Capítulo 20 – Sob a Cortina de Ilusão
"Liar! Liar! Liar! Liar! You've all got your heads up your assholes because love is! Is just is and nothing you can say can make it go away. It is the point of why we are here, it is the highest point! And once you are up there, looking down on everyone else, you are there forever. Because if you move, right? You fall. You fall."
(Mentirosa! Mentirosa! Mentirosa! Mentirosa! Vocês todas tem merda na cabeça porque o amor ! Ele simplesmente e nada do que você diga pode fazer ele ir embora. Ele o motivo pelo qual estamos aqui, é a coisa mais importante! E uma vez que você está lá, olhando todo mundo de cima, você está lá pra sempre. Porque se você se mexer, né? Você cai. Você cai.)
Era como um pesadelo. Hermione chegando com Eilan para dentro do castelo, as duas falando alto e ao mesmo tempo com o diretor, Dumbledore mandando que todos os monitores mantivessem os alunos sob controle e os levassem suas salas comunais, personagens de quadros correndo de um lado para o outro e falando alto, crianças chorando, Harry apreensivo enquanto os membros da Ordem da Fênix puxavam seus espelhos de duas faces e alguns professores procuravam lareiras para contatar o Ministério. Parecia que o desespero era geral, embora alguns não compreendessem completamente o que estava acontecendo.
O que perturbava mais Virgínia, sem que ela isso confessasse, era a ausência de Draco o que só podia significar uma coisa: ele estava entre os invasores.
- Srta. Weasley! – ouviu a voz de McGonagall à sua esquerda. – Acompanhe Srta. Granger até a Ala Hospitalar e avise Papoula sobre o que está acontecendo. Eu temo que ainda esta noite tenhamos muitos visitantes lá – parecia mortalmente séria, Hermione se apoiava em Rony logo atrás dela.
- Eu quero participar! – falou Hermione alto. – Eu não vou deixar vocês dois sozinhos, vocês...
- Srta. Granger, você vai imediatamente para a Ala Hospitalar e não há a menor discussão quanto a isso, ouviu bem?
Quando Hermione se apoiou em seu braço e as duas começaram a andar em direção às portas do Salão Principal, desviando da multidão que tentava sair, Gina tentou consolá-la baixinho.
- Você é maior de idade agora, Madame Pomfrey vai resolver isso em um instante e então você vai poder tentar ajudar... Pior eu, que não tenho escolha a não ser seja ficar trancada na torre com os outros...
- Se alguma coisa acontecer com Harry ou com Rony... – Hermione começou a dizer, o rosto contraído pela dor a cada passo.
- Nada vai acontecer. Eles sabem se cuidar...
Assim que Gina alcançou o saguão de entrada, uma vez que deixou a Ala Hospitalar, houve um grande estrondo e as portas se abriram. Alguns alunos, especialmente do quinto e sexto anos, gritaram e começaram a subir as escadas enquanto os homens mascarados entravam no Salão. Os professores mantinham as varinhas em punho e imediatamente raios multicoloridos começaram a cruzar o lugar, Gina tentava empunhar a varinha enquanto se abaixava, saindo do alcance da maioria dos raios. Subiu as escadas correndo, ainda tentando passar desapercebida enquanto via que alguns Comensais já tinham alcançado os andares superiores. Estava correndo desesperada, a varinha firme na mão, quando chegou ao quinto andar e viu três Comensais que encurralavam uma garota que parecia disposta a enfrentá-los.
Não foi preciso mais que uma olhada rápida para reconhecer a menina: a expressão desafiadora ecoava também na voz:
- Então, meu pai – ela falava de maneira sarcástica – vai fazer o que comigo? Me matar?
- Eilan! Não me desafie...
- O que eu faço ou não eu mesma decido, você não tem poder nenhum sobre mim!
O menor dos homens encapuzados deu um tapa no rosto da garota e em seguida empunhou sua varinha.
- Já basta! Eu não vou ser desafiado por uma menina deste tamanho!
Gina tremeu com medo do que poderiam fazer, embora os dois outros bruxos estivessem apenas parados, como dois armários mudos e encarando a cena. Nesse momento o olhar da sonserina encontrou com o seu e ela soube o que deveria fazer.
- Ei! Eilan! – gritou da ponta do corredor, fazendo com que os três se virassem para ela! – Eilan! – tornou a gritar.
- Ora, ora, ora... Se não é a garotinha Weasley... – falou o homem de forma cruel. – Duas garotinhas desobedientes de uma vez só! – ele riu com gosto.
Aproveitando-se do momento de distração Eilan apontou para o teto falso do corredor de gritou:
- Reducto!
Imediatamente os blocos de pedra que faziam desenhos por todo o teto do corredor caíram em cima dos três Comensais, erguendo uma nuvem de poeira sob a qual nada se via. Gina teve que correr de costas para escapar dos blocos e falou alto, amedrontada:
- Eilan...? Eilan...?
- Aqui! – falou do patamar da escada atrás de Gina.
- Como... Como... – estava sem fôlego e sem fala. – Como você chegou aqui?
- A passagem pelo quadro de Wigfrelda, a perdida. Saí exatamente no quadro de Ulrich, o corajoso. Isso é porque eles tinham um caso, você sabe...
- Tá, ta, que seja... Vamos embora daqui... Antes que eles se livrem disso...
- Milorde... Sinto informar que Crabbe e Goyle foram mortos.
- Mortos Avery? E por quem, posso saber?
- Uma garota, milorde... Uma aluna que estávamos encurralando.
- E você não sabe quem era essa garota, suponho...
- Claro que não, milorde. Por que deveria...
- Porque essa garota, Avery, é sua filha – falou ferozmente. – Draco! – chamou o rapaz que deu um passo a frente em silêncio. – Ache a garota Avery e a traga aqui, já que o pai dela é incapaz de tirá-la do caminho.
Draco acenou com a cabeça e se afastou, tirando o capuz e transfigurando suas vestes nas vestes da escola novamente. Já tinha dado alguns passos quando tornou a ouvir a voz do Lord.
- Quanto a você, Avery... Acho que ainda não aprendeu que eu estou acima de tudo... Crucio!
Os gritos de Avery o acompanharam até dentro do Salão.
Draco entrou parou na frente da Mulher Gorda, que parecia extremamente assustada.
- Torta de abóbora – ela não deu passagem.
- Eu não vou deixar você entrar! Você não é daqui!
- Eu sou monitor-chefe – respondeu, emburrado. – Me deixe passar logo.
- Se você é monitor-chefe onde está...
Draco tirou seu broche do bolso externo da capa e colocou no peito.
- Feliz agora? Pode fazer o favor de me deixar entrar logo, eu estou com pressa!
- Ah, mas se você não é aluno...
- Tem gente FERIDA e você se preocupando se eu sou uma porra de um grifinório ou não! Abra logo a passagem!
- Tudo bem rapazinho, tudo bem, não precisa ser grosseiro... – falou a mulher, girando o quadro para fora. Draco sequer se deu o trabalho de recolocar a máscara: era melhor que passasse desapercebido.
Observou os rostos assustados das pessoas no salão comunal e viu a maneira como olhavam pra ele com medo e nojo, mas aquilo não abalou nem um pouco sua percepção. Puxou uma aluna do primeiro ano e perguntou:
- Ei, garota nova, onde estão os monitores dessa casa?
- Mo-mo-monitores? Eu não sei... Eu não...
- A monitora do sexto ano, Weasley, onde ela está?
- Está no quarto dela mas não é permitido que...
Draco virou as costas, dirigindo-se à escada esquerda e nada aconteceu. Rumou para a escada direita, que pareceu virar uma rampa, o levando para o chão. Xingou alto, assustando alguns primeiranistas que estavam próximos, murmurou um contra-feitiço que fez com que a escada voltasse ao normal. Subiu os degraus de dois em dois, a varinha em punho, até o terceiro patamar, onde encontrou duas placas de dormitórios. Respirou fundo por um instante.
- Alorromorra! – no instante seguinte, a porta estava aberta.
Havia muito tempo que não encontrava realmente com Gina, mas aquilo não era hora de pensar nisso. Ela tinha um brilho obstinado no olhar e chegou a apontar a varinha para ele por um instante antes de deixá-la cair com a surpresa. No instante seguinte pareceu ainda mais zangada, Colin ao seu lado puxando a varinha e Eilan curiosamente amedrontada e sentada em cima da cama, tremendo.
- Expelliarmus! – todas as três varinhas vieram parar em sua mão. – Precisam de muito treino para me alcançar.
- O que você está fazendo aqui Malfoy? – perguntou Gina, pondo-se entre ele e Eilan.
- Fique fora disso, Weasley, o assunto é familiar.
- Você não vai encostar um dedo nela! – disse, encarando-o ferozmente.
- Eu já te mandei ficar fora disso, Weasley, não me obrigue a te...
No instante seguinte ela estava se jogando em cima dele, tentando derrubá-lo no chão, cheia de raiva, tentando socá-lo de uma forma desesperada que lembrava muito vividamente um episódio de alguns anos atrás mas uma coisa essencial tinha mudado. Ele conjurou cordas para amarrá-la e a garota caiu sentada no chão.
- Eu te avisei para ficar fora disso, Weasley – virou-se para Colin, que agora se punha entre ele e Eilan e executou o mesmo feitiço. – E você também, Creevey.
Eilan levantou da cama, encarando-o com raiva nos olhos e ainda sim aquela pose inconfundível de dignidade que a meia-lua em sua testa insistia em realçar. Respirou fundo, o brasão da Sonserina subindo e descendo conforme parecia descarregar sua tensão na forma como respirava fundo antes de falar.
- Eu estou aqui Draco. O que você quer?
- Eu não tenho escolha, entende? – Ele perguntou, ainda com a mesma voz insensível com que tinha falado com os demais. – O Lord me mandou levá-la até ele. Você tem que ir e o melhor a esperar é uma morte rápida.
- Eu nunca vou responder ao Lord com obediência, Draco, você sabe disso.
- Você quer ir comigo agora por bem ou eu vou precisar te forçar?
- Você acha que vai conseguir usar força comigo, Draco Malfoy? Quando foi que você conseguiu algo de mim por força, me diga? Nunca! Nunca! Até porque nunca precisou não é mesmo? – a voz da menina se elevava, cada vez mais irritada e emocional. – Eu sempre fiz tudo que você quis, tudo que você queria... Ah, minha devoção por você era tão cega! Eu acreditava em você, Draco, eu acreditava cegamente! Eu confiava cegamente! E eu poderia dizer que não importavam os meus princípios se dizia respeito a você! Simplesmente não importava mais nada! Sua palavra valia mais do que qualquer coisa entre a terra e o céu! – as primeiras lágrimas de raiva saíram de seus olhos enquanto ele a observava sem a menor reação. – E o que eu ganhei com isso? Decepção, angústia, dor, castigo! De que adiantava eu dizer que faria qualquer coisa apenas para te proteger quando na primeira oportunidade você me trai? Eu dizia que por você seria capaz de abandonar meu orgulho, eu dizia... Eu disse muitas vezes que eu seria uma leoa para te defender, um texugo para te confortar, uma águia para te acompanhar e uma serpente para que quem quer que fosse teu inimigo, porque eu simplesmente te amava de mais para não fazer isso! Mas não! Não me valeu de nada! Eu te odeio, eu te odeio! Eu te odeio com a mesma força que te amo!
Ela começou a bater com os punhos fechados no peito de Draco, mas ele a empurrou, jogando-a no chão.
- Não ouse falar comigo assim Eilan.
- Eu te odeio! –ela gritou de volta, chorando. – Eu te odeio!
- Crucio! – Ele falou.
A sonserina se contorceu de dor, sua voz ecoando nas paredes do dormitório, debatendo-se sob o olhar atento do primo. Não conseguia sentir pena da menina, ela tinha provocado sua ira.
- Para! – gritou Gina, ao seu lado, sua voz abafada pelos gritos de Eilan. – Pare, Pare! PARE! – Ela se impulsionou pro lado dele, batendo com o corpo em sua perna, o que liberou a garota da maldição por um tempo, mas ele tornou a apontar para a loira. - Pare, seu maníaco, ela está grávida! Ela está grávida de um filho seu!
A informação foi um choque para Draco, que se virou para a ruiva.
- O que você quer dizer com isso?
- Qual sua dificuldade em entender a palavra grávida? – perguntou, ríspida, enquanto se arrastava para perto da outra garota.
- Não é hora para ser estúpida, Weasley! – ele se virou para Eilan, que gemia e segurava a barriga. – Isso é verdade?
- Porque raios eu mentiria para você, Malfoy? – interveio Gina.
- Mãe... – babulciou a loira. – Mãe... Ele está morrendo, mãe...
Colin, que estava mais próximo, gritou de horror.
- Ela está sangrando! Precisamos tirá-la daqui, rápido, ou ela vai perder o bebê!
Draco parou por um instante, sem saber o que fazer. Olhou para a garota que conhecia desde tão pequena, o corpo cheio de marcas e machucados por ter se debatido, sangue escorrendo por sua perna direita.
- Você vai entregá-la pra Você-Sabe-Quem? – perguntou Colin áspero. – A mãe do seu filho? Você consegue ser tão insensível a ponto de...
- Cale a boca, Creevey – disse, desamarrando os dois. – Nós todos vamos sair daqui. E é agora.
Logo Draco reparou que era muito mais fácil falar do que fazer. Eilan não conseguia – e não podia – andar e seria perigoso demais carregá-la com um feitiço. Era pequena mas se a carregasse no colo não teria mãos para defendê-los e por mais que confiasse na capacidade da ex-namorada não acreditava que Creevey pudesse fazer muita coisa para protegê-los.
- Certo. Agora, onde estão suas vassouras?
- Vassouras? – perguntou Colin, amedrontado. – Você pretende voar com Eilan nesse estado? Porque não a levamos para a Ala Hospitalar?
- Se invadirem a enfermaria e ela estiver lá... – Gina tentou explicar mas ele a cortou.
- Ela não vai correr riscos desnecessários. Ela vai para a casa da minha avó e ponto final.
Gina tinha pegado sua vassoura de dentro do malão e a segurava de frente para Draco.
- Como você pretende fazer isso?
Draco abriu a janela antes de falar.
- Accio Nimbus – virou-se para a ruiva enquanto esperava. – Eu gostaria de três vassouras.
Gina abriu o malão mais próximo ao seu e pegou a vassoura de Beth que estava guardada bem no fundo.
- Ok! – Disse Draco, pegando a vassoura que acabara de entrar. – Vamos fazer o seguinte: usar uma maca presa por duas vassouras para levá-la.
E conjurou a maca do nada, a prendendo com cordas encantadas na sua vassoura e na vassoura de Beth. Ele parecia tranqüilo, como se todos os dias tivesse que levar uma menina quase desmaiada pelos ares.
- Ok, Creevey, pegue a outra vassoura.
- Mas, mas! – tentou protestar a ruiva. – Eu vôo melhor que ele!
- Weasley, eu decido as coisas aqui.
- Não decide não! Isso tudo é sua culpa só pra começar! – reclamou a grifinória, os olhos brilhando de raiva.
- Creevey... – repetiu em uma voz de comando e o rapaz pegou a vassoura levantando a maca junto com o loiro que escancarou a janela antes de montar e sair lentamente do quarto. – Agora, Weasley, você consegue levantá-la até aqui?
Com algum esforço e toda a ajuda que Eilan podia dar conseguiram colocar a menina na maca e se afastar da janela o suficiente para Gina sair atrás dos dois. Desceram muitos metros, tentando fazê-lo da forma que trouxesse menos impacto para a sonserina, até que estavam praticamente sobrevoando os jardins, logo acima da copa das árvores mais baixas que estavam nos lados da estrada.
- Harry... – ouviram Eilan balbuciar mas continuaram a voar, até que uma voz desesperada cortou o ar, em um grito inconfundível de dor.
Gina sentiu seu coração congelar: conhecia aquela voz. Bem demais. Não havia dúvidas. Ela gritou para a noite:
- Rony! – mas apenas o silêncio a respondeu. – Rony!
O grito do rapaz tornou a encher o ar e a garota desapareceu das vistas de Draco.
- Gina! – gritou Draco, irritado e preocupado. – Gina, volte, não há nada que... – mas ela já tinha sumido. – Mas que raios essa garota...
- Vamos – falou Colin seguindo o caminho para Hogsmeade. – Uma coisa de cada vez.
Draco parecia relutante em deixar Gina voltar correndo para a batalha sozinha.
- Malfoy, vamos.
Os dois seguiram pelo céu escuro, a noite não tinha lua nem estrelas e tudo parecia ser um imenso breu. Enquanto isso, Draco se perguntava porque raios não tinha amarrado a maca na vassoura de Gina, ao menos não poderia se jogar no meio da batalha.
O mais complicado da viagem foi aterrissar com o menor impacto possível. Entraram no casarão, Draco com a menina no colo, Caillean os esperava logo no hall.
- Eu vi que vocês viriam. Eu ouvi o pedido de socorro dela. Ah, Draco...
Ela virou de costas e os dois a seguiram até o segundo andar, onde abriu uma porta e mandou deitarem a menina. O quarto tinha fotos de Eilan e de seus amigos, alguns bibelôs e outras coisas mais.
- Ela vai ficar bem? – perguntou Colin, muito pálido.
- Ela vai ficar bem, sim, eu não sei o bebê.
Quando sua avó o encarou Draco sentiu sua pele queimar mas tentou disfarçar, mantendo o rosto impassível. Era difícil saber se aquele olhar de reprovação era mais pela gravidez da menina ou pelo fato de ele a ter machucado.
- Vai ficar parado olhando pra mim? Isso não vai adiantar muita coisa Draco. Vá atrás da garota, sei que é isso que você quer fazer... Da Eilan cuido eu, isso não está mais em suas mãos.
Era isso que estava esperando ouvir, caminhou até a porta enquanto via a avó umedecer uma toalha e limpar a perna da menina que sangrava.
- Faça com que os dois fiquem bem, vó – falou parecendo inseguro e amedrontado. – Por favor.
- Eu vou dar o melhor de mim meu filho – ela respondeu, olhando-o preocupada.
Agora Draco devia correr contra o tempo. Tinha que tirar Gina de lá.
Gina desceu da vassoura quase as portas do Salão, o vulto encapuzado e a figura esguia do irmão visíveis. Conhecia aquela voz, conhecia aquela risada maléfica do homem que duelava com Rony, raios vermelhos e amarelos saindo sistematicamente das duas varinhas. Rony tinha um corte feio no supercílio, em contrapartida as vestes do Comensal estavam rasgadas em vários lugares. Aparentemente eles tinham estourado uma janela durante a luta.
O principal erro de Gina foi aparecer primeiro para o Comensal e apenas depois para seu irmão, com medo de que aquilo o fizesse desviar sua atenção. O Comensal se endireitou, olhando para ela sob a máscara. E quando Rony se virou, ainda na defensiva, para ver o que tinha desviado a atenção do adversário deu a chance que precisava para atacar.
Sem pensar duas vezes a grifinória se jogou em cima do irmão, derrubando ambos no chão mas o protegendo da azaração que o outro lançara. A varinha de Rony rolou na grama para além do alcance imediato de suas mãos e ela não conseguia imaginar como sairiam daquela confusão.
- O que você está fazendo aqui?
- Te ouvi gritando... O que ele te fez...?
- Você não deveria estar aqui... – foi a última coisa que ouviu o irmão falar antes de os dois verem cordas começando a prender seus braços e pernas.
- Então... Como dizem por aí Weasleys não nascem eles brotam da terra... – aquela voz arrastada lhe era odiosamente familiar mas não havia a menor possibilidade de pertencer a pessoa em quem estava pensando obsessivamente. – Ao sabemos como são tão podres, vêm todos da terra suja...
- Sujo é você, Malfoy, e sua família suja! – gritou Rony. – Aqui está o que eu acho de você – e cuspiu.
- Tsc tsc tsc... Pobre Weasley… Achei que você tinha aprendido da primeira vez... – Crucio!
Os gritos de Rony penetravam em seus ouvidos de forma ensurdecedora. As lágrimas saíam dos seus olhos sem que ela conseguisse impedir, seus braços fazendo força para se libertar das cordas, completamente desesperada. Parecia que ela mesma sentia a dor da Maldição, e sequer percebeu que estava gritando ofensas para o Comensal ainda mais alto que os gritos de dor que o ruivo soltava.
- Verme nojento! Filho da puta, vagabundo! Porco preconceituoso! – sua voz já arranhava sua garganta sem que ela conseguisse se controlar. – Medíocre incompetente! Desgraçado!
Lúcio deixou de torturar Rony e se virou para a menina amarrada no chão, parecendo surpreso. Levantou lentamente seu capuz, olhando para Gina atentamente. Seu rosto pálido e pontudo era extremamente semelhante ao de Draco, inclusive tinham a mesma cor cinzenta nos olhos e o que doeu mais em Gina foi ver a semelhança do olhar dos dois: era o mesmo olhar que Draco tinha dado a ela mais cedo. Não o olhar sensual que lhe lançava quando estavam sozinhos, nem o olhar ferido de quando o comparara ao seu pai nem o olhar de raiva quando discutiam. Era uma frieza indiferente, quase cruel. Abaixou-se na direção da menina enquanto Rony ainda ofegava preso pelas cordas.
- Ora, ora ora... Se não é a vadiazinha Weasley...
A ruiva sentiu seu rosto queimar de tanta raiva quando ouviu a voz de Lúcio e estremeceu quando ele tocou sua cintura com a ponta dos dedos.
- Mas ainda assim, digna de alguma diversão, Weasley... Meu filho não estava cego, você realmente é bonita... Bonitinha mas ordinária, não é...?
- Vai tomar no cu, Malfoy – respondeu, olhando para ele com nojo.
- Ah... A pobrezinha está irritada, está? – a mão dele passou pelo seu rosto e ela estremeceu de horror. – Tão irritadinha a pobre esfarrapada Weasley... Choramingando pelo amor perdido...
- Seu filho não tem nada de você! – respondeu gratuitamente.
- Você que pensa Weasley... É claro que você só viu o que ele a deixou ver... Você sabe qual é a tarefa dele essa noite? Sabe qual foi a prova de fidelidade que ele prometeu dar ao mestre? Sua cabeça, Weasley... – tornou a acariciar o rosto dela, inclinando o seu até ficarem bem próximos – Sua linda cabecinha...
- Tire as mãos dela - falou um vulto sem capuz atrás deles – pai.
Lúcio se levantou rapidamente, espantado com a interrupção. As duas cabeças platinadas se encararam no escuro e na pouca luz que a escola oferecia aquele ponto do jardim, ao pé da escada, Gina pôde ver a expressão fechada de Draco. Parecia um eterno duelo de olhares, onde o mais forte não desviaria o olhar.
- O que você quis dizer com isso Draco? – perguntou, a sobrancelha esquerda erguida, a varinha apontando para o filho, a voz irritada.
Antes que Draco pudesse responder houve um grande estampido, o som de uma pequena explosão e uma figura pálida como giz caiu no patamar do meio da escada. Não precisou mais do que se erguer para que Lúcio saísse correndo de encontro ao Lord, que parecia inteiro apesar da queda. Em seguida Alvo Dumbledore apareceu emoldurado pelo portal da escola, o rosto lívido com a ira mas não ergueu a mão ou apontou a varinha para ninguém.
Draco viu Bellatrix tentar atacá-lo e ele simplesmente dar um passo para o lado, desviando do feitiço enquanto McGonnagall a acertava com um feitiço estuporante. Enquanto isso seu pai e o Lord das Trevas entravam correndo para dentro da Floresta, longe dos olhares de Dumbledore. Apesar dos esforços dos professores e aurores ali presentes muitos Comensais escapavam entrando correndo na floresta, inclusive um deles levando Bellatrix junto.
- Você está perdido Malfoy! – ouviu a voz de Weasley – Eu vou te entregar, você...
- Cale a boca Rony – reclamou Gina – você não vai falar nada! E você! – Se dirigiu a Draco irritada. – Pode nos soltar?
Ele soltou os dois, a garota ficando rapidamente de pé, batendo nas vestes para tirar a terra, olhando para ele, tensa.
- Como ela está?
- Ela vai ficar bem – respondeu, a voz pesarosa.
- E o bebê? – perguntou, preocupada.
- A senhora Caillean vai fazer o melhor para os dois – respondeu, ainda parecendo incomodado. – Vamos para a Ala Hospitalar, Weasley, vocês dois precisam de cuidados.
Começou a se afastar, deixando que os dois se endireitassem para seguir até a Ala hospitalar, quando ouviu a voz de Gina, distorcida pela rouquidão.
- Obrigado por te-lo mandando ele se afastar de mim.
Ele a encarou, o estômago revirando de tensão.
- Não fiz mais que a minha obrigação... Weasley.
Nota da Autora: Primeiramente, o trecho do início do capítulo, adivinhem só, não pertencem a mim, e adivinhem novamente! Saiu do filme "Lost & Delirious" (Eu vou transformar meus leitores em viciados pelo filme sem ver), eu gostaria de botar então um agradecimento especial para a Srta Lu, que me apresentou L&D, que está lendo essa fic agora (yes!), pelos três meses e tudo mais. Aliás, o capítulo também saiu como presente de aniversário pra moça Flora (Fairfield), embora o capítulo dela que eu estou esperando há tempo ainda esteja beyond the veil. No mais, eu gostaria de agradecer pessoalmente por cada review e juro que vou fazer isso em breve... Preparem suas caixas de e-mail! ^^
