Título: O Conselho
Parte: 5/6
Autora: Berta Prugger
Casais: 1x2x1; menções de 1xR e 3x4.
Classificação: 13 anos
Resumo: Relena pede Heero em casamento de repente. Confuso, ele corre para Dr. J em busca de um conselho, que o acaba mandando conversar com um certo piloto...
Retratação: Gundam W e seus personagens não me pertencem! Se eles fossem meus, eu seria uma garotinha muito feliz, mas como não são... Ai ai...
Avisos:Esse fic é YAOI, assim como em romance homossexual. Se vocês não gostam, por favor não leiam. Fora isso, nada de extrafenomenal. Eu não repugno a Relena, então eu não vou caracterizá-la como a garota neurótica na qual muitos a transformam... (Mas eu confesso que concordo que ela não é mentalmente estável, principalmente nos primeiros episódios... =X Mas, no final, ela amadurece, então...)
Notas da Autora: Se você leu a história até aqui, muito obrigado por agüentar essa tortura! =D Fico feliz que alguém tenha gostado dessa história... XD
A Declaração
Mais tarde, quando Heero chegou na casa onde os pilotos estavam alojados, já era quase onze da noite. Quatre, Wufei e Trowa estavam na sala assistindo a um filme, o chinês sentado no chão com uma vasilha de pipocas na mão, o loiro deitado no sofá com a cabeça no colo de seu namorado. Heero não estranhou quando viu os três acordados, mas sim quando percebeu que Duo não estava com eles.
- Boa noite pessoal. - ele saudou, atraindo a atenção dos três. Quatre se ergueu bruscamente e olhou para o japonês.
- Heero? Você sabe o que houve com Duo? - ele perguntou preocupado. O japonês franziu o cenho ao tom de preocupação do árabe.
- Não. Aconteceu alguma coisa com ele? - ele perguntou com o seu tom de voz neutro.
- Não sabemos... Mas quando ele entrou, ele parecia muito perturbado com algo.
- Eu vou ver o que ele tem. - Heero se prontificou, virando as costas para os outros e indo rapidamente até seu quarto e o de Duo. Assim que virou a maçaneta, sentiu uma aflição estranha a si mesmo se espalhar em seu sangue ao perceber que a porta estava trancada.
- Duo? - ele chamou, batendo na porta e usando de todo o seu autocontrole para não arrancar aquele obstáculo de seu caminho com um soco.
Ele escutou barulho de alguém se movendo dentro do quarto e então a porta foi destrancada. Ele deu um passo para trás e observou a maçaneta virar.
Assim que a porta se abriu, Heero sentiu o seu sangue congelar. Duo estava em pé à sua frente, tão pálido que estava quase azul, seus olhos muito vermelhos e inchados, e seu cabelo e suas roupas estavam tão enxarcadas que formavam uma poça d'água no chão de tanto que pingavam. Assim que o viu, Duo deu um passo para trás e, se possível, ficou mais branco ainda. O piloto do Deathscythe sentiu suas pernas falharem e Heero estendeu os braços a tempo de segurá-lo. Ele estava frio como gelo também, e, se não fosse o fato de que estava se movendo, Heero acharia que seu amigo estava morto.
- Duo! Você está bem? - ele perguntou, deixando um pouco de sua preocupação transparecer. Ele sabia que sua pergunta era estúpida, tinha certeza que o garoto de tranças não estava bem, mas o que ele estava tentando fazer era tirar de Duo o que tinha acontecido. O americano se soltou dos braços de Heero e, com um sorriso forçado no rosto, andou até sua cama e se sentou devagar. Ele parecia entender o que Heero queria como resposta, mas não estava nem um pouco disposto a entregar de mão beijada ao japonês que ele havia perdido total controle de seus sentimentos algumas horas antes e ficara, provavelmente, mais três horas debaixo de um chuveiro de água fria chorando feito um bebê.
- Sim, só com um pouco de frio... - Duo murmurou, fechando os olhos e se xingando assim que escutou sua voz rouca e carregada. Ele estava soando igual a uma menininha magoada, e se amaldiçoava profundamente por isso. Heero sentiu o sangue drenar de seu rosto ao ouvir a voz de Duo, e rapidamente correu até o armário e pegou um cobertor, forrando-o em cima do americano. Este abriu os olhos e olhou surpreso para Heero. O japonês, por sua vez, segurou o outro pelos ombros para que não escapasse de seu olhar e fez a pergunta mais diretamente.
- Por que você está desse jeito? - Duo arregalou os olhos descrente ao ver no rosto de Heero a mesma expressão gentil que ele havia oferecido à Relena horas antes, então sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo. Heero interpretou o arrepio erroneamente e puxou o edredon que forrava sua cama logo acima a de Duo, colocando-o em cima do americano. - Diga-me quem foi o cretino que o fez chorar para que eu possa arrancar a sua cabeça e atirar no Atlântico. - internamente, Heero deu um tapa em si mesmo por ter dito isso em voz alta, mas seu corpo não expressou esse pensamento exteriormente. Duo olhou em descrença para o japonês por um mero segundo, então a descrença se desmanchou em indignação e ele se levantou de supetão, deixando os cobertores caírem e tremendo involuntariamente.
- Eu não estava chorando! De onde você tirou essa idéia absurda!? - o americano exclamou com o orgulho ferido, lançando um olhar mortal para Heero.
Este, totalmente inafetado pelo olhar, olhou desafiador para o garoto de tranças e levantou uma sobrancelha, demandando sem palavras que o outro provasse que sua teoria estava errada. Captando o olhar, um pouco de cor voltou ao rosto de Duo e ele pareceu desconfortável por alguns segundos, mas logo conseguiu se recompor.
- Eu estava checando algumas engrenagens do Deathscythe, e um pouco de graxa caiu nos meus olhos. - Heero arregalou os olhos ao escutar isso. - Então começou a arder p'ra caramba, aí eu entrei correndo em casa e vim para o banheiro, abri o chuveiro no máximo e tentei tirar a graxa, aí eu acabei escorregando no chão do banheiro, aí eu caí e bati a cabeça na parede, e acho que desmaiei debaixo do chuveiro, acordei agora a pouco... - Heero olhou de boca aberta para o americano e Duo deu de ombros. - Foi o que aconteceu... - Heero fechou os olhos e a boca e tentou se recompor, então abriu os olhos novamente e deu alguns passos na direção de Duo, segurando-o firmemente pelos ombros e perfurando-o com o olhar.
- Olha, Duo... Eu não penso menos de você porque você chorou, e nem quero saber porque você sentiu necessidade de mentir para mim tão descaradamente... - Duo franziu o cenho e abriu a boca para rebater a acusação do parceiro, mas um olhar ameaçador do outro o fez fechar a boca novamente. - Eu só queria conversar sobre algo com você, será que posso? - Heero perguntou irritado e Duo levantou uma sobrancelha.
- Tem alguém impedindo você? - Duo rebateu mais irritado ainda.
- ótimo. - Heero respondeu, então abriu a boca novamente mas nenhum som saiu dela. Depois de alguns segundos ela se fechou e ele ficou pálido. Duo sentiu-se preocupado com a palidez do outro, mas depois de alguns minutos em que os dois apenas continuaram a se encarar, essa preocupação rapidamente se tornou irritação, e a frustração de ter chorado a noite inteira e a sua dor de cabeça por causa disso apenas triplicou a sua vontade de explodir em alguém. E, no momento, a pessoa mais próxima era Heero.
- Olha aqui, Heero, eu não tenho a noite inteira a perder no seu joguinho de encarar, se você não vai dizer o que quer logo, então cai fora daqui e me deixa voltar para debaixo do chuveiro e chorar em pa--...!!! - Duo começou irritado, mas foi interrompido por Heero, que o empurrou com força contra a parede logo atrás e beijou seus lábios com força.
Duo arregalou os olhos e rapidamente empurrou Heero para trás. Duo viu tristeza e pavor passando pelos olhos do japonês, e um sentimento que o chocou a ponto de quase perder o fio da meada. O americano percebeu que o japonês estava a ponto de sair correndo do quarto para bem longe, então se forçou para fora do choque e se obrigou a falar o que viera em sua mente segundos antes.
- Heero, você não ia casar com a Peacecraft? - surpresa se escreveu nos olhos do pitolo do Wing.
- O quê? Claro que não! Eu amo a você, não a ela. Aliás, como você sabia que ela me--...? - dessa vez quem foi interrompido foi Heero, por Duo.
O americano inverteu as posições e o empurrou com força contra a parede, beijando-o com a mesma ferocidade. Em vez de empurrá-lo, Heero o abraçou mais para perto, retribuindo o beijo. Quando os dois já estavam ficando vermelhos por falta de ar, eles se separaram. Algumas respirações ofegantes depois, Heero sorriu para Duo. Este, lembrando de algo de repente, deu um soco na barriga do japonês.
- Ai! Por que você fez isso? - perguntou Heero com o cenho franzido, com os braços sobre a barriga.
- Seu cretino! Se você não gostava da patricinha, porque deixou ela o beijar!?! - compreensão veio ao japonês como um raio de luz.
- Você viu tudo...
- Vi! Como se atreve a--...?! - Heero tapou a boca de Duo com a mão.
- Você não sabe a história inteira, Duo, não tente entender o que estava acontecendo. - o americano arrancou a mão do outro de sua boca e olhou para ele indignado.
- Mas--... - o japonês usou sua outra mão para tapar a boca do outro e continuou.
- Perdoe-me se foi isso que o fez chorar, é uma longa história, e você também não queria que eu desse um tapa no rosto dela por ter me beijado, não é? - Duo pensou nas palavras do japonês e então balançou a cabeça em compreendimento. Heero sorriu satisfeito e tirou a mão da boca do outro, e assim que a mão o soltou Duo abaixou a cabeça e suspirou. Ele voltou a erguer a cabeça com a intenção de falar algo, mas a única coisa que saiu de seu lábios foi uma crise de tosse bem carregada. Heero olhou para a roupa molhada de Duo e franziu o cenho. - Você tem o quê na cabeça para se encharcar desse jeito? Vai tomar um banho quente agora, antes que você pegue uma pneumonia e morra! - com essas palavras, o japonês pegou o outro pelo braço e o arrastou até o banheiro, ligando o chuveiro no quente e colocando o americano em baixo com roupa e tudo. Duo tremeu à mudança brusca de temperatura, e então entrou em uma crise de espirros. Assim que se recuperou, se virou para Heero com o seu sorriso de marca registrada.
- Shinigami nunca morre. - ele disse com uma voz fraca. Heero franziu o cenho.
- Baka. Se você não cuida de você mesmo, eu vou ter que cuidar de hoje em diante. É melhor você me ajudar, antes que isso comece a atrapalhar minhas missões, e se isso acontecer... - Heero deu um sorriso sádico, que logo se tornou brincalhão e foi retribuido por Duo. Então, o jovem de tranças pegou o japonês pelo colarinho e o puxou para debaixo da água, beijando seus lábios novamente. Heero o abraçou, e os dois passaram algum tempo aos amassos embaixo da água quente, até que a água começou a deixar ambos com sono.
Eles se trocaram e o piloto do Wing ajudou o parceiro, e novo namorado, a secar seus longos cabelos. Então foram dormir, os dois na cama do americano, abraçados debaixo das cobertas. Duo, exausto fisica e psicologicamente, dormiu pouco depois que se deitaram. Heero o admirou por um bom tempo antes de dormir e, pouco antes de ir para o mundo dos sonhos, ele se lembrou de seu tutor com um sorriso, fazendo uma nota mental para agradecê-lo pelo conselho na manhã do dia seguinte.
