Capitulo 5. Girl's talk – Só entre elas... Ou não

"Já cansei de ser enganada pela esperança, ou de me esforçar para não me iludir... mesmo sabendo que já estou iludida há tempos."

- Às vezes eu acho que você tem razão, sabia? - falou Gina entrando no quarto, na manhã seguinte ao baile.

- Onde você estava tão cedo? - ela perguntou sonolenta.

- Já são onze horas da manhã, Marin!

- Você já perdeu a maior parte da manhã seguinte, pelo menos a melhor delas - falou Colin, sentando do outro lado da cama. - A hora das fofocas.

- Tenho certeza que uáááá... - Ela tampou o bocejo com a mão. - Desculpe. Tenho certeza que a hora que eu acordasse você se encarregaria de me contar tudo.

- Eu vou. Mas não aqui - O garoto piscou. - Vamos descer, para a biblioteca. Lá, eu sei que ninguém vai ficar nos ouvindo.

- Vamos logo! - Falou Gina impaciente. - Tenho muito para contar!

- Ah! - Falou Marin pulando da cama de repente. - O encontro com Harry!

- Sim, o encontro com Harry - falou Gina sacudindo a cabeça para a menina.

- Me dêem cinco minutos e eu estarei mais que pronta.


Os três estavam sentados no fundo da biblioteca, falando baixinho para que Madame Pince, a odiosa bibliotecária, não os ouvisse.

- Pois então! - falou Colin chegando mais perto delas. - Melaine e Simas sumiram por volta das onze e meia...

- E quando eu cheguei, eles ainda não tinham voltado - comentou Gina.

- Eu e Peter voltamos! - Ele falou animado. - Hoje de manhã. Ele tinha ficado irado!

- Ah! O beijo de vocês está sendo comentado pela escola inteira.

- Oh, que coisa. Sara e Melaine vão pegar no meu pé.

- Mas agora a gente pode contar com Gina para manda-las à merda! - Ele riu, e a loira riu junto.

- Dá pra vocês pararem! - Ela falou indignada. - Eu não gosto de falar essas coisas.

- Percebe-se - falou Marin observando o rosto vermelho. - A senhorita quer mesmo é discutir o encontro de ontem.

- Quero - Ela falou firme. - Eu acho que estou ficando maluca.

- Porquê? - perguntou Colin interessado.

- Foi legal - Ela falou.- Ele foi gentil, se mostrou interessado, me levou a um lugar bonito, disse que quer me conhecer melhor, me beijou...

- Então, qual é o problema? - perguntou Marin, lixando as unhas.

- Ele te beijou? - perguntou o garoto animado.

- Beijou - ela respondeu. - E eu não gostei.

- Como assim não gostou? - perguntou a amiga. - Ele beija mal?

- Não! - ela falou rapidamente. - Ele nem me beijou de língua. - falou.

- Ah, então foi isso. - falou Colin. - Você está decepcionada com o beijo frio.

- Não exatamente... - falou a menina corando.

- Eu já entendi tudo! - falou Marin um tanto alto demais.

- Eu também. - falou Eilan surgindo de trás da estante. - Bom dia, Weasley, Madley.

- Oi Eilan! - falou Colin.

- Oi. - ela sorriu. - Eu sei qual é o problema com Harry. - Marin ergueu a sobrancelha. - Você simplesmente não gosta mais dele.

- Eu diria que isso é por causa de... - ela olhou duvidosamente para a outra menina.

- De Draco. -falou Eilan sorrindo. - Vocês andaram se vendo...

- É apenas um trato! - falou a ruiva indignada.

- Não parece que você esteja levando dessa forma. - a grifinória se unia a outra.

- Engraçado. - falou o rapaz apoiando. - No trato dizia "ir ao baile de sétimo ano" e não ficar aos beijos com ele por ai.

- Assuma, Weasley. - falou a sonserina altiva. - Você iria com ele mesmo sem a obrigação de proteger seu amigo...

- Iria. - a menina se entregou. - Ele é tão... Adoravelmente irritante!

- Ele é mesmo. - responderam as loiras, então se olharam.

- E o beijo... O beijo é tão bom... - ela estava meio devaneando, meio consciente.
- Eu sei que ele é envolvente, e que beija melhor que a maioria. - falou Eilan olhando para ela séria. - Mas, por algum motivo, Weasley, eu não quero que você se ferre. Fique bem, ouviu? E preste mais atenção.

- O que você quer dizer com isso?

- Colin... Você não contou a ela o que...

- Não. - ele respondeu

- Me conte. - ela pareceu mais segura do que jamais antes. - Me conte o que há.

- Gina, é melhor...- tentou Marin.

- Eu quero saber! - ela falou se levantando. - Avery ia me contar e vocês se recusam?

- Foi tudo uma aposta. - falou Colin baixando a cabeça. - Malfoy e Harry apostaram que te levariam ao baile de inverno. Malfoy te persuadiu a ir ao baile dos setimanistas para poder ficar por cima.

- O quê? - ela falou enfurecida. - E vocês não me contaram nada antes?

- Eu descobri quando estava pesquisando os nomes do possível DEM.

- Vocês sabiam o tempo todo e não me disseram?

- Gina, se você soubesse... - ele tentou se desculpar.

- Eu não teria ido com Harry ao baile. - ela completou depois de um longo suspiro. - Poderia ser bom.

- E teria que ir com Malfoy do mesmo jeito. - completou Marin.

- Com certeza, mas não iria ficar tendo fantasias românticas com ele!

- Então você assume que está interessada nele! - falou a grifinória na mesma hora.

- De que adianta? - ela perguntou irritada. - Eles estavam me fazendo de palhaça!

Na mesma hora, Harry, Rony e Hermione (esses dois trocando olhares apaixonados) entraram na biblioteca. Gina foi até eles pisando duro.

- Harry. - ela falou soando bastante ameaçadora. - Temos que conversar. Agora. Vamos lá pra fora.

Espantado, o menino a seguiu. Eles pararam, de frente um para o outro, na porta da biblioteca. A ruiva lhe deu um murro no ombro antes de começar a falar com a voz bem elevada, nos olhos brilhando o Fogo Weasley, com o qual Rony costumava encarar Malfoy.

- Escute aqui! Se você pensa que sair por aí apostando coisas sobre mim e achar ainda por cima que vai ganhar com isso, está errado!- por um instante, ela tremeu. - Está muito errado Harry Potter.

- Eu... Eu... Eu, Gina... É...

- Eu, eu, eu é o cacete! - ela falou ainda mais nervosa. - Eu não saio mais com você tem por um milhão de galeões!

Ela deu as costas para ele, se dirigindo ao salão comunal, mas parou e virou para trás, aonde ele ainda a olhava assustado.

- Pro seu governo, Potter... Eu vou com Draco ao baile dos setimanistas. Ele pode não ter ganhado completamente, mas você também não ganhou as minhas custas...

- Ele também só está atrás de você pela aposta! - ele retrucou com raiva.

- Eu creio que sim. - ela falou sorrindo maldosamente.- Mas, por puro interesse, antes ele que é mais envolvente.

Ela continuou seu caminho pelo corredor, mas a voz dele a parou.

"Leave me, leave me

(Me deixe, me deixe)

Just say you need me

(Simplesmente diga que precisa de mim)

I can't care about anything

(Eu não consigo ligar para nada)"

- Você vai se deixar levar, e ele só vai te machucar, sabia?

- Isso, Potter, - ela falou friamente. - é problema meu. Além do que, como você disse ontem mesmo, você não me conhece, não é?

E virou deixando Harry sozinho no corredor.


O essencial é invisível aos olhos


A porta do escritório dos monitores-chefes (anexa à sala dos monitores) se abriu com um estrondo, deixando Gina Weasley entrar. Draco ergueu os olhos, espantado, para a menina ruiva, que tinha o rosto vermelho de raiva, parada na sua frente.

- Virginia, eu duvido que Hermione fosse gostar de te ver entrar aqui assim.

- Ela não está aqui. - ela respondeu feroz.

- Mas poderia estar. - sua voz era arrastada.

- Eu a encontrei na biblioteca.

- O que quer? – perguntou, um sorrisinho surgindo nos lábios. - Sentiu minha falta?

-Malfoy. - ela falou respirando fundo e olhando para ele. - Se era tudo uma aposta, você podia ter me dito.

- Quê? - falou ele empalidecendo.

- Se você só me chamou por causa da aposta que fez com Harry, você poderia ter me dito naquele dia no salão de inverno. - Ela respirou fundo tentando se acalmar. - Eu tenho honra, minha palavra vale! Se eu disse que iria com você, significa que eu iria, mesmo que no dia seguinte a escola inteira fosse me matar. Mas você não entende dessas coisas, não é, Malfoy? Honra e moral... Não, você não entende nada disso.

- Entendo mais do que você imagina. - falou com a voz subitamente rouca. - Você é que não entende, não sabe de nada. Quem te contou que era uma aposta?

- Colin. - ela falou, por algum motivo não querendo incriminar Eilan Avery. - Ou você esperava que ele não me dissesse?

- Claro... Como sou eu, você está dando escândalo... Mas aposto que com o Potter Perfeito, você agiu normalmente... Ele pediu desculpas e vocês vão juntos ao baile dos formandos, vão namorar felizes todos os dias de mãozinha dadas pelos corredores, e depois casarão e vão ter um monte de filhinhos. - ele falou com todo o desprezo.

- Eu não vou ao baile dos formandos com ele. - ela falou olhando pra ele. - Eu disse que iria com você.

- Não se prenda a mim, senhorita Weasley... Ou deveria dizer futura senhora Potter?

- Não iria com Harry nem se não tivesse dado minha palavra de que iria com você. Ele já não é pra mim diferente de você.

- Isso deveria ser um elogio?

- Não. - ela falou sinceramente. - Não era.

- Seu problema, Virgínia, é que você não vê o essencial.


- Eu falei com ele. - ela balançou a cabeça tristemente. - Ele falou tantas coisas que eu não entendo...

- E quem o entende? - Marin sacudiu a cabeça também.

Estavam ambas sentadas debaixo de uma das árvores próximas ao lago, Colin tinha ido se encontrar com Peter, mas elas não quiseram presenciar aquilo. Os dois tinham muito a conversar, e elas também.

- Eu entendo! - mais uma vez, Eilan surgia do nada. - E tenho uma coisa para dizer pra você, - ela olhava a ruiva diretamente - embora eu saiba que você não vai dar o menor crédito a isso.

- O que é, Avery? - falou desanimada.

- Eilan.- ela respondeu. - Me chame de Eilan, Gina.

- Certo. O que é Eilan?

- Draco pode ter feito tudo o que fez por uma aposta... Pode só ter te chamado por isso, mas tem alguma coisa a mais. - ela suspirou, parecendo sonhadora. - A maneira como ele estava te olhando ontem à noite... Ele chegou a cometer a extravagância de te elogiar, e pelo menos você, Madley, sabe o quanto isso é difícil.

- Ele nunca, em todos esses anos, me disse uma única coisa que eu pudesse considerar um elogio sincero. - respondeu.

- Bom, eu diria a mesma coisa. - falou a Sonserina. - Se eu pudesse te dizer algo de bom sobre Draco seria isso: ele está se envolvendo. Ele já te quer pelo que você é.

Gina lhe respondeu fazendo um cara de quem não tinha acreditado em uma palavra que fosse do que a menina dissera. Estranhamente, parecia que aquilo abalara Eilan profundamente, e um brilho que pareceu lágrima surgiu em seu olho. Ela se virou para voltar o castelo, mas decidiu tornar a falar com as Grifinórias.

- Eu sabia que você não iria acreditar em mim. Mas eu sinto muito pelo que você vai perder.

Então, ela tomou seu caminho em direção a escola.

- O que eu faço? - afundou a cabeça rubra entre os braços, sua voz ficando abafada. - Eu o quero, mas ele estava só apostando... Ao mesmo tempo Eilan não mentiu, eu sei disso.

- Eu também sei. - falou a amiga, soando melancólica. - Ela não mentiu em momento nenhum... Eu não sei o que eu faria se estivesse em seu lugar.

A ruiva levantou os olhos, encarando a amiga, e viu que os olhos de Marin refletiam a mesma tristeza profunda que estava nos olhos de Eilan. Uma tristeza grande, forte e terrível, que ela não conseguia entender.

"E é só você que tem

A cura pro meu vicio

De insistir nessa saudade

Que eu sinto

De tudo que ainda não vi"


N/a: Aqui vai o disclaimer de todas as citações. A primeira, abrindo o capítulo, é da Estelle Flores (srta Rosmerta), na Songfic Please; a segunda, no meio do capítulo, é de O pequeno príncipe, cujo o nome do autor eu sequer desconfio (sei que é francês); por fim Índios, Legião Urbana... Uffa! Ok, segundo a Pichi, tilida, o autor do pequeno príncipe é Antoine de Saint-Exupéry... E, já ia esquecendo, a música Love fool, continua não sendo minha ;-)

E Mais... Eu sei que foi um capítulo curto, título de comédia, conteúdo de drama mexicano, mas, foi o que saiu... prometo um próximo capítulo grande, porque nos capítulos seis e sete é que estão a grande virada da trama. ^^