Orquídeas e Esmeraldas

by KittyBlue

Capitulo 3

- Tens de ter mais cuidado com as rosas. São flores muito bonitas e delicadas e por isso as pessoas esquecem-se que também têm espinhos.

O moreno agarrou na mão da rapariga limpando o corte. Fazendo tudo com rapidez mas com muito carinho também.

- Obrigado Ken, eu estava apenas distraída..

- Estás com algum problema? Aya? - ele olhou para a sua colega preocupado.

- Não é nada de importante, mas obrigado por te importares.. - ela deu-lhe um sorriso gentil voltando a sua atenção para as flores novamente.

Os dois continuaram a trabalhar em silêncio durante o resto da manhã. Aya às vezes perdendo-se em pensamentos e nem percebendo quando Ken a chamava ou quando algum cliente estava a tentar chamar atenção dela.

Ela estava a regar umas plantas na entrada da loja quando alguém a abraçou por trás. A primeira coisa que lhe passou pela cabeça foi bater na pessoa com o regador, mas como que lendo os seus pensamentos os braços que a prendiam largaram-na imediatamente. Ela voltou-se e deu um sorriso a Schuldich.

- Assustaste-me!

- Desculpa estava a passar aqui perto e decidi vir ver como te estavas a dar no teu novo trabalho. Então?

- Acho que vai tudo bem.. Schu... eu e o Ran vamos ter de ir embora?

O telepata olhou para ela surpreso e pronto a dizer algo para gozar com ela, mas ao ver o rosto dela calou-se. Os olhos azuis escuros estavam cheios de lágrimas.

- Aya... - ele aproximou-se.

- Hey, Aya.. Schuldich? - Ken parou na entrada a olhar da rapariga para o ruivo de cabelos compridos. - Que fazes por aqui? - ele olhou novamente para a rapariga percebendo agora as lágrimas que escorriam pelo rosto dela. - Schuldich! Que lhe fizeste? Aya?? - Ken limpou as lágrimas uma a uma e finalmente abraçou Aya.

- Desculpa Ken.... - disse ela entre soluços. Ela afastou-se e limpou a cara.

- Mas.. Aya? Que aconteceu? E que está ele a fazer aqui?

- Ken! Pensei que ias ficar feliz de me ver! - disse Schuldich num tom magoado.

- Vieste para trabalhar?

- Não..!

- Então é claro que não estou feliz!

- Eu e a Aya somos amigos e eu passei aqui para a ver. - revelou o telepata com um sorriso para a rapariga. Ele olhou de repente para Ken. - Nada de ciúmes, Kenken! Eu apenas estou a tomar conta dos dois irmãos.

- Se tu o dizes.. Estás melhor, Aya?

- Estou. Desculpa, eu estava a pensar numa coisa e de repente comecei a chorar.. - ela deu um sorriso para os dois rapazes que olhavam para ela preocupados.

- Ok... falamos mais logo, Aya. - disse Schuldich piscando-lhe o olho. Dando um adeus a Ken em seguida ele continuou a descer a rua para onde ele pretendia ir desde que tinha entrado na cidade.

Ken observou o homem de cabelos compridos ir embora e só quando já mal o via é que voltou novamente a sua atenção para Aya. A rapariga estava novamente a regar as flores, completamente alheia ao olhar preocupado de Ken.

- Hum.. Aya.. eu vou lá para dentro... se precisares de alguma coisa, podes vir ter comigo, ok? - ela parou e olhou para ele. Dando-lhe um sorriso acenou com a cabeça. Ele sorriu e voltou para dentro da loja.

Aya perdeu o sorriso e olhou em redor com o olhar triste.

Há muito tempo que não me sentia tão bem..

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Schuldich entrou no bar e sorriu ao ver a pessoa que procurava sentada no balcão a falar com um homem qualquer. Ele aproximou-se tranquilamente, cumprimentando algumas pessoas que conheciam e que lhe diziam alguma coisa.

- Que diria? Yohji Kudoh? Vieste para ficar?

O loiro desviou o olhar do amigo com quem falava para Schuldich. Ele deu- lhe um sorriso e desculpando-se com o outro homem levantou-se. Schuldich e Yohji apertaram mãos e sorrindo afastaram-se para uma mesa.

- Então que fazes por aqui? Desde que deixaste a Koneko que não sei nada de ti?

- Neste momento estou de férias. - respondeu Yohji passando uma mão pelos cabelos loiros. Ele fixou os seus olhos verdes esmeralda no ruivo de cabelos compridos, o seu olhar curioso e desconfiado.

- Não te preocupes, Yohji. Não é dinheiro que quero. Apenas pretendia que me ajudasses com uma coisa. Quando me disseram que ias ficar uma semana por Orchidee pensei logo como te poderia encontrar e depois lembrei-me da taberna do Jei.

- É verdade, é sempre o primeiro sitio onde paro quando chego à cidade. - sorriu o playboy desviando o olhar por segundos ao ver uma rapariga a entrar no estabelecimento.

- Hey! Acorda, Yohji... ela é menor de idade!

O loiro sorriu e olhou novamente para o amigo. A rapariga aproximou-se deles e só quando parou em frente à mesa deles é que Yohji percebeu que ela estava à espera de alguma coisa. Ele ergueu a cabeça e viu os olhos azuis mais bonitos que já tinha visto, mas também os mais tristes. Um rosto bonito. Cabelo preto meio azulado preso em duas tranças, que a faziam parecer ainda mais nova.

- Aya, este é o meu amigo Yohji Kudoh. Yohji, esta é uma amiga minha. - o loiro olhou da rapariga para Schuldich mostrando claramente a confusão que estava a sentir. - Podes sentar-se Aya.

- Bem, que se passa aqui?... Olha lá! Quando te disse que precisava de uma noiva, eu estava a brincar! Apenas foi para chatear a Asuka! Eu não preciso!

Schuldich desmanchou-se a rir e a rapariga, Aya, ficou imediatamente vermelha.

- Não é nada disso, Yohji. Ela é uma das filhas do lord Fujimiya, lembraste dele? - Yohji acenou com a cabeça a sua confusão ainda a aumentar, ele sabia que o lord estava morto, tinha sido assassinado, e ele pensava que não tinha havido nenhum sobrevivente.

- Enganas-te. Houve dois sobreviventes no massacre, dois irmãos, a pequena Aya e o seu irmão Ran. E eu preciso que me ajudes a provar quem eles são. Tu foste em tempos um dos melhores Guardas do governador e sei que se alguém me pode ajudar és tu.

- Entendi, mas que posso fazer? Desde que fui para Balinese que não sei nada do Governador e o Takatori nunca mais me procurou. Eu sou um lord agora, por isso todos os contactos que tinha com a guarda acabaram quando foi considerado o último e legitimo lord Kudoh.

- Eu preciso que intercedas por eles. Eles não têm documentos. Foram adoptados por uns parentes do Governador quando os pais morreram.. eles fugiram de casa e não pretendem voltar, Yohji.

- Oh. Ou seja, tu queres que os leve comigo também? - Yohji olhou de relance para Aya, a rapariga estava a olhar seriamente para Schuldich.

- Eu queria que apenas os ajudasses a anular a adopção e a que lhes seja dado o titulo que eles têm o direito de receber. Talvez seja pedir demais mas.. eu prometi que ia ajudar e neste momento és a minha última esperança. - Schuldich deu um sorriso a Aya, a rapariga apenas baixou a cabeça.

- Que tem ela? - perguntou Yohji curioso.

- Bem.. ela não queria deixar Orchidee.. habituou-se à cidade.. mas se os pais adoptivos a encontram aqui e sem a adopção anulada, eles são obrigados a voltaram para casa... ou melhor ela é obrigada, porque o irmão é maior de idade.

- Quando anos tens, Aya? - perguntou Yohji.

- 16. - respondeu ela levantando a cabeça novamente para olhar para ele.

- Hum.. pois o normal seria era ela nem estar aqui. Sinceramente, não sei que pretendes que faça.. posso falar com o Governador e interceder por eles em tribunal, mas sem provas de que eles são quem dizes, não há muito que lhes valha.

- Desculpe... eu tenho um sinal de nascença no meu braço, que é apenas conhecido na minha linhagem. - disse Aya corando intensamente.

Schuldich riu-se. - Interessante.. o teu irmão também o tem? - perguntou o alemão com um certo brilho nos olhos.

- Não.. - respondeu ela sem entender, até ficar ainda mais vermelha ao seguir o pensamento do outro. - É só algo que aparece nas raparigas.. mas o Ran tem uma tatuagem num sitio qualquer com a marca da nossa família, ele fez-a por um motivo qualquer... - ela pausou pensativa. - Mas eu sei que foi até registada!

Schuldich permaneceu com aquela novidade.

O meu ruivinho tinha uma tatuagem e nunca lhe tinha mostrado.. porque será que ele nunca me disse nada sobre isso?

Ele usou o seu dom para ler os pensamentos de Yohji. E viu que o loiro estava a pensar se havia alguma que poderia fazer por eles. Claro que poderia usar a sua influencia, apesar de todas as contradições, agora como lord, ele tinha muito mais poder e todos o respeitavam..

- A primeira coisa a fazer é anular a adopção. - disse Yohji de repente. - Se o irmão dela é mais velho e maior de idade, ele pode anular a adopção e tornar-se o guardião dela. Veremos depois o que posso fazer para provar a linhagem deles..

- Eles podem fazer a anulação sozinhos? - perguntou Schuldich com um misto de esperança e felicidade.

- Sim. Eu vou ficar cá esta semana. Tentarei averiguar tudo o que sei sobre os Fujimiya e depois contacto-vos.. Schuldich, ainda moras naquela casa estranho nos arredores da cidade?

- Sim.. e não é estranha! Não tenho culpa de ser nas terras do lord Crawford.

- Para mim tanto faz, teres conseguido viver lá estes anos, é que é uma verdadeira surpresa.. e tu, Aya, estás a viver com o Schuldich? - a rapariga limitou-se a acenar com a cabeça corando ao reparar em como o homem era lindo. Ficando ainda mais vermelha ao perceber os olhos verdes esmeralda fixos nela.

Schuldich riu-se ao ler os pensamentos dela. Fazendo com que os outros dois olhassem para ele. Ele apenas sorriu controlando o seu riso.

- Ainda amanha vou com o Ran tratar da anulação então.. quando souberes alguma coisa aparece lá em casa.. sabes onde me encontrar! E tens sempre a hipótese de me contactar telepaticamente..

Yohji acenou com a cabeça pensativo ainda naquilo que estava a fazer. O ruivo sorriu de uma forma sincera, e abraçou Yohji.

- Obrigado amigo. Nem sabes o quando me estás a ajudar..

Yohji sorriu e apenas disse que não era nada demais. Aya sorriu e levantou- se. Os dois dirigiram-se até à porta até Aya parar e voltar para a mesa onde ainda estava Yohji. Ela abraçou-o e deu-lhe um beijo na bochecha.

- Obrigado, lord Kudoh.

Ela sorriu e correu novamente até Schuldich.

Yohji observou os dois desaparecerem ao atravessar as portas. Ele voltou os seus pensamentos para o caso que tinha em mãos. Há muito tempo que não lhe pediam favores deste tipo e apesar de tudo, ele sentia-se bem por Schuldich lhe ter pedido ajuda. Ele não sabia a razão dos irmãos terem fugido de casa e certamente por agora ele preferia não saber.

Ele sorriu ao pensar na rapariga. Aya era uma rapariga bonita e engraçada, uma ternura. Uma rapariga que em anos iriam destroçar muitos corações. A irmã de alguém que certamente teria de estar de olha nela e nos seus pretendentes. Ele riu-se ao lembrar-se da maneira como ela tinha corado cada vez que ele olhava para ela. E sorriu gentilmente ao pensar na altura em que ela lhe tinha agradecido.

Certamente Aya, era alguém que merecia ser feliz..