Capítulo 10: Os segredos de Eilan
"Sou fera, sou bicho Sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha
E não de quem quiser
Eu sou Deus
Tua deusa, meu amor..."
Draco estava sentado em frente à lareira, observando o fogo perdido em pensamentos. Eilan estava deitada no sofá do lado dele, dormindo agitada. Aparentemente ele não era o único que vinha sofrendo com pesadelos. O rosto da menina não mostrava nada da fúria de mais cedo, mas dor. No entanto, ele não se preocupava com a garota nem um pouco. Depois do ataque daquela noite, e do "eu gosto muito de você", tinha voltado a chorar reclamando que Potter não estava nem aí para ela. Claro que aquilo não o comovia muito - não o comovia nada na verdade. O que o estava realmente o preocupando era o diário aveludado no seu dormitório.
Ele ainda não tinha conseguido entender o que sua avó queria que ele percebesse quando o deu isso. Uma coisa era certa, o Monseiur Malfoy a quem a tal Belle Weasley se referia era o tal Grande Ancestral, o tão falado Edward Malfoy. Ela tinha ficado presa no castelo com ele, aparentemente sozinha. Mas o que aquilo significava na vida de Draco, ele não sabia.
Ainda o intrigava o interesse dela em Virginia. O que aquilo significava? Pelo que ele sabia, sua avó era ainda mais incisiva que seu avô tinha sido, era severa, disciplinadora, e até deixava seu pai assustado... Como ela poderia ter ficado tão satisfeita com o envolvimento dele com uma Weasley? Sim, porque ele já vira como os adultos se referiam a eles... Traidores de sangue... Mas, as razões de Caillean Malfoy eram sempre misteriosas - ás vezes, Draco pensava que suas ações eram tão inexplicáveis quanto as do diretor - e aceitas sempre sem questionamentos.
Achava que Lúcio aceitaria até se ela dissesse que Draco não deveria se juntar aos Comensais da morte jamais. Não que ele achasse que ela qualquer dia diria uma coisa dessas... Mas, parte dele ficaria muito satisfeita com esta opção. Não tinha muita certeza se queria ou não se juntar aos Comensais da morte. Ser temido era uma ambição, mas servir a um velho lunático megalomaníaco prestes a matá-lo a qualquer momento não lhe parecia lá muito atrativo.
Na verdade, o que lhe fazia sentir-se mais incomodado, tinha sido o suposto sonho de Virginia. Ele se importava com a garota, não podia negar. Ele sentia falta dela, e tinha querido matar Voldemort quando soube do ocorrido, ele era pútrido, sem moral, obsessivo, um louco perigoso. Ela jamais teria paz ou segurança longe dele. Draco se surpreendeu pensando tanto em manter a ruiva a salvo. Mas aquilo o incomodava: não saber se ela estaria viva, inteira, em sua perfeita consciência e integridade física a mental. Era aquilo que ele queria.
Com um susto, notou o quanto queria - naquele mesmo instante - beijá-la e abraçá-la. Queria apertar o corpo dela contra o seu e colar os lábios nos da menina, queria apagar as manchas da noite anterior e deixar sua marca... Ele estava quase delirando de vontade de repetir os momentos em que estiveram juntos, sem problemas, em Hogsmeade. Tinham menos de vinte e quatro horas - na verdade, até tinha mais tempo, que não precisava ser considerado no entanto, lhe parecia que fazia parte de outra vida, outra realidade. Um tempo aonde ele tinha certeza de que queria servir ao Lord das Trevas, aonde ele tinha - quase - certeza de que tudo que queria com a menina Weasley era diversão e ajudar os planos de seu pai. Agora seus sentimentos (ele os tinha? Como antes não notara?) eram uma massa confusa, de onde os olhos castanhos de Virginia Weasley emergiam, encarando-o com dor e carinho mais cedo a caminho da cozinha.
- Droga. - murmurou confuso socando a poltrona. - Droga.
Definitivamente, sua avó estava certa. Tinha caído nos braços da ruiva. Estava, de alguma forma, apaixonado.
Na manhã seguinte, ao se dirigir para o salão principal, tudo em que ele pensava era em como afastar Virginia Weasley de seus pensamentos e de sua vida. Seu pai teria que entender que ele já não poderia mais ficar em volta da menina Weasley para atormentar Potter, a menos que acabasse cedendo completamente aos encantos dela, ao domínio que ela exercia sobre ele sem saber. Mas antes que ele pudesse decidir o que fazer, dois braços o tinham enlaçado, e os lábios doces dela se encontraram com os dele.
- Bom dia! – ela exclamou sorrindo, mas ele a fitou sério.
- Saía de perto de mim, Weasley.
- Draco... O que...?
- Eu te disse que não ia deixar nada te acontecer, então fique longe de mim. Bem longe.
- Porquê? – ela tinha algumas lágrimas nos olhos.
- Porque você me afeta. E afetado eu falo essas coisas. Você está me contaminando. Eu quero que você fique longe de mim. Eu não quero ser afetado e nem contaminado.
- Te contaminando? – questionou. – Como um vício, não é? – e riu. – Estou te afetando, te fazendo sentir, não é?
- Você está ficando muito prepotente, Virginia.
- Eu não sou prepotente, Draco Malfoy, mas eu não esqueci quem você é. Não esqueci sua essência, não esqueci que tipo de atitudes você tem. – ela deu um passo a frente, ficando cara-a-cara com ele. – Nem esqueci que você não era capaz de sentir.
Os dois se encararam, a tensão quase palpável se mantinha entre os dois.
- A não ser, - ela acrescentou. – que se tratasse de seu precioso pai.
- Não fale do meu pai.
- Ah, agora é "não fale do meu pai"! – ela falou irônica. – Mas ontem você não parecia nada orgulhoso dele. Ou agora, você acha muito interessante toda a sujeira que ele fez, desde quando se tornou comensal, até me dar o diário, e conseguir de dentro da prisão se arranjar um julgamento e provar que era inocente quando nunca foi!
- Weasley... – ele falou em tom de aviso.
- Não vou ficar te mostrando o quanto é contraditório, Malfoy. Mas sabe... – ela deu um sorriso muito pouco ingênuo. – Não vai ser tão fácil me esquecer.
Logo seu cabelo flamejante brilhava a luz do sol fraco que iluminava o Salão Principal.
- Gina. – falou Marin sob um suspiro quando ela se sentou à mesa da Grifinória. – Precisamos conversar.
- Aonde você esteve ontem? – perguntou Colin, sentando ao lado de Marin. – Procuramos você por todos os lugares... Que boato ridículo é esse de que você saiu no tapa com a Bustrolde e ainda por cima foi protegida pela Eilan? Vocês não se bicam! – perguntou o rapaz sem parar para respirar em uma voz muito aguda.
Gina continuava quieta, olhando de um para o outro sem saber o que dizer.
- Gina! – falou Colin chamando a atenção da menina. – Eilan está chamando você.
A ruiva virou-se para trás, vendo a sonserina olhar-lhe aflita, e fazer sinal de "depois", e assentiu para a menina antes de voltar-se para os amigos.
- Está querendo se colocar nas suas boas graças. – falou a loira à sua frente. – Tenho realmente que te contar o que ela me falou.
- O que ela te falou? – perguntou Colin, altamente interessado.
- Gina? - Marin perguntou. – Eu acho que você devia terminar com Draco. – a ruiva saltou da cadeira a menção do assunto, e se endireitou, parecendo curiosa.
- O que você sabe, Marin? – ela falou cuidadosamente, achando estranho o fato da garota ter chegado tão perto do que acabara de acontecer.
- Ontem, eu fui levar um recado para Zabini. Vocês sabem disso, não? – os dois concordaram com a cabeça. – E realmente briguei com Bustrolde. E Avery realmente me salvou. Depois disso, Draco surgiu para salvar a cabeça dela, e nós discutimos.
- Você e Draco? – perguntou Colin pondo a mão em frente a boca.
- Não, eu e Avery, criatura! – ela falou impaciente. – Ela me confessou tudo.
- Como assim tem confessou tudo? – uma das sobrancelhas apimentadas se ergueu em sinal de duvida. – O que ela te disse?
- Avery tem um caso com Draco. – falou Marin firme. – Ela me falou como se fosse passado, mas eu vi, logo depois de que fingi ir embora, eles se beijando. Draco está armando para cima de você, Gina, fique longe dele.
- Mas... Eu não acredito! – falou Colin. – Eilan e Draco terminaram o casinho deles meses atrás! Eu me lembro disso!
- Você sabia disso? – perguntou Gina, sentindo como se suas entranhas estivessem cheias de chumbo. – Que eles tinham um caso?
- E era segredo? – perguntou o rapazinho rindo. – É de conhecimento geral e público que Draco saía com Eilan há meses... Ela até... – ele abaixou a voz. – Fez amor com ele.
- Uma mulher consagrada a grande deusa não faz amor com um homem, Colin Creevey. – a voz conhecida da própria garota interrompeu a conversa. – Ela se entrega para um homem quando a Deusa manda, e quando o poder passa por ela, retorna a sua posição.
Os três levantaram a cabeça assustados com a presença inesperada da garota. Eilan estava parada ao lado de Gina, mais altiva do que nunca antes.
- O que você quer dizer com isso? – perguntou Marin. – Está falando de toda aquela bobajada, daquela religião antiga de fanáticos, morta a mais tempo do que Hogwarts existe?
- Sim, Marin Marilyn Madley. Estou falando exatamente disso. Do tempo em que os bruxos e os druidas se misturavam e eram apenas uma coisa.
- Um monte de besteiras. – desdenhou a grifinória. – Você realmente se acha descendente dessas mulheres?
- O que eu acho ou não, Madley, o que eu sei ou não, o que eu sou ou não, não é problema seu.
- Claro, menina. De qualquer forma, a única coisa que eu sei mesmo, é que sua vocação para ser consagrada é zero! – ela riu abertamente. – Afinal, a castidade não foi feita para você.
- Você não quer cair no mesmo erro de ontem, quer? – perguntou a sonserina ameaçadora.
- Está me ameaçando, Eilan Avery? Aqui, no meio do salão principal, todos dos professores presentes?
- Não estou te ameaçando, Marin, estou avisando. E eu queria falar com Virginia.
- Não tenho nada para falar com você. – cortou a ruiva.
- Você está tirando conclusões precipitadas. – falou a garota suavemente.
- Eu não achei nada precipitado o beijo que testemunhei ontem. – alfinetou Marin.
- Fique fora disto, garota, não fale do que você não sabe.
- Eu vi, Avery, eu vi! – Marin já estava gritando, e parte do Salão Principal os olhava curiosamente.
- Pare de gritar! – sibilou Gina, e virou-se para a outra menina. – Vamos lá para fora. Não tenho nada a perder mesmo. – falou dando os ombros.
As duas caminharam para fora, sendo seguidas de perto por Colin e Marin ao mesmo tempo que os olhos de Draco. Pararam na frente das ampulhetas que marcavam os pontos das casas. O amarelo da lufa-lufa se destacava por estar à par do vermelho da grifinória.
- Marin me falou que você beijou Draco ontem. Explique-se. – falou Gina friamente.
- Eu não beijei Draco ontem.
- Engraçado. – se intrometeu a loira irônica. – Eu achava que o encontro de duas bocas eram um beijo.
- Eu realmente estive a ponto de... Mas... – ela encontrou os olhos de Virginia, e esta soube imediatamente que aquilo era uma confissão dolorosa por parte da sonserina. – Não era o que eu queria. Eu olhei dentro dos olhos dele, e eu vi outros olhos, e me doeu muito isso. Eu não queria de maneira nenhuma beijar Draco. – ela piscou, afastando o que pareciam ser lágrimas. – Nem era eu quem ele gostaria de beijar. Meus lábios não encostaram nos dele, encostaram no rosto dele. Claro que na escuridão das masmorras, esta daí – ela indicou a grifinória com a cabeça. – pode ter achado que estávamos nos beijando.
- Porque ela pensaria isto? – perguntou Gina, não muito convencida.
- Talvez, - falou Eilan, agora olhando para Marin. – porque seria o que ela faria se tivesse a chance, não é, Marin?
Gina ficou atordoada por um instante, e no momento segundo, Marin tinha dado um tapa da cara de Eilan, que a empurrara e Colin segurou a sonserina, também espantado.
- Sua sonserina nojenta! Preconceituosa! Malandra! – Marin gritava do chão.
- Diz, diz que é mentira, Marin! Diz na cara dela!
A essa altura do campeonato, grande parte dos alunos estava fora do salão principal, assistindo a discussão das duas. Draco parecia estar a alguns passos da frente.
- O que está acontecendo? – ele perguntou estufando o peito a fim de mostrar o distintivo.
- Aha! – gritou Eilan olhando o rapaz. – Diz na cara dos dois, vai, fala na cara dos dois que você não é doida pelo Draco!
- Madley... – Draco começou a falar.
- Diz! Mente da cara deles, vai! – Eilan continuava a gritar. – Diz que se você tivesse uma oportunidade você não se jogaria nos braços dele, independente do que fosse!
Os olhos castanhos de Gina estavam incisivos sobre Marin, assim como os olhos frios de Draco, e o olhar de Colin era de meia acusação meia curiosidade.
- É verdade. Eu sempre fui apaixonada por Draco Malfoy. – ela falou abaixando o rosto com vergonha.
De repente tudo ficou preto, e Gina não conseguia ver mais nada.
- Gina? Gina? – o rosto de Hermione começava a entrar em foco lentamente. – Gina... Está tudo bem?
- O que aconteceu? – ela perguntou, se sentando no chão do Hall, com um grande número de alunos à sua volta. – Porque eu estou no chão?
- Você... Bem, você desmaiou. – falou simplesmente Colin ao seu lado.
- Eu tive um sonho estranho. – ela falou devagar para o menino. – Eu sonhei que Marin brigava com Eilan Avery e depois Marin dizia que era apaixonada pelo Draco.
Os dois se entreolharam, com expressões de aflição.
- Bem... – ele falou com a voz macia. – Não foi sonho. Realmente aconteceu. Depois que ela confessou que era apaixonada pelo Malfoy, você desmaiou.
- Aonde ela está? – perguntou esticando a cabeça.
- Malfoy a pôs em detenção por bater na Eilan, eles foram falar com a McGonnagall.
- E Eilan? – falou nervosa. – Preciso falar com Eilan!
- Muito bem, muito bem, o show acabou, circulando todos vocês! – falou Hermione batendo palmas.
- Colin. – Ela falou extremamente séria. – Eu a julguei mal. Preciso pedir desculpas, e...
- Agora ela está com o Malfoy e a Marin. Eu acho que você devia falar com iele/i... Afinal, estavam as duas querendo mostrar que ele fez algo de errado.
- Marin disse que ele fez algo de errado. Eilan não. De qualquer forma, eu acho que nós terminamos.
- Como assim, "eu acho que nós terminamos"?
- É... Nós discutimos esta manhã... Eu acho... Mas... Não sei... Eu não sei mesmo, Colin...
- Vá para aula, Gina. – falou Hermione interrompendo a conversa. – Você, Colin, não desgrude dela, sim?
- Claro. – falou o rapaz pegando a mochila da amiga. – Até mais, Hermione.
Durante o resto do dia, Gina e Marin não trocaram mais uma palavra. Gina estava extremamente irritada com a garota, não pelo sentimento que ela tinha pelo seu – teórico – namorado, e sim por esta nunca ter lhe contado. Aquela não era a atitude que Gina esperava da amiga, mas, nada do que tinha acontecido naquele dia tinha sido algo que ela esperara. Aparentemente, Colin também estava decepcionado, e tampouco falou com a loira. A briga daquela manhã – e a confissão bombástica de Marin – eram o único tópico em todos os grupos de conversa que se espalhavam pela escola.
Depois do jantar, a ruiva estava jantando quando viu Eilan se levantar da mesa da Sonserina e seguir firmemente em direção ao Hall. Sem dar a menor explicação a ninguém, ela levantou e seguiu a outra para o lado de fora.
- Eilan! – ela falou alto. – Eilan!
A loira virou-se de volta a encarando.
- Eu queria te pedir desculpas. Eu... Eu me predispus a duvidar de você, mesmo você já tendo me provado antes que não merecia essas duvidas.
- Tudo bem. – ela falou desanimada. – É o preço que se paga por estar na casa da serpente, não é?
- Não... Quero dizer... É, claro que sua casa influenciou na minha opinião... Me desculpe por isso também, foi uma atitude preconceituosa.
- Está certo, Virginia. – ela falou, a expressão triste. – Eu só quero que você saiba que eu não tenho mais nada com o Draco. Nada mesmo. E não estou nem um pouco interessada nele. Ah... – ela falou após um pequeno silêncio. – Também quero que você saiba que eu me ofereci para fazer sua proteção sem a menor intenção que não fosse obedecer os pedidos de Caillean.
- Eu acredito.
As duas se encararam por longos instantes.
- Eilan... – falou Gina sob um suspiro. – Como você está me protegendo?
- Eu... Bem, eu posso dizer coisas, mas não tenho lá muita certeza de que vai te esclarecer em alguma coisa.
- Eu posso tentar entender, não posso.
- Claro... Hum... Bem, você vem de uma família puro sangue... Você conhece a história dos Druidas, das suas mulheres, e da religião que era confundida com bruxaria, não?
- Quem não conhece?
- Certo. – falou a menina suspirando. – Sabe que muitos dos druidas e muitas de suas mulheres eram bruxos e bruxas realmente, não?
Gina acenou a cabeça confirmando. A sonserina parecia cansada e com dificuldades de articular o que ela queria dizer.
- A combinação desses dois fatores, mulheres que conheciam a sabedoria dos druidas e tinham poderes mágicos de bruxas resultavam no que é chamado de feiticeiras. Não se pode fazer uma feiticeira, ou você nasce uma ou você jamais a será. Você pode ser uma bruxa, de sangue bruxo e conhecimento dessa religião, e não ser uma feiticeira. Você pode ser trouxa, com sangue druida, com conhecimento dessa religião e não ser uma feiticeira. Você precisa ter sangue bruxo e druida para ser uma feiticeira.
- E você é uma. – completou Gina.
- Sou. – ela levantou a cabeça firme. – E é por isso, ou melhor, com esses conhecimentos que eu vou te proteger. Eu posso entrar nos seus pensamentos – embora nós não façamos isto, e podemos entrar nos seus sonhos. Podemos transportar nosso espírito, embora não nosso corpo, e com isso posso interferir caso Tom queira te atacar.
Subitamente, a garota pareceu ter lembrado de algo muito importante.
- Foi você quem gritou algo sobre senhora naquela noite.
Lentamente, Eilan acenou a cabeça para a menina a sua frente.
- Eu clamei a senhora dos corvos por vingança.
As duas tornaram a ficar em silêncio. As pessoas saíam do Salão Principal em grandes grupos agora. Cada uma focava um lado das paredes, distraídas sem saber bem o que dizer.
- Não brigue com Marin. Ela não manda no coração dela, e ainda não demonstrou nenhum sinal de infidelidade a você.
- Ela deveria ter me contado.
- Então você não se envolveria com ele, não é? – Eilan suspirou. – Agora você não pode voltar atrás, Gina, você se deixou envolver... Eu sei que sim, eu sei... Mas...
- Ele brigou comigo hoje, acho que terminamos. – ela informou. – Antes daquele escândalo.
- É verdade? – a loira pareceu profundamente interessada. – E o que ele disse?
- Eu que o contamino. Para eu ficar longe dele.
- Que típico. – falou a sonserina sorrindo abertamente. – Draco simplesmente está apaixonado por você! Ele finalmente caiu na real! Não ligue, Gina, ele está querendo fugir.
- Eu sei. – ela pôs a língua pra fora em sinal de desagrado. – Mas eu não tenho paciência para isso não. Se ele me quer, porque ele não pode agir como homem e assumir isso simplesmente? Porque tem que fazer as coisas assim, de forma tão idiota?
Eilan riu alto, sacudindo a cabeça.
- Eu achava de todas as meninas, você, com sua penca de irmãos mais velhos, seria a primeira a entender que ele não é um homem. É um menino, e você sabe o quão idiotas são os meninos dessa idade. Faça assim – ela estalou os dedos. – E ele há de voltar... Basta você fazer por onde.
- Eu não sei o que fazer, eu sou desajeitada, e muito pouco feminina para esses joguinhos. Quero dizer, eu sei ser mais... Hum... Interessante quando eu quero, mas duvido que isso vá funcionar com ele.
- Isso. – Eilan falou sorrindo. – É uma missão para Eilan Avery e cia! Chame Colin, e me encontre na frente da Sala do Requerimento, no sétimo andar. É hoje, que Draco Malfoy perde a linha.
Ele ficou quieto sentado na mesa da biblioteca, com o diário dentro de um livro enfadonho sobre Feitiços Medicinais. Seus dedos passaram as primeiras páginas que ele não chegara a ler, até encontrar o dia vinte e quatro de dezembro. Poucas palavras estavam escritas.
Por aqui você pode me ver. Deseje. Encoste sua varinha na frase abaixo, e tudo você verá.
Isabelle Weasley, em vinte e quatro de dezembro de 1757.
Ele bateu com a varinha no pergaminho, e uma abertura circular apareceu no lugar aonde ele encostara. Podia ver, com alguma dificuldade, uma escadaria sombria. Chegou o rosto mais perto para enxergar melhor. Quando seu rosto tocou o pergaminho, sentiu um frio na barriga, e de repente, tinha caído sentado na escadaria que estivera observando momentos antes. Um pouco mais a frente, uma jovem de cabelos ruivos brilhantes com vestes azuis andava fazendo um ruído seco sob o chão de pedra polida.
Draco conhecia aquele lugar. Já tinha ido até lá uma vez: A Mansão de Nice. As paredes eram escuras, e as tochas ficavam muito afastadas uma das outras. Tudo parecia extremamente úmido, e a mulher se encolhia. Malfoy não sentia frio, ele era apenas um espectro, e ela não o via. Mesmo quanto ele colidiu com ela, não sentiu absolutamente nada.
Eles entraram na sala de jantar, e ele não conseguiu se impedir de soltar uma exclamação. Edward Malfoy era extremamente semelhante a seu pai – a por tabela, parecia com ele também. Seus olhos eram cinzas, frios, desolados. Seu corpo animalesco estava sentado graciosamente sobre uma cadeira larga, e a jovem ruiva o ignorou.
- Não vai me cumprimentar, mademoseille?
- Bom dia, Monseiur Malfoy.
- Sente-se. – ela tomou o lugar na cabeceira oposta da mesa. – Tendo uma boa estadia?
Os olhos castanhos dela se levantaram para os dele rebeldemente.
- Não exatamente. Eu perdi minha liberdade, meu futuro e meu pai, tudo tem poucos dias. Tenho ficado sozinha, sem ninguém para conversar, e sinceramente, senhor Malfoy, isso me aborrece muito. Vaguei por todo o castelo – os olhos dela continuaram a encará-lo sem medo. – Até por parte da Ala Oeste. – não se deixou intimidar pelo rosto do outro que se contorceu de raiva. – Mas tem sido extremamente irritante ficar completamente sozinha este tempo.
- Pois bem, Mademosille Weasley. – Ele saltou felinamente para o chão. – Eu gostaria que esta tarde viesse se juntar a mim no almoço. Até lá, terei pensado em alguma coisa para lhe entreter. É minha hóspede e deve ser tratada como tal.
Uma mão encostou em seu ombro, e ele virou-se mal-humorado para encontrar o rosto de Pansy Parkinson contorcido de malicia.
- Eilan disse para você estar em quinze minutos na Torre de Astronomia.
Draco grunhiu uma resposta de concordância.
- Está com a garota Weasley mas não deixa de lado o velho hábito de se agarrar com ela pelos corredores bem debaixo do nariz da oficial, não é mesmo?
- Fique quieta, Pansy. Deixe de falar bobagens. E fale a Eilan que estarei lá.
Em um impulso ainda irritado, Draco se encaminhou para o banheiro dos monitores. Quem sabe... Vindo de Eilan, nunca se sabia... Talvez ele devesse se preparar para uma noite de distração nada convencional.
Notas da Autora: Esse capítulo foi bem mais curto, eu sei. E talvez não tenha dito tanto sobre a Eilan. Mas, logo, vocês terão mais sobre ela independente do desenvolvimento de OE. Eu pretendo escrever – não sei quando – uma fic para explicar o relacionamento que existiu entre Draco/Eilan... Falando nisso... E aquele "quase beijo"... Aconteceu ou não aconteceu? A Marin diz que sim, a Eilan diz que não... O Draco sai do salão comunal esperando uma diversão não convencional... Mas... Qual é a verdade? Um beijão para todos que recomendaram minha fic, mandaram reviews, e aos que me escreveram também. Um especial pro Phil, por ser o único que A-D-O-R-A a Eilan. E um avisinho... O capítulo 12 vai ter toques de NC, nada que você não encontre nas fics da Píchi... Aguardem e confiem, ele vai ao ar em dois dias! ^^
