Capítulo 14: St. Valentine's Day
"You don't know what you mean to me!
(Você não sabe o que você significa pra mim)
No matter what I do
(Não importa o que eu faço)
All I think about is you
(Tudo que eu penso é em você)
(...)
You know I'm crazy over you!
(Você sabe que eu sou louca por você)"
Ali era um ótimo lugar: longe das patrulhas habituais de Filch, longe da movimentação do centro do castelo, longe do caminho que as pessoas faziam em direção aos salões comunais e a cozinha, e principalmente, longe dos aposentos de Snape. O maior problema era a umidade das masmorras, e o frio, mas naquele momento, definitivamente Draco não estava sentindo o menor frio. Já era o último dia de janeiro, logo teriam uma nova visita a Hogsmeade, aonde deveria levar Gina para ver sua avó.
Mas não agora. Agora tudo que importava era estar ali, beijando a namorada ferventemente, encostados na parede do corredor. As mãos dela estavam mergulhadas entre seus cabelos, acariciando lentamente sua cabeça, enquanto ele se ocupava de beijar-lhe ora os lábios, ora o pescoço, tornando a subir.
Lentamente, como quem não quer nada, ele colocou a mão em volta do pescoço dela, puxando-a mais para si. Seus dedos desceram lentamente em direção ao nó da gravata vermelha e dourada dela, desfazendo-o antes que ela pudesse perceber. Logo estava abrindo botões da blusa embaixo do suéter.
- Draco! Todo dia agora...
- Ah, Virginia, não finja que você não gosta
- Mas aqui? Está frio! Pode vir alguém!
- Nunca passa ninguém aqui. Não ia ser justamente hoje que ia ser diferente.
- Ah... Mas... Sei lá, eu fico tensa...
- Eu fico tenso é quando você me impede.
Ela deu um sorrisinho para ele fazendo cara de santa.
- Nem faça essa cara, senhorita Virginia! Nem faça, porque santa a senhorita não é.
- Eu sou uma santa sim, tá? – falou indignada.
- Ninguém está duvidando disso. – ele falou escorregando a mão até a barra da saia dela, tocando a pele de sua perna com a ponta dos seus dedos. – Definitivamente, não duvido disso... Mas não é nada que nós não possamos dar um jeito.
Ele a beijou com fervor, subindo sua mão mais um pouco. Gina deu um sorrisinho malicioso, e não reclamou de nada mais.
A neve já tinha derretido quase toda, mas ainda ventava frio quando finalmente chegou o dia dos namorados. Draco estava apreensivo: certamente Gina estaria esperando por um programa romântico e ele certamente não incluiria almoçar com sua avó. Mas ele tinha prometido e teria que levar a menina, mesmo que a contra gosto.
Pegou o embrulho de cima da mesa de cabeceira e guardou no bolso interno da capa. Quanto a isso, não tinha porque se preocupar: se Gina não gostasse do presente, seria absolutamente louca. Eilan tinha vigiado a menina de perto, e estava em ótima posição para avaliar se ela gostaria ou não. O maior problema era que ela rangia os dentes sempre que Marin chegava perto da ruiva. Draco não comentara nada sobre o que acontecera nas masmorras com Gina, mas de alguma forma, Eilan o fizera falar.
"Não sei como a Gina perdoa uma garota cobiçando o namorado dela. Eu não consigo. Eu não sou de ferro." A loira dizia sempre que via as duas conversando. Draco, particularmente achava que Eilan estava começando a se afeiçoar à ruiva, e que isso era ciúmes (já que ela própria tinha tido um caso nada platônico com ele e não achava nada demais), mas não ousava dizer. Pra que contrariar?
Quando chegou a hall principal, Hermione estava plantada, no meio da multidão, com as mãos na cintura olhando feio para ele.
- Está atrasado de novo!
- Um Malfoy nunca está atrasado, Hermione, ele chega exatamente na hora que quer chegar.
- Então isso significa que você está voluntariamente atrasado.
- Certo como de costume, Hermione, você deveria ganhar pontos por isso.
- Então, Draco, hoje você vai...
- Eu não vou patrulhar lugar nenhum hoje. Hoje eu vou ficar com a Virginia. Eu ousaria dizer que você deveria fazer o mesmo com seu namorado, Hermione. Deixe de ser neurótica. Não há a menor necessidade disso.
- O que eu ia dizer, Draco Malfoy, é que hoje será cada um com seu Weasley. – ela deu uma risadinha que pareceu bastante com escárnio. – Quem diria que eu um dia falaria isso pra você... Eu ia te dizer que não vai haver patrulha. Todos nós merecemos um descanso.
- Finalmente. – ele falou sorrindo de leve por não ter que desafiar a grifinória, ele não tinha mesmo tempo pra isso agora – Aonde está Virginia?
- Serve esta ou deve ser outra? – perguntou a ruiva acariciando o braço do namorado.
Antes de se virar, Draco pode perceber o olhar de desaprovação de Hermione, que não o surpreendeu. Ao ver Gina, no entanto, pode notar que o problema não era bem em eles serem um casal, e sim na roupa que a menina usava. Estava de calça comprida e uma malha amarela mais ou menos apertada sob a capa das vestes e o cachecol da grifinória.
- Então, vamos?
- Depois de você. – Respondeu distraidamente.
E já estavam a caminho de Hogsmeade.
A rua principal de Hogsmeade estava cheia de gente, ele nunca tinha reparado na quantidade de casais que Hogwarts parecia formar. Algumas caras eram conhecidas e habituais: Michael Corner e Karen Zillys (que aparentemente continuava saindo com Zabini), Hermione e Weasley (rangendo os dentes sempre que olhava para Draco e Gina de mãos dadas) e outros casais. Gina sorria alegremente, as bochechas coradas pelo frio, combinando com seu cachecol listrado.
Eles entraram no 3 vassouras para uma cerveja amanteigada logo de cara, e Draco reparou que estava apinhado de gente. Levou a namorada para uma mesa no canto, longe dos habituais olhares de estranheza do resto dos alunos de Hogwarts, e se dirigiu ao balcão para pegar as bebidas. Ele pode ver Eilan entrando no bar, com um sorriso radiante, acompanhada por ninguém mais, ninguém menos que Harry Potter. Os olhares deles se cruzaram, e pode reparar que os olhos dela brilhavam alegres quando ela sorriu em reconhecimento.
- Srta Rosmerta, eu quero duas cervejas amanteigadas e um Firewhisky.
- Sinto muito, querido, não posso vender um desses para um aluno sem identificação.
Draco apresentou a identificação que atestava que ele já era maior de idade e entregou os galeões à mulher que o deu as duas garrafinhas e o copo de Firewhisky que ele bebeu na mesma hora. Quando ele voltou para a mesa, Creevey e Fawcett estavam sentados junto com Gina, os três rindo muito. Aquilo definitivamente não melhoraria muito sua disposição.
- Draco, você conhece o Peter, não? – ela perguntou quando ele se sentou.
- Quem não conhece o namoradinho do Creevey? Acho que todos nós lembramos perfeitamente bem do showzinho que ele deu quando tinha terminado. Mas parece que os bons ventos fizeram Fawcett repensar as atitudes...
- Eu não seria capaz de esquecer aquilo. – falou Colin naturalmente. – A pior ressaca da minha vida, se quer saber. Sem contar as detenções, o esporro da Hermione, essas coisas não dão pra esquecer.
O loiro sorriu com selvageria.
- Eu considero especialmente marcante à parte que você diz que eu sou "tão sexy". Junto com aquele pedaço que eu digo que só vou deixar isso passar se a Virginia for comigo ao baile. Quem diria, que hoje eu estaria aqui com ela. – ele puxou a cabeça da namorada pra perto e beijou sua testa. – Eu devo tudo à sua bebedeira, Creevey! Isso merece um brinde!
Virginia o encarou de forma a demonstrar o quanto estava estranhando o comportamento, mas ele não deu a mínima.
- Um brinde, em nome do casal mais inesperado de Hogwarts. Ou não. – ele parou e começou a rir sozinho. – O mais esdrúxulo seria eu e a... Granger. – ele cuspiu o nome. – Mas um brinde, rapazes... Ou eu deveria dizer moças? – Gina deliberadamente fechou a cara. – Enfim! Um brinde!
- Draco! – ela repreendeu enquanto ele batia com sua garrafa na dela. – O que está acontecendo?
- Nada, Virginia, só seria de se esperar que um casal não se sentasse à mesa de outro casal em pleno primeiro dia dos namorados dos dois. Em pleno primeiro fim-de-semana em Hogsmeade dos dois. Era de se esperar, Virginia, que eu quisesse ficar sozinho com você.
- E isso é motivo para tratar meus amigos assim? – ela falou aborrecida.
- Isso é motivo para te levar pra um lugar longe e isolado de tudo.
- Estou falando sério, Draco. Eu não gostei. Não gostei nem um pouco.
- Oh, meninas, me desculpem. – ele falou olhando para os dois rapazes. – Vocês ficaram ofendidos?
- Não esperava nada melhor de você, Malfoy. – respondeu Fawcett aparentemente tão aborrecido quanto Gina.
- São coisas para as quais nós temos que estar preparados, querido. – falou Colin, sorrindo com elegância. – Tim Tim.
- Vamos Gina. Você vai ter muito tempo pra conversar com eles à noite, vou te levar para almoçar em um lugar diferente.
Meio a contra-gosto – exatamente como Draco previra – ela foi andando com ele para fora do bar, não sem antes pedir desculpa pelo comportamento dele. Claro que Draco não queria pedir desculpas, mas se ela queria, e dizia que era por ele... Bom, ele é que não ia acabar com as esperanças dela. Antes de sair ainda pode presenciar o que parecia ser o primeiro beijo do casalzinho vinte. Lentamente, o tonto do Potter se aproximava de Eilan, muito nervosa e o mundo ficava todo cor de rosa. Draco sentiu náuseas: não tinha criado aquela menina pra ver ela acabar assim.
- Aonde está me levando? – perguntou Gina assim que puseram os pés do lado de fora.
- À casa da minha avó. Ela está louca para te conhecer.
- Mas... – ela interrompeu incerta. – Ela já me conhece.
- Como? – ele perguntou.
- Ela me conhece. Nos conhecemos mês passado.
- Ela tinha me pedido para te trazer aqui hoje. – Ele deu os ombros. – Você veio aqui com a Eilan, imagino.
- Foi sim. – Ela confirmou, enquanto viravam para a frente do portão da casa.
- Porque isso não me surpreende? Aquelas duas estão armando pra cima de mim... Cheias de segredinhos...
- Deixe de ser paranóico, Draco. O mundo não gira à sua volta. – ela falou enquanto o portão abria.
- Quanto a isso, Virginia, há controvérsias.
- Você não tem jeito...
Os dois entraram, encontrando Caillean logo no hall. A mulher sorriu para os dois, e foi na direção do rapaz, abraçando-o. Depois ela foi até a frente de Gina, pôs as mãos sobre os ombros da menina e sorriu.
- Ela é linda, Draco, definitivamente é uma jóia.
- Eu sei disso, vovó. A senhora também já sabia, Virginia me disse que Eilan a trouxe aqui.
- Trouxe sim, mas eu tive pouco tempo para estar com ela. Não tinha reparado em como era bonita e outras coisas mais. Estava muito preocupada com a iniciação da sua prima. Agora sim, eu estou conhecendo a nova namorada do meu querido neto. Venham comer, queridos, venham!
Eles seguiram em direção a sala de jantar, aonde encontraram a mesa posta. Caillean sentou-se na cabeceira, com o neto a sua direita e a ruiva a sua esquerda. Desde que seu marido morrera, dez anos antes, ela se sentava na cabeceira e era uma matriarca que controlava a família com mão de ferro. Draco costumava ir lá nos fins-de-semana com seu pai, mas Narcissa raramente os acompanhava. Caillean não gostava muito da nora, apesar de ter aprovado, na época, o casamento. "Sua mãe está cada dia mais preocupada apenas com si e esquecendo seus deveres com nossa família". Ele sabia que sua avó dizia isso porque Narcissa não engravidara mais uma vez, enquanto ela esperava que finalmente tivesse uma mulher na família para seguir seus passos. Aparentemente, Eilan não era o suficiente.
- Então, querida, eu soube que você é da grifinória! Que coisa curiosa, não? Uma família tão grande, e curiosamente todos na mesma casa!
- Os Malfoy também são todos sonserinos. – retrucou o rapaz.
- Orgulho do sangue-puro, querido, e claramente seu pai dá muito valor a isso, ainda mais do que seu avô dava. Não é bem uma questão de caráter. Veja sua mãe, fútil, e seu pai, maníaco por Tom Riddle, o que eles têm em comum? Mesmo assim, ambos eram da Sonserina. Eu não era Sonserina, estudei na Corvinal. Certamente era uma questão de ser inteligente demais para a casa da serpente.
Gina riu com gosto da expressão desconcertada do namorado enquanto Nárnia servia batatas inglesas recheadas com queijo em seu prato.
- Não precisa! – ela falou sem jeito. – Não precisa me servir...
- A senhorita é convidada, portanto, deve ser servida.
- Virginia não está acostumada com esse tipo de coisas, Nárnia. – falou Draco com um sorrisinho superior. – Com pessoas a servindo e a agradando.
- Claro que não está. – Caillean sorriu friamente. – É uma Weasley. Faz muito tempo que os Weasley perderam este hábito. Se pensarmos bem, eles eram uma das famílias sangue-puro mais ricas! Mas, aparentemente, eles escolhem mulheres que engravidam facilmente. O Senhor, meu neto, deve tomar muito cuidado para não acabar ganhando um Weasley-Malfoy antes da hora...
- Eu tenho juízo, e Virginia faz jogo duro. – ele falou sorrindo enquanto a namorada corava profundamente.
- Eu me orgulho muito da minha família, Sra Malfoy.
- Não me entenda mal, querida. – falou a mulher. – Eu admiro os Weasley em vários pontos. São muito corajosos, e transgridem as regras da sociedade. Mas eles já tiveram seus dias de glória. Não que eles não possam voltar, claro que podem. Tudo na vida, querida, acontece em ciclos. Os Weasley foram ricos, os Weasley foram pobres. Os Malfoy tiveram poder, os Malfoy foram a escória. Os Weasley odiaram os Malfoy, os Malfoy odiaram os Weasley, e esse ciclo ainda não terminou. Ainda que eu ache que vocês podem transformar o ódio dessas famílias em puro amor.
- Essa frase não me é estranha... – murmurou a ruiva.
- William Shakespeare, Romeu e Julieta, era um dramaturgo de mãe trouxa e pai bruxo. Leitura obrigatória para qualquer pessoa que estuda história bruxa ou trouxa. Ótimo escritor, o que prova que sangue trouxa não é uma coisa tão ruim.
- Sábias palavras. – falou Draco bebendo um pouco de seu suco. – Se não fosse pelo fato de que esses trouxas sempre nos perseguiram e tentaram nos exterminar.
- Muitas vezes, Draco, a humanidade comete erros e genocídios, mas cabe aos descendentes dos oprimidos perdoar e compreender a fraqueza humana.
- Fácil falarmos, mas é muito difícil para todo um povo compreender. Apesar de eu achar que Voldemort não tem um pingo de razão em sua cruzada. – falou Gina enquanto cortava a carne assada em seu prato.
- Verdade. – falou Caillean enquanto Nárnia servia vinho para ela. – Mas muitos entre nós compreenderam e foram oprimidos por aqueles que seguem o Lord.
- Talvez porque os seguidores do Lord não ajam conforme o que seria esperado de pessoas honestas, e não sejam realmente honestos ou virtuosos como gostam de se mostrar. Eles se usam de meios ilícitos e imorais para conseguirem o que querem. É por isso que perderam completamente a pouca razão que alguém poderia dar a eles.
- Conseguiu uma namorada muito inteligente, Draco. – sentenciou a senhora, olhando do neto para a ruiva. – Mulheres inteligentes são muito difíceis de lidar.
- Eu sei disso, a monitora-chefe é grifinória, inteligente demais, metida a sabe tudo, cabeça dura e ainda por cima parente da Virginia.
- Hermione não é minha parente. Ao menos por enquanto.
- Hermione? Nunca ouvi falar desta moça.
- Hermione Granger é filha de trouxas. – explicou a grifinória. – É namorada do meu irmão.
- Eis o motivo pelo qual a senhora não se lembrava dela. Geralmente eu me referia a ela como "sangue-ruim da Granger" e não falo esse tipo de coisa na sua frente, eu sei que considera ofensivo.
- Qualquer pessoa de bom senso consideraria ofensivo.
- Pelo que eu vejo, bom senso não é o forte do meu namorado.
- Ainda sim, a senhorita me parece bastante interessada nele. – Nárnia agora servia a torta alemã para a sobremesa.
- O coração faz coisas inexplicáveis. – Virginia sorriu. – Eu nunca imaginaria...
- Que viria a se apaixonar por um Malfoy. – completou Caillean para ela. – Os jovens nunca imaginam certas coisas. Estão muito despreparados para as armações e armadilhas do destino. Não compreendem seus designos. Mas isso vai para seu arquivo do tempo e quando a maturidade permitir, entenderão. Ah, eu posso perceber hoje mais claramente do que nunca que vocês são o Malfoy e a Weasley predestinados.
- O que a senhora... – Gina começou a falar mas foi interrompida.
- Nós todos ficamos sabendo das coisas certas nas horas certas. Este não é o momento de falar disso. Não vou mais ocupar o tempo dos dois pombinhos, é dia dos namorados, aposto como gostariam de passar algum tempo juntos e sozinhos. Eu vou me retirar, caso prefiram, podem ficar na casa, é tão minha quanto de Draco. De qualquer forma, foi um imenso prazer finalmente conhecê-la, srta. Weasley.
- O prazer foi todo meu.
Assim que Caillean deixou a sala, Draco a pegou pela mão e os dois saíram juntos, para fazer justamente o que ela sugerira: aproveitar alguns momentos sozinhos em seu primeiro dia dos namorados juntos.
- E este é o meu quarto.
Gina podia ver o luxo nas coisas simples do quarto bem iluminado, na cama grande o suficiente para três pessoas, no armário embutido na parede e na mesa com duas cadeiras em outro canto do quarto, próximo a uma porta.
- Ali naquela porta é meu banheiro. – falou se aproximando dela pelas costas e beijando seu rosto. – Quer ir lá ver?
- Não precisa. – falou virando-se para ele. – O que eu quero é que você me beije... Me beija?
- Não precisa falar duas vezes.
Ele colocou seus lábios sobre os dela, puxando o corpo da menina para si. Gina sentiu seus joelhos moles, como em mais da metade das vezes que eles se beijavam. Passou os braços por trás do pescoço dele procurando equilíbrio, agradecendo o apoio que ele dava ao segurá-la. Não que ela fosse cair, mas certamente não conseguiria ficar parada no mesmo lugar. Da mesma forma que ele a beijou sem hesitar, separou sua boca da dela.
- Eu comprei uma coisa para você de presente. É só uma lembrancinha, não é nada demais... – falou a menina corando. – Espero que você goste...
Ela tirou do bolso interno da capa um embrulhinho prateado com uma fita verde o prendendo e estendeu para ele. Draco sorriu para ela antes de abrir: não seria fácil agradá-lo, mas estranhamente, isso não estava importando muito quando finalmente conseguiu abrir o papel-presente e a fita. Ela tinha comprado para um broche de fechar capas em formato de cobra, parecia feito de prata. Claro que Draco tinha muitos broches de cobras, mas aquele era diferente. Não era uma cobra feroz, nem ameaçadora, e sim elegante. Sentiu-se orgulhoso do bom gosto da menina.
- Muito bonito, Gina. – ele falou a observando corar de prazer. – Eu também comprei algo para você, e espero realmente que goste...
A dúvida se tornara legitima nos últimos minutos. Ela gostaria? Combinaria com ela? Draco entregou a menina o presente dentro de uma pequena caixinha aveludada sob o olhar de surpresa dela, que abriu para ver um par de brincos dourados com uma pequena rubi pendurada na ponta.
- Eu achei que ouro combinaria com seu cabelo.
Ela estava encarando os brincos admirada.
- Não posso aceitar... Não, deve ter sido muito caro...
- Eu não vou aceitar que o recuse. Isso é uma ofensa. Vou pensar que você não gostou do presente.
- São lindos. Absolutamente lindos. Mas... Não posso deixar você gastar tanto dinheiro comigo assim...
- O amor não tem preço, Virginia. E nem foi tão caro assim.
- Amor, Draco Malfoy? Amor?
- Nunca me contaram se a paixão tem preço... Mas eu prefiro pensar que não, de modo que valhe a pena gastar dinheiro para te dar um presente.
- O que você quer dizer...?
- Eu quero dizer, Virginia Weasley, que eu estou apaixonado por você. Mesmo não querendo isso.
- Eu sei como é. – ela falou baixando a cabeça. – Mas se você se jogou nesta... Porque não se deixar levar?
- Um Malfoy não se deixa levar, não pelo menos até ter absoluta certeza do que vai acontecer.
- Então já pode se deixar levar... Porque eu estou apaixonada por você.
- Mesmo sabendo, Virginia, que isso pode nos causar mais problemas do que recompensas?
- Eu tenho coragem para enfrentar os problemas, porque as recompensas, eu já estou recebendo fazem dois meses.
Ele inclinou-se para beijá-la, e antes de fechar os olhos, pode ver Gina sorrindo para dele, um sorriso puro e feliz, como há muito tempo ele não a via dar.
Notas da Autora: Primeiro, a música do início do capítulo é Dilemma de Nelly e Kelly Rowland(risos) Eu agradeço mais uma vez pelos reviews, agradeço pelas indicações, pelo carinho da Tray, pela paciência da Píchi com minhas crises criativas enquanto eu a atolava com mensagens, pela boa vontade da Rita, pelos e-mais da Fabi, e principalmente pelo Rapha porque foi brigando com ele que minha inspiração voltou. Vai entender...
