"As alas estavam cheias, eu apenas sabia o que receava. Nem Kero, nem Azuki têm a dimensão do agravamento da situação. Não era o passado nem o presente que explicavam a situação recente. Quanto mais olhava para a Azuki mais me sentia confuso. A sua expressão de preocupação assustava-me mas os seus olhos . . . os seus belos olhos, doces como os da Sakura, verdes, vistosos, carinhosos e alegres. Por muitas situações passei e era eu que protegia a Sakura, eu que a impedia de chorar, mas quem me protege? A Meiling e a Tomoyo nunca mais chegam. Arr, que situação. Onde Estão os médicos?"
- Sakura! Onde está a pobre Sakura, Li? – A doce e encantadora Tomoyo, melhor amiga de Sakura vinha a correr em direcção a Li. O seu aspecto de mal vestida notara-se aos olhos dos pacientes e das visitas, e a sua cara de aflição assustavam as crianças. Kero ergueu os olhos à Tomoyo, a doce rapariga, alegre e observadora que ele conhecia, e um breve sorriso na sua face amarela surgiu. "Precisamos do apoio de todos. A Tomoyo ajudará muito."
- Ainda não saiu da sala de recupero. – respondeu Li baixando novamente os olhos. Azuki que saíra momentaneamente, voltara com dois copos de café. Ofereceu um a Kero e um a seu pai. Arregalou os olhos e reparara na estranha pessoa que andara de sala a sala, como uma doida varrida.
- Tomoyo?
- Azuki. Olha para o teu aspecto. -. Azuki sem hesitar abraçou Tomoyo, vestida de pijama. – Tenho medo. Receio que . . . eu seja a culpada.
- Não chores Azuki. – Tomoyo ajoelhou-se e acariciou a cabeça da sua enteada. – Está tudo bem vais ver. Eu própria me sinto mais calma. Li. Conta-me os pormenores.
- SHAORAN! Vim o mais depressa que pude. – Uma elegante mulher, de pernas longas assim como o seu longo cabelo preto, chegara. Mostrava certa preocupação e chegando junto a Li, que cumprimentara-o como se fosse da família, e vendo a sua cara de exausto, sentou-se na cadeira a seu lado.
- Sinceramente. – dizia Li abanando a cabeça de frustração. – não percebo.
- Quem não percebe sou eu. Que aconteceu à Sakura. Não foi só um desmaio?
- Não Meiling. – A tal mulher era Meiling Li, prima de Shaoran Li. Apenas Shaoran reparara a sua preocupação mas ninguém mais percebia a serenidade de Meiling. Tal como Sakura, mas de forma diferente, Meiling demonstrava os seus sentimentos, escondendo-os entre as palavras. – Mesmo sabendo que Sakura há muito não tinha sonhos, nem nada relacionado com Clow, não era motivo para ela desmaiar. Eu conheço-a. Ela é ainda mais forte do que era. O culpado devo ser eu. Ela anda lá para casa dia após dia, após dia.
- SHAORAN! A culpa não é de ninguém seu estúpido! Que diria a Sakura? ONDE É QUE ESTÁ O RAIO DO DOUTOR QUANDO É PRECISO? – Todos fizeram uma careta como se não conhecessem Meiling, visto que o "preciso" doutor estava mesmo atrás dela.
- Aqui estou eu menina. Peço, em primeiro lugar, desculpas por tanto tempo de espera mas aguardávamos mais noticias. O nosso hospital já há muito tempo que não cuidava de enigmas. Tivemos que fazer muitos testes para. . .
- A MINHA MULHER NÃO É NENHUM OBJECTO CIENTÍFICO! ODE É QUE ELA ESTÁ?!
- Pois, pois. Ela acordou à momentos e segundo os meus relatórios a sua esposa tem algo importante a contar-lhe. Será o senhor a entrar primeiro? – Ao mesmo tempo que Li levantara-se, também Kero o fizera mas Azuki pusera a sua mão sobre a cabeça de Kero e baixara-o ao nível da cadeira, forçando Kero a ler os seus lábios que diziam "Na-ni-na-na-não." Li entrara firmemente na sala com uma melhor cara, um pouco confiante, um pouco sorridente. Todos continuaram a aguardar no lado de fora, na ignorância, mas mais tranquilos pela recuperação de Sakura. Uma recuperação que demorara a tarde toda, a noite, até às 3 da manhã. Li puxou a cadeira, sem tirar um único olhar de Sakura, muito pálida.
- Estás bem? Estás um pouco pálida. . . . Sei que te fizeram muitos testes. – Sakura acenara, ainda um pouco fraca mas um grande sorriso corara a sua face.
- Querido. O motivo por ter desmaiado após um sonho foi que . . . bem é que o facto de eu carregar comigo um. . . . bem. . . Eu estou grávida. – Shaoran muito desprevenido largara a mão de Sakura e desequilibrara-se para trás caindo , juntamente com a cadeira.
- Grá-vi-vida outra vez? MAS . . .
- Shaoran.
- Sakura. – Shaoran muito desnorteado sorrira o mais que pudera. "Uma mulher linda com uma bela filha e outro filho. Soa bem. Pai pela segunda vez". – Nem sabes como estou feliz.
- Não esperavas que as noitadas fossem desperdiçadas? – Ambos beijaram-se felicíssimos e apaixonadíssimos.
- Isso implica mudança, certo? – Sakura acenara que sim e Shaoran aproximara-se dela muito devagarinho pensando em cada movimento em que aproximava-se. Chegou ao limite e de olhos fechados, tocou-lhe no nariz e assim aguardou por muito mais tempo. Sentia-se a ferver por dentro. Sentia- se muito feliz e construtivo. Construtivo nas mudanças, nas vidas, na evolução, se é que existisse ainda mais evolução nos seus relacionamentos. – Após tanto tempo sozinho, lá fora, sinto-me outra vez um só, mas um só muito bem acompanhado.
- As tuas palavras Li.
- Shh. Deve estar exausta. Fizes-te um grande esforço e isso incluiu ires buscar força que repartilhas com o nosso bebé. Receio deixar-te por um pouco, mas tens visitas lá fora.
- Tenho? – interrogou Sakura inocentemente.
- Vou chama-los. - Shaoran parou, mesmo ao pé da porta. Olhando carinhosamente para Sakura e disse-lhe aquilo que tivera prometido avisar. - O teu pai e o teu irmão não puderam vir.
- Eu sei. Eu sinto-os no meu coração e isso basta-me. Foi graças a eles e a todos vocês, e principalmente de ti Li, que eu recuperei. Sentia a tua força nem que fosse a quilómetros. Li afastara-se da sala e perseguia agora o longo corredor. Todos levantavam- se. Li não esforçava o seu olhar, nem mexia um único músculo na sua cara. Tomoyo levou a mão ao peito e Meiling desatou a correr a Shaoran, e, consequentemente, os outros seguiram-na.
- Como é que ela está. Que cara é essa?
- O meu coração. Ela está bem.
- Que aconteceu. CONTA! Já que tiveste que ir primeiro e que . . . . – Kero continuava irritado, a falar sozinho, ignorando a sua barriga que roncava fortemente. Shaoran estava muito atrapalhado e tentava mesmo afastar-se para respirar. Shaoran, deu um pequeno grito o que acalmou toda a gente mas a Azuki já não estava ali presente.
- Ahhh. Chega, deixem respirar. Azuki? – Shaoran pestanejou os olhos mas, uma vez que continuavam todos com os interrogatórios, prosseguiu. Sakura de corpo virado para a parede, mesmo sem ter visibilidade para o lado da porta sabia que a sua filha ali se encontrava, a vigiá-la. Virou-se lentamente de modo a que pudesse olhar o assustado estatuto da sua filha, Azuki.
- Mãe. – Sakura sorrira, deixando a filha um pouco menos preocupada. O poder do sorriso que a Sakura transmitia era sempre positivo e confiante.
- Deixa-me ajudar-te.
- Sakura! Que fazes aqui?
- Ora, vim ajudar-te.
- Não preciso querida. Vai deitar-te precisas de descansar. Preocupo-me é que estejas boa para o jantar de logo.
- Se continuares assim não vais dar conta do assunto. Eu ajudo.
- Sakura, ainda não falamos do nosso filho.
- Pois é. Não deu tempo. – disse ela toda sorridente. – Passa-me a carne. Eu trato da carne, pelo menos isso. Andaaaa. Deixa-me trabalhar. – Li olhou duvidoso para ela, de sorriso recuperado, e cedeu.
O jantar foi feito, a mesa decorada, a casa limpa. Faltavam as vestes. Faltava a Azuki e a Sakura. Tal mãe, tal filha. Ambas atrasadas, ambas a vestirem-se a pentearem-se. Azuki cuidava muito cuidadosamente do seu belo cabelo castanho, semelhante à carta espelho. Carta esta, amiga da Sakura, voz das cartas. Azuki vestia um belo vestido que antes pertencera à sua bela e gentil avó, Nadesiko, mãe de Sakura. Vestido este que Sakura ganhara-o quando vira pela primeira vez o seu avó, sem saber, agora falecido. Ainda à poucos dias Sakura recordara- o pensando como ele seria feliz junto da sua querida mãe. Sakura vestia um belo kimono rosa e vermelho, de cores que combinavam-lhe na perfeição. Com o seu curto cabelo arranjado, com uma leve maquilhagem, desceu as escadas delicadamente. Era da sua natureza ser assim e Shaoran sabia-o e era um dos motivos porque ele amava-a tanto. Era tão simples a fazer tão pequenas coisas que o deslumbravam. Mas era o seu sorriso que o conquistava e a maneira dela dizer "Shaoran". Nunca passara pela cabeça de Shaoran ser infeliz nem nunca passaria. Era um casal que vivia de amor, que sozinhos não valiam nada e juntos faziam um só. A mesa estava completa: A cor de vinho predominava nas velas, nos guardanapos, na toalha de mesa, na sala. Apenas os pratos e os copos eram brancos com desenhos chineses, e os talheres japoneses. A música harmónica, ora chinesa, ora japonesa, completava o ambiente. Azuki desceu e Li sorriu enquanto Sakura correu em sua direcção abraçando- a com força, segredado ao seu ouvido: "Esse vestido assenta-te que nem uma luva. Tu sabes que eu adoro-o. Recordas a minha doce infância. Sakura recordava o passado. Os seus olhos cintilavam. Em breve estariam ali as pessoas que ela amava tanto, as pessoas do seu passado, do seu presente e do seu futuro. Riu-se e dirigiu-se a Li. Abraçou-o, beijou-o e dirigiu-se à cozinha. A campainha soou, Li endireitou-se e um pouco tímido foi atender a porta. Uma silhueta de uma mulher com uma câmara de filmar surgiu.
- Tomoyo. Shing. – cumprimentou Li.
- Boa noite Li. Estás lindíssimo. Preparaste-te todo só pela Sakura? – Sorriu gentilmente. – O meu marido não pode vir. Teve que acabar um negócio em Londres.
- Vou tirar um prato da mesa. A Azuki está na sala à tua espera, Shing. – Um rapaz muito curioso, muito observador como a mãe, de aspecto físico semelhante a Tomoyo, sua mãe, entrou na sala. Admirado reparava em todos os pormenores da sala. Era um ano mais velho que a Azuki e andava na sua classe. Eram bons amigos e as suas personalidades conjugavam-se. Assim como Azuki esperava Shing, esperava a filha de Meiling Li, sua "tia". A campainha soou e Yukito, Fujitaka e Touya apareceram. Shaoran olhou para Touya e este olhou para Shaoran . . .Notas de Autora: Olá!!! Aguardo reviews! Obrigada Elisa e Tânia! Gosto de saber que gostaram do capítulos. Que acharam deste capítulo? Interessante? Próximo capítulo basear-se –à na vida de Azuki. Dos seus amigos, de Touya, Shaoran e Sakura. Falarei na nova carreira de Sakura e sobre o seu bebé. Mandem reviews!!!!
