CAPÍTULO NOVE – O PIOR CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER

Sirius cantarolava enquanto desfazia suas malas em seus aposentos em Hogwarts. Ele havia acabado de voltar de férias, que haviam sido bem mais tranqüilas que no ano anterior.

Devido a sua posição como professor de Hogwarts, o ex-maroto fora a um congresso sobre transfiguração e animagia. Hermione também comparecera, mas apenas para as palestras que aconteciam durante o dia, pois precisava cuidar de seu filhinho.

O animago não perdera a oportunidade e aplicara alguns logros durante o congresso, principalmente em pessoas de outros países. Claro que ninguém conseguira perceber o humor dos logros. Nestas horas Sirius sentira a falta de Snape ou da Du Lac por perto, pois os dois sempre caíam em suas armadilhas.

Outra coisa que o divertira muito durante o recesso foi cuidar dos bebês de Harry e Ginny. Ao pensar nisto Sirius suspirou. Seu pequeno Harry já era pai! Se James estivesse vivo, ele seria avô! Foi apenas neste momento que Sirius começou a se sentir velho.

James já seria avô. Remus estava casado. Peter.... bem, este não contava mais. Até Snape se casara, e com Rolanda ainda por cima! O animago ainda não conseguia acreditar, mesmo depois de dois anos, que alguém aceitara se casar com o seboso mestre de Poções.

'E eu aqui sozinho....' Foi o pensamento que lhe passou pela cabeça. Foi quando seus pensamentos se concentraram em Morgan. Ele não sabia porque a idéia de casamento fizera com que aquela mulher orgulhosa lhe surgisse na mente.

'Bem, eu devia estar mais preocupado com as pernas dela do que com qualquer outra coisa. Que pernas que ela tem! E que quadris!'

Foi quando uma coruja entrou pela janela e lhe largou uma carta sobre a mesa. Sirius reconheceu a coruja como Hedwig Segunda, filha e sucessora de Hedwig, a coruja que fora tão fiel a Harry.

Abrindo a carta de seu afilhado rapidamente, encontrou uma mensagem que lhe perguntava se haveria a possibilidade dele cuidar dos gêmeos dentro de duas noites, pois Harry e Ginny precisavam sair e os demais estavam todos ocupados e não poderiam ficar de babás. Harry também dizia que o convite estava ainda a ser confirmado, pois o Cannons ainda não havia confirmado se o jantar sairia ou não. O animago prontamente respondeu a carta, aceitando o convite, feliz por poder cuidar dos pequenos James e Albus, principalmente de James, que se parecia tanto com o avô de quem herdara o nome.*

*****

Morgan terminou de colocar a última das poções que fizera durante suas férias em Ávalon na prateleira e se sentou na cama.

Ela andava se sentindo um pouco estranha nos últimos dias, mas não dera muita atenção a sensação, colocando a culpa nos vapores de alguma das poções que fizera.

Durante seus dias em Ávalon, ela pouco encontrara Thera e Remus, que também estavam por lá. Ou sua prima e o marido estavam em reunião com o conselho da família e o conselho da ilha sobre os acontecimentos do último semestre, ou os dois namoravam, procurando compensar os dias em que estiveram separados. De qualquer maneira, Morgan pouco conseguira conversar com a prima.

Bem, agora ela estava de volta a Hogwarts e tinha que recomeçar com as classes de Duelos. Ainda não fora desta vez que lhe deram as classes de Poções para ensinar. Talvez ela devesse falar com Minerva e sugerir que as turmas de Poções fossem divididas. Snape poderia dar aulas para as turmas iniciantes e ela poderia ensinar as classes avançadas. Claro que provavelmente o Diretor de Slytherin iria reclamar, mas quem sabe a Diretora concordaria com ela que ele tinha muito o quê fazer com a administração de sua casa e a Vice-Direção da escola e, então, eles lhe dessem as classes avançadas...

'Bem, perguntar nunca matou ninguém.' Ela pensou antes de sair do quarto e ir visitar a Diretora.

*****

Severus vagava pelos aposentos seus e de Rolanda terminando os últimos preparativos para a volta de ambos para a escola. Ele já não sabia o que fazer para deixar o quarto mais confortável enquanto aguardava pela esposa, que fora fazer uma visita rápida a Poppy e não lhe deixara ir junto.

O Mestre de Poções não conseguia lembrar de uma época em que tivesse sido tão feliz antes. Rolanda era maravilhosa, o completando como nunca antes ele imaginara que outra pessoa pudesse completá-lo. E agora ela iria lhe dar um filho!

Um filho! Severus já havia perdido as esperanças de ser pai um dia, pois pensara que nunca encontraria alguém que quisesse estar com ele. E seu orgulho de bruxo sangue puro o impedia de procurar ser pai fora de um casamento.

Claro que ele ainda tinha dúvidas se seria um bom pai. Qualquer um dos seus alunos, além de vários de seus colegas, iria provavelmente lhe dizer que ele não fora feito para a paternidade.

Mas Severus não se importava. No momento ele tinha coisas mais importantes para fazer do que se preocupar com o que os outros pensavam. Ele precisava deixar seus aposentos perfeitos para receber sua esposa grávida. Claro que ele não ia admitir isto para Rolanda, pois não queria voltar ao sermão 'eu estou grávida, não morrendo'.

Com um aceno de sua varinha, a mesa estava pronta para uma romântica refeição a luz de velas e um buquê de cravos vermelhos, os favoritos de Rolanda, estava dentro do vaso sobre a mesa.

Severus tinha vontade de sair gritando e dançando pelos corredores de Hogwarts, para que todos soubessem o quanto ele estava feliz, mas ele não ia fazer isto, pois afinal de contas, este gesto arruinaria sua imagem de 'malvado mestre de poções' e 'morcegão residente das masmorras'.

Ele iria deixar as pessoas descobrirem por elas mesmas. Ia ser bem mais divertido assim, principalmente quando Black descobrisse. Ele sorriu consigo mesmo imaginando a reação do animago.

Foi quando a porta se abriu e sua esposa entrou. Severus foi até ela e deu um beijo de boas vindas, perguntando como havia sido o exame. Enquanto ouvia Rolanda lhe dizendo o que Poppy fizera e falara, imaginava que a felicidade realmente existia.

*****

Remus estava indo para a biblioteca quando encontrou Rolanda no corredor. Os dois se cumprimentaram, falando brevemente sobre as férias, antes de seguirem seus caminhos.

O lobisomem sorriu ao sentir o cheiro de hormônios vindo da professora de Vôo.

'Ora, ora, me parece que Severus vai ser pai.' Ele pensou antes de entrar na biblioteca.

Pouco depois saiu frustrado, não encontrando o que queria. Então resolveu ir rapidamente até a livraria de Hogsmead.

Uma hora depois retornou para Hogwarts com três livros novos embaixo do braço. Ele tinha muito o que estudar e se preparar se ele tinha adivinhado certo a novidade que ele sabia que sua esposa logo iria lhe contar. Nestas horas ele adorava seu faro aguçado...

Entrando na escola, começou a retornar para seu quarto, pronto para começar a leitura. Foi quando cruzou com Morgan no corredor. A professora de Duelos nem o cumprimentou, resmungando contra diretoras antiquadas e professores irritantes. Remus se aproximou da parede para dar caminho para a jovem. Foi quando captou um cheiro que estava se tornando freqüente nos últimos dias.

'Hora, hora, isto sim vai ser uma boa surpresa...' Ficou matutando enquanto acompanhava com o olhar Morgan seguindo corredor abaixo. 'O velho Padfoot realmente se superou nesta vez. Achei que ele fosse mais cuidadoso. Vai ser muito divertido ver qual será sua reação a esta novidade. Mas não serei eu quem irá lhe contar.'

Ainda imaginando a reação de Sirius sobre a futura novidade e rindo silenciosa e antecipadamente da reação do amigo, Remus chegou ao seu quarto. Ele murmurou a senha para a pintura que guardava a porta e entrou. Após uma rápida busca, confirmou que sua esposa não estava e se sentou na poltrona mais confortável da sala, abrindo um dos livros que comprara naquela tarde, o lendo minuciosamente e fazendo anotações na margem com uma pena que convocara.

Quanto mais lia, mais descobria que tinha muito o quê aprender sobre o assunto.

*****

Thera flutuava pelo corredor, no sentido figurado da palavra. Ela esperara seu marido sair do quarto para ir à biblioteca e fizera uma rápida magia de predição, que confirmara as rápidas visões que tivera e os presságios que sentira nos últimos dias.

Feliz com a novidade resolvera procurar Morgan para contar a ela, mas sua prima não estava no seu quarto. Foi quando encontrou com Rolanda Snape, que retornava de uma visita a Madame Pomfrey irradiando alegria. A professora de Vôo contou então a profetisa que logo ela e Severus iriam ser pais. Thera lhes desejou um futuro repleto de felicidades com o futuro aumento da família e decidiu ir visitar a medibruxa também, para ver se estava tudo bem consigo.

Poppy a recebeu com um sorriso e começou com a rotina de questionar, apalpar e cutucar a paciente, tentando encontrar alguma coisa errada, aproveitando para fazer a revisão médica obrigatória anual na profetisa.

*****

Poppy sorria para sua paciente. Eram poucos os professores que vinham voluntariamente até a ala hospitalar no início do ano letivo para a revisão médica obrigatória. Alguns, como Severus e Sirius, a medibruxa tinha que praticamente arrastar até ali para serem examinados.

'Pelo menos Remus e Thera vêm aqui voluntariamente.' A medibruxa pensou para si mesma enquanto murmurava um feitiço diagnóstico que iria localizar qualquer alteração médica relevante na profetisa.

Na altura do ventre dela, o feitiço emitiu um forte brilho dourado, fazendo com que Poppy abrisse um enorme sorriso, mas não comentou nada enquanto a magia ainda atuava no corpo de Thera.

Depois que o exame terminou, Poppy leu os resultados anotados em um pergaminho e sorriu para a profetisa.

"Bem, minha querida, não vejo problema algum no teu exame. Claro que eu não considero o pequenino dentro do teu ventre como um problema."

Se Poppy pensava que poderia surpreender sua paciente com a novidade, ela se enganou. Thera apenas abriu um enorme sorriso e acariciou o ventre com uma de suas mãos.

"Eu já havia visto o pequenino em minhas visões, Poppy. Eu só vim aqui confirmar se estava tudo bem comigo. Não quero que nada aconteça ao meu bebê."

"Remus já sabe? Ele deve estar extasiado."

"Não contei a ele, ainda. Se bem que com o nariz que ele tem, já deve ter adivinhado, mas não tenho certeza. Vou contar hoje à noite, depois do jantar. A senhora pode guardar segredo sobre isto por enquanto?"

Poppy Pomfrey abriu um brilhante sorriso, acatando o pedido de Thera. A medibruxa também estava feliz porque seu paciente favorito ia ser pai. Foi então que Poppy lembrou porque Remus era seu paciente favorito. Esta lembrança fez seu sorriso esmorecer um pouco.

"Thera, eu preciso que você venha aqui quinzenalmente para que eu possa acompanhar sua gravidez de perto."

Thera ouviu a preocupação na voz da medibruxa e se assustou um pouco.

"Mas eu pensei que estava tudo bem. Qual é o problema? Meu bebê vai ficar bem, não?"

"Calma criança. No momento não exista absolutamente nada errado com o pequenino. Mas temos que levar em consideração o quadro médico de Remus. Eu não sei se licantropia é hereditária ou não, pois não existem estudos na área. Mas nós temos que pensar nesta possibilidade, e tentar preveni-la, se for possível."

"Eu tinha me esquecido disto." Foi tudo o que Thera falou, numa voz muito baixa, antes de acrescentar: "Mas o bebê vai ficar bem, não?"

"Eu não sei, Thera. Mas eu te aconselho a contar logo para Remus. Ele estudou muito sobre a sua situação e pode, de repente, saber alguma coisa. E eu quero conversar com vocês dois depois, sobre todos os detalhes que precisaremos observar de perto durante a gravidez." Com isto Poppy ajudou a profetisa a levantar da cama, a empurrando discretamente na direção da porta de saída da enfermaria.

"Vá contar a Remus e depois me conte a reação dele. Espero vocês os dois aqui amanhã para conversarmos. Vá logo!"

*****

Sirius andava assobiando pelos corredores de Hogwarts, usando sua calça e sua jaqueta de couro, além das botas de couro de dragão de cano alto. Ele havia encontrado Minerva há alguns minutos e a diretora o olhara de cara feia, o lembrando que precisaria usar robes tão logo os alunos estivessem na escola. O animago assentiu com um enorme sorriso, que fez a diretora corar levemente.

Ao virar a esquerda em um dos corredores, Sirius viu Morgan resmungando mais à frente, batendo os pés enquanto andava. A visão da irada professora de Duelos lhe inspirou prontamente e ele levantou discretamente sua varinha, murmurando um feitiço. Morgan brilhou discretamente quando o feitiço a atingiu, mas ela nem chegou a perceber.

O animago se afastou rindo, louco para ver a reação de sua vítima durante o jantar mais tarde.

O que Sirius ignorou foi uma leve dor em seu peito. Dor causada pela consciência de aplicar logros em Morgan, a mulher que ele.....

*****

Severus lentamente começou a despertar. Ele sentiu um peso em seu braço ao tentar move-lo. Abrindo os olhos, se virou e viu sua esposa ainda dormindo.

Pegando sua varinha na mesa de cabeceira, murmurou baixinho um feitiço e o horário apareceu em grandes letras azuladas no meio de uma névoa. Eram quase cinco da tarde.

Então o Mestre de Poções sorriu lembrando do almoço que dividira com Rolanda, e de como os dois haviam parado na cama para uma celebração particular. Eles deviam ter caído no sono.

Severus lentamente moveu a cabeça de sua esposa para fora de seu braço e a deitou no travesseiro. Então, com a mesma lentidão, afastou as cobertas de cima dela e a admirou com o olhar, antes de seus olhos se trancarem no ventre dela. Com todo o cuidado, Snape colocou sua mão sobre o ventre de Rolanda e o acariciou. Rolanda se mexeu durante o sono e Severus olhou para o rosto dela, para se certificar que ela ainda estava dormindo. Então, baixando seu rosto, encostou sua face na barriga da esposa, falando baixinho.

"Eu vou fazer tudo o que eu puder para te proteger, pequenino. Vou te dar todo o amor que meus pais nunca me deram. Não vou te abrigar a seguir algum louco megalomaníaco como eu mesmo fui obrigado. Você vai ter orgulho em me chamar de pai, assim como eu terei orgulho em te chamar de meu filho."

Foi quando sentiu uma mão em seus cabelos. Olhando para o rosto de sua esposa, a viu sorrindo. Severus imediatamente ficou vermelho. Rolanda sorriu ao ver o rubor na face do marido.

"Então o malvado mestre de Poções, morcegão residente das masmorras, tem um lado suave. O que os alunos não dariam para ver isto..."

"Rolanda, eu..., eu..."

"Não precisa dizer nada, Sev, estou só brincando. Eu achei lindo te ver falando com minha barriga. Eu acho que tu vais ser um ótimo pai, amor."

"Eu tenho minhas dúvidas. Não tive nenhum exemplo para seguir enquanto eu crescia."

Rolanda pôs um dedo sobre os lábios do marido.

"Pois eu não tenho dúvidas. Você não é seu pai, Sev."

"Mas eu segui os passos dele. Me voltei para o Lorde Negro como meu pai antes de mim. Eu fiz muitas coisas das quais me arrependo. E olhe o jeito com que eu lido com os alunos."

"Shhh, Sev. Eu conheço teu passado, não se esqueça. Eu sei que teu pai te obrigou a seguir o rumo que escolheste...."

"Mas eu ainda segui este caminho de boa vontade! Eu era jovem e tolo, querendo poder e influência. Quando meu pai me levou a Voldemort, me pareceu a escolha certa. O que eu vi naqueles dias, o que eu fiz.... Até hoje me surpreendo cada vez que me lembro sobre como Albus recebeu meu arrependimento e a mim de braços abertos. Albus sim foi como um pai para mim, muito mais que meu próprio pai."

Rolanda segurou o rosto de seu marido com as duas mãos, o forçando a encará-la.

"Sev, me escute bem. Isto é passado. A guerra terminou e você já provou a todos que realmente se arrependeu de seu passado. Você se sacrificou muito por anos espionando Você-sabe-quem a um custo pessoal altíssimo, sendo torturado várias vezes. E as informações que trouxeste salvaram várias vidas. Isto por si só já te redimiu dos erros passados. Não fiques te crucificando por causa disto. Sei que não devemos esquecer os erros passados para não comete-los no futuro, mas não podemos sacrificar o presente. Você logo vai ser pai, Sev. E eu sei que você pode ser um pai maravilhoso. É só não deixar o passado consumir esta chance, amor. Faça isto por mim, pelo bebê, mas, especialmente, faça isto por você mesmo."

Severus olhou para os olhos profundos de sua esposa e a puxou para um beijo, tentando passar todo seu amor por ela neste gesto. Ele sabia que ela estava certa e estava na hora de viver o presente e construir um novo futuro...

*****

Thera entrou no salão principal para jantar e avistou seu marido já sentado à mesa principal. Ela rapidamente se juntou a ele, pensando na forma como contaria a novidade a Remus mais tarde, na intimidade do quarto deles.

O licantropo sorriu quando a viu, levantando uma sobrancelha em curiosidade ao paradeiro de sua companheira durante o dia inteiro. A profetisa amava quando ele fazia isto.

Thera logo se sentou ao lado de Remus, que lhe deu um beijo de boas vindas. Então ela virou-se para a mesa, se perguntando se haveria possibilidade de servirem queijo com goiabada no jantar daquela noite. Ela estava com uma vontade incrível de comer isto...

*****

Sirius se recostou na sua cadeira à mesa principal. Ele estava contando os segundos para Morgan entrar no salão, ansioso para ver o resultado da sua brincadeira. Olhando ao redor, notou Remus sussurrando na orelha da esposa, que ficou vermelha. Na ponta da mesa Severus olhava para Rolanda com seus lábios se curvando num sorriso tímido. Sirius fez uma careta, pensando que professores sebosos de Poções deviam ser proibidos de sorrir.

Foi quando Morgan entrou no salão. Conforme ela foi avançando, os alunos começaram a disfarçar o riso.

*****

Ginny Potter e Hermione Weasley entraram no salão trazendo consigo os primeiros anos. Logo o sorteio começou.

Minerva McGonagall observava cada um dos novos estudantes se aproximando da mesa de sua nova casa, alguns tímidos, outros desafiantes. Ela já havia perdido a conta de quantas crianças havia visto fazer a mesma coisa no passado.

'E eles sempre parecem tão jovens...'

A diretora sacudiu a cabeça. É claro que eles pareciam muito jovens. Tinham apenas onze anos. Quando o último estudante foi sorteado, Minerva se levantou imponente e séria para fazer seu discurso de abertura. Este era o ponto onde ela mais se diferenciava de Dumbledore. Enquanto Albus tinha sempre um brilho de conhecimento nos olhos e um ar festivo e brincalhão em torno de si, Minerva procurava manter a sobriedade. Ela falou sobre algumas normas da escola, sobre a floresta proibida e sobre o Filch havia acrescentada à sua lista de itens proibidos. Então desejou a todos um ótimo começo de ano letivo e permitiu que todos começassem a comer.

Sentando-se, viu os alunos avançando na comida, enchendo seus pratos. Minerva abriu um sorriso. Algumas das crianças a lembravam de Ron Weasley, sempre famintos e se atracando na comida.

*****

Morgan estava sentada ao lado de Darius, assistindo à cerimônia de abertura do ano letivo. Quando todos começaram a comer, ela se serviu, antes de ouvir o professor de Latim dizendo seu nome. Ela se virou pronta para conversar com ele. Mas Darius apenas sorriu antes de lhe falar.

"Morgan, linda como sempre. E eu concordo plenamente, suas pernas são mesmo deslumbrantes."

*****

Sirius, do seu canto à mesa, viu Morgan arregalando os olhos com compreensão e então conjurar um espelho e começar a examinar seu robe. Ela finalmente havia descoberto o logro.

"BLACK!" O animago a ouviu gritar, antes de vir para cima dele. Sirius não pensou duas vezes antes de pular fora de sua cadeira e começar a correr ao redor da mesa.

Todos no salão começaram a rir com vontade, com os alunos tentando abafar as risadas com as mãos.

"Eu te mato, Black! Eu não sou a Miss Pernas Deslumbrantes nem aqui nem na China!"

*****

Thera arrastou Remus para o quarto deles e o empurrou na cama. O lobisomem não deixou por menos e a puxou consigo, antes de rolar na cama e a prender sob seu corpo. Erguendo-se em seus braços, Remus encarou sua esposa e a viu lhe dando um enorme sorriso.

"Alguém parece muito feliz hoje..." Comentou.

Thera lhe deu um rápido beijo antes de sussurrar ao ouvido do marido.

"Você vai ser pai."

Remus beijou novamente sua esposa com carinho antes de responder.

"Eu sei."

Thera o fitou intensamente nos olhos e perguntou.

"Seu olfato?"

Remus lhe deu um sorriso matreiro e respondeu que sim. Então ele saiu de cima da esposa e se sentou na cama, com suas costas apoiadas na guarda desta, antes de puxar Thera para seu colo e colocar uma mão sobre o ventre dela.

"Poppy quer conversar conosco amanhã."

Remus olhou sério para a esposa.

"Alguma coisa errada com o bebê?"

A profetisa viu o rosto do marido se encher de preocupação e se apressou em acalma-lo.

"Não Remus. O bebê está bem. Mas Poppy disse que não podemos ignorar o teu quadro médico. Ela não sabe se licantropia é hereditária ou não."

Remus ficou mais sério ainda no mesmo instante. Ele não havia considerado isto antes, talvez porque pensasse que nunca encontraria alguém.

"Eu não sei o que vai acontecer, amor. Nunca pesquisei nada sobre isto. Mas nós estaremos juntos para enfrentar o que quer que venha a acontecer, eu te prometo isto."

*****

Duas noites depois Thera e Remus conversavam na cama a respeito de tudo o que Poppy havia dito e dos exames que ela realizara em Remus, tentando decidir se pediam ou não ajuda a Severus para tentar descobrir mais sobre a possibilidade de licantropia ser hereditária. Remus acariciava a esposa, tentando minimizar uma dor de cabeça que esta estava sentindo.

De repente, ouviram a voz de Sirius chamando Remus através da lareira. O lobisomem gemeu ao se afastar dos braços quentes da esposa e levantou.

"Padfoot? O que aconteceu?" Perguntou ao ver o amigo todo escabelado. Foi então que ouviu um choro. "Onde estás? E quem está chorando?"

Thera ouvia a conversa do marido com o outro Maroto. Ela ouviu Remus, sem querer, dar com a língua nos dentes sobre Sirius precisando ler sobre bebês e resolveu ajudar seu marido a fugir do interrogatório. Ela já sabia que Remus tinha sentido cheiro de hormônios em Morgan e sabia o que isto significava, mas não seria ela quem iria contar para a prima.

"Remus! Vem pra cama." Ela chamou.

Logo, logo Remus se despediu de Sirius e voltou para quarto, onde se deitou e tomou Thera em seus braços, abafando as risadas nos cabelos dela.

"O que foi?" A profetisa perguntou intrigada.

"Sirius.", respondeu o lobisomem entre risadas, "Todos os Weasley, além de Ginny e Harry, saíram e o deixaram com as crianças. Imagina só Padfoot de babá de vinte anjinhos..."

Thera arregalou os olhos quando ouviu isto, se lembrando de todas as histórias que seu marido contou das suas experiências e as de Sirius como babás do pequeno Harry há mais de vinte anos e pensou no animago que conhecia. Ela não se agüentou e se juntou a seu marido nas risadas...

*****

Darius bebericava uma taça de vinho branco italiano em seus aposentos enquanto folheava os relatórios de seus homens sobre as últimas missões. Vez ou outra, o chefe dos inomináveis pegava uma pena e fazia anotações em um pergaminho, tentando estabelecer uma rotina para os ataques dos Neo-Comensais que podia ter escapado da atenção do seu pessoal de inteligência.

Mas, por mais que lesse e relesse, não conseguia encontrar uma ligação. Todos os ataques pareciam ocorrer a esmo. A última grande ação havia sido o ataque a Hogsmead e o seqüestro da profetisa. Depois haviam ocorrido apenas ações de pequeno porte a trouxas, nascidos trouxas e famílias sangue puro, com apenas duas fatalidades. E o ataque à reserva de dragões.

'Quem quer que seja o líder, sabe o que está fazendo.' Pensou o Slytherin enquanto levava a taça de vinho para perto de seu nariz e a sacudia de leve, sentindo o delicioso aroma que provava a qualidade da bebida.

*****

Poppy Pomfrey andava nas nuvens. Finalmente ela tinha alguma coisa diferente para fazer na ala hospitalar do que cuidar de crianças com dor de barriga, casos graves de saudades de casa, feitiços mal pronunciados, poções erradas ou ossos quebrados por causa do quadribol. Duas professoras de Hogwarts estavam grávidas até o momento, se não aparecesse mais nenhuma, pois ninguém nunca podia ter certeza sobre isto com tantos Weasleys no corpo docente. E os pais eram dois de seus pacientes favoritos.

A medibruxa até já podia imaginar um bebê de cabelos morenos lisos e aparência séria como se fosse um Snape em miniatura como filhinho de Severus, a não ser que ele herdasse os traços louro-acinzentados dos Hooch. Difícil prever, porque ambas as famílias tinham características marcantes extremamente dominantes e que eram marcantes de seus membros por muitas gerações.

E o bebê Lupin, então. Mais difícil ainda de imaginar como se pareceria. Se ele herdasse os olhos âmbar de Remus, eles saberiam que a criança herdara também a maldição de seu pai.

Por mais que Poppy pensasse, ela não conseguia imaginar como eram os olhos de Remus antes que ele fosse mordido em tão tenra idade. E ela imaginava que nem Remus se lembrava da cor original de seus olhos.

E se os olhos da criança fossem violeta, também seria um mal sinal. O pequenino teria herdado a sina de sua mãe e iria se tornar um verdadeiro vidente.

'Bem, é melhor deixar o tempo decidir', pensou a medibruxa consigo mesma antes de fazer a lista de todos aqueles que ela precisava caçar para o exame anual rotineiro. Só para variar um pouco, ela tinha quatro nomes na lista: Severus Snape, Sirius Black (os dois nomes de sempre), Morgan Du Lac (outra difícil de trazer para ser examinada) e Pérgamo Rolls (que devia estar concentrado em alguma transcrição e se esqueceu completamente do exame). Poppy apenas sacudiu a cabeça e foi procurar pelos professores.

*****

Pérgamo Rolls mal levantava os olhos de seu trabalho. Nos últimos dias ele só saia do quarto para dar suas aulas ou, quando muito, resolver algum problema surgido na sala comum de Ravenclaw, o que acontecia muito pouco porque os estudantes estavam sempre imersos em seus estudos.

O professor de Runas Antigas examinava as estranhas runas ao redor de um espelho que Remus e Thera haviam trazido para ele de Ávalon. Pérgamo ainda não havia conseguido traduzir aquelas runas, mas estava se emocionando cada vez mais pelo desafio. Segundo Thera, o espelho estava em sua família há muitas gerações, ninguém sabia a origem certa, e a profetisa o havia recebido como herança familiar do conselho no último verão. Então ela e Remus resolveram pedir para que o colega traduzisse os símbolos.

"Isto está mais difícil que a pedra de Roseta!" Exclamou entusiasmado o diretor de Ravenclaw, felicíssimo com o desafio.

Foi quando uma batida na porta o acordou de seus estudos. Quando ele a abriu, deparou-se com uma irada medibruxa.

'Esqueci dos meus exames.' Foi tudo o que pensou ao ser arrastado porta afora em direção a ala médica.

*****

Sirius estava furioso. Ele levara dois dias para conseguir livrar todo o seu cabelo da gosma verde que Morgan havia jogado nele através de um logro.

Batendo os pés enquanto andava pelos corredores de Hogwarts esbravejando, o animago chegou em frente aos aposentos de Morgan e bateu na porta. A jovem logo veio abrir.

"O que você quer, Black?"

"Apenas tirar satisfações sobre uma certa gosma verde." O animago respondeu entrando no quarto e fechando a porta atrás de si.

Morgan se sentou em uma confortável poltrona e olhou para Sirius com um sorriso satânico nos lábios.

"A gosma verde... uma das melhores visões que já tive na vida. Seu cabelo realmente ficou lindo todo pegajoso e verde. Até me lembraste de Snape."

Sirius rosnou e se aproximou da poltrona, colocando uma mão em cada braço desta e olhando Morgan nos olhos.

"Nunca mais me compare ao idiota seboso do Snape." E com isto beijou a professora de Duelos com paixão. Pouco depois roupas voavam por todos os lados da sala dos aposentos de Morgan.

*****

Rolanda Snape despertou abruptamente de seu sono. Ela sentia seu estômago se revoltando e o quarto ao seu redor girando. Sem pensar muito, ela saltou da cama e correu em direção ao banheiro, onde devolveu todo o jantar da noite anterior.

Ela sentiu a presença de Severus pouco depois. Seu marido se ajoelhou atrás dela e a amparou nos braços. Quando a professora de vôo terminou de devolver o jantar, ele a ajudou a se sentar em uma banqueta já colocada para este fim no banheiro e lhe deu um copo de água para tirar o gosto ruim da boca, enquanto lhe massageava as costas. Depois o mestre de Poções lhe alcançou uma poção para náuseas e ela prontamente a bebeu, piscando ligeiramente por causa do gosto ruim.

Rolanda sorriu levemente ao sentir seu marido a levantando nos braços e a retornando para a cama, onde ambos se deitaram antes de Severus a puxar para seus braços e a segurar carinhosamente.

"Eu sempre vou estar aqui por você." Rolanda ouviu Sev murmurar antes de voltar a dormir.

*****

Sirius passava suas mãos pelo corpo de Morgan, sentindo a textura da pele. Pouco depois ele levantou da cama e começou a se vestir sob o olhar intenso da Du Lac.

Ao olhar para a jovem de novo, Sirius reparou que ela parecia estar um pouco mais cheinha.

"Você engordou, sabia?"

Tão logo estas palavras deixaram sua boca, ele se arrependeu, pois Morgan saltou rapidamente da cama e pegou sua varinha a apontando para ele.

"Eu vou te mostrar quem está gorda, seu bastardo arrogante e mal-educado."

Alguns segundos depois qualquer um que estivesse passando do lado de fora dos aposentos de Morgan Du Lac iria enxergar a porta se abrindo subitamente e Sirius saindo correndo, utilizando apenas sua roupa íntima, com Morgan correndo atrás dele enrolada em um lençol.

*****

Severus acordou pela segunda vez naquela manhã com alguém batendo na porta dos aposentos do diretor de Slytherin. Resmungando contra quem quer que fosse que estava do outro lado da porta, ele vestiu um roupão, deu um leve beijo na face de sua esposa e foi abrir a porta.

No mesmo instante ele desejou ter feito de conta que estava dormindo. Poppy Pomfrey estava ali parada, com uma expressão de poucos amigos. Ela só olhou para o diretor de Slytherin antes de o pegar pelo braço e começar a arrastá-lo atrás de si, em direção à ala médica.

Tudo o que Severus pôde fazer foi ir atrás dela, resmungando contra matronas impacientes e exames médicos anuais incômodos.

*****

Ginny Potter aparatou do lado de fora dos portões de Hogwarts, voltando de uma noite passada em casa ao lado do marido e dos gêmeos. Era sempre bom passar algum tempo com a família, mesmo que fossem algumas poucas horas. E ajudava que Harry fosse sempre tão fogoso e pronto para a enlouquecer na cama.

E cada hora nos braços do marido valera a pena!

A jovem atravessou rapidamente os jardins da escola e entrou. Ela tinha apenas uma hora para se preparar para a primeira classe do dia, incluindo neste tempo o café da manhã e as lições que ela não preparara no dia anterior por haver ido para casa.

Entrando no prédio, ela deparou com uma cena inesquecível, que Harry daria de tudo para ter visto.

Snape sendo arrastado por madame Pomfrey para a enfermaria. O alto mestre de Poções sendo arrastado pela baixinha medibruxa!

Snape sem sua roupa de vampiro, apenas de roupão! E com um roupão que não era preto. Um roupão vermelho!

Ginny começou a se controlar para não rir, desejando que seu marido estivesse ao seu lado para ver a cena, ou que pelo menos ela tivesse uma máquina fotográfica!

*****

Charlie Weasley bocejava enquanto seguia rumo a floresta proibida para cumprir uma de suas muitas obrigações como professor de Trato das Criaturas Mágicas: alimentar os thestrais. Se ele conseguisse reunir os bichos.

Ele não tinha problema nenhum em enxergar as criaturas similares a uma mistura de cavalos e dragões, pois ele havia visto muitas mortes na guerra contra o Lorde Negro. E qualquer um que tivesse visto mortes de alguém querido poderia ver os grandes seres que puxavam as carruagens de Hogwarts.

Alimenta-los havia sido uma das inúmeras tarefas de Hagrid.

Charlie entristeceu a este pensamento. Ele ainda sentia falta do meio-gigante, que lhe passara o amor pelos dragões.

Charlie ainda podia se ver, como menino, atravessando os jardins de Hogwarts até a cabana do guarda-caça, hoje ocupada por Titus, indo conversar com Hagrid sobre dragões. Juntos eles haviam lido vários livros falando sobre as espécies de dragões, suas características, seus hábitos e como criá-los. Ele também lembrava de cada carta que Hagrid lhe enviara depois que começara a trabalhar na Romênia com os animais que eram a paixão de ambos. E de todas as fotos que enviara a Hagrid de Norbert, o bebê dragão.

Olhando para a velha cabana, Charlie lembrava de Hagrid sentado à porta acompanhado por Fang, tocando uma flauta rústica. Este era uma das perdas que o jovem professor mais lamentara depois da guerra.

*****

Sirius saiu da enfermaria resmungando que aquele não era seu dia. Primeiro Morgan o correra do quarto de manhã bem cedo, o fazendo deixar suas roupas e sua varinha lá. Depois ele passara por uma classe terrivelmente inquieta. Então tivera que implorar a Morgan para ter sua varinha de volta, pelo menos. Então Poppy o encurralara a caminho da quadra de quadribol e o arrastara para fazer o maldito check up anual, onde disse que ele estava um pouco anêmico e lhe forçara algumas das horríveis poções de Snape goela abaixo.

O animago tinha certeza que seu dia não podia piorar.

*****

Remus e Thera entraram no salão principal de braços dados, prontos para o jantar. Eles foram até a mesa principal e se sentaram ao lado de Severus e Rolanda. Então Remus se inclinou para o mestre de Poções.

"Parabéns, Severus!"

Snape o olhou apenas um segundo antes de entender qual era o motivo da felicitação.

"Obrigado, Lupin. Eu deveria ter imaginado que você seria o primeiro a descobrir, com este seu nariz e sendo casado com uma vidente. Espero que você também tenha esta alegria logo."

O lobisomem sorriu.

"Nossos filhos irão estudar juntos, meu amigo."

Os olhos do diretor de Slytherin se arregalaram quando ele compreendeu a colocação.

"Você também vai ser pai?"

"Sim!"

Rolanda, que estava escutando as palavras trocadas entre os dois, soltou uma exclamação de felicidade e abraçou Thera, chamando a atenção de todos na mesa.

"Vocês têm alguma coisa para dividir conosco?" Perguntou Minerva McGonagall.

Remus e Severus se olharam, antes do primeiro se levantar para fazer uma colocação oficial.

"Bem, eu gostaria de anunciar que, tanto minha esposa como Rolanda Snape, fizeram de mim e de Severus os homens mais felizes do mundo. Nós vamos ser pais!"

O grande salão entrou em polvorosa. Várias garotas começaram a suspirar, achando a novidade linda, ao mesmo tempo em que vários dos garotos cochichavam sobre como o seboso professor de Poções conseguira engravidar alguém, enquanto outros não queriam nem imaginar esta possibilidade.

A mesa principal também se agitou, com todos querendo abraçar as futuras mães e pais ao mesmo tempo, apesar de Severus estar resmungando contra isto e ficar lançando comentários sarcásticos.

*****

Morgan se aproximava do salão para ir jantar, se bem que ela não sabia se estava com fome. Não saber como alguma coisa tão estapafúrdia podia ter acontecido com ela definitivamente lhe tirava o apetite.

Uma hora antes Poppy Pomfrey a encontrara e a arrastara para a enfermaria, para aquele maldito exame médico anual. E lá o mundo dela se despedaçara com o resultado do exame. Como podia uma sacerdotisa da Deusa Mãe, uma filha da ilha sagrada, uma Du Lac, ter caído na mais velha armadilha do mundo.

Não que o que aconteceu fosse proibido, pois não o era se fosse resultado de algum ritual, como as fogueiras de Beltane.

Mas o que mais doía era saber que Sirius Black estava tão envolvido nisto quanto ela. E ela teria que contar a ele.

Foi pensando nestas possibilidades que a jovem se aproximou do salão principal, entendendo todas as sensações estranhas que sentira desde que voltara de férias.

*****

Sirius ouvia perplexo o anúncio de Remus. Seu melhor amigo ia ser pai! Outro pequeno maroto ia correr por Hogwarts logo, logo, como Harry havia feito. Um pequeno Moony!

E este pequeno Moony teria um pequeno Snape em quem aplicar logros! A vida não poderia ser mais perfeita do que isto!

Foi quando Sirius finalmente compreendeu que Severus também iria ser pai.

"O seboso vai ser pai!" Exclamou em voz alta.

Severus sorriu olhando para Sirius, e fazendo vários alunos no salão tremerem ao ver aquele sorriso.

"Vou ser pai sim, Black."

"Pobre da criança... Ter um idiota seboso como pai. Eu não queria esta sina para ninguém."

"Black, controle sua língua, senão eu irei me certificar que você nunca seja capaz de ter descendência."

Sirius não recuou diante da ameaça do seu velho desafeto, apenas ficou mais exaltado e não conseguiu mais segurar a língua, falando antes de pensar.

"Eu não me importo de não ter filhos, Snivellus. Eles só iriam atrapalhar minha gloriosa vida de solteiro. Imagine só, mamadeiras de madrugada, fraldas, choros nas horas mais impróprias. Estou muito bem solteiro, e sem filhos, e pretendo continuar assim."

"Padfoot, não diga isto.", Remus falou tentando acalmá-lo, "Você vai acabar se arrependendo."

Neste instante uma voz gritou com toda a força da porta do salão.

"BLACK!"

*****

Morgan não conseguia acreditar no que ouvia. O bastardo convencido a colocara numa encrenca enorme e agora vinha fazer discurso sobre não querer ter filhos. Ela ia cuidar de capá-lo pessoalmente.

"BLACK!"

Todos se voltaram e a olharam, enquanto ela marchava a passos largos para dentro do salão, indo se postar na frente de Sirius e lhe acertando uma bofetada forte na face.

"AI! Por que apanhei agora?" Perguntou o animago esfregando o rosto vermelho por causa do golpe.

"Engula imediatamente tudo o que disse, seu traste. Tudo o que disseste sobre filhos, seu miserável."

"E qual é o problema com o que eu disse?"

"Padfoot, fique quieto por favor!" Implorou Remus ao lado do tratante.

Morgan viu Sirius sacudir o braço para se livrar de Remus e a encarar.

"Então, eu fiz uma pergunta. Qual é o problema em não querer ter filhos? E porque você está me cobrando isto, sua convencida?"

Morgan sentia seu rosto ficar cada vez mais vermelho de tanta raiva.

"Você devia pensar melhor nisto antes de agir então, seu idiota, e não sair alardeando tuas vontades a torto e direito diante de todos. Eu devia capá-lo!"

"Você tem todo o meu apoio, Du Lac. Quer que eu lhe alcance uma faca?" Morgan ouviu Snape dizer e lançou a ele um olhar que, se matasse, o teria morto no mesmo instante, e muito dolorosamente.

Remus correu a segurar Severus, que já estava se preparando para entrar na briga, e sussurrou algo no ouvido deste, que prontamente se acalmou e ficou olhando para Sirius, antes de murmurar.

"Você conseguiu encomendar seu caixão, Black."

Então Morgan começou a ignorar os dois e retornou sua atenção ao objeto principal de sua raiva.

"Qual é o problema, me tens coragem de perguntar? Qual é o problema? Pois eu te digo qual é o problema. Eu estou grávida, e VOCÊ é o pai!"

E com isto ela se virou e saiu correndo porta afora.

O grande salão caiu em um silêncio tenso.

*****

Sirius tentava conter sua raiva enquanto discutia com Morgan, sempre ignorando todos os pedidos de Remus para que se calasse.

Ele já ia recomeçar a gritar com ela e com Snape quando a professora de Duelos gritou novamente.

"Qual é o problema, me tens coragem de perguntar? Qual é o problema? Pois eu te digo qual é o problema. Eu estou grávida, e VOCÊ é o pai!"

Sirius empalideceu no mesmo instante, e não conseguiu falar coisa alguma quando viu Morgan voando para fora do salão. Nenhum pensamento coerente lhe passava pela mente.

"Padfoot?" Ele ouviu Remus chamando da sua direita, enquanto sua mente trabalhava furiosamente para aceitar o que ouvira, até que todas as palavras se encaixaram e ele só conseguiu pensar em uma única coisa para dizer.

"Merda!"

*****

* Detalhes sobre a noite de Sirius como babá podem ser encontrados no capítulo independente 'O Dia de Cão de Padfoot'.

Bem, chegamos ao final de mais um capítulo de Encontros. Desculpem-me pela demora, mas minha vida sofreu muitas modificações nos últimos meses, o que me tomou muito do tempo que eu tinha para escrever. Troquei de emprego, aumentei o número de aulas semanais de inglês e de francês, retomei as aulas de italiano, arranjei alguns serviços de pesquisa extras. Enfim, corri um monte. Isto sem contar que meu windows deu pau e eu tive que trocá-lo.

Eu ainda estou de luto devido a morte ocorrida em 'Harry Potter and the Order of Phoenix'. Racionalmente eu entendo porque o personagem em questão, do qual não vou citar o nome por causa daqueles que ainda não leram o livro, morreu. Era um final lógico para ele. Mas eu sonhava tanto com a redenção deste personagem.... Bem, não se pode ter tudo o que se quer e a autora da saga de Harry Potter não sou eu.

Fiz algumas referências ao novo livro neste capítulo, espero que vocês as encontrem. Comecei a trabalhar num capítulo extra apenas sobre Rolanda e Severus. Vai demorar um pouco porque também estou trabalhando no capítulo novo de meu crossover, mas ele vai entrar no ar, assim como o capítulo extra sobre Fred e George e o mapa do maroto.

No próximo capítulo de Encontros, veremos o desenrolar da tensão entre Morgan e Sirius.

Aviso que este capítulo não foi revisado por minha beta reader, porque não consegui encontrá-la. Ele pode sofrer modificações posteriores devido a esta revisão e a entrada no ar dos novos capítulos de Reencontros.

Agradeço a todos os emails recebidos, bem como as pessoas que revisaram meu fic. Acho que Encontros é meu primeiro fic a ter mais de 10 revisões aqui, na ff.net. Bem, claro que eu não estou contando os emails recebidos. Muito obrigada!

E até o capítulo dez de Encontros: O dia em que o cão ganhou sua coleira.