Título: O Conselho
Parte: 3/6
Autora: Berta Prugger
Casais: 1x2x1; menções de 1xR e 3x4.
Classificação: 13 anos
Resumo: Relena pede Heero em casamento de repente. Confuso, ele corre para Dr. J em busca de um conselho, que o acaba mandando conversar com um certo piloto...
Retratação: Gundam W e seus personagens não me pertencem! Se eles fossem meus, eu seria uma garotinha muito feliz, mas como não são... Ai ai...
Avisos:Esse fic é YAOI, assim como em romance homossexual. Se vocês não gostam, por favor não leiam. Fora isso, nada de extrafenomenal. Eu não repugno a Relena, então eu não vou caracterizá-la como a garota neurótica na qual muitos a transformam... (Mas eu confesso que concordo que ela não é mentalmente estável, principalmente nos primeiros episódios... =X Mas, no final, ela amadurece, então...)
O Pedido (Duo Maxwell)
Depois de um lindo dia de sol, sem uma nuvem sequer no céu, a noite que a precederia não podia ser outra se não uma noite encantadora. E o que Duo mais apreciava na Terra eram as suas noites, tão diferentes das da colônia de L-2 de onde viera. Sempre que podia, ele não dormia apenas para ficar admirando a Lua e as estrelas que, da Terra, pareciam tão distantes e belas.
E essa noite, particularmente, ele realmente não conseguia dormir, por um motivo que até mesmo ele ignorava, algo que o estava deixando irriquieto e irritadiço. Aliás, havia uma semana que ele dormia muito mal, mas hoje ele não conseguira dormir mesmo. E ele não agüentava ficar na casa onde os pilotos estavam porque Quatre, Trowa e Wufei haviam saído em missão, Heero sumira sem falar nada durante manhã depois de uma ligação de Relena e ainda não havia voltado, e ficar sozinho não estava ajudando o seu estado de espírito. Então, umas oito e meia da noite, ele resolveu fazer a única coisa que poderia acalmar o seu espírito: olhar o céu da noite terrestre.
No segundo dia depois que eles haviam se alojado naquele local, Duo descobrira um lugar perfeito para assistir ao céu dali: de cima de um dos brinquedos de um parque na cidade. Então ele saiu de casa e andou poucas quadras até dito parque, subindo em cima do teto do brinquedo, que parecia uma grande casa de madeira cheia de escorregadores e balanços, e se deitando para olhar a Lua.
Duo suspirou. Ele adorava olhar a Lua da Terra, ela parecia tão grandiosa, tão esplendorosa. E o fazia lembrar de Heero. Não sabia porque, mas desde aquele primeiro dia que conhecera o piloto, sempre que ele olhava para a Lua se lembrava dele. Talvez seja porque no dia em que eles haviam se encontrado fora o dia em que ele havia visto pela primeira vez a Lua da Terra. Ou talvez não, esse não era o caso. O caso é que, ao olhar para a Lua naquele momento, ele percebeu que o que o estava o deixando mal era provavelmente algo com Heero porque o satélite, ao invés de o acalmar, apenas o estava deixando mais perturbado ainda.
Havia pouco tempo que Duo percebera que estava apaixonado pelo garoto confuso, talvez fosse por isso que ele andava tão distraído ultimamente, e agora que ele percebera sua atração pelo outro, quando começava, não conseguia mais parar de pensar nele, e Duo não gostava de ter seus pensamentos monopolizados assim, porque ele sabia que nada de bom vinha quando ele pensava demais em assuntos que mexiam com seus sentimentos. Fechando os olhos fortemente, Duo deu um soco na testa, tentando desviar o rumo de seus pensamentos, mas nem a dor o fazia parar de pensar.
Ele lançou um olhar irritado para a Lua e tentou jogar seus pensamentos sobre o "soldado perfeito" de volta para a parte inconsciente de sua mente. Vendo que o satélite apenas o atrapalharia, ele se levantou e pulou de volta para o chão, então saiu andando de volta para a casa. Ele iria xeretar seu e-mail, talvez houvesse alguma missão importante que tiraria sua mente de seus sentimentos.
Porém, antes que ele saísse do parque, ele escutou a inconfundível risada de Relena. Rapida e silenciosamente ele se escondeu atrás de uma árvore, preocupação inútil já que a noite estava bem escura com a Lua minguante e as luzes do parque não iluminavam a área onde ele estava, além do fato de ele estar vestindo seu habitual hábito preto.
Ele se virou para a direção de onde vinha a risada a tempo de ver Heero entrando no parque com um sorriso tímido no rosto, enquanto Relena, que estava segurando a mão do rapaz, ria como se houvessem contado a ela a piada mais engraçada já contada. Duo olhou para a cena com os olhos arregalados e seu coração parou. Ele viu em câmera lenta os dois pararem e conversarem em sussurros, e então a garota ir à frente de Heero, apoiando-se em seus ombros e se erguendo na ponta dos pés como se para... beijá-lo nos lábios... Antes que isso acontecesse, porém, Duo fechou os olhos com tanta força que começou a ver estrelas, cerrando os punhos com mais força ainda. Seu coração agora batia tão rápido que poderia sair pela boca, e ele estava usando de todo o seu autocontrole para não gritar o mais alto que podia. Quando conseguiu vencer a batalha contra seus sentimentos, Duo voltou a abrir os olhos, e se arrependeu profundamente. Heero agora acariciava o rosto da menina com um olhar quase que gentil em seu rosto, e estava falando algo para ela. Ao ver aquele olhar estranho no rosto do amigo, Duo sentiu o medo congelar o seu sangue, e forçou seus ouvidos a ouvirem a conversa desenrolando à sua frente. Agora quem falava era Relena, e ela soava um pouco desesperada.
- Heero... Eu... Eu gosto muito, muito, de você. Você não gosta de mim?
- Gosto, Relena, mas... - Duo teve que se apoiar em uma árvore nesse momento para não cair no chão. Heero não continuou sua frase porque a menina o beijou novamente, mas agora Duo estava sentindo-se tão mal que nem os seus olhos obedeciam mais ao comando de se fecharem. Relena rapidamente finalizou o beijo e deu um passo para trás e segurou as mãos de Heero em suas.
- Heero... Err... Sabe, Milliardo me concedeu a maioridade em cartório e... e... Hmm.... Eu queria perguntar... - a garota parou e pareceu respirar fundo. - Você quer se casar comigo?
Duo sentiu como se um balde de gelo estivesse sido virado em cima dele. Ele se virou rapidamente e, sem se preocupar com nada mais, saiu correndo com tudo o que lhe restava de força para bem longe daquele parque e da resposta de Heero. Porém sua mente traiçoeira, imitando a voz que guardara com tanto esmero, ecoava um "sim" em seus pensamentos, deixando-o ainda mais aflito.
- Duo, seu idiota, porque se tortura tanto com isso, você sabia desde o início que Heero era completamente maluco por ela! - murmurou para si mesmo, mas essas palavras, ao contrário de fazê-lo sentir-se melhor, apenas fizeram com que sua garganta se fechasse e sua respiração se tornasse difícil. Ele fechou os olhos com força contra as lágrimas que sabia que não tardariam a cair e correu ainda mais rápido em direção à casa. Assim que chegou arrancou a chave do bolso e tentou abrir a porta, mas suas mãos tremiam tanto que ele não conseguia colocar a chave. Bravo com a sua incapacidade de abrir uma simples porta, ele deixou as lágrimas encherem seus olhos e iria deixar seus joelhos fraquejarem quando escutou o trinco da porta virando. Ele olhou com pavor para a fechadura, então a porta se abriu e Quatre apareceu em sua frente. Ele arregalou os olhos, e o loiro imitou suas ações.
- Duo! O que aconteceu? Você está pálido... Está tremendo!!! O que houve?!? - a voz preocupada do árabe o acordou e ele fechou os olhos com força, sentindo com terror as lágrimas escorrerem por seu rosto. Ele obrigou-se a sorrir e forçou uma voz normal.
- Não foi nada Quatre, eu só... - foi o que conseguiu dizer antes que sua voz se quebrasse novamente. Sentindo que não conseguiria mais manter-se de pé por muito tempo, de tão mal que estava se sentindo, Duo mandou tudo para os Quintos e empurrou Quatre para fora de seu caminho, correndo como uma bala na direção do quarto que dividia com Heero. Ele bateu a porta do quarto atrás de si e virou a chave no trinco, então saiu correndo até o box do banheiro adjacente e abriu o chuveiro no máximo. Foi a última coisa que conseguiu fazer, então se rendeu à dor e caiu de joelhos no chão, chorando como nunca havia chorado desde que entrara na guerra.
- Quatre? Que barulho foi esse? - Trowa perguntou assim que ele e Wufei chegaram à porta da frente da casa. A porta ainda estava aberta, e o loiro estava olhando para a escada que levava aos quartos com preocupação e surpresa estampados em seu rosto.
- Duo... - ele apenas murmurou, então sacudiu a cabeça e voltou-se para a porta, fechando-a.
- Era o Duo? O que houve com ele? - Wufei perguntou de cenho franzido, os dois pilotos também estavam preocupados agora.
- Eu não sei, mas ele parecia muito perturbado. Parecia que ele estava... - Quatre se virou para os outros dois e olhou Trowa nos olhos. - chorando... - Os três pilotos se entreolharam preocupados, e foi Trowa quem rompeu o silêncio.
- Se ele estava mesmo chorando, é melhor que nós o deixemos em paz. Quando ele descer, finjam que ninguém percebeu nada e acreditem sem hesitação em qualquer desculpa que ele inventar. - Wufei prontamente concordou com a proposta, mas Quatre hesitou, olhando novamente para a escada.
- É... Talvez seja mesmo o melhor... - ele finalmente murmurou, e os três voltaram para a cozinha da casa.
