Capitulo 4. O Príncipe Encantado
"His eyes upon your face
(Os olhos dele no seu rosto)
His hand upon your hand
(As mãos dele em cima da sua)
His lips caress your skin
(Os lábios dele acariciam sua pele)
It's more than I can stand
(É mais do que o que posso suportar)"
El tango de Roxanne
Gina respirou fundo e falou:
- Porque esse garoto tem que ser tão teimoso?
- Aceite - Marin falou firme. - Tenho certeza absoluta que não foi um prejuízo pra ele, e que está tentando agradar. Vamos falar sério, é lindo!
- Sim, é lindo, mas...
- Nada de mas, fique com ele. Afinal, esse vestido vermelho é o único de baile que você tem, não? Não pode ir com ele nos dois bailes.
Por um instante, as duas apenas se encararam em silêncio, até que a ruiva acenou confirmativamente.
- Giiiiiinaaaa! - falou Melaine entrando no quarto, a maquiagem feita e parte do cabelo arrumado. - Você ainda nem tomou banho? O Harry vai ficar te esperando...
- Oh, eu sei, eu sei - ela acenou com a mão. - Porque até você fica cuidando da minha vida?
- Achei que estivesse acostumada - falou a garota dando os ombros enquanto abria os botões do vestido.- Além do que, as únicas duas pessoas que nem se mexeram foram você e a Marin, mas como ela vai com o Colin, é bem provável que ela vá conseguir acabar antes dele.
As meninas riram no quarto, enquanto Gina soltava o cabelo e entrava no banheiro.
- Como é que você vai com ele? - perguntou Sara, melhor amiga de Melaine, que ia com Teo Boot, da Corvinal, com quem namorava há tempos. - Ele sequer gosta de garotas, e você vai ter que ficar sozinha porque, afinal, não pode sair com outro menino se ele te levou ao baile, pode?
- Eu realmente não me importo com isso - falou ela dando os ombros. - Atualmente, não tenho o mínimo interesse em menino nenhum nessa escola.
- Eu teria nojo - falou Melaine, a voz abafada pelo vestido que passava pela cabeça. - Se eu fosse um garoto, sabe. Imagina, ele ficar te olhando...
- Mesmo sendo garota - falou Sara. - Só de pensar no que ele faz com um homem - ela pôs a língua pra fora. - Eu que não deixo meu namorado perto dele.
- Vocês são tão ridículas! - falou Marin enfezada. - Ele não é diferente de nenhum garoto - Que importa se ele não gosta de meninas? Que importa pelo que ele se sente atraído? Só mesmo uma nulidade de inteligência como você - ela olhava para Melaine -, ou sua puxa saquinho iria pensar que só porque ele gosta de meninos, iria agarrar qualquer um.
- Ou então, - falou Hermione que estava na porta do quarto - a Sara não se garante quanto ao namorado dela.
Marin e Hermione nunca tinham se dado especialmente bem, mas tinham a mesma visão sobre o preconceito. Como nenhuma das outras duas tiveram argumentos para responder, a discussão parou por ai, para a felicidade de Beth.
"Gina definitivamente está linda", Draco pensou. Então, se perguntou assustado, quando foi que ela tinha deixado de ser Weasley ou Virginia, para ser simplesmente Gina. Certamente não conseguiu responder sua própria pergunta. Finalmente ela estava próxima o suficiente para que ele pudesse vê-la melhor: seus cabelos estavam lisos, caindo por cima do vestido, em uma espécie de tom sobre tom. Seus olhos estavam levemente pintados com tons puxados para dourado, o que combinava com suas jóias. Em outros tempos, teria lhe atirado uma ofensa sobre aquelas vestes demasiadamente Grifinórias, mas nessa noite não conseguiria dizer nada.
"Nem poderia", se lembrou, "não posso falhar na missão de conquistá-la, não posso me dar o luxo de dizer algo que pusesse tudo a perder."
- Draco! - chamou a atenção sua acompanhante, Eilan Avery, também da Sonserina. - Eu estava falando com você!
- Eu sei, Eilan, eu sei - ele falou se voltando para ela. - Eu ouço com os ouvidos, não com os olhos.
- Não gosto de você olhando para aquela garotinha - falou mostrando a ruiva. - Se bem que não acho que você sequer pensaria em uma grifinória, ainda mais totalmente apaixonada por Harry Potter.
- Ela é a garota mais bonita da escola, depois das Patil - falou ele dando os ombros.
- Eu achava que era Melaine Fletcher.
- Quem? - ele se lembrou. - Ah, Fletcher, aquela loira do ano da Weasley...
- Grifinória também - comentou a menina.
- Ela pode ser linda - comentou Draco.- Mas é tão fácil que eu realmente não a considero como uma menina como as outras. Ela é mais... Uma última opção bem feitinha.
- E eu? - falou a garota, sacudindo os cabelos cor de mel e fazendo beicinho.
- Eilan, você é linda - ele falou quase distraído. - Era isso que você queria ouvir?
Apenas o sorriso dela o respondeu.
O baile já tinha começado havia algum tempo, mas Draco ainda relutava em seguir para a pista de dança.
- Draco! - ela falou manhosa. - Se você não vier comigo agora, eu vou convidar o Peter Fawcett pra dançar comigo.
- Não tem o menor problema - falou o garoto, virando-se para ela, o ar sarcástico aparecendo. - Afinal, ele não é o tipo de garoto que gostaria de você.
- O que você quer dizer com isso? - ela falou soando magoada.
- Se você nunca notou... - ele riu.
Voltou os olhos para a pista, como que para observar o movimento. Seus olhos percorriam toda a extensão do salão incessantemente. "Quem eu quero enganar? Eu estou procurando ela." Ficou aborrecido por um instante, mas logo tratou de responder aos seus próprios pensamentos. "Claro que estou procurando ela. Se o Potter conquistá-la, todo o plano vai por água abaixo."
Naquele mesmo momento, avistou os dois levantando da mesa bem ao fundo em direção ao centro do salão. Uma música lenta começava a tocar.
- Você ganhou, Eilan, vamos - ele puxou-a pela mão vendo seus olhos acinzentados brilharem, enquanto se arrependia de ter levado a garota.
Puxou-a para bem perto de si, de modo que pudesse olhar por cima do ombro da garota, que encostou a cabeça em seu pescoço. Como ela podia ser tão melosa? Potter e Gina não estavam muito longe, mas ela não tinha notado sua presença, pelo menos aparentemente. Os dois conversavam, e ela sorria de leve. Parecia se divertir. Enquanto ele observava, Harry encostou o rosto no dela, beijando de leve perto de seus cabelos, o que começava a irritar o loiro. "Assim eu terei que me esforçar muito para ser eficiente!"
Os dois deram um semi-giro, e agora ele não via mais o rosto dela, só via a cara de palhaço do Potter, com sua cicatriz idiota. Seus dois pares de olhos estavam completamente direcionados a garota na sua frente. A raiva começava a crescer em Draco: aquele tipo de atenção inesperada poderia fazer seus planos completamente ineficazes. Mas, não deixaria que as coisas chegassem a este ponto.
A música que começou em seguida era um pouco mais rápida. Potter e Virginia se encaravam sorrindo, parados no meio da pista. Sem pestanejar, ele fez um movimento brusco, aonde Eilan acabou esbarrando no outro rapaz, que desviou os olhos para olhar pra ela. Por um instante, o rapaz ficou encarando os dois meio abobado e irritado, mas logo pôs no rosto um sorriso vitorioso enquanto puxava a ruiva mais pra perto de si.
- Olá, Eilan - ele falou gentilmente. - Gostando do baile?
- Bastante! - ela falou sorrindo de volta.
Draco fez uma anotação mental para perguntar à garota por que raios Eilan e Potter se falavam com tanta delicadeza se ela era uma Sonserina (e também a próxima capitã do time de quadribol, segundo os planos de sucessão dele) e ele um Grifinório. Deviam estar trocando ofensas! Mas os dois pareciam não achar nada de estranho naquela interação.
- Então, Malfoy, preste mais atenção quando for dançar - falou ele sarcástico.
- Creio que atrapalhei alguma coisa - ele falou com um fogo de raiva nos olhos, virado para a acompanhante do rapaz. Ela apenas corou, e baixou os olhos.
- Estava - falou Harry firme.
- Vamos, Draco, vamos continuar - falou Eilan, sentindo que tinha muitas perguntas a fazer.
- Continuar? - ele falou erguendo a sobrancelha. - Não, vamos para o Hall... Vamos, eu pretendia te levar pra lá para... Conversarmos melhor - ele não falava alto, mas era o suficiente para que os outros dois ouvissem. Gina, ele percebeu, agora levantara a cabeça para vê-los melhor. -Com licença -sua voz era fria. - Potter.
- Malfoy.
- Virginia - ele falou suavemente olhando a menina.
- Até mais - falou Eilan sorrindo radiante, e o menino que sobreviveu sorriu de volta.
- Ela é tão legal - ele falou observando os dois se afastarem. - Não sei como pode estar vindo ao baile com Malfoy.
- Ela é uma sonserina - ponderou Gina. - Isso deve ser bom para a imagem dela. Ou talvez ela simplesmente goste dele.
- Como alguém poderia gostar do Malfoy? - ele perguntou indignado.
"Eu poderia." Ela pensou, mas certamente não falaria aquilo ao rapaz. "Se ele realmente fosse da maneira que escreve." Deu os ombros olhando Harry.
-Ele tem seu charme - ela respondeu. - Segundo a maioria da população feminina.
- E Colin - falou Harry. - Se os boatos forem verdadeiros.
A única resposta que ele recebeu da menina foi a ver revirando os olhos.
O casal de loiros estava andando a esmo pelo hall, em silêncio, quase como em um jogo para ver quem é que perdia completamente o controle e perguntava o que precisava. Draco puxou a garota pela mão para trás dos arbustos. Qualquer um que os visse, pensaria que eram apenas mais um casal. Não eram. Ela se deixou abraçar pelos braços frios do colega, e os dois pares de olhos acinzentados se encarou como mais um passo desse jogo. Lentamente, os lábios do rapaz cobriram os dela, e estavam se beijando intensamente. Era um beijo frio, pensado, sem sentimento, e com um significado muito próprio.
- Certo, Draco - ela falou se afastando. - Não quero mais saber do seu showzinho. Eu quero saber a verdade.
- O que quer saber, Eilan?
- Qual é seu envolvimento com aquela Weasley?
- Apostei com Potter que iria trazê-la para o baile.
- Você perdeu!- ela falou encantada e riu alto.- Você perdeu para o Harry. Você perdeu pra ele mais uma vez.
Ele ergueu a sobrancelha, como quem acha o outro patético.
- Ainda não - ele falou. - Tenho uma carta na manga. Mas, é sua vez de se explicar. Que intimidade é essa sua com o Potter?
- Não sei do que está falando - ela falou cinicamente.
- Claro que sabe. Sorrisinhos, gentilezas, e principalmente o tratando pelo primeiro nome.
- Eu te vi chamando a Weasley de Virginia.
- Caso você não saiba, eu estava tentando conquistá-la, e não é só para vencer o Potter. É também uma recomendação do meu pai, deixar o Cicatriz bem tonto para o Lord poder pega-lo facilmente.
- Vocês e essa obsessão por esse Lord - ela falou balançando a cabeça.-, eu nunca me envolveria com ele, essas migalhas de poder não servem de nada. Mas, eu não vou tentar te demover disso, não tem porquê, tem?
- Não - falou sinceramente. - Mas você não respondeu minha pergunta.
- Eu gosto dele. Nunca me fez nada. Foi gentil comigo. E me livrou de alguns problemas com os trouxas esse verão.
- Problemas com os trouxas?
- Eu estive tentando aprender a aparatar esse verão... - começou a explicar a garota. - E acabei aparatando perto demais de uma senhora, que parecia estar brigando com Harry, e ela ficou transloucada. Mas o Harry deu um jeito pra mim, falou que eu tinha vindo correndo. Acontece que a mulher viu que não podia ser verdade, porque ela não me ouviu correndo, e ainda bateu com uma frigideira nele, porque achou que eu tinha ido visitá-lo. Acho que eram aqueles parentes esquisitos dele. Mas, não importa. Não é realmente da sua conta.
- Como você foi parar justamente nessa rua? - ele perguntou desconfiado.
- Ah, você é tão idiota! - ela reclamou. - Eu moro na Magnólia, ele mora na Alfeneiros, são uns dois quarteirões! E você sabe, mesmo sendo uma vizinhança trouxa, eu não recebi nenhum aviso idiota do ministério da magia. Papai não permitiria isso. - ela piscou.
- Depois disso, você se juntou a multidão que o acha um herói.- ele falou irônico.
- Você está com ciúmes, Draco - ela riu dele. - Eu não entendo porquê, mas você está!
- Não é por você, com certeza - ele murmurou.
- Não tenho a menor pretensão disso - ela falou, subitamente séria. - Eu acho é que você está levando isso à sério demais.
- O quê?
- Conquistar a sardentinha - ela falou com desprezo.
- É você que está com ciúmes agora.
- Digo o mesmo que você disse, não é por você... - então sussurrou divertidamente. - Bom, pelo menos se tudo der certo...
- Se tudo der certo?
- Sabe, querido, - ela falou olhando pra ele. - eu tenho a impressão que você vai se envolver demais nisso.
- O que você quer dizer com isso? - ele perguntou espremendo os olhos.
- Deixa pra lá - ela falou- Agora vamos voltar pro salão, porque eu quero é me acabar de dançar.
E saiu puxando o garoto pelo braço, em direção a pista de dança.
Enquanto isso, dentro do salão, um casal já estava se acabando de tanto dançar. Agora, no intervalo das Esquisitonas, tocava um bruxo de rock experimental, que tocava instrumentos com a varinha, muitas batidas, em um estilo bem conhecido dos trouxas. Melaine estava se esfregando em Simas, que não parecia se importar muito com isso, pelo contrário. Um pouco mais perto do palco, Colin e Marin dançavam quase colados, os braços erguidos, os quadris se mexendo no ritmo da batida, e ambas cabeças sacudindo freneticamente.
- Eu gostei desse cara - gritou Marin, tentando se sobrepor a música.
- Você devia ir a uma boate trouxa! - ele gritou de volta.
- Não olha agora - a loira falou um pouco depois. - Mas Peter está olhando para cá...
- Está? - perguntou ansioso.
- Acho que ele sabe que você viu ele cheio de graça com aquele outro carinha da corvinal.
- Que seja! - ele gritou. - Estava apenas tentando me pôr ciúmes, tenho certeza.
Marin deu os ombros, se sacudindo mais animada ainda que antes, e Colin soltou um "Ah!" e começou a dançar mais perto dela, a boca aberta se aproximando sensualmente da dela, que riu e entrou no jogo de chegar perto e se afastar.
- Veja agora - recomendou o menino.
- Está encarando nós dois, definitivamente - piscou para Peter, que continuou de cara feia. - E poderia dizer que ele não está muito feliz.
- Mesmo? - perguntou curioso.
- Certamente.
- Com ciúmes?
- Um pouco, eu acho, mas ele não tem motivo, tem?
O grifinório riu alto, e segurou a cabeça da garota, a beijando.
"Quando o absurdo é muito grande, as reações ficam retardadas"
Por um instante, ela parou, atordoada, com os olhos arregalados para o rapaz. Isso não o fez parar de beijá-la, e sim ele passar os braços em volta dela, a fazendo se balançar. Marin ainda estava perdida, e estava quase o empurrando, mas antes que ela pudesse, ele a soltou e sorriu.
- Que porra você acha que está fazendo? - ela perguntou.
- Você não vai ficar chateada, vai? - perguntou sorrindo. - Estava só provocando Peter.
- Puta que pariu, Colin! Podia ao menos ter pedido, né?
- Ah, Marin...
- Ah é o caralho! Eu podia estar querendo sair com outra pessoa!
- Me desculpe - ele falou fazendo beicinho.
- Fazer o quê - ela deu os ombros. - Se eu brigar com você agora, vou ficar sozinha, porque eu não vou ir atrás de Gina.
- Claro que não - ele concordou.
- Não quando ela está se encontrando com o príncipe encantado - a loira riu.
- Oh, lembre-me de agradecer Harry por isso. Eu não conseguiria ficar brigado com você.
- Que gentil - ela riu. - Se o colégio inteiro não soubesse que você não gosta muito da minha fruta, quem sabe seus ciúmes tivessem sido mais eficazes.
- Amiga, não é assim que funciona - ele falou, mais afetado que nunca. -Tem que mexer com o ego dele, com a certeza dele do que é que eu gosto.
- Eu juro que não entendo - ela falou enquanto ele ajeitava a faixinha que prendia seu cabelo.
- Aliás, - ele falou olhando pra ela. - Você gostou da minha faixinha? - falou com os olhos bem abertos. - Eu peguei emprestado da sua irmã.
- Está linda, amiga! - Marin falou, e os dois começaram a rir.
- Venha aqui - falou Harry a puxando pela mão. - Quero te mostrar uma coisa.
- O que é?
- Ora, você vai ver! - ele falou sorrindo.
Saíram do Salão Principal, e Gina não conseguia parar de se surpreender com ele. Tinha sido atencioso e divertido, gentil, tudo aquilo que ela sempre sonhou que ele fosse, mas que ele jamais tina sido realmente. Pelo menos com ela. Escadas e tapeçarias se sucediam, mas ela não conseguia se concentrar em se achar analisando a situação.
- Eu espero que você goste - ele falou parando em frente a uma porta de madeira. - Estive querendo te trazer aqui desde o início do baile, mas achei que seria melhor só vir perto do final. Não queria que você me achasse afobado.
"Não, eu acho que você enrola demais" pensou, enquanto sorria.
- Anda logo! - sacudiu a mão ansiosa. - Está me matando de curiosidade!
- Feche os olhos - pôs as mãos sobre os olhos dela. - Suas mãos eram quentes e ásperas. - Agora entre.
Os passos ecoaram, e ela ouviu a porta se fechando atrás dela. Mais alguns passos, e agora uma outra porta (aparentemente de vidro, pelo barulho que ouviu) foi aberta. Não ouviu mais o barulho do contato dos sapatos com o chão. As mãos de Harry destamparam seus olhos, e a paisagem deslumbrante se descortinou na sua frente. A lua cheia estava alta no céu, era uma varanda virada para o enorme lago, ladeado pela floresta, com a cidade ao fundo.
- É lindo aqui! - ela murmurou encantada. - Hogsmeade parece feito de casinhas de boneca!
- Também gosto muito daqui. Sabia que antigamente aqui eram os aposentos de Godric Gryffindor? - ela balançou a cabeça negativamente.- Era para estar perto dos seus estudantes.
O silêncio se instalou entre os dois, que se olharam apreensivos. Harry se aproximou dela, pondo seus olhos muito verdes aos castanhos da menina. Sabia o que iria acontecer, mas não houve a menor oscilação em seu estado calmo de espírito. Ele pegou os cabelos dela, e deixou os fios escorrerem por seus dedos, observando-os atentamente. Ela abaixou os olhos.
"Love me, love me
(Me ame, me ame)
Say that you love me
(Diga que me ama)
Fool me, fool me
(Me engane, me engane)
Go on and fool me
(Vá em frente e me engane)"
- Gina... - ela levantou novamente os olhos para ele. - Eu não sei como te dizer... De uns tempos pra cá... Já te falei que você está linda hoje?
- Não - a voz dela era suave.
- Você está - falou rouco. - Eu não sei o que queria te chamando para ir ao baile. Mas eu sei que encontrei a garota que não conheci antes. Me arrependo profundamente disso.
"Um pouco tarde demais" pensou amargamente.
- Mas eu quero conhecê-la - sua voz ficou um tanto mais firme. - Quero estar com ela, e ela é você. Eu quero poder te conhecer melhor. Te entender. Gostar cada vez mais de você.
- O que você quer dizer com estar comigo?
- Eu quero dizer isto - ele a beijou, bem de leve, seus lábios se tocavam apenas por segundo, e se separavam, entreabertas e tornavam a se tocar. Não era um beijo apaixonado como o de Draco, não era envolvente, era uma pequena gentileza, uma carícia quase pura. Gina não tinha muita certeza de que preferiria aquilo. Seus lábios se separaram definitivamente. - Quer ir comigo ao baile dos setimanistas?
Por um instante, ela congelou.
- Não posso - falou com a voz vacilante. - Eu já disse que iria com outra pessoa.
- Ah - ele pareceu bastante desapontado. - Acho que vou ter que convidar outra pessoa.- sorriu desajeitado.
- Você não vai... Ficar chateado comigo, vai?
- Claro que não. Não posso querer que você estivesse a minha disposição sempre, não é?
"Mas era isso que você esperava" pensou astutamente. "Foi isso que me mostrou aquele dia no Hall."
-Bom... Não.- ela respondeu.
Os dois tornaram a ficar quietos, o vento estava frio, e Gina se encolheu.
- Está com frio? - perguntou Harry solícito.
- Não está? - perguntou a ele.
- Vou te levar para o salão comunal - eles saíram da varanda, e Harry fechou a porta. Aparentemente, aquilo era um escritório, e a porta seguinte, provavelmente um quarto.
- Já está tarde - ela falou timidamente.
- Vamos - eles saíram do quarto, e Gina percebeu que estavam quase no meio do sétimo andar. Poucos passos depois, estavam na frente da Mulher Gorda. - Árvores de natal.
- Bem, eu vou dormir - ela falou gentilmente.- Boa noite, Harry.
- Boa noite.
Ela deu um beijo no rosto dele, e subiu as escadas.
N/A: Esse é O Capítulo do Rodrigo... Afinal, ele que gostava de faixinhas no cabelo!
A música citada na última cena é "Love fool, dos Cardingans". E a frase que está solta como citação no meio do capítulo, "Quando o absurdo é muito grande as reações ficam retardadas" pertence à Luciana Trindade, na fic "Para sempre não é o bastante". Eu renuncio a ela completamente ;-)
