dois dormiam.
*****
Morgan chegou cedo no salão para o café naquela manhã. Ela ainda estava um pouco envergonhada por ter toda a sua roupa íntima exposta aos alunos, mas ela já realizara a parte um da vingança em cima do animago convencido.
Pouco depois vários outros professores e alunos chegavam ao salão. Morgan sabia que naquela manhã não veria sua prima ou o marido dela, pois na noite anterior fora lua cheia, e Thera devia ter ficado fazendo companhia ao lobisomem.
Darius entrou no salão e sentou-se ao lado da professora de Duelos, deslumbrante como sempre. Morgan suspirou ao pensar que aquele homem podia parecer bem em qualquer hora do dia e sob qualquer circunstância.
Todos já haviam começado a comer quando Sirius Black entrou no salão. O animago caminhava confiante em direção à mesa principal, sem perceber as risadas abafadas dos alunos que o acompanhavam. Apenas quando ele chegou a mesa e se sentou, notou o incrível silêncio no salão. Ao olhar ao redor, viu os alunos e os demais professores tentando abafar o riso, antes de desesperadamente começar a procurar o que havia de errado com ele.
*****
Sirius levantou um pouco atrasado como sempre naquela manhã. Ele pegou o robe que estava sobre a cadeira ao lado de sua cama e o vestiu, antes de ir para o café.
Apenas quando ouviu o silêncio incrível ao seu redor, ele levantou a cabeça de seu prato, cheio de ovos mexidos, e procurou o que causava o silêncio. Encontrou todos no salão abafando o riso e olhando para ele. Foi quando soube que havia algo errado consigo e que a culpada provavelmente era Morgan, se vingando do logro do dia anterior.
Sirius levantou da cadeira, ainda procurando o que havia de errado e não encontrando nada. Neste meio tempo, todos no salão desistiram de tentar abafar o riso e as gargalhadas explodiram por todos os lados. Ele viu Charlie Weasley quase caindo da cadeira de tanto rir, e perguntou a ele o que estava errado.
"Amei estas suas cuecas verde-Slytherin com cobrinhas dançantes por baixo destes robes transparentes, Sirius." Respondeu o rapaz entre gargalhadas.
Sirius teve a decência de ficar vermelho ao saber que todos podiam ver seu corpo através das roupas que Morgan encantara para serem transparentes para todos, menos para ele. Além do fato dela, obviamente, ter encantado suas cuecas também. Ele jamais usaria algo verde-Slytherin.
"Isto foi golpe sujo, Du Lac!" Ele disse olhando para Morgan.
"Não mais do que espalhar minha roupa de baixo no salão ontem à noite, Black."
"Você estava pedindo por isto, se pavoneando por aí como uma oferecida."
"Eu não sou uma oferecida, e nem fico me pavoneando. Eu apenas tenho plena consciência de quem sou, e tenho orgulho disto, diferente do que alguns grossos possam imaginar."
"Eu já disse que não sou grosso. E, de qualquer forma, quem utilizaria uma roupa de baixo como aquelas? Apenas uma oferecida."
Morgan ia replicar quando Darius se intrometeu na conversa.
"Para falar a verdade, Sirius, eu achei a roupa íntima de Morgan encantadora. Claro que eu preferiria ver estas peças sendo utilizadas pela linda dona, ainda mais se esta aceitar um convite para sair para jantar comigo na próxima semana, em algo parecido com um romântico jantar a luz de velas...."
Sirius ficou vermelho de raiva ao ouvir isto, e saiu do salão bufando e pisando duro. Morgan ficou vermelha também, apenas por motivos diferentes. Ela se virou para Darius e aceitou o convite.
Neste momento, Minerva se levantou da cadeira e ordenou que todos tratassem de tomar o café e ir para suas salas de aula. A Diretora já estava cansada dos logros de Morgan e Sirius, mas ela não tinha como para-los. Pedir ao dois não resolvera nada, as brincadeiras apenas ficaram mais pesadas. Demiti-los também não era uma opção, pois seria difícil conseguir duas outras pessoas capacitadas e que fossem de completa confiança dela para lecionar, pois nestes tempos incertos, com os novos ataques, Minerva não podia se dar ao luxo de confiar em estranhos. Então o jeito era deixar os logros acontecerem, até a situação se revolver e os dois cansarem de aprontar ou os dois darem o braço a torcer que se gostam e se casarem.
*****
Severus Snape estava com um excelente humor ao ir para sua sala de aulas nas masmorras naquela manhã. Muito alunos o olhavam desconfiados ao perceberem o sorriso nos lábios do professor, imaginando o que este tinha preparado para eles que sorria só em pensar nisto.
Mas o bom humor do Mestre de Poções se devia a cena entre Black e Du Lac no café.
Severus nunca se divertira tanto. Sirius e Morgan todos os dias o espantavam, provando que ele podia se divertir cada vez mais com eles.
Claro que Rolanda não aprovou o jeito com que seu marido quase se engasgou com o café de tanto rir de seus colegas de serviço.
Mas a melhor parte fora a cara de Black quando Alfarrabios convidou a Du Lac para jantar. Sirius parecia que ia explodir de raiva e de ciúmes.
Severus abriu um sorriso mais largo ainda ao pensar em Black com ciúmes.
'Pelo menos não sou eu.' Pensou antes de entrar na sua sala de aulas, batendo a porta atrás de si como sempre e apavorando os alunos.
*****
Thera acordou pela segunda vez àquela manhã quando esta já estava na sua metade. A primeira vez que acordou foi quando Remus se transformou no momento em que a lua se pôs. Ela cuidou então de seu marido, limpando os ferimentos ocasionados pela transformação e dando a Remus uma poção fortalecedora, antes de colocar o pijama nele e o segurar nos braços enquanto ambos voltavam a dormir.
A profetisa se virou, sentou na cama e observou seu marido, que ainda dormia profundamente. A noite de lua cheia sempre o esgotava muito e ele, impreterivelmente, dormia durante quase todo o dia seguinte a esta, acordando faminto ao entardecer.
Mas a noite fora uma vitória de Thera. Ela conseguiu fazer com que Remus se reunisse a ela na grande cama que eles dividiam. Dormir abraçada ao lobo foi uma experiência diferente, mas bem-vinda. Seu marido tinha um casaco de peles muito quentinho quando transformado no seu outro eu. E, além disto, a experiência lhe permitira se sentir mais perto do seu amado, entendendo Remus ainda melhor. E ela sabia que, mesmo mostrando sua relutância a ir dormir com ela em sua forma de lobo, Remus adorara a noite, pois foi mais uma forma de Thera lhe mostrar que o aceitava completamente, como homem e lobo.
A jovem levantou da cama e foi tomar um bom banho. Ela retirou a camisola, que estava coberta de pêlos onde se recostara no lobo, e entrou na banheira, cuja água estava perfumada por uma essência erval. Enquanto se ensaboava, a profetisa ficou imaginando como faria para, numa próxima lua cheia, colocar o lobo dentro da banheira e dar um bom banho neste, antes de seca-lo com uma toalha bem felpuda na frente da lareira. Seria uma experiência interessante, ela tinha certeza.
*****
Rolanda estava furiosa com seu marido. Ele não parara de gozar de Sirius e Morgan durante todo o dia. Claro que os dois eram engraçados com todos os logros que aplicavam um no outro, mas não a ponto de Severus se sentir vingado cada vez que algo acontecia.
Rolanda já cansara de pedir a seu marido que esquecesse as rivalidades da adolescência. Se ele podia fazer as pazes com Harry Potter e se tornar tão amigo de Remus a ponto de pedir que este representasse sua família no casamento, além de ser seu padrinho, ele poderia também deixar para trás sua rivalidade com Sirius.
A professora de vôo entendia que os problemas de Severus com Morgan provinham da mania da última em dar palpites em todas as poções que seu marido fazia. E Severus gostava de fazer suas poções do seu jeito. O problema aí era que ambos eram grandes conhecedores do assunto e suas personalidades não permitiam que outro com o mesmo conhecimento estivesse por perto.
E, Rolanda reconhecia, seu marido era o tipo de pessoa que guardava rancores por muito tempo. Mas isto o tornara amargo por muito tempo.
Muitos não entendiam como a ex-Gryffindor Rolanda Hooch aceitara a corte e o pedido de casamento do Diretor de Slytherin e temido Mestre de Poções Severus Snape. Ela já explicara várias vezes que Severus era outro por baixo de toda a couraça na qual moldara sua personalidade para poder enfrentar os desafios da vida.
E o que os demais queriam? Seu marido precisava esconder suas emoções para poder atuar como espião para Albus. Seu marido atravessara várias Cruciatus e tortura cada vez que ia a um encontro dos Comensais da Morte. Ele é um ex-Comensal da Morte, que se atrevera a trair Voldemort e a sobreviver para contar a história. Seu marido praticara atos na sua juventude que lhe deixaram feridas profundas na alma, que nunca iriam cicatrizar e que, pelos quais, ele nunca se perdoaria.
Mas Rolanda sabia que, se alguém conseguisse atravessar toda a couraça exterior de seu marido, encontraria uma pessoa fiel a aquilo em que acreditava, terna e que colocava aqueles a quem amava acima de tudo, inclusive da própria vida. E Rolanda era esta pessoa para Severus.
Ela sabia que seu marido a amava. Severus demonstrava isto apenas quando eles estavam sozinhos. E como demonstrava!
Seu marido era um amante muito apaixonado quando queria. E muito criativo. E sempre preocupado que Rolanda sentisse o máximo de prazer o possível. Ainda mais quando usava algumas poções feitas por ele mesmo, que não estavam no currículo normal dos alunos. E os efeitos destas poções....
Mesmo estes pensamentos não sufocaram toda a raiva que a professora de Vôo sentia por seu marido neste momento, apenas a amenizaram.
Enquanto seguia esta linha de pensamentos, ela chegou em seu quarto.
*****
Morgan experimentou todos os seus robes, tentando decidir qual deles usaria no jantar com Darius naquela noite. Os dois haviam combinado a data há mais de uma semana.
Depois de muito escolher, a professora de Duelos se decidiu por um robe vermelho sangue, que lhe acentuava as curvas e os belos cabelos negros, soltos às suas costas.
Claro que ela usava seu melhor conjunto de lingerie vermelho, combinando com o robe. Ainda mais que Darius havia insinuado que desejava vê-la apenas com a roupa íntima, e ela queria estar preparada caso algo acontecesse.
E isto ensinaria ao arrogante do Black que Morgan Du Lac era uma mulher desejável e cheia de pretendentes.
Pensar em Sirius Black fez Morgan sentir uma pontada de culpa no fundo do coração por estar indo jantar com outro homem que não o animago.
A temperamental Du Lac admitia, apenas para si mesma, que ela gostava da companhia de Sirius. E que ele fora seu melhor parceiro de cama até o momento. Cada noitada com ele era uma experiência única. Ele, assim como ela, tinha fogo em suas veias e, quando os dois estavam entre os lençóis, era muito difícil apagar o incêndio que os consumia.
Mas esta admissão não significava que ela estava disposta a se sujeitar a uma vida com Black. Ele era muito arrogante, convencido e infantil para o seu gosto. Mas, se ele mudasse um pouco...
Ela afastou este pensamento da cabeça. Black já tinha mais de quarenta anos e já havia passado muita coisa nesta vida, se o que os demais falavam fosse verdade. Se ele não mudara até o momento, não mudaria mais.
Foi quando ouviu alguém bater a sua porta. Ela abriu e foi recebida por um grande buquê de rosas vermelhas. Ela sorriu ao pegar as flores, agradecendo a Darius com um sorriso, antes de conjurar um vaso com água e colocar as flores dentro.
"Você está magnífica!" Elogiou o professor de Latim.
Morgan corou ao ouvir isto, e aceitou o braço que ele lhe estendia, antes de fechar a porta de seus aposentos e os dois irem até o jardim da escola, de onde seguiram via chave-portal para o local do seu jantar.
A professora de Duelos falhou em perceber um animago morto de ciúmes que a vigiava de certa distância.
*****
Darius Alfarrabios estava apreciando muito a noite. Morgan estava linda. Vermelho era uma cor que ficava muito bem nela. Ele se sentiu aliviado que, sob a aparência de uma encrenqueira, estivesse escondida tão bela mulher.
Claro que os olhos, lábios e cabelos dela já eram uma promessa disto. Darius já encontrara muitas mulheres em sua vida, e tivera a maior parte delas, para não saber reconhecer uma beldade quando via uma.
Ele convidara Morgan para jantar para provocar um pouco Black. O Animago se achava um conquistador à altura do grande Darius, mas não chegava nem aos pés. E o olhar no rosto de Black quando convidara a Du Lac fora magnífico. Darius nunca vira alguém quase explodir de ciúmes, literalmente.
Logo que o professor de Latim chegara a Hogwarts, ele sentira que havia alguma coisa entre Morgan e Sirius. O que logo se tornara óbvio pelos olhares que eles davam um ao outro quando pensavam que ninguém estava observando, e pela maneira como aplicavam logros um no outro. A natureza dos logros, que nos últimos tempos envolviam, principalmente, roupa íntima, deixava claro para quem estivesse observando de perto, que os dois já tiveram, ou tinham, um relacionamento além do platônico.
E provocar ciúmes em Sirius Black por causa de Morgan era algo que Darius adorava fazer.
Darius, ele mesmo, nunca pensou em se casar. Ele gostava da liberdade que a vida de solteiro lhe garantia, principalmente quanto a mulheres.
Ele nasceu e cresceu dentro de uma antiga família sangue puro, na qual todos os membros estiveram em Slytherin. Quase todos na sua família destinaram suas vidas ao lado escuro da magia. E todos esperavam que Darius fizesse o mesmo. Muitos de seus companheiros de escola seguiram suas famílias e receberam a marca de Voldemort. Darius recusou.
Ele lembrava bem da reação de sua família a sua recusa. Ainda mais que ele era filho único.
Darius também estava destinado ao lado escuro da magia, mas resolveu usar a este para o bem, e não para o mal. Ele aprendeu, durante seus dias em Hogwarts, que nem toda a magia negra era, necessariamente, má. E usou este conhecimento para aprender. Quando retornou a propriedade de sua família, depois do seu sétimo ano em Hogwarts, seu pai o estava esperando para dizer que o lorde Negro o estava aguardando para servi-lo. Foi quando Darius se rebelou, dizendo a seu pai que jamais seria um servo, praticamente um escravo, para ninguém, e que iria utilizar seu conhecimento de magia das trevas para ajudar aos outros e a si mesmo.
Naquela noite, Darius Alfarrabios foi deserdado por sua família.
Alguns dias depois, ele recebeu uma carta do procurador de seus pais, lhe contando que todos os outros Alfarrabios estavam mortos. Passado o choque de se descobrir como o único sobrevivente da família, Darius começou a fazer discretas investigações, e descobriu que Voldemort matara a todos devido a sua recusa em se juntar aos Comensais da Morte e se humilhar beijando a beirada do robe do lorde Negro.
Foi neste momento que Darius jurou que nunca serviria a ninguém e passou a odiar Voldemort com todas as suas forças.
Ele recorreu a Dumbledore, que lhe conseguiu uma vaga junto ao departamento de Mistérios do Ministério da Magia. Darius rapidamente ascendeu no departamento, principalmente graças aos seus contatos, que muito ajudavam com dicas sobre a atividade de bruxos do mal.
Ele também não se precisava se preocupar com sua situação financeira, uma vez que seus pais nunca tiveram a oportunidade de oficializar que seu filho não mais era o herdeiro da fortuna da família.
E o tempo passara. Darius, através de sua posição no departamento de Mistérios, tinha conhecimento de tudo o que Voldemort e seus seguidores faziam. Ele também se ressentia cada vez que descobria que um de seus antigos companheiros da casa de Slytherin se reunia aos Comensais. Ele acompanhara a trajetória de Severus Snape, e a forma como este decidira voltar para o lado do bem. Ele acompanhara a caçada que Voldemort fizera aos Potter, descendentes de Godric Gryffindor, e a derrocada do lorde Negro nas mãos do último Potter, há mais de vinte anos.
E ele acompanhara o renascimento de Voldemort graças ao sangue tomado à força deste mesmo Potter.
Durante os anos em que Voldemort existira apenas em sua forma espiritual, Darius progredira dentro do departamento de Mistérios, até se tornar o homem que realmente dirigia o departamento. Esta informação era conhecida apenas pelo Ministro da Magia, atualmente Arthur Weasley. Todos os ministros anteriores, uma vez terminado seus mandatos, tinham esta informação apagada de suas memórias.
A única outra pessoa que soubera disto fora Albus Dumbledore, que levou este segredo consigo para o túmulo. O bom e velho Albus, que o ajudara a definir o rumo de sua vida. Darius sabia que Albus fora um Gryffindor nos seus dias de Hogwarts mas, em muitos sentidos, ele fora muito mais astuto e manhoso que qualquer Slytherin. Darius várias vezes imaginou se o chapéu seletor não havia posto Albus na casa errada...
Ninguém dentro do departamento de Mistérios sabia quem dava todas as ordens. Eles conheciam Darius apenas como D.
Seu atual trabalho em Hogwarts era um disfarce para manter um olho em tudo devido aos novos ataques. Darius não tinha oportunidades de fazer trabalho de campo, uma vez que dirigia o departamento, mas resolveu, em conjunto com o ministro Weasley, dar esta tarefa para si mesmo. Como Darius sempre adorara aprender, ele dominava vários idiomas. Então Arthur teve a idéia de fazer com que Hogwarts oferecesse aulas de Latim aos seus alunos. Minerva McGonagall aprovara o novo curso e estava aberto o caminho para que Darius se infiltrasse na escola.
Ele prestava atenção a tudo, mas não deixava de se divertir flertando suas colegas professoras e causando ciúmes entre os homens. E nem poderia ser de outra maneira. Ele era um Slytherin, antes de tudo. Nem mesmo os Malfoy, os Parkinson ou os Snape poderiam dizer com tanto orgulho como um Alfarrabios que todos em sua família sempre estiveram na gloriosa casa de Salazar Slytherin.
Mas este mesmo motivo de orgulho também fora o que levara Darius a decidir que nunca se casaria e que nunca teria filhos. A linhagem dos Alfarrabios morreria com ele. Desta forma, não haveria perigo que, se um novo lorde Negro surgisse, ele tivesse sangue Alfarrabios. A dor que sua família causara ao mundo já fora suficiente.
Darius deixou de lado suas lembranças e se concentrou na linda mulher com quem jantava. Definitivamente, a noite seria muito proveitosa.
*****
Sirius andava por seu quarto, em Hogwarts, se sentindo como uma fera enjaulada.
Ele já havia tentado provocar Snape para ter uma desculpa para uma boa briga, onde poderia extravasar seus ciúmes por Morgan e sua raiva por Alfarrabios. Só não conseguira porque Rolanda Snape aparecera e arrastara seu marido, pela orelha, para longe dali.
O animago ainda não entendia porque tinha tantos ciúmes de Morgan. Afinal, tudo o que ela era para ele era uma ótima companheira de cama, não era?
Como provocar Snape não dera certo, Sirius teve que se contentar em aplicar alguns logros em Pirraça. Isto o acalmou. Muito pouco.
Então ele voltou para seu quarto e teve uma idéia brilhante para se vingar de Morgan por ela ter saído com Alfarrabios.*
*****
O mês de março estava chegando, e com ele o final da aposta que todos estavam esperando.
Charlie encerrara as apostas sobre quais Weasleys, incluindo Ginny Potter, seriam pais neste ano no início de dezembro do ano anterior. Várias pessoas já haviam perdido suas apostas, principalmente Severus, que apostara em 'nenhum deles'.
Até o momento, apenas Remus, que apostara em todos, exceto Percy, e Sirius, que apostara em todos, estavam no páreo. Sirius só fizera uma aposta para poder gozar de Remus, dizendo que excluir Percy era um ato de discriminação.
Remus, então, declarou algo que deixou a todos chocados.
"Eu tenho certeza que meu palpite é o certo."
Quando os demais perguntaram o porque desta certeza, ainda teimando que Thera havia dito algo, Remus, simplesmente retrucou.
"Minha esposa não tem nada haver com isto. Eu simplesmente confio muito no meu nariz."
Vários professores começaram a discutir esta afirmação, inclusive interrogando Charlie Weasley sobre o que ele sabia sobre lobisomens e seu olfato. Charlie simplesmente disse que a melhor pessoa para responder toda e qualquer pergunta sobre lobisomens era o próprio Remus, mas que ele sabia que o faro de um lobisomem era aguçado, mesmo na forma humana.
Quando finalmente o prazo final da aposta chegou, todos já tinham conhecimento dos resultados. E todos foram obrigados a concordar que o nariz de Remus havia ganhado a aposta. Todos os filhos de Molly e Arthur Weasley, exceto Percy, seriam pais naquele ano.
A notícia fez Snape ranger os dentes, pensando no dia que teria que ensinar vários Weasleys no mesmo ano escolar, além de Potters. O único consolo que o Mestre de Poções ainda tinha era que ele não teria Blacks para ensinar.
Remus recebeu seu prêmio de Charlie e, naquela noite, levou sua esposa para jantar em um restaurante de renome em Edimburgo. Thera adorou, pois se encontrava fascinada pelos hábitos dos trouxas, e pôde ver vários na cidade.
O resto do prêmio foi, previdentemente, depositado em Gringotes. Ele poderia ser útil em tempos futuros.
Esta era a primeira vez que Remus Lupin apostava em alguma coisa. E era a primeira vez que ganhava.
*****
Abril.
Todos imaginavam que este seria um mês calmo. Ninguém imaginava o quanto estavam enganados.
A primavera deixara os gramados ao redor de Hogwarts floridos. As estufas de Flora Sprout também. Esta fora considerada a primavera mais florida dos últimos dois séculos.
Muitos alunos foram parar na ala médica por causa de alergia a pólen de flores. Poppy Pomfrey estava quase tendo um ataque por causa disto. E Severus também, devido a tantas poções contra alergia que teve que fazer.
Os auto-intitulados 'Neo-Comensais da Morte' estavam quietos. Ninguém tinha notícia de um ataque deles desde o rapto da professora Sinistra. Devido a esta falta de notícias, a segurança começou, lentamente, a diminuir em Hogwarts, principalmente quanto a segurança dos professores.
Este foi o grande erro que cometeram naquele florido mês de abril.
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Chegara um tão aguardado final de semana em Hogsmeade. Dezenas de estudantes a partir do terceiro ano caminhavam até a cidade eufóricos, prontos para gastar o dinheiro que os pais lhes enviaram na Dedosdemel e no Três Vassouras, além das outras lojas.
Alguns professores foram junto com os alunos. A maior parte do corpo docente aproveitou o final de semana para corrigir pilhas de deveres de casa. Apenas os Lupin e os Snape foram até a cidade.
Thera acordara naquela manhã com um pressentimento muito ruim. Ela já meditara, mas não conseguira descobrir o que a afligia. Era como se algo estivesse interferindo com sua Visão. Da mesma maneira que acontecera quando Meridian fora seqüestrada.
Remus sentira o conflito de emoções de sua esposa, mas não conseguiu ajuda-la a descobrir a fonte. Então eles decidiram ir até a cidade espairecer e comprar algum chocolate de qualidade, ainda mais que era lua nova, a única época em que o lobisomem podia comer chocolate, pois era quando seu organismo estava o mais humano o possível.
O casal Lupin almoçou no Três Vassouras na companhia dos Snape. Severus passou boa parte do almoço resmungando sobre almoçar na companhia de lobisomens. Rolanda deu várias cotoveladas no marido, enquanto Remus e Thera apenas sorriam para o outro casal. Os dois sabiam que Severus reclamava apenas por hábito, pois o Mestre de Poções já admitira antes que gostava da companhia do lobisomem.
Depois do almoço os dois casais se separaram para fazer compras. Rolanda arrastou Severus para a loja de artigos de Quadribol, para examinarem os novos modelos de vassouras, prometendo a seu marido que depois ele iriam comprar suprimentos para poções.
Remus e Thera foram até a livraria, examinar o mais novo lançamento sobre DCAT. Remus comentou vários capítulos com sua esposa, principalmente o que tratava de lobisomens, salientando como os autores não entendiam nada sobre o assunto, se baseando basicamente em lendas e no folclore para escrever os livros.
Thera apenas lhe deu um doce sorriso.
"Por que você não escreve um livro sobre o assunto, Remus? Tenho certeza que este, então, seria um livro muito completo. E não apenas sobre lobisomens..."
Remus olhou para sua esposa, antes de lhe dar um rápido beijo nos lábios.
"Você é um gênio, amor. Eu nunca tinha pensado nisto." E começou a falar sobre o que seu livro iria conter.
Thera conseguiu arrastar seu marido para fora da livraria depois de meia hora, e eles foram, então, tomar um sorvete.
Remus amava a maneira como Thera levava a colher cheia de sorvete até seus lábios, dando suspiros de satisfação com o doce sabor de cada colherada. O Diretor de Gryffindor adorava a maneira como sua esposa achava prazer em todas as pequenas coisas, fosse esta a visão de um belo botão de flor, o vento sacudindo as árvores da floresta proibida, a cor do pôr do sol ou uma colherada de sorvete de chocolate.
O lobisomem imaginava o quanto sua esposa ficaria bonita o dia em que estivesse grávida. Este pensamento era muito apelativo à Remus. Thera grávida. Ele não sabia se poderia ser pai ou não. A licantropia ainda não havia sido profundamente estudada, e ele não conhecia nenhum lobisomem que tivesse filhos. Bem, ele realmente não conhecia nenhum lobisomem, pois nunca arriscara encontrar com ninguém do seu tipo antes por medo da luta por dominância que poderia acontecer neste encontro. Mas imaginar Thera grávida e filhotes no futuro deles era algo que o professor de DCAT nunca iria cansar de fazer.
Mas, que ele ansiava por ter filhos, ele ansiava sim.
Depois da sorveteria, os Lupin foram até Dedosdemel comprar chocolate. Depois de 15 minutos e alguma discussão sobre qual era a melhor caixa de chocolates, o casal saiu da loja com duas caixas de puro chocolate ao leite, que eles planejavam degustar naquela noite, durante um romântico namoro nos seus aposentos. Remus sentia sua boca se enchendo de água só por pensar em Thera e aqueles chocolates deliciosos, juntos, mais tarde à noite.
Foi quando a profetisa parou abruptamente, fazendo com que seu marido abandonasse seus devaneios.
"O que foi, Thera?"
"Algo vai acontecer, Remus. E vai acontecer agora!"
Remus não teve nem tempo de reagir. O barulho de aparatações foi ouvido por toda a cidade. Só o que o lobisomem pôde fazer foi puxar sua varinha e se postar na frente de Thera, tentando proteger sua esposa e os alunos ao redor.
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Severus Snape só conseguia pensar que toda a vez que ele ia até Hogsmeade, ele tinha que se defender de um ataque. E, desta vez, eles não receberam o aviso da profetisa sobre o ataque para se prepararem. Nestas horas, Severus agradecia aos seus anos como Comensal da Morte e como espião pela capacidade de estar sempre em alerta e pronto para tudo. E ainda bem que havia alguns aurores na cidade....
Ele olhou para Rolanda e viu que sua esposa se posicionara na sua retaguarda, como eles haviam feito no outro ataque. Ele, então, se permitiu um pequeno sorriso que não o desconcentrasse da batalha, pensando em como eles dois faziam uma parceria perfeita.
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Minerva McGonagall sentiu uma sensação de déjà vue ao ver os alunos correndo em direção à Hogwarts e marcas negras no céu sobre Hogsmeade.
"De novo não!" Exclamou a diretora, antes de chamar Arthur Weasley via rede flú e, em seguida, convocar os professores. Apenas quatro professores não responderam ao chamado. Os Lupin e os Snape.
"Grande Merlin! Eles estão sozinhos em Hogsmeade." A Diretora falou, alertando os demais para este fato.
"Ainda bem que temos alguns aurores em Hogsmeade." Apontou o sempre racional Pergamo Rolls.
"Mas isto não será o bastante." Falou Sirius, antes de correr para a porta da escola com sua varinha em punho, seguido por Morgan e Charles Weasley.
Darius simplesmente saiu discreta e silenciosamente de perto dos demais, antes de correr para seus aposentos e começar a escrever algumas ordens para seus homens em pergaminhos. Ele jurou que faria algumas cabeças rolar por estes não terem sido capazes de descobrir sobre o ataque antecipadamente. E eles ainda tinham coragem de fazer parte do Departamento de Mistérios! Ele despachou os pergaminhos pela rede flú protegida que havia no seu quarto, diretamente para seu imediato no departamento, e correu para se juntar à luta, se ainda houvesse alguma, e para descobrir o que pudesse. Afinal de contas, esta era a sua profissão, e ele era o melhor nela.
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Remus sentia seu braço doendo por causa de um feitiço Expulsório que o atingira mais cedo mas, mesmo assim, continuava a defender a si mesmo, as crianças e a Thera o melhor que podia. Sua esposa tentava ajudar criando barreiras, cujo feitiço aprendera com Remus durante algumas aulas particulares de DCAT.
O lobisomem ainda não conseguira descobrir qual era a meta dos atacantes, pois desta vez eles não pareciam visar as crianças. Ele tinha que descobrir logo, para poderem dar um fim ao ataque.
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Ali perto Severus pensava a mesma coisa que Remus. Ele lançava feitiços automaticamente enquanto sua mente trabalhava na razão daquele ataque. Os Neo Comensais da Morte pareciam sempre atacar com um motivo específico. Da primeira vez eles queriam atingir a comunidade bruxa e marcar sua presença onde mais doía: atacando suas crianças. Depois seqüestraram Sinistra para a liberar alguns dias depois com um forte feitiço de memória aplicado. Este ataque parecia inexplicável até o momento, a não ser que eles quisessem descobrir alguma coisa sobre Hogwarts. Mas o que poderiam não saber?....
Foi quando todas as peças do quebra cabeças se encaixaram. A falha do ataque à Hogsmeade graças ao aviso da profetisa, o seqüestro de Sinistra e o fato que algo parecia ter interferido com os poderes de Thera para que esta não o previsse. A falta de aviso sobre o ataque de hoje, como se novamente algo bloqueasse o dom da profetisa....
Eles estavam atrás de Thera!
Severus, chocado com sua conclusão, se descuidou por um segundo, procurando Remus e Thera e vendo-os cercados pelo inimigo, e foi atingido por um feitiço nocauteante de raspão, que o desequilibrou temporariamente. Quando se firmou novamente sobre seus dois pés, ele viu quatro encapuzados atingindo Remus com um Estupefaça, nocauteando assim o lobisomem. Severus começou a correr para socorre-los, com Rolanda logo atrás de si, mas não chegou a tempo. Dois Neo Comensais pegaram a profetisa pelos braços, evitando os pontapés e socos que ela tentava distribuir para conseguir chegar até seu marido, e aparataram para longe, sendo seguidos por todos os demais atacantes.
O Mestre de Poções chegou até o lado de Remus e caiu de joelhos, procurando pelos sinais vitais do lobisomem, suspirando aliviado quando encontrou o pulso, fraco, mas estável.
"Ele está bem?" Perguntou Rolanda ao se juntar a seu marido.
"Sim, pelo menos por enquanto.", ao ver sua esposa o fitando com uma expressão de confusão pelo comentário, completou, "Se no último ataque Remus foi dominado pelo lobo apenas por ver Thera sendo atingida, não quero nem imaginar o que ele vai fazer quando descobrir que ela foi seqüestrada..."
Rolanda arregalou os olhos ao ouvir isto, mas não teve tempo de fazer qualquer comentário. Neste momento os reforços vindos da escola chegaram, e entre eles duas pessoas que não iam ficar nada felizes em saber o que aconteceu....
*Detalhes do plano de Sirius serão apresentados no fanfic 'Moreno alto, bonito e sensual.'
N. da autora: Bem, desculpe pelo atraso na postagem deste capítulo. Eu o tenho pronto no computador há mais de um mês, mas só o estou postando agora. Dentro de alguns dias o capítulo sete de Reencontros deverá estar no ar. O capítulo oito de Encontros está quase pronto, bem como uma parte extra do capítulo sete, denominada 'Moreno Alto, Bonito e Sensual', que está e fase de conclusão.
Quero desejar a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, repleto de alegrias, saúde, dinheiro, felicidade e muitos, mas muitos fanfics!
Dedico este capítulo para a Priscilla, in memorian. Que tu sejas feliz onde quer que estejas, guria!
