Capítulo 15: Outono

"O meu amor

Tem um jeito manso que é só seu

De me fazer rodeios

De me beijar os seios,

Me beijar o ventre

Me deixar em brasa

Desfruta do meu corpo,

Como se meu corpo fosse a sua casa, aí!"

Duas semanas depois do dia dos namorados, Eilan veio correndo na direção de Gina e Colin no corredor de feitiços esbarrando em três primeiranistas que estavam indo na direção oposta a dela. O sorriso da menina era notável à distância, e ela parou na frente deles e falou com a voz tremendo de excitação:

- Estou namorando!

- O quê? – Perguntou Colin com a voz esganiçada. – Você?

- Eu estou namorando! – Ela repetiu extasiada. – Namorando! Namorando! Namorando! – Eilan disse dançando sobre a ponta dos pés. – Ah, eu sinto vontade de dançar, eu sinto vontade de gritar, eu sinto vontade de... AHHHHHH!

Justino Finch-Fletchley, monitor da Lufa-lufa olhou de cara feia para ela, mas a reação da menina foi abrir o maior sorriso inocente que o fez ir embora balançando a cabeça.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou Professor Flitwhick provavelmente atraído pelo grito da loira.

- Professor! Eu estou namorando! – Ela falou rindo. – Venha, professor, vamos dançar!

A garota começou a valsar com o professor no meio do corredor enquanto cantarolava feliz. O mestre de feitiços ria da animação da menina que o soltou três sacudidelas depois.

- E quem é o felizardo, srta. Avery?

Gina olhou para Eilan, subitamente alerta de que não tinha a menor idéia de quem poderia ser o namorado da colega. Pela expressão de Colin, ele também desconhecia a identidade do novo namorado da outra.

- Harry Potter! – ela falou exultante.

Gina sentiu seu coração afundar alguns centímetros ao ouvir aquilo. Definitivamente, ela não esperava que Eilan estivesse namorando Harry.

- Certamente uma boa escolha, srta. Avery. – pôde ouvir o professor dizer ao longe.

Os dois eram diferentes demais, como poderiam dar certo? Além do que, ela era da Sonserina. Gina não conseguia imaginá-lo namorando uma sonserina. Sentiu uma pontada no coração... Por anos ela tinha tentado conquistá-lo sem sucesso, mas em alguns meses Eilan tinha conseguido. Aquilo não era justo, não era nada justo com todos os seus esforços, com suas noites mal-dormidas, com os cartões, as poesias, as lágrimas...

Ao mesmo tempo que pensava isso, uma vozinha na sua cabeça respondeu "Vocês eram tão crianças!" "Mas eu me dediquei a isso por muito tempo e fui recompensada com um convite a um baile por conta de uma aposta idiota!" ela respondeu a si mesma. " E foi essa aposta idiota que te levou pro braços de Draco... Você está feliz com ele, não é mesmo?"

- Gina! Gina! - Colin a cutucou. - Está no mundo da lua? A gente te pergunta se você gostou do presente do dia dos namorados e você responde "Draco está me fazendo muito feliz"?

- Ah, me desculpa. - falou corando. - Estava distraída... Adorei os brincos, por quê?

- Fui eu quem os encontrou na joalheira. - respondeu Eilan. - Eu que os mostrei pra Draco.

- Ah sim... São absolutamente lindos.

- Sim, foi o que eu achei. Fiz Draco me comprar um outro par parecido de presente.

- Quê? - perguntou Gina alarmada. - Presente por quê?

- Pelo meu aniversário. - respondeu sorrindo.

- Seu aniversário? - perguntou Colin. - Mas já passou? Eu poderia jurar que...

- É mês que vem. Vinte e cinco do mês que vem. Mas eu queria os tais brincos, combinavam com o cordão que Caillean me deu no Natal. Então eu o coagi a comprá-los.

Gina fechou a cara. A idéia de Draco dando jóias de presente a outra pessoa, mesmo que fosse sua prima, não lhe agradava nem um pouco.

- Não fique com ciúmes, Virginia. - Falou uma conhecida voz arrastada atrás dela. - Não é todo o dia que sua única prima decente vai chegar a maior idade.

- Eu não estou com ciúmes. - Falou tentando parecer natural, mas sua voz a denunciou.

- Claro que não. - Ele respondeu sorrindo. - Então, Eilan, qual o motivo da alegria?

- Eu e Harry estamos namorando! Nossa, eu realmente não esperava, não esperava mesmo!

- Parece coisa de filme! - Falou Colin animado. - O herói fica com a filha boazinha de um dos vilões no final.

- A Eilan não é exatamente uma filha boazinha, e ainda não estamos no final. - Observou Gina amargamente. - Muita coisa ainda vai acontecer.

- Harry não é o que eu chamaria de típico herói. - interrompeu Eilan. - Ele tem muitas falhas.

- Pelo menos você reconhece isso. - falou Draco sarcástico. - Que fez uma escolha absolutamente idiota.

- As minhas escolhas são problema meu, Draco querido, e você sabia que é isso que eu quero, então, acostume-se com o fato de que eu estou namorando e ponto final. Lide com isso, querido.

- Merlin, aqui estou eu, entre duas garotas e um gay que acham o máximo o cara ter olhos verdes como sapinhos cozidos. Aonde eu vou parar?

Colin desandou a rir, enquanto Eilan olhava com uma expressão confusa e Gina corava até quase estar roxa.

- Eu... Eu... Eu não acredito que você lembra disso. – Ela falou gaguejando.

- Lembra do quê?

- Um poema que a Gina escreveu pro Harry no primeiro ano. - Disse Colin tomando fôlego. - Dizia "Os seus olho são..." huhahhahahahahhahahahah - O garoto não conseguiu mais falar nada, rindo desesperadoramente e então Draco começou a recitar, afinando a voz.

- " Seus olhos são verdes como sapinhos cozidos, seus cabelos negros como um quadro de aula, quem dera..." Ah, eu não me lembro o que era, mas era muito idiota.

Agora Eilan e Colin riam desesperadamente no corredor.

- Não fale assim do meu poema! - Reclamou Gina. - Eu o fiz do fundo do coração!

- Nota-se que é de uma imensa profundidade poética. - Comentou Eilan entre risadas. - Sapinhos cozidos?

- Parem de rir da minha cara! - Ela reclamou os fazendo rir ainda mais. - Parem vocês dois! Parem!

- O que vocês têm? - Perguntou Marin se juntando a eles - O que é tão engraçado?

- Marin! - Falou Colin se apoiando no braço dela. - Lembra do poema dos sapinhos cozidos? Malfoy estava recitando!

Os olhos da garota foram direto para os dele sem piscar, e um sorriso nasceu no rosto dela.

- Eu imagino que tenha sido hilário.

- E foi! - Respondeu Colin.

- Bem, Virginia. - Draco falou estreitando os olhos. - Eu vou para a minha aula. Te vejo mais tarde?

- Claro que sim. - ela respondeu sorrindo.

Então Draco inclinou-se e beijou seus lábios tão rapidamente que ninguém viu, a não ser Marin. Não havia nenhuma sombra na felicidade de Gina.


O mês de março passou lentamente para Gina, em meio a treinos exaustivos de quadribol, encontros as altas horas da noite com Draco, aulas por todo o dia e ainda por cima as cartas frustradas da sua mãe tentando convencê-la a largar o namorado. A resposta de Carlinhos tinha sido simples: Eu confio em você, mas tome cuidado com ele, ainda é um Malfoy e blá blá blá. Já Gui tinha escrito um longo texto para dizer basicamente que ele confiava no julgamento dela e que Rony não queria ver o óbvio: que já tinha discernimento mais que o suficiente para decidir se o Draco era digno de confiança ou não. Ele também acrescentou, como um ps que Rony não era muito bom em julgar as outras pessoas, mas que mesmo assim ela deveria ter cuidado com o novo namorado.

Gina e Draco se encontravam para namorar quase todos os dias da semana – comportamento que Marin dizia ser doentio, e Colin romântico. Lentamente, o loiro a vencia no que dizia respeito a carinhos e ela cedia cada vez mais. Sentia-se preparada para dar o passo mais ousado que ele vinha esperando, mas ainda haviam dúvidas em relação ao momento. Antes de Tom tê-la corrompido, ela já pensava na possibilidade de, caso tivesse um namoro legal e duradouro, finalmente ter sua primeira vez. Mas depois dele, ela estava insegura. Não tinha mais medo do espírito do jovem, até porque sabia que as conhecidas de Dumbledore tinham o expulsado do castelo no mês anterior. A verdadeira causa era que depois daquela experiência, não achava mais aquela forma de amor tão atraente. Nem prazerosa. Certo que ele tinha feito coisas que tinham mexido positivamente com o corpo dela, mas Tom tinha sido um perfeito monstro.

Gina sabia que nem todos os homens eram assim. Sabia que Draco vinha se esforçando para lhe mostrar a parte mais prazerosa daquele tipo de envolvimento mas não era o suficiente. Ela queria muito se deixar levar, mas e se quando ela finalmente estivesse ali... Pensasse em Tom? Ela não conseguiria fazer nada se lembrasse de Tom. Por outro lado, reconhecia a importância daquilo em um relacionamento adulto. Ainda não eram adultos, é verdade, mas ela tinha esperanças de que aquilo durasse.

Tudo que Gina não queria permitir era que Tom controlasse sua vida com aquilo: nada de casamentos, família, filhos e momentos felizes se não se permitisse passar por cima do que ele tinha feito. Se ele tomasse o controle, ela sucumbiria e jamais voltaria a ser uma menina normal. De qualquer maneira, ela nunca fora uma menina normal, mas jamais conseguiria se tornar uma pessoa adulta e completamente sã sem passar por cima disto. Era ela quem deveria dar o primeiro passo.

Foi assim que com o fim do mês de março, completando os três meses que ela considerava mínimos para se considerar um namoro duradouro (apesar dela achar que nesse caso em particular chegar a um mês tinha sido absolutamente fantástico) Gina decidiu que tinha chegado a hora de ceder aos apelos do namorado e aos seus próprios desejos.


O primeiro sábado de abril amanheceu chuvoso como era natural no início da primavera e Draco se sentou na poltrona mais afastada do salão comunal da Sonserina, com a intenção de não ser perturbado de continuar a ler o diário da tal Weasley. Depois daquela noite em que ela pediu desculpas ao velho Malfoy mais nenhuma vez eles tinham estado próximos de realmente de se beijar nem nada parecido. Ele a cortejava, ela corava e respondia, conversas românticas quilométricas e nenhuma ação... Draco já estava de saco cheio de toda aquela enrolação, mas a curiosidade o impelia a continuar lendo.

Draco abriu o diário de qualquer jeito, puxando pelo marcador de seda que mostrava aonde ele tinha parado, bateu com a varinha no livro sem sequer ler o que estava escrito e pôs o dedo no buraco do pergaminho tão logo ele apareceu.

Pela primeira vez ele estava no quarto da mulher Weasley. Ela parecia extremamente nervosa. Andava de um lado para o outro sem parar até que o relógio começou a bater as seis da tarde e ela olhou alarmada para os ponteiros. Lentamente ele conseguia compreender o que estava acontecendo: a mulher estava se aprontando para ir a algum lugar. Mas... Ela não estava presa por um contrato mágico a ficar lá para sempre? Ainda sem conseguir imaginar aonde ela poderia estar indo a viu entrar no closet do quarto e sair com vestes formais para bailes.

Os olhos de Draco estavam mais arregalados do que nunca: agora, usando um vestido prateado e com os cabelos ruivos soltos pode notar a semelhança dela com Virginia. Tirando que a cor dos olhos de Isabelle eram verdes, o rosto das duas era o mesmo sem tirar nem pôr. Ele sentiu-se estranho por dentro. Estaria apenas repetindo cenas pré-fabricadas para ele e Gina? Não gostava nem um pouco da idéia de que ele não era dono daquela decisão, e de que não era apenas ela a responsável pelos sentimentos que estavam dentro dele. No entanto, sua avó Caillean dizia que ele e Virginia eram predestinados. Seria isso, então? Teria sido Belle a causa da maldição do velho Edward? Seria Virginia o caminho para que sua alma se perdesse para sempre?

No entanto, Caillean aprovava o envolvimento entre os dois. Sua avó jamais o levaria pelo caminho errado. Jamais o deixaria correr da direção da perdição.

Belle saiu apressada pelos corredores em direção à sala de jantar, sendo seguida por um Draco que andava calmamente avaliando a situação. Ela iria embora. Edward ficaria irado, e faria uma loucura. Mas se ela só queria ir embora, pra que um vestido tão bonito e trabalhado? No entanto quando chegaram à mesa de jantar, Edward também estava com trajes de gala da família. Eles finalmente estavam tendo um encontro!

- Pontualidade britânica. – Comentou Malfoy enquanto ela sentava na ponta oposta da mesa.

- É, a Bretanha minha terra materna, não é mesmo, Monsieur Malfoy?

- Edward, Belle, Edward.

- Como preferires. – ela disse sorrindo.

Os dois comeram em silêncio por vários minutos, enquanto Draco reparava que Edward a observava, e Belle corava a cada olhar que trocavam. Não havia forma alguma de negarem que o amor havia nascido entre os dois. Seriam ele e Virginia tão óbvios? Seus sorrisos e delicadezas, e cortesias, e elegâncias seriam igualmente evidentes aos olhos dos outros? Mas, também, que fossem para o inferno os outros, ele não devia nada a ninguém.

Cerca de vinte minutos depois, quando os dois já estavam comendo a sobremesa (torta de suspiro com chocolate alemão e morangos na cobertura), uma música começou a ser ouvida no aposento. Belle arregalou os olhos e levantou a cabeça na direção de Edward, que tinha a varinha em sua mão.

- Achei que sentia falta dos concertos de música que as jovens freqüentam em Londres.

- Ah, Edward, isso é maravilhoso!

Os olhos da ruiva brilhavam intensamente, e ela sorria da mesma forma que sorrira no dia em que os dois quase tinham se beijado.

- Eu sinto mais falta da dança do que da música.

- Então, Belle, vamos dançar.

Os dois se levantaram, o tempo todo seguidos de perto por Draco, e foram até o salão de baile. "Ah, não mais uma dose de romantismo sem ação", pensou o rapaz, se encostando no enorme piano de cauda que tocava sozinho. Edward estava apoiado sobre suas patas traseiras elegantemente enquanto conduzia Belle pelo salão. Definitivamente, aquilo era muito chato.

Eles estavam dançando haviam minutos quando finalmente ela deu o braço à ele e se dirigiram para a varanda anexa ao salão. Draco poderia apostar que a noite tinha sido fresca pelo balanço dos galhos mortos das árvores do jardim, mas ele mesmo não era capaz de sentir nada. Os dois se sentaram olhando uns nos olhos do outro, aparentemente perdidos em contemplação mútua. Draco estava esperando que eles se beijassem logo, mas não foi isso o que aconteceu. Belle baixou os olhos para ajeitar seu vestido e Edward tentou ajeitar seus cabelos com as patas mal adaptadas. Draco suspirou desapontado mais uma vez.

- Belle. – Falou subitamente rouco. – Posso lhe perguntar algo?

- Mas é claro que pode. – ela respondeu mais docemente do que eles poderiam se lembrar dela ter falado antes.

- Tu... Tu gostas de mim? – perguntou fixando novamente os olhos nos dela.

- Eu gosto, – ela respondeu em um meio sussurro. – muito, muito de ti.

Ele pegou as mãos dela em suas patas e se aproximou do rosto dela, que tremeu e fechou os olhos. Então, eles finalmente, se beijaram. Draco já tinha ouvido falar de emissões mágicas involuntárias. Comuns em crianças, e aconteciam entre um casal quando eles estavam predestinados a ficarem juntos, mas não estava preparado para aquilo. Todo o castelo pareceu reviver, as paredes encardidas tornavam-se mais uma vez brancas como ele conhecia, os demônios e monstros tornaram-se anjos rechonchudos e os vitrais tornavam a ser luminosos.

Quando os dois se afastavam, Draco pode perceber que ambos estavam surpresos com as transformações acontecidas no castelo, e Edward se revirou de forma a conseguir ver o próprio corpo, mas esse não estava alterado.

Draco se viu novamente sentado em seu salão comunal.


O pergaminho que representava este dia no diário tinha uma mancha estranha, que lembrava vagamente um M. Quanto mais Draco olhava para a macha de tinta, mais ele se sentia atraído por ela. Sua curiosidade sobre os porquês daquela forma singular marcada ali, atraindo seus olhos, seus olhares e seus dedos.

Antes que ele pudesse reprimir-se, tinha batido com a varinha na tinta, e já estava caído em um aposento completamente devastado. A cama tinha os lençóis e o colchão rasgados, havia um espelho que o refletia naquele momento, completamente quebrado, haviam cacos de vidro no chão, e um Edward Malfoy à beira da loucura. Ele não conseguia entender: se finalmente tinha conseguido conquistar a tal mulher, porquê tanta raiva?

- Eu a amo! Eu a amo e isto não parece ser o suficiente! Eu a amo, e sou retribuído, pois o castelo ganhou vida e voltou à sua forma antiga! Mas e eu? Eu continuo sendo um monstro! Inumano! Uma pobre criatura desprovida de beleza, desprovida de meios de consumar este amor. Eu a quero! Por toda a minha vida, não houve mulher que eu quisesse mais do que esta, ou que eu me importasse mais, ou desejasse mais o bem. – falou Edward, sua voz uma mistura de dor, raiva e desespero. – Mas nada disso é o suficiente para me livrar dos encantos daquela terrível feiticeira. Me diz se isto é justiça! Eu fui capaz de me abaixar, eu fui capaz de me permitir amar, e mais do que isso, fui capaz de me transformar em um homem digno de amor! Eu renunciei a todas as regalias e truques que teriam um Malfoy para se livrar deste fardo, temendo as conseqüências! Mas não mais! Não mais! Eu sou um Malfoy, e no meu sangue também há o sangue das filhas da Deusa! No meu sangue, também há o sangue dos druidas, e dos Merlins, e eu sou capaz de ser tudo isso! Eu voltarei a ser um humano completo, seja pelos poderes da deusa mãe ou da deusa da guerra! Eu não suportarei mais esse fardo, esperando a felicidade e a recompensa, porque eu vi a recompensa em minhas mãos, eu tive a felicidade entre os meus lábios, e a alegria sublime de conhecer os beijos da mulher que amo! Eu exijo meu direito de tornar a ser um homem livre!

Um raio cortou o céu, e a chuva começou a molhar a terra. Enquanto isso Edward saía do quarto acompanhado por Draco, e saia para o jardim deixando que a chuva molhasse seu corpo. As patas de Edward fizeram desenhos firmes no chão, arrancando a grama e permitindo o barro de receber a água da tempestade diretamente das nuvens. Pelo que Draco via, era um símbolo circunscrito em reverência aos poderes da natureza. Edward cavou um buraco em uma das extremidades, recolhendo a água, e pôs o barro molhado na extremidade oposta. A água parou de cair como se por ordem dele, e então uma pena foi posta na diagonal da água, e um pedaço de madeira em chamas em virtude do relâmpago oposta a esta pena. Ainda havia uma ponta da figura sem nada.

Edward arrancou os próprio pelos sem hesitar e colocou-os na ponta restante. Draco percebeu que havia sangue misturado aos pelos, e começou a compreender. O homem foi até o centro do círculo e da figura, levantou os braços para o céu, e gritou:

- Pelos poderosos elementos deste mundo! A terra, a água, o fogo – ele apontou para a lenha, que rompeu em mais chamas que uma fogueira. - e o ar – o vento forte sacudiu as árvores por perto com violência. -, pelo meu sangue e pelo sangue dos meus descendentes, eu exijo o cumprimento do acordo que a feiticeira fez com os Deuses que honro! Honra! Quero honra! Cumprimento! Justiça! Eu me entrego e entrego todos os que me seguirem em nome da honra deste compromisso! Que eu volte a ser homem, e como homem eu venha a morrer, e que a desonra cubra a casa daquela feiticeira e de quem se puser no meu caminho!

Uma pequena figura etérea apareceu do lado de fora do círculo, encarando o velho Malfoy. Draco estava impressionado com tudo aquilo. A jovem mulher tinha olhos luminosos e cinzentos como os do homem, e estes pareciam viver por anos. Os olhos do homem se arregalaram ainda mais do que os do rapaz.

- Edward! – Ela falou com a voz grave e alta. – Tu vieste até mim, clamando por justiça, mas também por desonra e vingança! A Deusa te ouve, e te atende, mas te lembrar que ainda sim, suas decisões não são as desejadas, e ainda sim deverás ser julgado por mim no final de tudo! Sou eu a mãe que te dá o seio, e a virgem que lhe oferece os lábios, assim como a mulher que te apunhala o peito e a velha que te faz tolo. Eu sou todas elas! E com todas eu te respondo.

Outro relâmpago cruzou o céu, e antes de ser lançando de volta à sua própria realidade, com coração acelerado e suor escorrendo em seu rosto, Draco pode vislumbrar a forma de um homem caindo desacordado no centro do círculo.


Nunca houveram melhores férias de páscoa para Draco do que aquelas. Virginia e ele se encontravam diariamente, e sempre que o clima esquentava, ela se mostrava mais e mais disposta a se deixar levar pelo momento, a se deixar levar por ele. Há apenas dois dias, ele tinha conseguido avançar a um ponto em que se livrara da calcinha dela e a fizera gemer, tremer e quase gritar de prazer. Como recompensa, ela tinha ficado deitada ofegante em cima da mesa da sala de aula abandonada em que estavam sem se mexer, enquanto ele a observava. Ele adorava ficar olhando o corpo seminu da namorada, mas raramente ela o permitia fazer isso por mais de um minuto. Era uma espécie de fetiche dele, que a fazia ficar completamente envergonhada, sua pele enrubescendo até ficar semelhante aos cabelos e pêlos da moça.

No sábado, os dois combinaram de se encontrar perto do lago após o almoço. Se não tivesse ela para aliviar dos estudos e trabalhos de casa preparatórios para os NIEM'S ele provavelmente teria ficado fora de si. Era ainda pior do que a carga que tinham recebido para os NOM'S. Mas não naquele dia. Aquele seria o dia em que ele só se preocuparia com a ruivinha, e os trabalhos que esperassem. Ele não estava com cabeça para poções complexas ou transfigurações imensas. Ele estava com cabeça para beijos, abraços e principalmente altos amassos.

Eles estavam sentados perto do lago por mais de duas horas, conversando sobre coisas banais e trocando beijos (mais isso do que conversando, na verdade) quando Gina simplesmente interrompeu a conversa e ficou olhando em volta maravilhada.

- O que foi? – ele perguntou sorrindo. – Acabou de acordar para a realidade que você está com o cara mais gato e de pior fama da escola agindo como um cordeirinho?

- Não, isso eu penso todos os dias. – Ela falou sem olhar para ele. – Eu apenas acabei de notar que estamos na primavera... Quero dizer, eu sabia que estávamos na primavera, mas agora temos flores, e a grama verde, e os animaizinhos...

- Certo, eu posso ficar sem ouvir essa história de animaizinhos. – ele falou gozador. – E daí que estamos na primavera?

- É romântico! – ela exclamou sorrindo. – Extremamente romântico! Se você pensar bem, a primavera é o início de toda paixão.

- Não concordo muito com isso. – ele disse a puxando para perto. – Até porque a minha única paixão eu descobri em pleno inverno. – ele beijou levemente a boca dela.

- Mas isso é tudo uma questão de ponto de vista. – Ela interrompeu falando. – Eu sei que era dezembro, mas para nós dois, aquilo era uma primavera. Saímos de uma relação de frieza e destruição para construirmos um relacionamento de carinho, compreensão. Nossa relação começou e floriu, como a natureza na primavera. Independente da estação do ano.

Ele olhou para ela com um sorriso malicioso.

- Logo, pela sua teoria, agora nós estaríamos para o verão... As coisas deviam estar quentes...

- E não estão? – sorriu ela para ele. – Mas eu penso diferente. Nós pulamos o verão.

- Isso é uma perda terrível. – ele a beijou com desejo. – Nós devíamos voltar a ele.

- Eu diria que nós bagunçamos as estações de uns tempos para cá. Eu diria que nós começamos no inverno, e então houve a primavera, e por motivos completamente alheios a nossa vontade, nós fomos para o outono, porque eu não podia encarar o verão.

- Outono são quando as folhas caem, mas eu acho que nosso relacionamento continua perfeitamente bem.

- Esta é uma forma simplista de ver as coisas. – ela falou sorrindo para ele. – Outono também simboliza a maturidade. Eu diria que nosso relacionamento precisava amadurecer antes de entrar na loucura do verão... Ao contrário da maioria dos relacionamentos.

- Eu não tenho certeza se concordo com isso. Eu preferia o verão, se quer saber. Não que eu não gosta da idéia de que estamos consolidando nossa relação, mas porque... Bem, eu não preciso dizer porquê.

- Nós ainda devemos ter o verão. – ela falou sorrindo. – Apenas falta o momento em que nós vamos passar de um para o outro.

- Isso depende só de você. – ele falou.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, Gina olhava o lago e ele olhava a grama.

- Aonde nós vamos nos encontrar esta noite, então?

Draco levantou a cabeça, mal acreditando no que estava ouvindo.

- Me espere no Hall. Eu vou te levar para conhecer outra parte das masmorras.


Eram oito e meia da noite quando eles se encontraram no Hall, Draco vinha com um embrulho na mochila.

- O que é isso? – ela perguntou curiosa.

- Para você usar. É uma capa de invisibilidade.

- Capa de invisibilidade? Para quê?

- Bom, acho que você não gostaria que toda a Sonserina te visse entrando lá, gostaria?

Os olhos dela se arregalaram por um instante.

- Está me levando em seu salão comunal?

- Não exatamente. – ele deu uma risadinha. – Mas ele estará em nosso caminho.

- Draco, o que...

- Confia em mim? – perguntou olhando nos olhos dela.

O coração dele estava batendo muito rápido. Tudo dependia da confiança dela, que ela se permitisse ir com ele, e dependeria também de que ela concordasse em entrar na Sonserina. Caso ela negasse, tudo que tinha preparado seria absolutamente inútil.

- Claro que sim. – ela respondeu e suspirou. – Me dê a capa então. Eu vou usá-la.

Os dois seguiram em silêncio pelo corredor por vários minutos seguidos, virando aqui e lá. Cada vez mais Gina tinha a impressão de que as masmorras eram um labirinto complicado, até que ele parou na frente de uma parede. Ela ficou confusa.

- Slytherin, o maior dos quatro. - ele falou, e a parede se abriu revelando o salão comunal.

Haviam algumas pessoas sentadas perto do fogo, outros mais afastados. Quase todos acenaram para Malfoy, mas ele se limitou a retribuir com um olhar. Desceram mais uma escada, virando para a direita até outra escada. Haviam dois corredores, um à direita da onde estavam e outro a esquerda, para onde ele se dirigiu, parando na primeira porta.

- Quem não soubesse exatamente onde está indo, iria se perder rapidamente. – ela falou, a voz abafada pela capa. – Vocês realmente não querem ser achados.

- Eu acho ótimo que ninguém nos encontre facilmente. – ele tirou uma chave trabalhada do bolso. – Pode tirar a capa, mas feche os olhos.

- Uma surpresa? – perguntou parecendo animada. – Ótimo, adoro surpresas.

Ele a puxou para dentro do quarto e fez um feitiço para acender as velas.

- Pode abrir os olhos.

O quarto estava à meia-luz, a cama encostada em uma das paredes e diretamente à frente deles, havia um balde com uma garrafa e um punhado de frutas vermelhas.

- Draco... Que... Ah, não sei o que te dizer! – ela sorria abertamente. – Muito, muito, muito obrigada!

- Não agradeça meus sentimentos. – ele respondeu sério. – Está vendo ali? Champagne. E aquelas frutas são cerejas. As pessoas costumam dizer que o morango acentua o gosto da bebida, mas eu prefiro o contraste das cerejas.

Ele foi até lá, conjurou duas taças do nada e as encheu com o liquido transparente-amarelado que estava na garrafa.

- Um brinde... A uma mulher muito difícil de agradar!

- Um brinde a um namorado muito difícil de prever.

Os dois tocaram os copos antes de tomar um pouco da bebida. Draco pegou uma cereja na mão e colocou-a na boca da namorada, que deu um beijo na ponta dos seus dedos.

- Sabe de uma coisa, Virginia? – ele perguntou se aproximando tanto dela que seus corpos estavam completamente encostados. – Eu te amo.

Os joelhos de Gina amoleceram tanto que ela pensou que ia cair, mas os braços do namorado estavam firmes em volta da cintura dela.

- Eu te amo, Draco. – ela falou abrindo o maior sorriso possível. – E eu te quero.

Ele a beijou com vontade, apertando os braços em torno dela, beijando seu pescoço. Ele tirou a capa dela a jogando no chão, correndo para tirar o nó da gravata dela, puxando o suéter pela cabeça dela, que o beijava com cada vez mais vontade, até que ela o interrompeu. Ele já estava começando a se acostumar com o momento em que ela dizia "estamos indo rápido demais." Olhou para os olhos dela, esperando que ela cortasse completamente o clima.

- Deixa que eu faço isso. – ela disse meio ofegante.

- O que?

- Sente na cama e fique quieto!

Draco obedeceu, sem entender o que a menina queria. Virginia sorriu com uma malicia que ele jamais teria esperado e começou a desabotoar sua própria blusa para a surpresa dele. A barriga dela estava à mostra, e ela respirava fundo, seus seios subindo e descendo de forma provocadora, até que ela a tirou por completo e a deixou cair no chão. Em seguida, ela soltou o botão que prendia sua saia, abrindo o fecho que o seguia de forma à ela ficar tão larga que escorregou para o chão imediatamente.

- Eu tinha lhe dito para me deixar fazer isto sozinha, nada mais.

Ela beijou-o com vontade, tirando sua capa, soltando sua gravata enquanto ele tentava soltar seu sutiã. A ruiva puxou sua blusa de forma que todos os botões arrebentaram indo para várias direções e passou diretamente para o cinto enquanto as mãos dele acariciavam seus seios.

Ele segurou-a pelas costas e a virou de forma a deitá-la na cama dele. Baixou seu corpo para poder tornar a beijá-la, e foi bem correspondido embora ela não deixasse de tentar livrá-lo do máximo de roupa possível. Draco correu suas mãos pelo tronco dela, parando na altura do quadril para tirar a última peça de roupa que cobria o corpo da menina. Parou por alguns instantes para observar a namorada, nua, ofegante e à espera de que ele fizesse alguma coisa.

Lentamente ele acabou de tirar a sua calça e sua cueca, embora Gina já tivesse começado o trabalho. Pode ver tensão nos olhos dela enquanto se deitava sobre ela e beijava sua boca lentamente.

- Fique calma. – ele falou. – Fique tranqüila.

- Eu... Eu confio em você, eu..

- Não sou como ele. – os olhos dele estavam nos dela. – Não sou como ninguém.

Ele beijou o colo dela, colocando seus seios entre os lábios, acariciando-os com a língua. Ela suspirou de prazer, enquanto ele passava de um seio para o outro e de volta, com calma. Draco beijou sua barriga, descendo lentamente em direção as pernas dela, que ele beijou também, parando na virilha da garota que dava risadinhas de tensão.

Levantou a cabeça de forma a conseguir olhá-la nos olhos por um instante até que tornou a baixar a cabeça, a beijando diretamente no ventre e ela se contorceu. Ele continuou a beijando, usando a língua para provocá-la, e ela soltava pequenos gemidos. Sua mão direita se misturou aos cabelos loiros do namorado, e Gina acariciava o couro cabeludo dele, o incentivando, o mostrando o ritmo que a fazia sentir mais prazer em puro instinto, até que seu corpo começou a tremer, sendo tomado por uma sensação deliciosa de leveza, ao mesmo tempo de uma exaustão que não a permitia se mexer. Draco riu dela.

- Linda, você... Essa cara de manhosa satisfeita...

- Eu não tenho outra.

- Eu sei muito bem o que te deu essa cara de manhosa toda. – ele sorriu beijando os seios dela de leve no meio do caminho para se deitar sobre ela.

Ele ficaram parados por algum tempo se encarando até que ela sorriu.

- Você... Quer? – perguntou incerto.

- Eu quero... – falou manhosa. – Eu quero sim...

- Protectus. – ele falou apontando a varinha para si mesmo, de forma que surgiu um preservativo devidamente ajustado nele. – Devemos ter muito cuidado.

Gina meramente acenou concordando.

Ele usou as mãos para separar carinhosamente as pernas dela, que ela dobrou prendendo o quadril dele entre elas. Passou a mão lentamente no ventre da namorada antes de começar a introduzir seu membro nela. Após alguns centímetros, ele viu a cara contorcida de dor da jovem.

- Você só tem que relaxar. – Ele falou beijando a testa dela. – Se você não relaxar, vai doer.

- Pode continuar, Draco...

Ele continuou a introduzir lentamente nela, com todo o cuidado possível, e aos poucos ele viu a expressão dela anuviar-se. Então ela começou a se mexer, sempre seguindo o ritmo dele, os olhos cravados nos dele. Era imensamente prazeroso estar em Gina, confortável, quente, delicioso e ele se mexia, cheio de desejo, seu corpo indo para cima e para baixo sob os olhos dela, cada vez mais rápido. Os olhos castanhos de Gina nos seus, suas unhas apertando suas costas e sua boca soltando gemidos e suspiros, até que muito tempo depois ele não conseguiu mais segurar e deixou-se sentir todo o prazer, seu rosto de contorcendo sob um olhar completamente indecifrável de Gina.

- Eu não esperava tanto. – ela falou sorrindo. – Você foi maravilhoso comigo.

- Eu é que não esperava que você quisesse. – ele falou ofegante.

- Eu sempre quis, mas nem sempre me senti à vontade.

Draco saiu de cima dela e levantou tirando a camisinha sob o olhar atento da garota. Ele voltou e deitou-se ao lado dela, que agora estava de lado para ele, o olhar tão profundo quanto há alguns momentos atrás. Agora ele conseguia compreender: era amor. Era um olhar de amor, cheio de lágrimas prontas para cair.

- Eu te amo, Virginia, nunca se esqueça disso. – falou puxando-a mais pra perto de si.

- Ah, Draco, eu te amo...

Naquele pequeno momento, o resto do mundo já não existia.


Notas da Autora: A música do início do capítulo é do Chico Buarque, "O meu amor"... Esse capítulo vai ter uma Pá de dedicatória... À Flora, completamente apaixonada por coisas cute, à Rita, pela paciência e eficiência que betou o capítulo rapidinho pra eu poder pôr no ar, à Píchi, queridíssima, pelo telefonema hoje de manhã que me deu certeza de que eu conseguiria acabar, à Tray, por ter me incentivado todo o tempo à terminar o capítulo deste jeito, à todos os outros que me mandaram reviews e recomendaram OE, e todas as pessoas que me incentivaram, ao André Fornari, por ter me deixado boba a ponto de não conseguir responder, mas também ter me ajudado a me inspirar, e finalmente ao meu namorado, Rodrigo, pela paciência que teve comigo enchendo o saco por conta da fic...

Ahhh... Eu acho que o NOMM (Nós odiamos a Marin) não é um movimento muito legal (mas muito engraçado). Eu acho que isso merecia uma enquête... Você acha que a Marin devia ir:

A- Para o MADA (Mulheres que amam demais)

B- Bater um papo com o cumpadre Voldie

C- Para detenção com Filch, ou

D- Todas as anteriores

Me contem o que vocês pensam... Mil beijos – Diana Prallon – lhes dando esse capítulo de presente pelo meu aniversário