Capítulo 8. O Diário

"Eu quis você

E me perdi

Você não viu

E eu não senti

Não acredito nem vou julgar

Você sorriu, ficou e quis me provocar

Quis dar uma volta em todo mundo

Mas não é bem assim que as coisas são

Seu interesse é só traição

E mentir é fácil demais"

Ela corria desesperadamente, o som dos seus passos ecoando nas paredes úmidas. Conhecia cada pedaço daquela câmara, cada estátua de cobra, cada fissura no chão e nas paredes. Assim como a enorme estátua de Salazar Slytherin, o maior dos quatro, como Tom o chamava.

- Não tem como fugir de mim, Virginia! – Toda a gentileza e doçura fugira de sua voz. – Eu estou em você, em cada nervo, e sempre vou estar!

- Eu vou acabar com você! – Gritou sem parar de correr.

- Acabe comigo, e estará acabando com você mesma!

A ruiva parou por um instante, e olhou o jovem que estava atrás de si. Os belos olhos negros, os traços firmes do rosto, a boca que jamais sorria abertamente, o pescoço aparecendo por cima da roupa escura.

- Oh, Tom! – Ela exclamou trêmula.

Logo os braços firmes a tinham envolvido, e sua cabeça estava enterrada no ombro dele. Lágrimas escorriam pelo seu rosto sem que ela pudesse controlar. As mãos dele passavam por suas costas, mais insistentemente do que jamais antes.

- Você está crescida, Virginia. Muito crescida.

- O que você que dizer com isso? – Levantou a cabeça para o jovem.

Tom apertou os braços dela que virou-se, tentando se soltar. Era tão mais forte que ela, que de nada adiantou, estava mais uma vez apertada entre os braços dele. Podia sentir o quanto ele gostava disso, e seu estômago estava seriamente incomodado. As mãos grandes de Tom subiram pelo seu corpo saindo de sua barriga, seus dedos compridos envolvendo seu seio esquerdo, enquanto a outra a prendia firme no lugar.

- Me ama, Virginia?

- Sim – Respondeu maquinalmente.

- Então venha – A virou, sem afastar a mão dela.

Seus lábios se forçaram sobre os dela, que não conseguia se desvencilhar. Os braços fortes dele a envolviam, apertando-a contra seu corpo, a língua explorava sua boca com sede, se não havia forma de se afastar.

Virginia acordou assustada. O suor cobria seu rosto. Tom estava começando a agir novamente. Ela daria tudo que pudesse para fugir dele.


Querido Carlinhos;

Eu tenho uma coisa a contar, por isso estou escrevendo a você, Gui e mamãe primeiramente, porque eu preciso de apoio. Preciso de pessoas que façam Fred, Jorge, Percy e Rony aceitarem o que eles não podem mudar.

Estou namorando, Carlinhos. Não é nada muito sério por enquanto, mas se eu não contasse, Rony iria fazer um estardalhaço. Ontem mesmo ele deu um escândalo no salão comunal. Está furioso comigo, acho que decepcionado por eu não ter escolhido o Harry para namorado. Peço calma e compreensão... É que eu estou namorando Draco Malfoy.

Sei que os Malfoy odeiam os Weasley. Sei também que Lúcio Malfoy é um monstro, já senti isso na pele. Mas talvez Draco não seja como ele, talvez tenha salvação. Ele me trata bem, gosta de estar comigo, isso que importa.

Voltei a sonhar muito com Tom. Professor Dumbledore pediu um relato dos sonhos. Acho que vai ficar tudo certo.

Com amor,

Sua pequena Gina

Mal amanhecia e as três corujas – Píchi mais duas corujas-de-igreja – partiam em direção ao horizonte avermelhado.


Podia ver do alto do castelo, o homem estranho e gorducho entrava. Os cabelos, que só continuavam a existir nos lados da cabeça, eram muito vermelhos. Malfoy jamais vira aquele homem antes. Havia mais de dez anos que não via nenhum estranho chegando ao castelo. Mais de dez anos que a feiticeira se fora. Viu o intruso abrir a porta com uma varinha e entrar. Era outro bruxo.

Desceu as escadas sorrateiramente. Não queria ser visto não, pelo menos por enquanto. Seguiu por vários corredores sombrios, outras escadas, evitando seus criados. Encontrou o velho sentado em uma cadeira junto ao fogo da lareira, e não estava sozinho. Alguns criados estavam a sua volta, tinham servido chá, e o coberto com uma capa.

Se emprumando, entrou na sala. Ao primeiro passo, os criados se viraram e fugiram de suas vistas, temendo-o. O pobre homem parecia aterrorizado, e foi com uma voz cruel que Edward falou.

- Não sou uma manticora, velho. Não como homens.

Mas o homem tremeu ainda mais, se isso era possível.

- Quem é você e o que faz aqui?

Havia ao mesmo tempo frieza e ódio na voz daquele homem, que não suportava sua vida, e não suportava a presença de estranhos. Poderia estraçalhar o velho apenas para não ter que ver seu segredo contado a todos.

Sua amante da época, até hoje, não sabia de nada que acontecera. Apenas mandara avisá-la que não a veria mais. Não permitira visitantes, embora ainda conhecesse e controlasse todo o vilarejo. Ao longe, ele não via as pessoas, e se conhecera aquele homem, certamente era bem mais jovem, e mais magro.

- Eu eu eu sou Martin Weasley, milord. Um viajante, vim pedir abrigo do frio...

- Veio do vilarejo? Veio importunar o Monsieur Malfoy?

- Estou apenas de passagem, Monsieur Malfoy! Eu moro na Bretanha! – desculpou-se o velho.

- Maldito inglês! – Ele esbravejou assustando ainda mais o homem. – Você jamais tornará a sair daqui!

Puxou o homem para cima das escadarias com as garras enfiadas em sua capa e o trancou em um calabouço.

Draco acordou parcialmente perdido. Seus sonhos ficavam cada dia mais estranhos.


- Bom, você fez a coisa certa, escrevendo pra Dumbledore – suspirou Hermione preocupada. – Embora que ache que você deveria ter literalmente falado com ele.

- Foi o que Marin e Colin disseram.

- Gina, eu queria conversar com você. Sobre ontem. Sobre sua briga com Rony...

- Mas... Hermione, não me diga que ele não mereceu.

- Ah, Gina... Eu não vou dizer isso... O que eu ia dizer... É que você tem que controlar seus nervos... Sinceramente, eu vivo me perguntando como foi que você jamais pegou uma detenção da vaca da Umbridge.

- Hermione... O Rony sempre reage mal quando sabe que eu saio com alguém... Você lembra o que ele quase fez com Colin?

- Eu nunca entendi essa história de vocês. – falou sacudindo a cabeça. – Mas dessa vez, você não podia esperar algo diferente...

- Não podia? – ela falou olhando a garota. – Hermione, ele ainda espera que eu queira o Harry! Isso está completamente fora de questão!

- Eu sei que está. Eu sei. Mas é seu irmão, e, você sabe o quanto ele é cego.

- Eu sei. Não que Harry seja muito melhor, aparentemente...

- Não é. Mas esse não é nosso assunto. O que eu queria dizer, é que você e Rony deveriam se desculpar. Quero dizer, ele está numa posição muito difícil, seu irmão. Quer te proteger, porque foi isso que ensinaram a ele, e não suporta o Malfoy, isso desde muito novo. Não importa o que a gente diga, ele continua te achando jovem. Não importa se você já se arriscou conosco, ou se você já teve outros namorados, ou se você foi capaz de fazer um feitiço de escudo mais rápido do que ele poderia esperar. Você é só uma menininha nos olhos dele, vai sempre ser.

- Ele tem que entender que eu não sou.

- Isso vai levar tempo, mas já começou tem muitos anos.

- Dois, no máximo.

- Você entendeu. – ela franziu a testa. – Você acredita que ele queria pedir a Dino para conversar com você? Acho que no fundo ele queria que você voltasse a sair com ele de qualquer maneira. Acho que ele não notou que Dino e Elisabeth estão namorando.

- Ele demorou quatro anos para perceber que você era uma menina, acho que isso diz mais que o bastante sobre a capacidade de percepção dele.

- De qualquer forma, Gina, eu não tenho muita certeza que esteja fazendo a coisa certa.

- Você pode ser brilhante pra muitas coisas, pode compreender sentimentos, fatos e dados perfeitamente, mas acho que nunca vai entender se eu disser que estou fazendo o certo. Hermione, Draco me deu meu primeiro beijo. Claro que eu já tinha beijado antes, – ela falou diante da cara intrigada da grifinória. – mas mesmo assim, eu nunca tinha sido beijada de verdade, quero dizer, tinha alguma coisa ali. E eu não paro de ter esses flashes, todos querendo me dizer alguma coisa, mas eu não consigo compreender.

- Gina... Quantos irmãos sua mãe tem?

- Seis, porquê? – ela não tinha compreendido a pergunta.

- E irmãs?

- Duas adotivas, na verdade são primas da mamãe, mas foram criadas juntas.

- Você está me dizendo que você é a sétima filha, única mulher, e sua mãe também foi?

- Qual a importância disso?

- Virginia! – ela ofegou. – Você é vidente!

- Eu sei.

- E nunca nos contou?

- Como assim nunca contei? Rony sabe! Mamãe, papai, meus irmãos, todos sabem!

- E Dumbledore?

- Você acha mesmo que eu precisaria contar alguma coisa assim para ele? Hermione, ele sabe muito bem disso, mesmo sem eu dizer...

- É... Deve saber... – O olhar da menina estava perdido. – Tome cuidado, Gina. Muito cuidado.

O retrato da mulher gorda se abriu e Harry entrou, parecendo desolado.

- Ele continua sem querer falar comigo. Eu não sei o que ele pensa... – reclamou o rapaz.

- Eu vou conversar com ele. – falou Hermione parecendo aborrecida. – Ele não pode continuar fazendo essas coisas.

- Mantenha-o afastado de Dino. – lembrou a ruiva.

- Sem dúvidas. – falou a garota indo embora.

Gina e Harry se entreolharam, e ela sacudiu a cabeça.

- Tudo isso teria sido evitado se você não estivesse se metendo na minha vida.

- Mas, Gina...

- Diga o que quiser, Harry. – Ela levantou-se e o olhou. – Mas nós somos como irmãos, e o beijo que você me deu no dia do baile... Foi quase pecaminoso.

- Eu sou um idiota. – ele sacudiu a cabeça. – Sempre faço tudo errado...

- Não se culpe por tudo. – ela pôs a mão no ombro dele, e os olhos se encontraram. – E não se intrometa na minha vida.

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela tinha virado e saído pelo buraco do retrato.


O Hall estava lotado de estudantes, todos falando e fazendo algazarra. Havia uma semana que Gina tinha mandando as corujas para a mãe e os irmãos, e ainda não tinha recebido nenhuma resposta. Uma fila de terceiranistas ansiosos pela ida a Hogsmeade falavam animadamente ao seu lado, e ela não tinha a atenção o suficiente centrada no local nem para brigar com um deles quando xingou o outro por alguma coisa.

Filch estava checando o nome de todos os alunos, como sempre fazia, enquanto Hermione os encaminhava para as carruagens. Gina procurava em vão a cabeça loira platinada do seu namorado, que devia estar ajudando Hermione, mas como era de se esperar, não tinha aparecido até agora. Aparentemente, a monitora-chefe estava pensando a mesma coisa, quando se encaminhou a ela.

- Aonde foi que Draco se enfiou? – Sussurrou nervosa. – Ele adora fazer essas coisas comigo! Aonde ele está quando mais se precisa dele?

- Tomando meu café, logicamente. – respondeu o próprio surgindo por detrás das duas. – Afinal, eu preciso estar sempre bem alimentado.

- Draco! – começou Hermione. – Você ficará responsável por confusões entre a Zonko's e a Casa dos gritos...

- É muita coisa!

- Eu vou ficar com a Dedosdemel e o Três Vassouras. Você não se preocupe, porque a Chiapetta , Stevens e Blockerbust estarão com você.

- Ah, eu preferia levar a monitora Weasley... – ele sorriu malicioso.

Hermione ignorou-o.

- Eu estarei com Elizabeth, Rony e Justino.

- Isso significa que eu estou livre? – perguntou Gina alegremente.

- Você deverá substituir Draco a partir do meio-dia. – ela falou prática.

- Você nos pôs em horários opostos de propósito?

- Negocie com alguém seu horário. – falou Hermione suspirando.

- Tudo bem, querida – Ele falou. – Vamos dar um jeito.

Então se inclinou e beijou-a na boca levemente.

- E sem exibições públicas, por favor! – falou irritada.

Os dois começaram a rir.


Não haveria outro jeito. Pelo menos até o almoço, seus horários não bateriam, Ana Abott tinha concordado em substituí-la mas apenas depois das duas da tarde, o que deixaria apenas três horinhas para os dois passearem juntos por Hogsmeade. Enquanto andava distraidamente, prestando atenção nos alunos mais novos que andavam à sua volta, ele pensou que a diferença de horários bem que viria a calhar. Seus sonhos estranhos em que ele seria uma manticora e mantinha um prisioneiro em sua mansão continuavam, e ele jamais confessaria a ninguém o quanto isso estava o perturbando.

Seu pai, não compreenderia, o chamaria de fraco. Sua mãe, acreditaria que ele estava enlouquecendo, já que havia alguns de seus parentes, por parte da mãe de sua mãe que não eram muito sãos. Gina, por mais que compreendesse o medo, provavelmente não poderia fazer nada para ajudar... De que adiantaria contar então? Tinha uma pessoa, bem ao seu alcance, que ele poderia procurar que certamente teria respostas para aquilo. Mas, ele era Draco Malfoy, e a última pessoa na terra que ele procuraria seria Alvo Dumbledore. Bom, talvez não a última, já que seria muito mais impossível que ele pedisse ajuda a Harry Potter, mas ainda sim, ele não falaria com o diretor.

Sendo assim, a única pessoa que ele poderia procurar, a única pessoa com quem ele se abriria, seria sua avó. Caillean Malfoy era uma mulher velha, mas sábia. Não tinha e não parecia ter sangue Malfoy: era gentil e carinhosa como a maior parte das avós, mas pelo que ouvira seus pais comentarem, isso só tinha acontecido depois do nascimento de Draco. O que era realmente fascinante sobre Caillean, era o quanto ela conhecia de magia antiga, magia negra e principalmente da história dos Malfoy. Claro que as duas últimas coisas eram profundamente entrelaçadas, mas mesmo assim, todo aquele conhecimento era merecedor de respeito por parte de seu único neto.

Quando chegou o meio-dia, ele beijou levemente sua namorada – um levemente que resultou em dez minutos de agarramento entre a Zonkos e a loja ao lado – e falou que iria almoçar antes de voltar para fazer-lhe companhia. Caminhou afundando os pés na neve fofa da rua principal, fazendo o caminho até a casa de sua avó: simples, profundamente branca, e aparentemente não muito grande. Esse aparentemente era uma mentira, pois o Casarão Maculado era tão grande quanto a Mansão Malfoy.

Assim que ele encostou a mão na porta, ela se abriu, como ele esperava que acontecesse. Uma mulher relativamente jovem de cabelos castanhos escuros surgiu no mesmo instante, para lhe receber. Ela parecia muito com as irmãs de sua mãe, seu nome era Nária, e servia sua avó desde muitos anos, sendo sua aprendiz de história dos Malfoy. Caillean não confiava em mais ninguém o governo de sua casa e de seus elfos domésticos.

- Jovem Malfoy! – ela exclamou quase alegremente – É uma verdadeira surpresa ver o senhor por aqui antes de Março!

- Só surpreende você, Nária. – falou uma voz altiva. – Eu já sabia que meu neto viria.

- Posso saber como, Sra Caillean? – perguntou o rapaz sorrindo. – Andou monitorando meus passos? Se utilizando de artes para prever o futuro?

- Na verdade, eu sabia que você era o Malfoy predestinado, meu querido. – Ela sorriu misteriosamente. – Vamos conversar no meu escritório, não vou demorar não se preocupe. Nária, você pode fazer com que um dos elfos nos traga comida o suficiente para esse rapazinho almoçar?

Draco notou que os cabelos platinados da avó começavam a ficar brancos em alguns pontos, mas ela parecia tão vigorosa e forte quanto em qualquer visita dele antes.

Os dois entraram no escritório dela, uma espécie de cruza de casa de chá e sala de música. Ela o puxou para uma das mesinhas mais afastadas de sua própria escrivaninha, aonde uma pena-de-repetição-rápida corria de um lado para o outro do papel. Em menos de um minuto, um elfo doméstico entrava com uma bandeja cheia de queijos, pães, pequenos aperitivos e uma jarra de suco roxo quase anil.

- Sirva-se de um pouco de suco de Amoras Negras, querido, está uma delícia.

Nos dez minutos seguintes, ele apenas comeu, sendo observado por um olhar meio abobado meio maternal de sua avó. Ela sorria levemente enquanto o via comer com educação e boas maneiras, como ela ensinara a Lúcio e Narcissa ensinara a ele, admirando cada pequeno trejeito do único herdeiro dos Malfoy.

- Sabe, meu querido, gostaria de ter tido mais filhos além do seu pai. Mas seu avô não partilhava da mesma opinião, e no final, acabei não conseguindo engravidar novamente. – Ela suspirou. – Mas eu tenho certeza de que não foi por isso que você veio aqui, não? Não foi pelo prazer de almoçar junto com sua velha avó.

- A comida estava boa como sempre. – ele respondeu educado. – Mas realmente não foi por isso que eu vim aqui. Eu vim aqui por causa de...

- Sonhos. –ela o interrompeu. – Sim, eu sei que você anda tendo sonhos estranhos, relacionados a você se tornando manticora, e sei de onde eles vieram. Ha! – soltou uma risada fria. – Não se preocupe, é apenas uma prova de que você é o Malfoy predestinado.

- O Malfoy predestinado? – pareceu educadamente curioso. – O que isso significaria?

- Muito pouco. Significa que você tem sonhos com o nosso primeiro grande ancestral... E com a vida que ele teve...

- Mas, se ele era uma manticora, como poderia ter descendentes?

- Ah, querido, ele não era uma manticora sempre, não é? E tudo que você precisa saber sobre isso é que ele já tinha filhos quando se transformou em uma.

- Se transformou? Porque alguém faria uma coisa dessas?

- Foi transformado. – corrigiu ela impaciente. – Mas não quero saber disso. Você não quer saber disso. Mas precisa. O que realmente nos interessa agora, Draco, é... Como é essa sua namoradinha? A menina Weasley?

- Não é de verdade, Grandmére. É apenas um fingimento para ela, para atingir Harry Potter, como meu pai deve ter te contado.

- Seu pai não me contou nada. – ela falou séria. – Nem que você estava namorando a tal garota. E não me engane, menino, eu não sou sua mãe nem seu pai para não ver o óbvio. Eu quero saber como ela é... Fisicamente, e psicologicamente. Me fale dela.

- Bom, o nome dela é Virginia...

- Claro, claro, a pequenina Virginia Weasley...

Draco ergueu a sobrancelha, absolutamente espantado com o interesse da avó.

- Foi ela que meu pai usou quando quis abrir a Câmara Secreta. – ele falou, recebendo um aceno confirmativo da senhora. – Ela é ruiva, claro, como qualquer Weasley, e tem olhos enormes e castanhos muito bonitos... É pequena, ao contrário do irmão panaca dela que tem os pés maiores que um gato, e tem traços delicados, boca firme e rosada... – ele sentiu o olhar dela ter mais peso sobre ele, então mudou o rumo do que dizia. – Tem uma personalidade forte, briga por qualquer coisa... Eu sempre achei que ela fosse uma daquelas menininhas bobas românticas que acredita em príncipe encantado, mas aparentemente ela está é pouco se lixando pro Potter e pro mundo inteiro. Tem palavra, também, e põe honra na sua palavra. Ela é muito grifinória, eu creio, e não sei se isso é bom. Quero dizer, qualquer mentirinha que eu disser será uma forma de alavancar brigas homéricas que poderiam resultar em nós terminando o namoro.

- O que você não quer que aconteça. – falou ela com voz suave e melodiosa.

- É... Não quero... – ao ver a face sorridente à sua frente, notou o que tinha dito. – Eu não gostaria de decepcionar meu pai.

- Decepcionar seu pai! – Sra Malfoy caiu na gargalhada, deixando-o confuso. – Ótima tentativa, criança, mas Grandmére aqui sabe que na verdade você está começando a se envolver com essa menina.

- Não, não estou não.

- Ah, não me faça rir ainda mais menino. – ela olhou para ele, agora severa. – Não minta para mim, está ouvindo? Se eu digo que você está se apaixonando, é porque você está. E se você nega, bem a negação é a mais previsível das reações humanas. É seu destino. Está escrito, Draco Edward Malfoy, que será você o escolhido para redimir o velho Edward.

- Velho Edward?

- Ora, menino, o primeiro grande ancestral! – sua paciência estava se esvaindo. – Escute bem. Eu tenho algo para te dar, que vai te fazer entender que você realmente está apaixonado por esta menina, esta Virginia Weasley.

Ela se levantou, caminhando até sua escrivaninha, e usando uma chave antiga, destrancou uma gaveta em que um leão e uma cobra lutavam entalhados na madeira. Lá de dentro, pegou um livro de aparência aveludada, vermelho rubi, com as letras BVW entrelaçadas elegantemente em dourado na frente. Draco achou muito brega, mas vendo o quão amarelo já era o pergaminho, decidiu não comentar.

- Aqui está. – Caillean entregou o pesado livro na mão do garoto. – o segredo de toda a Arte das Trevas dos Malfoy, e de toda a fraqueza dos Weasley.

- O que você quer dizer com isso? – estava com medo, mas não demonstraria nada.

Ela sorriu, pela primeira vez naquele dia parecendo a avó bondosa com quem ele era acostumado.

- Eu mesma não posso te contar. Mas... Você não acha que você é o primeiro Malfoy a se apaixonar por uma Weasley, acha? – mais um sorriso condescendente. – No dia dos namorados terá mais uma visita a Hogsmeade, e você trará a menina Weasley aqui para eu conhecê-la. Agora vá!

Ainda sem entender tudo, Draco saiu da casa da avó com o livro.


A tarde em Hogsmeade com Draco era tudo que ela precisava para esquecer a culpa por Harry e Rony não estarem se falando. Não se importava muito com os cochichos que despertavam em cada lugar quem entravam. Foram ao Três Vassouras, na Dedosdemel, e ainda passearam em torno da Casa dos Gritos.

Quando retornaram a escola, estavam com os rostos corados pelo frio, e muito felizes. Mas Draco ainda estava preocupado com o presente que sua avó lhe dera. Aquilo podia ser a chave de mistérios, que ele nem sabia quais eram.

Ao ir se deitar em seu quarto, ele abriu finalmente o livro. Era um diário, e na primeira página o nome Belle Virgi Weasley estava escrito em letras douradas. Correu os olhos pelas primeiras páginas, sem interesse, até parar no dia vinte e dois de dezembro.

Hoje é o dia mais estranho de minha vida. Eu odeio ter que passar por ele. Não quero! Mas fiz o que era preciso.

Encontrei finalmente meu pai. Ele estava preso na mansão do Monsieur Malfoy, e agora eu estou presa aqui no lugar dele. Eu me ofereci ao monsieur em troca da liberdade do meu pai, e ele o soltou e o mandou embora... Eu nunca mais o verei e nem consegui nem dizer adeus! O monsieur Malfoy é na verdade uma Manticora horrenda. Ele me trouxe para um quarto. Parece ser um grande apreciador de Slytherin, tudo é entalhado com cobras. Não tenho medo, medo nenhum, mas estou infeliz.

Nenhum servo veio me ver, ninguém perguntou se eu precisava de alguma coisa. Estou faminta, e fraca... Não consigo mais...

Pelo borrão de tinta, Draco supôs que ela tivesse dormido em cima do diário. Ele estava sonolento... Ele tinha que dormir...

O diário caiu no chão ao lado da cama.


A próxima cena é muito forte e não recomendada para menores de 14 anos. Pode ser pulada, sem problemas de compreensão da história


A iluminação era precária apenas a luz da luz que invadia o dormitório. Seus olhos se abriram rapidamente, com certo terror ao sentir dedos frios acariciando seu rosto. Logo os contornos firmes do rosto pálido de Tom sentado na beira de sua cama ficaram visíveis.

- Você... Voltou... Não! – ela tremeu de terror. – Eu estou sonhando, só posso estar sonhando...

Os dedos dele correram por seus lábios avermelhados pelo frio, o toque era assustadoramente real.

- Parece sonho, Virginia?

Ela começou a chorar, enquanto seu corpo estremecia com calafrios. Ele se inclinou sobre ela, beijando-a nos lábios com paixão, sua língua invadindo desesperadamente a boca da menina. O beijo era correspondido com igualdade mas rolavam lágrimas que salgavam aquele beijo.

- Você cresceu tanto, Virginia... Não é mais minha menininha...

- Ah, Tom, por quê? Porquê eu?

- Porque, Virginia, eu te tenho e você me ama.

Os olhos negros dele a encaravam, enquanto ele falava. Seu corpo pesava sobre o corpo frágil dela, mais passava tudo que queria dizer. Possessão. Opressão. Domínio. Ela, Virginia Weasley, pertencia a ele a aos seus desígnios. Mais uma vez ele a beijou, e não havia mais frio, sua pele parecia arder e seu corpo começava a reagir aos estímulos. As mãos dele escorreram até seus seios, apertando-os. De repente, com um esforço das mãos ele rasgou no meio a parte superior da camisola. Um vento frio atingiu os seios agora desnudos. Um sorriso maldoso apareceu tem Tom.

Gina levantou-se da cama em um esforço apressado, tentando fugir, mas ele foi mais rápido prendendo-a com seu corpo contra a coluna de sua cama.

- Não fuja de mim, Virginia. – ele tinha o corpo colado no dela e sussurrava em seu ouvido. – Você não quer fugir de mim.

Beijou o pescoço dela com volúpia, mordendo e chupando sensualmente a pele da garota, descendo continuamente com os beijos enquanto agarrava a perna dela, firmando sua mão com as unhas. Ele envolveu seu seio com os lábios e ela não conseguiu não gemer.

Tom levantou-a sem dificuldade a jogando na cama. Arrancou parte de suas próprias roupas, os olhos na garota pálida que não conseguia se mexer. Havia medo nos olhos dela de uma forma que seria possível esconder. Ele deu uma risadinha... Mais beijos, ela sentia que estava se perdendo de si mesma, a vontade, a racionalidade e o controle iam sumindo. O rapaz tornava a descer por seu corpo beijando-a contra sua vontade, abrindo suas pernas marcadas pelas unhas dele, a camisola agora estava toda rasgada... Não queria mas sua voz saia mesmo assim, sua respiração respondia aos estímulos enquanto as lágrimas, último grito da consciência, escorriam por seu rosto. Até que soltou um quase grito de prazer e medo, abafado pelas mãos grandes e frias de Tom.

Então ele levantou a cabeça de entre as pernas dela e olhou-a. Seus olhos eram vermelhos, o menino Tom se fora completamente. Cravou as unhas de sua mão direita no quadril dela. Sentiu arder, queimar e cortar sua pele. Ele afastou a mão e a marca negra ardia e brilhava próxima ao seu ventre.

- Você não é mais minha menina, Virginia... – a voz dele era suave, mas tornou-se fria e cruel. – Você agora é a minha mulher!

Pegou o corpo dela com brutalidade e puxou-o para si, penetrando-a, e ela gritou. A dor espelhou-se em seu rosto, mas Tom Riddle não sentia piedade, sentia prazer em ver a dor nas expressões dela e fez mais força. Mais força ainda, mais vontade, Gina chorava enquanto seu corpo era violado. Começava a suar frio de terror e ele ria uma risada fria que ecoava em seu ouvido, até que ele chegou ao seu clímax. Tom gemia enquanto segurava o pescoço dela, quase a sufocando. Até que ele saiu de cima dela, abriu a cortina da cama e desapareceu. Gina fechou os olhos, sem ar, deixando o suor frio começar a secar sobre seu corpo impuro...

Seu coração batia rapidamente, sua respiração ainda era entrecortada... Uma voz ao longe falou algo que parecia "senhora... vingança", mas ela não tinha certeza do que se tratava... Era com ela? Era ali? Aonde estava?

Seus olhos se abriram mais uma vez, assustados, para encontrar todas as suas companheiras de quarto em volta da cama.


N/A: A frase "negação é a mais previsível das reações humanas" é retirada do filme "Matrix Reloded" e certamente não me pertence. A música citada no início do capítulo é "As flores do mal" da Legião Urbana, está no cd Uma outra estação, que é sim, não é pura coincidência, o que me inspirou para dar título à essa fic.

Queria deixar um beijo pra todas as meninas que recomendaram minha fic na caixinha, Karen, Yellowred (leiam A beleza dos Imperfeitos, tá muito fofa), Naty, Danizinha, Nanda Black e mais as outras pessoas que me procuraram para elogiar a fic: May Malfoy, Mamy Aline Carneiro, Hannah Malfoy, Píchi, Débora Black, Phil (genrinho) e Satine (Rita, beta querida). Todo o apoio é importante, se eu esqueci alguém puxe minha orelha pelo e-mail. ^^