Capítulo 17 – Sob As Nevascas Do Inverno
"Why have you forsaken me,
(Porque tu me abandonaste)
In your eyes forsaken me,
(Em teus olhos me abandonaste)
In your thoughts forsaken me,
(Nos teus pensamentos me abandonaste)
In your heart forsaken, me oh
(No teu coração me abandonaste)"
- Que o céu caia sobre tua cabeça e a terra suba sobre teus pés caso tentes passar por cima das minhas palavras Edward, filho de Anne.
Dor, muita dor. Uma dor lacerante como se sua pele estivesse sendo rasgada, seus ossos quebrados, e ele estava jogado no chão, arfando sob o olhar de uma mulher alta e forte mas que tinha o rosto de Eilan, com uma voz ressonante e poderosa.
- Quem é você? – Draco perguntou com a voz entrecortada. – Qual seu nome, mulher?
- Eu sou Ganeda, filha de Rheis – ela ergueu o queixo de forma imponente. – mas acima de tudo, sou uma sacerdotisa. Lembre-se disso, pequeno Edward. Lembre-se do que acontecerá.
Acordou assustado - ou achou ter acordado pois estava no quarto de Belle. Draco podia sentir que ainda estava sonhando, apesar da sensação de ter acabado de acordar. Seu corpo não obedecia seus comandos e viu-se abraçando o corpo frágil da jovem mulher ao seu lado. Dormindo seu rosto seria certamente confundido com o de Gina mas o olhar das duas era muito diferente. Seus lábios beijaram os cabelos rubros da moça, puxando-a mais para perto de si. Sentia frio, muito frio.
- O que há? – perguntou, vendo-o inquieto. – Desacostumou a dormir acompanhado?
- São dez anos, Belle, – ele falou, a voz rouca. – estive pensando. Eu tenho uma esposa, você sabe – a ruiva acenou a cabeça e ele prosseguiu. – Mas é uma veela e não me parece provável que tenha conseguido passar dez anos com sua cama completamente vazia. Além do mais, eu cometi adultério e tanto eu quanto ela podemos exigir separação ou fazer com que ela o faça. Belle, eu posso te honrar se você aceitar o estigma de ser a segunda esposa e criar meus filhos.
- Suponho que já sejam todos grandes.
- A mais jovem deve ter onze anos ou doze e não a conheço. Apenas uma visita cortês da minha adorável mulher a mim. O mais velho... – ele deu uma risadinha e continuou a acariciar o corpo dela. – Acredito que tenha a sua idade. Mas vou precisar de alguma ajuda para casar a eles e a elas... Ou quem sabe eu já seja avô.
- Seu mais velho é dois anos mais jovem que eu, deve estar agora com dezoito anos.
- Mas nós seremos felizes – disse, encerrando o assunto e se virando para dormir.
Isso libertou o rapaz do sonho e ele acordou suando. Tudo era muito real, e embora tivesse visto a face de Eilan na mulher sabia que não havia o menor traço de semelhança entre as duas. Mas aquilo era apenas um detalhe pouco importante próximo à ameaça da mulher... Edward Malfoy a tinha desafiado quando pediu aos Deuses que ela servia para libertá-lo da maldição... Algumas sacerdotisas e feiticeiras poderiam ser boas mas sempre há o fruto podre em busca de poder.
Mas quem era ele para reprovar a busca por poder? No fundo ansiava por aquilo tanto quanto qualquer outro sonserino. Não era melhor que seu pai ou que o próprio Voldemort a não ser pelo fato de não ser um assassino. Mas se seguisse os planos deles logo ele seria um assassino frio e cruel.
Quando era mais jovem ser um Comensal era um desejo verdadeiro. Punir Potter e seus amigos por todo o desprezo... Eles não mereciam toda aquela admiração e prestígio por parte dos outros. Não tinham feito mais do que seguir seus preciosos instintos grifinórios – pensou com desprezo.
Ainda demorou um pouco mas conseguiu tornar a dormir. Sua cabeça dava cada vez mais voltas e cada vez tinha menos certeza do que deveria fazer.
- As férias estão chegando... – Gina suspirou, sentada na janela, observando o time da Corvinal treinar no campo de Quadribol. – Essa semana já é a final e em duas semanas teremos as provas...
- Obrigado por me lembrar – resmungou Draco, folheando um livro de Poções. – Minhas anotações estão com os retardados do Crabbe e do Goyle, eu ainda nem comecei minhas revisões finais.
- Ah, eu não queria te desanimar... – ela o abraçou pelas costas e abaixou a cabeça, falando perto de sua orelha. – Apenas estou tentando te lembrar que vamos ficar longe e eu vou ficar morrendo de saudades de você!
- Então vamos resolver isso... – Draco a puxou e a beijou com desejo.
Os lábios se encontravam sedentos, as línguas se acariciando, a respiração começando a ficar ofegante e desritimada. Ele puxou o corpo dela, sentando-a em seu colo, apertando-a contra si. As mãos dela estavam mergulhadas nos seus cabelos, aumentando a pressão dos lábios dele contra os dela.
Draco passou as mãos pelas costas dela sob a camisa, sentido-a se arrepiar sem parar de beijá-lo. Ele passou suas mãos para a frente do corpo dela, acariciando seus seios, enquanto a menina começava a beijar e mordiscar seu pescoço subindo em direção ao seu ouvido.
- Eu estive pensando... – ela sussurrou com a voz rouca, mordendo o lóbulo da orelha dele. – Mas eu não sei se você iria topar...
- Qualquer coisa, Virginia... – ele respondeu excitado com a situação.
- Vá ficar comigo na Toca durante as férias.
Aquilo foi como um balde de água fria sobre a sua cabeça. Toca. Weasleys. Irmãos assassinos. Aquela mãe escandalosa e inconveniente de Gina. Nada do conforto da Mansão de Wiltshire. Toda sua empolgação foi imediatamente cortada.
- Puta que pariu. – foi a primeira coisa que ele conseguiu dizer. – Não tinha hora melhor pra você me dizer isso não?
- Se você não quer ir é só dizer, tá? – ela respondeu ofendida . – Não precisa ficar xingando!
- Não é isso, Virginia... – ele falou, completamente alterado. – Olha o momento. Olha o clima. Olha o que você falou. É muita sacanagem...
- Sacanagem? Sacanagem? Sacanagem é o que você quer comigo, né? Muito bem, Draco Malfoy, eu não preciso de um namorado só pra isso!
- Não é nada disso, Virginia! Deixe de ser dramática.
- Ah, dramática? Só porque eu te peço para ir na minha casa e você faz cara de quem chupou limão? Ah, chega, Draco, pra mim chega!
E antes que Draco conseguisse fazer alguma coisa, Gina tinha saído da sala secreta antes usada por Colin e Peter, o deixando lá, sentado, latejando de desejo.
Era inevitável, embora realmente incomodo e contraditório, estar torcendo para que ela se desse bem no jogo. Claro que não bem o suficiente para a Grifinória ganhar e levar a Taça de Quadribol. Mas ainda assim, que ela jogasse bem para que ele pudesse se orgulhar da bela artilheira que sua namorada era. Talvez isso fosse ruim: poderiam começar a notar demais nela, Gina era uma garota realmente bonita. Não ousava se mover na arquibancada, sem saber se vibraria com os gols que ela viesse a fazer ou se odiaria saber que estava se aproximando de perder o campeonato.
Os times da Grifinória e da Corvinal entraram no campo e Weasley apertou a mão de Boot antes todos montarem em suas vassouras e Madame Hooch apitar iniciando o jogo. Gina era extremamente rápida quando se tratava de quadribol – foi a primeira a tocar na goles, e passou para uma outra artilheira Grifinória cujo o nome ele não desconfiava, que marcou dez a zero pra a grifinória. A torcida vermelha e dourada vibrou com o gol, enquanto os corvinais se mexiam incomodados.
A partida seguia em ritmo frenético, e Draco sequer tentava olhar para Potter e saber se ele tinha visto o pomo. Os artilheiros da Corvinal – Devon, Moon e McDonald eram bons, mas não tinham o entrosamento do time da casa do leão, ele precisava admitir. Em quinze minutos, o jogo marcava setenta a trinta pra grifinória.
Se fosse um expectador não treinado, talvez Draco não tivesse sido capaz de perceber os movimentos de Potter, a forma como ele voava despreocupadamente para não chamar a atenção do apanhador da Corvinal, e a forma como ele mergulhou subitamente caçando o pomo de ouro e fechando o jogo em duzentos e dez contra cem para sua casa. Uma sensação esquisita se instalou no estomago de Draco. Tinham perdido novamente a Copa de Quadribol para os malditos grifinórios.
Draco desceu das arquibancadas seguindo em direção a namorada, que sorria e ria da expressão fria dele, tentando esconder a decepção.
- Certo, Weasley, você ganhou.
- Eu sempre ganho você, Malfoy. – ela respondeu, com um sorriso malicioso antes de passar os braços pelo pescoço dela e beijá-lo.
Edward estava no jardim, o gelo do inverno parecia derreter-se e os primeiros sinais de primavera surgiam. Enquanto a natureza se acalmava após a fúria do inverno, seu interior se inquietava. Durante o inverno a Mansão tinha parecido inatingível em meio as nevascas, agora era para ele um abrigo vulnerável. Quando dormia à noite nos braços de Belle parecia difícil se preocupar com a possibilidade de Ganeda vir vingar-se dele, mas numa manhã como aquela era óbvio que a qualquer momento a feiticeira poderia estar de volta.
A jovem menina Weasley estava verificando as flores que os criados haviam plantado para ela. Conforme ia andando sorria e a às vezes batia palmas, o que a fazia parecer ainda mais jovem. Ele a seguia, perdido em pensamentos, e demorou algum tempo para reparar que ela havia parado.
Na frente da mulher de sua vida estava uma outra mulher, jovem e feia que embora ele não reconhecesse os traços, reconhecia a essência. Vestia uma túnica azul profundo, os cabelos claros e de cachos largos caíam sobre os ombros encurvados.
- Bom dia senhora, em que posso ajudá-la? A que devo a honra de tua visita?
- Bom dia, jovem Mademoseille Weasley, minha visita é para pedir abrigo por hoje.
A jovem ergueu a sobrancelha em confusão por um instante ao ouvir seu nome e corou logo em seguida, baixando os olhos modestamente
- A senhora é bem vinda aqui. - ela falou em um francês irrepreensível. - É uma honra tê-la conosco.
- E será que Monseiur Malfoy pensa da mesma maneira? - alfinetou a mulher - Ou talvez ele tema a vinda de uma sacerdotisa da Grande Deusa.
- De forma alguma, senhora. - falou limpando a garganta. - Sua chegada já era esperada de minha parte.
- Decerto que era - falou a feiticeira com escárnio - Como se esperaria de uma criança que desobedece as ordens da mãe.
Os olhos de Edward procuraram imediatamente os da mulher e o encantamento se desfez, revelando sua verdadeira face. Belle prendeu a respiração assustada ao ver a beleza florescendo no rosto da mulher: os olhos cinzentos adquirindo um brilho ferino, seus cabelos dourados ganhando brilho e seus traços se jovializando.
- Senhora Ganeda é jovem demais para ser minha mãe. - respondeu irreverente - Mas também é madura demais para que eu repreenda como a uma filha pela atitude traiçoeira para comigo.
- Parece que as notícias não chegaram por aqui... - a mulher riu com gosto na frente dos dois. - Seu filho realizou o Grande Casamento com a Deusa e tem um herdeiro.
- E quem nesta terra - ele começou temeroso - é a mãe desta criança?
Ganeda sorriu friamente com um prazer cruel em manter um silêncio que poderia responder aquela pergunta e ao mesmo tempo torturá-lo. Então se virou para Belle:
- Me parece vergonhoso fazer mais filhos quando já está se tornando avô. - A jovem mulher corou e levou as mãos à barriga. - E ainda mais trazendo desonra as famílias que são leais e honestas.
- Está me acusando de ser desonesto? Apenas Henry, que era meu tio-bisavô algum dia se interessou por artes das trevas.
- Basta uma pessoa doente para contaminar todas as demais. - retrucou, ainda sorrindo. - Você sabe disso, Edward Malfoy.
O tom de voz da mulher era claramente acusatório.
- O que a senhora quer dizer com isso? - perguntou Belle ao observar o rosto lívido do homem após o comentário da sacerdotisa.
- Como voismercê acha que ele voltou ao corpo humano, Weasley? O feitiço que eu fiz para ele não seria quebrado até que confessassem verbalmente seu amor... Quando foi que ele lhe disse isso?
- Não... - gemeu a jovem, suplicando ao homem. - Não, não, diga que ela está mentindo! Diga que não fez nada disso!
- Weasleys, ao invés de ser a salvação dele voismercê foi a perdição do homem que ama.
- Não! Não! - ela gritou sacudindo a cabeça.
Edward ergueu a mão e acertou o rosto da sacerdotisa com um tapa.
- Sua prostitutazinha suja! - ele gritou para ela - Falsa arauta! Falsa deusa! Eu te desprezo e renego sua fé!
A mulher pareceu crescer à sua frente, seus olhos brilhando com ferocidade, seus braços se ergueram para o céu e tornaram a baixar parecendo duas enormes asas negras, e o céu escureceu transformando o dia em noite. Não havia nada que lembrasse o rosto desdenhoso de Ganeda nos traços daquela face, apenas um ódio que traria medo mesmo ao mais forte dos homens. A fúria se fazia presente em cada linha do rosto da sacerdotisa, agora completamente tomada pela fúria da Deusa à quem servia.
- Então, voltamos a nos encontrar, Edward filho de Anne. – A deusa espelhada na mulher sorriu cruelmente, sua voz cortante perdendo completamente o tom zombeteiro que tinha quando era Ganeda quem a controlava. – Confesso que esperava mais de um homem do seu sangue... Respeito e temor a mim, ao menos... Mas me parece que não se lembra do que eu te disse... Da mesma forma que eu dou, eu tiro... E se tu me renegas, eu lanço sobre ti a maldição de Avalon... Voismercê procurou minha face negra para se livrar da força de uma de minhas faces... Eu fui a noiva virgem selando teu destino, a mulher te salvando, e agora eu sou a morte te amaldiçoando... E eu digo que teus filhos todos cairão nas minhas redes um a um, e tecerei seus destinos sem piedade... – A deusa olhou para a jovem Weasley e disse. – E aqueles que provierem desta mulher sofrerão na mão de teus outros filhos, serão renegados e renegarão os demais, trairão os princípios de tua família... E assim minha ira será saciada!E cada um dos teus descendentes cairá em tentação e seguirá minha face negra! E eu os torturarei e um após um eles cairão em desgraça quando morrerem, e renascerão para os mesmos destinos infelizes para pagar pela sua desonra! Eu te amaldiçôo!
Com isso houve um grito horrendo e Draco acordou, o rosto da fúria marcado no escuro enquanto ele sentava na cama, encarando o nada à sua frente.
Em nenhum momento ele duvidou da veracidade de seu sonho. A primeira coisa q fez ao acordar realmente foi procurar o diário de Belle, mas não achou mais nada escrito que pudesse aproveitar. Agora ele tinha a certeza de que seu relacionamento com Virginia, seus sentimentos pela moça, tinham o único propósito de fazê-lo odiar ainda mais os Weasley. Ele não aturaria isso. Ele não serviria docemente aquilo sabendo de tudo, não deixaria ela se culpar pelo caminho que estava destinado a trilhar.
Não havia salvação possível para ele. Ele era um Malfoy, e a face negra era seu único destino. Não havia porque lutar pelo contrário, aquele era o destino dele. Logo ele seria um comensal, e deveria matá-la e acabar com sua fonte de fraqueza. Não que ele fosse capaz disso. Ele não seria capaz de feri-la, mas estaria mais de acordo com seus propósitos.
Não tinha mais a menor razão dele continuar com aquela encenação patética de namoro. O mais duro era saber que todos aqueles sentimentos bons que ela despertara nele eram apenas uma artimanha da Deusa e que sua avó e Eilan serviam para subjugar sua família à vontade dela, e retirar seu livre-arbítrio. Aquela era a hora de terminar, e da forma mais dolorosa possível, pois Virginia Weasley não deveria amar outro homem que não fosse ele, e seu maior dever era trazer-lhe a dor.
Naquela manhã Draco entrou no Salão Principal com o pior humor dos últimos meses, e sentou-se ao lado da amiga loira como era de costume.
- Bom dia, querido. – Ela falou sorrindo.
- Só se for pra você. – respondeu rabugento.
- Que mau humor... – Reclamou.
- Nunca te pedi pra aturar.
- Eu não admito que você fale assim comigo!
- Eu falo da maneira que bem entender!
- Pra falar assim, não fale! - Ela respondeu com a voz estridente
- Ótimo. Melhor assim.
Eilan voltou-se para seu café, irritada com o rapaz, que ergueu a cabeça para frente, virando na direção da mesa da Grifinória. Seus olhos finalmente cruzaram com os de Gina, que sorriu pra ele. Draco desviou os olhos sem a mínima manifestação e virou-se para a loira ao seu lado.
- Diga à sua amiga que eu vou me encontrar com ela às 8 horas na sala secreta.
- A sala do Colin e do Peter, né? – Ela perguntou distraída e os olhos do rapaz brilharam com a citação. – Pode deixar, eu digo sim.
As luzes da sala estavam sombriamente apagadas quando ela chegou. Por um instante ela chegou a temer que ele ainda não estivesse lá, mas ela podia sentir a presença de alguém ali. Seu coração acelerou, pressentindo o perigo.
- Draco...? – ela chamou em um sussurro.
As luzes do lado oposto da sala se acenderam imediatamente, revelando que o rapaz estava sentado no parapeito da janela virada para o campo de quadribol. Ela se aproximou dele andando com um sorriso no rosto.
- Estava com saudades de você.
- Previsível. – ele respondeu com a voz fria.
Ela ergueu os braços para abraça-lo, mas foi interrompida pelas palavras dele.
- Não. Não quero que você me abrace, Weasley.
- Mas... Draco...
- Não quero nem que você me toque, Weasley, acho que já disse.
Ela parou por um momento, meio atônita, antes de responder, a voz em tom de riso.
- Então quer dizer que hoje o loirinho quer brincar de ser mau? – Ela pôs a mão no rosto dele, mas ele afastou se lançando um olhar penetrante à menina.
- Eu disse para não tocar em mim, Weasley.
- Pode deixar, pode deixar... – ela riu debochada. – Eu não encosto...
- Acho que você ainda não entendeu. – Ele olhou diretamente aos meus olhos. – Eu não estou brincando, eu não estou fazendo joguinhos de sedução dessa vez. Eu estou dizendo que não quero. Seu toque me enoja, seu olhar gentil me enoja, eu já consegui tudo que eu queria de você, Weasley. – Ele parou e a olhou por um instante antes de rir. – Ou eu deveria dizer que eu já tirei de você tudo que queria?
O olhar de Gina para ele foi de choque. Ele pode ver as mãos dela tremendo levemente, se de raiva ou tristeza ele não sabia definir.
- Porque você está fazendo isso?
- Porque eu não te quero mais. Cansei.
- Isso. – ela falou firme. – É uma mentira. Está escrito na sua testa que é uma mentira. Mas se é isso que você diz que quer, ótimo! Suma daqui com suas mentiras e seus joguinhos! E eu te odeio, Draco Malfoy. Eu te odeio.
- Fico feliz em ouvir isso. – Ele respondeu sem deixar transparecer o quanto tinha ficado abalado com a falta de credibilidade que ela tinha dado à suas palavras.
- Eu te odeio, mas você vai me odiar ainda mais quando souber que eu vou te perseguir... Eu te odeio, porque eu te amo!
Ela escondeu o rosto com as mãos, chorando incontrolavelmente enquanto ele saia da sala pensando porque ela tinha dito aquilo... Sacudiu a cabeça tentando apagar os últimos meses de sua mente. Virginia Weasley era uma página virada em sua vida.
- Eu queria te dizer uma coisa...
- Diga... – A voz dele era rouca e triste.
- Eu te amo, e eu confio em você.
- Eu também te amo... E esse é meu medo...
- Medo? Ah, meu amor, não tenha medo... Eu sei que você vai conseguir...
- E se eu não conseguir?...
- Não pense nisso... Não pense nisso agora... Só pensa em aqui... Só pensa em mim... Só queira à mim...
Draco sabia que tudo pareceria ruim sem Gina, mas não tinha noção do quanto. Não imaginava que sentiria tanta falta dela. Os dias passavam e tudo parecia ser cada vez mais monótono. Seu pai aparecera dizendo que seria iniciado nas próximas semanas, e não protestara e nem se animara. De que adiantava? De uma forma ou de outra ele cairia naquilo. Não havia a menor razão para lutar contra o óbvio, ele iria ser um comensal, era inevitável. Não havia esperanças e nem nada que o fizessem lutar contra isso. Ele acreditava em muitas coisas que o Lord defendia, mas não o suficiente para lutar por elas. Draco Malfoy não era um ativista, mas se iria se sujar, que fosse ao menos defendendo um ou outro princípio válido.
Pansy soltara uma ou duas indiretas que o fizeram crer que ela queria voltar com ele, mas foi ignorada. Moon, esta sim, foi clara em oferecer-se para consolá-lo, mas ele não quis, fazia muito pouco gosto da garota. O que ele realmente temia era a reação de Marin, mas aparentemente a garota vinha seguindo atentamente suas instruções de não aparecer na sua frente.
Mal ele abriu a porta para entrar no seu quarto aquela noite viu uma figura pequena, encolhida com um copo na mão. Já passava muito da meia noite e normalmente Eilan não ficaria tanto tempo esperando por ele, à menos que tivesse pego no sono. Ele deu dois passos para dentro, e ela levantou a cabeça o rosto marcado por lágrimas e raiva.
- Que bom que você chegou... – ela falou, rindo amargamente. – Eu estava ficando impaciente.
- O que você está fazendo aqui até essa hora?
- Te esperando para propor um brinde – O sorriso estampado no rosto dela era ácido e dolorido.
- E posso saber por quê?
- Pelo fim do meu namoro com o Potter.
Eilan estendeu o copo ao rapaz que a observava chocado.
- Qual o problema? Achou que eu ficaria o resto da minha vida ao lado do precioso Potter?
Draco sorriu felinamente enquanto pegava o copo, brindava e começava a saborear o vinho.
- Ele ficou arrasado?
- Achei que fosse chorar com a cara que ele fez. – Eilan tornou a encher seu copo. – Estou há mais de uma hora aqui. Não sobrou nada de vinho! Mas eu consegui dar uma fugida entre encontrar o Potter e você chegar e contrabandeei meio Firewhisky.
- O que é isso? – Ele riu. – Está pretendendo fazer alguma festa?
Eilan puxou-o para perto de si com um sorriso malicioso.
- Só se for festa privada.
Ela riu com vontade o largando meio perplexo para preparar os copos de Firewhisky. Encheu os copos até a metade com gelo e depois derramou a bebida que produziu chamas alaranjadas por um instante antes de ficar normal novamente. A garota ofereceu o copo para ele, riu, sacudiu três vezes o copo – que tornou a se encher de chamas alaranjadas – e bebeu de uma vez só antes que ele levasse o copo à boca.
- Vamos lá! Ainda tem meia garrafa por beber! – ela incentivou – Eu não pretendo desperdiçar nada!
- Eilan, meia garrada de Firewhisky é o suficiente para deixar até o paspalhão do Hagrid bêbado.
- Você não tem coragem de beber...? – Alfinetou a jovem. – Do que você tem medo, hein?
Ele virou o copo de uma vez só e depois puxou a menina pra si.
- De você. Da gente bêbado. Do que pode acontecer.
Eilan mordeu a boca por uns instantes antes de falar:
- E o que é que pode acontecer?
Era muita tentação. Os olhos dela brilhando com malícia, sua língua umedecendo seus lábios, a proximidade do seu rosto com o dela, o corpo pequeno dela colado ao seu, as mãos quentes dela em seu pescoço... Ele nunca saberia resistir.
Foi como se o tempo tivesse saltado um instante e eles estavam se beijando ardentemente, as mãos de Draco a apertavam com fome, deixando marcas aonde seus dedos pressionavam a pele branca da menina por debaixo da blusa. Ela arrancou sua gravata de uma só vez, puxando-a pra fora, seus dedos abrindo todos os botões da blusa do rapaz, as mãos correndo em direção ao cinto dele e abrindo a fivela enquanto ele beijava avidamente seu pescoço, que ia ficando cada vez mais vermelho e machucado pela força dos beijos. Ele deu uns passos para frente, a empurrando na direção da cama, a menina cambaleou mas se manteve de pé por instantes, o suficiente para que ele arrancasse sua gravata e puxasse sua blusa bruscamente de forma a arrebentar todos os botões da blusa.
Eilan piscou pó um momento ao ver o estrago, mas riu enquanto ele arrancava seu sutiã, os beijos ávidos descendo por seu colo até encontrar seus seios. A menina continuava a soltar risadinhas enquanto ele começava a mordiscar seus mamilos cada vez mais forte, o que substituiu os sorrisos por murmúrios de dor e prazer. Apenas na manhã seguinte, quando tomasse banho, ela repararia nas marcas deixadas, nos vários pontos cor de sangue sobressaindo na pele. Ele jogou-a na cama com brutalidade mas ela não pareceu reclamar, enquanto ele lidava com suas próprias roupas e ela voltava a rir bobamente. Draco se surpreendeu com como o álcool estava fazendo efeito nela, que sempre tinha sido forte para bebida, mas ele também não sabia o quanto ela tinha bebido.
Ele levantou a saia da menina que se esforçava para acabar de se despir e deitou sobre ela a beijando mais uma vez.
- Você ainda vai enrolar muito...? – ela perguntou rindo da cara dele. – Ou vai fazer o que tem que fazer...?
- Você quem pediu... – ele riu de volta para ela e começou a penetrá-la.
Ela estava sentada no colo dele, quase despida, desejando mais ferventemente que em qualquer dia de sua vida, até mesmo mais que em sua iniciação... Suas mãos manipulavam claramente o namorando, aproximando seu sexo do dele, querendo...
- Não... Não... Eu não posso fazer isso...
Ela mordeu forte o ombro de Draco deixando a marca de seus dentes, suas unhas se enfiando na carne dele sem piedade enquanto eles seguiam num ritmo cada vez mais frenético. Ele puxava o corpo dela para si, deixando marcas arroxeadas que só seriam notadas muito mais tarde, enquanto tentava esvaziar sua mente...
- Mas... Porquê?
- É muito cedo... Estamos juntos tem pouco tempo... E eu não sei... Minha vida... Se eu não voltar?
- Não é hora de pensar nisso...
- Eu não tenho como não pensar. Isso é irresponsabilidade minha contigo...
- Porque você nunca curte o momento?
As marcas iam se afundando cada vez mais nas costas de Draco e suas pernas agora estavam entrelaçadas em torno do corpo do rapaz, que continuava a se mover com cada vez mais força e mais rapidez.
- Alguém tem que ser sensato, Eilan!
- Isso não significa deixar de viver!
- Isso é tão importante assim?
- E se for...?
- Então você é mais superficial do que parece!
- Eu só não quero deixar minha vida ser controlada pelas armações do Lord!
- Você parece não se importar nada com o que vai acontecer!
- Claro que eu me importo!
- Não é o que você demonstra!
- Pra mim chega, Harry Potter! Eu não estou aqui pra viver tremendo só porque você está em perigo constante! Eu não posso, eu não quero, não vou entrar em parafuso! Aceite isso!
- Então é só diversão? – Nos olhos dele se via um brilho magoado.
- Eu não acredito que estou ouvindo isso... Nunca mais olhe pra minha cara, Potter!
Até que o rapaz começou a gemer perto do seu ouvido e ela puxou-o mais para si, e embora ele não tenha ouvido, o nome que ela chamou quando se aproximou do êxtase foi o de Harry. Draco estava já muito tonto para se importar ou lembrar.
Nota da Autora: A Música do início do capítulo é "Chop Suey" (System of A Down)... Eu sinto muito pela demora da atualização, mas eu tive toda sorte de contratempos, desde perder o capítulo inteiro, até bloqueios, problemas com fóruns, e etc... Esse capítulo estará mais cheio de dedicatórias que o comum... Ao Léo (DNA), que me ajudou muito a construir a cena final, embora a segunda versão não tenha ficado tão boa quanto à primeira, à Má (Pichi) e a Rita por me agüentar choramingando sobre o capítulo, ao Ralsen por perturbar minha mente até eu estar tão emocional que conseguia escrever, especialmente ao Dé (Moody) pelo esporro na segunda passada que me rendeu o nervosismo necessário pra re-escrever a maldição e a todos pela paciência infinita em esperar!
