Hermione estava sentada em uma mesa em seu quarto, enterrada em uma montanha de envelopes e pergaminhos, escrevendo energicamente.
-Hermione, você está me dando medo. Se continuar assim, você vai ter um colapso nervoso até o dia do casamento. Deixa eu te ajudar.
-Se eu deixar você fazer, você vai acabar errando e eu vou ter o dobro do trabalho.
-Você já está tendo o dobro do trabalho. Por que você não faz um, usa um feitiço pra multiplicá-lo e depois só coloca os nomes?
-Isso seria muito impessoal.
-E você tem que mandar 200 agradecimentos "pessoais"?
-250. – corrigiu ela com naturalidade, sem levantar os olhos – Você tem parentesco com metade da comunidade mágica.
O relógio na parede soou quatro batidas.
-Ai, meu bom Merlin! São quatro horas! Ron, coloca o sapato. Nós temos que ir decidir o que vai ser servido.
Ron calça o sapato direito, mas...
-Er.. Hermione? – começou ele com cautela – Você viu meu sapato esquerdo?
-VOCÊ PERDEU O SAPATO?!
-Ele tinha que estar aqui junto com o outro. – sua voz estava mais aguda do que o normal.
Hermione começou a murmurar palavras sem sentido enquanto procurava o sapato de Ron. Com a aproximação da data do casamento, ela ficava cada dia mais ansiosa e neurótica, se desesperando com cada detalhe, por mais insignificante que este fosse, embora sempre afirmando ter tudo sob controle. Ela recusava ajuda, em especial a de Ron, que havia causado um pequeno "acidente" com os convites. Usando penas de repetição rápida, ele ditava o que deveria ser escrito. O problema foi que, enquanto ele fazia isso, Pixitinho lhe trouxe uma carta de Charlie e, querendo comida, começou a bicar-lhe os dedos, fazendo com que seus lamentos de dor se tornassem parte do texto do convite. O estrago pôde ser consertado facilmente pela Sra. Weasley (enquanto Hermione brigava com o noivo), mas o ruivo foi proibido pela noiva de executar qualquer outra tarefa. De fato, ela só estava deixando-o ir com ela escolher os pratos a serem servidos após fazê- lo prometer não estragar nada e só porque a maior parte dos convidados pertencia à família dele.
-Mas que idiotice! – exclamou Hermione se levantando e pegando a varinha – Accio sapato! – o sapato veio voando pela porta do quarto, mas ao invés de segurá-lo, ela o deixou atingir Ron na cabeça.
-Ai! Obrigada. – disse Ron massageando a cabeça e sentando-se para calçar o sapato. – Sabe, depois que terminarmos, acho melhor passarmos no St. Mungos e te deixar internada lá até o dia do casamento... Pense nas possibilidades: você poderia convidar o Lockhart pessoalmente, já que você vai estar na mesma ala que ele... a ala dos malucos!
-Ron, eu não quero me casar com alguém cujas pernas saem da cabeça.
Essa frase, aliada ao olhar ameaçador de Hermione, foi suficiente para que Ron ficasse quieto.

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Magicamente, Ron e Hermione conseguiram chegar vivos e lúcidos (na medida do possível) ao dia do casamento que ocorreria às 18:00h. Ginny, a madrinha, e Tonks, grávida de cinco meses de um casal de gêmeos, ajudavam a noiva a se vestir. Hermione usava um vestido tomara-que-caia com pequenos brilhos formando algumas flores na barra da saia, e longas luvas brancas de cetim. Seu cabelo estava preso, formando um coque com a união de vários cachos. Ainda havia alguns pequenos cachos soltos. Seu véu, preso embaixo do coque, tinha pequenos brilhos iguais aos da saia.
-Então? Como eu estou? – perguntou Hermione com um largo sorriso mas que denotava seu nervosismo.
-Você está linda!
-Harry! – o rapaz, padrinho de casamento, tinha acabado de aparatar. – O que você está fazendo aqui? – Hermione perdeu o sorriso – O Ron está bem?
-Não, não. Ele está ótimo! Er... Ginny, eu preciso falar com você.
-Harry, o que está acontecendo? – perguntou Hermione contorcendo as mãos.
-Não é nada! Só preciso dar uma palavrinha com a madrinha. – ele não a olhava nos olhos.
-Hermione, estou com fome. O que você acha de um sorvete de pistache? – perguntou Tonks, querendo desviar a atenção da noiva.
-Pistache?
-É, pistache. Com um pouco de queijo ralado fica uma delícia! Venha. – ela levou Hermione para a cozinha.
Enquanto Tonks preparava seu lanche, Hermione se aproveitou da distração da futura mamãe e se aproximou da porta para tentar escutar a conversa entre Harry e Ginny.
-Ele o quê?! – perguntou Ginny, sem poder acreditar no que ouvia.
-Ele está tendo uma crise nervosa! Diz que não pode casar.
Na cozinha, uma taça se quebrou.

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N/A: Fiquei na dúvida se iria colocar o Harry nessa história ou dizer que ele tinha morrido na guerra. Como ele é o padrinho, é óbvio que não consegui matá-lo...

O sorvete de pistache com queijo ralado é cortesia do meu professor de Biologia II que fica inventando essas combinações bizarras.

Quanto à gravidez da Tonks, a coisa funciona assim: desde o casamento dela com o Lupin até o casamento do Ron com a Hermione se passaram por volta de seis meses. E antes que alguém comece a ter idéias, os gêmeos são do Lupin.