Prólogo: Pelos motivos errados
"São nossas escolhas, mais que nossas características, que mostram quem realmente somos" Harry Potter e a Câmara Secreta."
Era uma vez, há muito tempo atrás, um jovem rapaz que era belo, belo como poucos homens eram ou são. Seus cabelos eram de um loiro quase prateado e seus olhos tinham a cor azul do tom do céu em dia ensolarado. Certamente era um dos rapazes mais desejados do lugar, uma vez que além de belo era rico. Mas, como era tradição em sua família, ele desposou uma jovem veela, que o deu herdeiros. No entanto, ele a desprezava. Sendo assim, decidiu não mais conviver com ela e seus dois filhos, partindo sozinho para o norte da França. Em sua imensa riqueza, ele podia dar conta de sustentar dois castelos e sua criadagem.
Assim que chegou, Edward Malfoy se tornou a sensação do lugar. Todas as damas desejaram que ele as cortejasse e ele assim o fez, sempre descartando a moça quando uma pretendente melhor aparecesse. Como sempre tivera tudo que queria o rapaz era mimado, arrogante e egoísta. Atraía belas moças mas jamais alguma que despertasse nele algo maior que um desejo leviano, após possuí-las algumas vezes se cansava delas.
Até o dia em que chegou ao seu castelo uma velha, vestida com farrapos trouxas, pedindo abrigo. Ele se recusou a permitir que ela ficasse, embora ela o tenha alertado que nem todas as coisas são como parecem ser. Por fim, ela ofereceu a ele seus conhecimentos em troca do abrigo mas ele lhe zombou, perguntando como iria se beneficiar dos conhecimentos de uma velha trouxa.
Assim, a velha se transformou em uma bela jovem, tão bela quanto ela poderia ser. Ele a reconheceu imediatamente, dos seus tempos de Hogwarts: era de um família importantíssima, os Hufflepuff. Seu nome era Marisa e ele sabia que era uma bruxa poderosa como poucas, como Rowena Ravenclaw, Viviane e Morgana haviam sido. Feiticeiras. Pediu clemência e se ofereceu para abrigá-la, mas ela não aceitara desculpas: o condenara por não saber ter piedade, por não conhecer o amor, por julgar as pessoas pelo seu exterior.
Assim, o lançou-lhe uma maldição: enquanto não aprendesse a amar, ninguém poderia apreciá-lo por sua aparência. Apenas uma outra feiticeira ou uma mulher que o amasse sinceramente poderia quebrar o feitiço. Para impedi-lo de encontrar outra feiticeira, transformou seus criados em objetos, embora ainda tivessem vida.
Transformou, então, Edward em um ser terrível, com a aparência de meio leão com rosto de humano, a imagem de uma manticora. Envergonhado e enojado com sua própria forma, ele se trancafiou no castelo, proibindo seus filhos de o visitar, tratando-os ainda pior, e sem guardar nenhuma esperança de voltar a ser o que era.
Afinal, quem seria capaz de amar um monstro?
350 anos depois, na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts...
- Sinceramente... Eu me pergunto como é que uma Weasley consegue ir ao baile de inverno! Deve ter deixado a casa sem comida por um mês pra comprar um vestidinho medíocre. - falou a voz arrastada de Draco Malfoy ao encontrar a jovem Weasley na entrada do Salão Principal na hora do jantar.
- Poupe-me, Malfoy. - foi tudo que a não mais tão tímida ruiva disse em resposta.
- Não, você é que deveria poupar, ao invés de deixar seus pais passando fome! De que vale um baile da escola se o famoso Cicatriz não vai te convidar?
- Para sua informação, Malfoy - Harry interrompeu o sonserino.- , eu vou levá-la pro baile.
A garota olhou para o rapaz com as sobrancelhas erguidas e os olhos espremidos aparentemente, sem entender.
- E quem foi que disse, Harry Potter, que eu vou aceitar? - ela respondeu não muito simpaticamente.
- Uhhhh... O famoso Harry Potter está tomando um fora de uma Weasley! -Draco Malfoy gargalhou.- Eu posso relevar se fosse da Chang, mas da Weasley!
Ignorando completamente os comentários do loiro, Gina olhou dentro dos olhos verdes de Harry - os olhos verdes que por tanto tempo ela desejara ardentemente - antes de falar.
- As coisas não são assim. Você não me ignora seis anos inteiros para de repente achar que eu vou ao baile de inverno com você, já que a Chang não está aqui pra te acompanhar, pra pousar de bom moço na frente de meia escola. - ela falou em tom calmo. - Eu aprendi a me cuidar sozinha, Harry, já que nem você nem Rony nunca estiveram perto o suficiente pra cuidar de mim. Foram seis anos, você sabe o quanto é isso? Eu mudei.
Gina se virou, tão vermelha quanto seus cabelos, e entrou no Salão Principal, parte dos alunos que tinha parado para observar a cena seguiu seu caminho. Rony ficou de pé ao lado de Harry, observando-a confuso.
- O que foi que deu nela? Ela sempre quis que você a levasse ao baile!
- Francamente! - Hermione falou para o namorado e entrou no Salão, falando algo com o som de "meninos".
- Eu não sei o que deu na sua irmã, mas eu realmente preciso descobrir. Ou eu não me chamo Harry Potter.
- Acho melhor você trocar de nome então.- falou Malfoy, ainda rindo.
- O que você entende de meninas, Malfoy? - perguntou Rony com raiva.
- Muito mais que você e seu amiguinho quatro-olhos juntos, Weasley. Se bem que com aquela cabeça enorme é capaz que ele saiba alguma coisa. Ou melhor, com aquela namoradinha infiel, ele realmente deve saber.
- Cho é passado. - foi tudo que Harry falou entre dentes. Era humilhante saber que, depois de quase dois anos com ele, ela tinha procurado uma bruxa para evocar o espírito de Diggory. Rony entrou pra comer e ele o ia seguindo quando...
- E a Weasley, pelo visto, não vai entrar nesse seu presente, não? - rebateu o rapaz.
- Veremos se não, Malfoy.
- Quer apostar, Potter? É mais provável que ela vá ao baile de inverno comigo, do que com você.
- Você está delirando. - o grifinório respondeu.
- Cem galeões, Potter. Vamos, eu sei que você tem esse dinheiro... Caso você vença eu dou o dinheiro aos Weasley... Eles devem estar precisando. Eu mantenho minha palavra, Potter, dou valor a ela.
Por um momento Harry avaliou, então esticou o braço e apertou a mão do outro.
- Feito, Malfoy.
- Feito.
- Fiz exatamente o que vocês me disseram. - falou a menina sentando entre seus amigos, Marin Madley e Colin Creevey. - Quando ele veio dizendo que iria comigo eu cortei e falei que não ia ser tão simples.
- É isso aí, amiga. - falou Colin.- Ótimo, assim aquele idiota não pensa que você vai estar lá quando ele quiser!
- Ah é...- falou Marin quase rindo. - Então ele fica muito chateado, decepcionado com as meninas e vem se consolar com você, não é?
O garoto ficou extremamente vermelho e as duas riram. Colin tinha uma paixonite por Harry por tanto tempo quanto Gina, e ainda menos esperança.
- Eu não guardo esperanças! - ele falou, sorrindo amarelo.- E a Grifinória inteira não precisa saber disso.
Os três jantaram sob o olhar curioso de Harry, que não tocou na comida. Rony às vezes olhava pra ela e sacudia a cabeça, sem entender. Já Hermione conversava distraidamente com Simas sobre a última reunião de monitores. Continuando sua representação, Gina não olhava de volta, temia que ao corar quando olhasse pusesse tudo a perder. Não, não podia. Tinha que conquistar Harry e só o faria se provasse pra ele que não era mais uma garotinha. Mas no fundo de sua mente tinha dúvidas. Aquilo valia a pena? Tinha algumas vezes, que até se esquecia de Harry no meio de suas obrigações cotidianas. Afinal, a carga de trabalho era grande, ela era monitora e desde que os gêmeos saíram jogava como artilheira.
Mas, o quadribol não era desculpa, uma vez que ele sempre estava jogando e treinando com ela. Por isso mesmo, a dúvida vinha cada vez mais forte em sua mente. No entanto, dúvidas não mudavam sua obstinação de ir ao último baile de inverno com Harry. E, para isso, era preciso que fosse firme e seguisse em frente com o plano de fingir que tinha o esquecido.
