Capítulo 22 – "Eu te amo com tanta paixão quanto eu te odeio"
"Oh God! Did Romeo's hand shed Tybalt's blood? Oh, serpent heart hide with a flowering face! Was ever book containing such vile matter so fairly bound? Oh, that deceit should dwell in such a gorgeous palace! (…) Shall I speak ill of him that is my husband? Oh, my poor Lord, which tongue shall smooth thy name if I thy tree-hours' wife have mangled it? But whyfore, villain, didst thou kill my cousin' ?
(Ah, Deus! A mão de Romeu derramou o sangue de Teobaldo? Ah, coração de serpente oculto por um rosto em flor! Já houve alguma vez um livro contendo um material tão vil tão nobremente encapado? Ah, deveria a decepção habitar tão belo palácio! (...) Deveria eu falar mal dele que é meu esposo? Ah, pobre senhor meu, que língua exaltará seu nome quando eu, sua esposa há três horas, o manchei? Mas porque, vilão, tu mataste meu primo?)
(…)
Juliet: Wilt thou be gone? It's not yet near day. (Vós já estais indo? O dia ainda não se aproxima.)
Romeo: I must be gone and live, or stay and die. (Eu devo ir e viver ou ficar e morrer.)
Juliet: Yon light it's not daylight! I know it, I. It's some meteor the sun exhales to light thee on thy way to Mantua. Therefore stay yet; thou need'st not to be gone. (Esta luz não é a luz do dia! Eu a conheço, eu. É algum meteoro que o sol exala para vos iluminar vosso caminho até Mantua. Portanto, fique aqui; ainda não há necessidade de partir.)
Romeo: Well, let me be taken! Let me be put to death! I have more care to stay then will to go. Come death, and welcome! Juliet wills it so! (Bem, deixe que me prendam! Deixe que me condenem à morte! Maior cuidado tenho em ficar do que desejo de ir! Venha morte, e sê bem-vinda! Julieta assim deseja!)"
Alguma coisa estava muito errada dentro de Gina quando McGonnagall chamou a ela e Rony com uma expressão abatida. Os dois continuavam na Ala Hospitalar, dormindo com poções, assim como Draco. A adrenalina correndo no sangue tinha tornado impossível que muitos descansassem, e mesmo após uma xícara cheia, Harry continuava andando de um lado para o outro em volta dos dois Weasleys. Um pressentimento terrível tomara conta dela enquanto os dois caminhavam em direção a sala de Dumbledore. Não poderia ser o pior: McGonnagall tinha ficado, procurando Hermione, Harry e Draco para irem até lá em seguida.
Mais uma vez, ela teve a impressão de que Dumbledore tinha envelhecido dez anos da noite para o dia. Sua expressão era grave e preocupada, parcialmente entristecida. Havia um exemplar d' O Profeta Diário sobre sua mesinha, mas ela não leu a manchete, encarando firmemente o diretor.
- Queiram se sentar, por favor – e apontou para as cadeiras de frente para sua mesa. A ruiva se sentiu incomodada de ter que se sentar, e viu de relance os retratos de ex-diretores que fingiam dormir. – Receio que as notícias para vocês não sejam nada agradáveis.
- Aconteceu alguma coisa com minha mãe, professor? – perguntou Rony imediatamente.
- Não, Sr. Weasley, sua mãe está bem, na medida do possível – ele encarou os dois sobre os óclinhos de meia-lua, parecendo muito tenso. – Talvez vocês ainda não tenham ficado sabendo, mas ontem no horário de fim de expediente o Ministério da Magia foi atacado por Comensais da Morte.
- Como está papai? – perguntou a menina, se inclinando totalmente sobre a mesa do diretor – Ele não está... Não está... – sua voz não parecia obedecer a seu comando, e era apenas um sussurro ao continuar – morto, está?
- Não, Virginia, graças ao seu irmão. O jovem Percy foi realmente muito corajoso e conseguiu salvar seu pai do pior, mas mesmo assim ele está internado em St. Mungus. No entanto, eu devo informar a vocês que seu irmão não resistiu.
- Como? – perguntou Rony, ficando de pé. – Percy está... Morto? Ele não tinha esse direito! Como ele pode fazer isso conosco?
- Ele agiu de maneira nobre, Ronald – falou Dumbledore, grave.
- Depois de tudo, aquele desgraçado ainda morre? Depois de todas as coisas que ele já tinha feito, como ele pode...
- Rony... Ele não podia fazer nada...
- , eu vou mandar a Madame Pomfrey fazer um bom chá para acalmá-lo. Eu realmente sinto muito, mas nada pode ser feito. Mas o irmão de vocês morreu como um herói.
O peso de tudo aquilo caiu sobre os ombros da grifinória como uma enorme placa de chumbo, a oprimindo profundamente. Ela tinha que ser forte, não podia perder a cabeça.
- Vamos Rony... Vamos...
E acenando a cabeça para o diretor, saiu levando o irmão de volta à Ala Hospitalar. Ela duvidasse que ainda houvesse algo que pudesse dar errado.
Gina saiu andando sem rumo pelos jardins, apesar da forte chuva que caía. Seu alerta, seu sonho, tinha preservado vidas, no entanto Percy tinha morrido. E não só isso: seu pai estava em estado grave, internado. Agora não lhe parecia mais importante o quanto as suas relações com o irmão mais velho estavam estremecidas nos últimos anos: Ele ainda era seu irmão mais velho, sisudo, responsável, ela ainda o amava... E nunca mais o veria vivo. Eles não discutiriam mais durante o jantar, mamãe não inflaria mais o peito e falaria que eles deviam seguir o exemplo dele. Nunca mais.
Com um suspiro que tentava deixar o ar entrar no peito que parecia se oprimir, começou a chorar. As lágrimas se misturavam com os pingos da chuva fria. Provavelmente Rony ficaria preocupado com o sumiço dela... Estaria histérico e achando que a qualquer momento poderia perder a ela também... Não sabia dizer o quanto tempo já estava andando pela grama encharcada quando reparou que seus pés tinham lhe conduzido de volta para dentro.
O que mais lhe preocupava era como sua mãe estaria. Lembrava-se agora com uma clareza perturbadora de como ela chorara quando Percy tinha mandando de volta seu suéter, da expressão de medo, decepção e desgosto em seu rosto quando ele tinha discutido com seu pai e saído da Toca... Ela descia em direção as masmorras, absorta em seus pensamentos e lembranças... Da última vez que encontrara Percy estavam no Ministério, onde Rony iria prestar exame de aparatação... Como ele a cumprimentara friamente quando tinham feito dela monitora... A cara escandalizada dele ao descobrir que ela estava namorando Dino Thomas... A formalidade em sua última carta para dizer que não se intrometeria em seu namoro.
Agora estava acabado. Gina nunca mais o veria vivo. Não ouviria seu tom de voz enquanto repreendia os irmãos pelas brincadeiras, ou a maneira pomposa como ele se dirigia aos menos íntimos. Seu coração se comprimia enquanto ela se encolhia, pequena e indefesa, novamente sentada sob a chuva.
Estava em cima do penhasco, no lugar onde ela e Eilan tinham derramado seu sangue sobre o diário. Raios cortavam o céu repleto de nuvens cinza-chumbo, a claridade difusa, o som das gotas batendo violentamente na pedra, na grama e nas janelas de vidro acima. O barulho era tanto e estava tão imersa em sua própria dor que sequer ouviu a janela atrás de si abrindo.
- Está tentando se afogar?
Apesar de reconhecer a voz à menina não respondeu, e ele se abaixou ao lado dela.
- Fiquei sabendo do seu irmão.
Ela o encarou, muito séria, uma raiva imensa escondida por de trás do olhar castanho.
- Eles são uns animais! O mataram por engano... Ele se jogou na frente do meu pai... Eles queriam era meu pai... – ela respirou fundo, a voz continuando tremula - Não é a primeira vez, sabe? – olhou nos olhos dele, tomando coragem. – Tom tentou matá-lo há dois anos atrás enquanto ele trabalhava pra Ordem da Fênix... Mas agora...
A ruiva virou-se para o outro lado, sacudindo a cabeça cheia de raiva e de desejo de vingança.
- Dumbledore não nos disse nada sobre seu pai – falou Draco, gravemente. – Só disse que ele tinha sido morto quando invadiram o ministério ontem à noite. Ele chamou a mim, Potter e Hermione em sua sala e disse apenas isso. Potter disse que o Lord o chamou de covarde. Não sei como ele poderia, mas...
- Eles têm uma ligação especial – ela respondeu, sucintamente – Agora meu irmão está morto e meu pai está internado por causa dos malditos comensais e de Voldemort! Malditos sejam! Malditos sejam todos eles!
O rapaz não respondeu mas levou automaticamente a mão direita ao braço esquerdo, esfregando-o. O movimento não passou desapercebido à monitora, que se pôs de pé, gritando:
- Vocês o mataram! Você o matou! Confesse, Draco, confesse! Você matou meu irmão e...
- Virginia, eu passei a noite na enfermaria como você! – Ele se levantou, segurando-a pelos ombros. – Por Merlin...
- Mas você é um deles! – Ela deu um passo para trás, se desvencilhando dele - Igualzinho a todos! É um monstro, um desalmado! Acha que as vidas das pessoas são joguinhos para se manipular, acha que tem poder sobre a vida e a morte! E ainda achei que você me amava... E ainda ouvi suas palavras gentis, seu tom amável... Mas era tudo só diversão, não é? Na primeira oportunidade você voltou correndo para as origens como todo bom cachorrinho amestrado! Eu odeio você, Draco Malfoy! EU ODEIO VOCÊ! E odeio sua classe, e odeio suas idéias, e odeio seus poderes, odeio, odeio!
Ela gritava, de frente para o castelo, suas mãos fechadas e apertadas com raiva. Seu rosto estava vermelho e as lágrimas que se misturavam aos pingos grossos da chuva eram tão quentes que pareciam arder. O olhar de Draco era impassível, embora levemente perturbado, como quando eles tinham terminado.
- Você me ama, Virginia.
- Eu te odeio!
- Então diga! Diga alto! Eu odeio você, Draco Malfoy! Diga, ou eu jamais acreditarei.
- Eu – odeio - você! – Ela berrou – Eu odeio você, eu tenho nojo de você, eu odeio, odeio!
- Vamos, diga meu nome, é fácil! – ele incitou. – Eu te odeio, Draco Edward Malfoy! – ele deu um tapinha de leve em seu próprio rosto. – Vamos lá!
- Eu sou apaixonada por você, Draco Edward Malfoy – Ela berrou, o rosto ficando vermelho de tanta raiva. – Eu sou apaixonada por você!
Havia verdade e ira naquela declaração, como se aquilo fosse um veneno suave aos olhos dela, vermelha, arfando. Para Draco aquilo tinha sido muito mais ofensivo que um mero "odeio você".. Porque ele podia sentir a verdade da coisa, podia sentir a palpitação dela que parecia dizer que queria se livrar dele. Do amor por ele. Do amor dele.
Com um movimento brusco ele a puxou para si, apertando-a contra seu corpo e pressionando seus lábios contra os dela. Ela se deixou levar pelo beijo, suas salivas misturadas com lágrimas e chuva, as bocas se esfregando em um ritmo desesperado e raivoso. O ódio apaixonado dela não parecia se esvair, mas se traduzia em um beijo violento, misturando uma dança sensual das línguas com uma força aplicada em seus dentes, mordendo os lábios do rapaz enquanto o beijava, deixando com que o sangue invadisse a boca de ambos. Era um gosto doce para um beijo amargo, e não se impediu de segurar nele como se nada mais importasse no mundo, suas mãos o puxando mais para si pela capa.
Os braços dele passaram por de trás das costas dele a pressionando-o contra ela, fazendo com que ficassem tão próximos que eram capazes de sentir o corpo quente do outro através da roupa. Os lábios mal se separavam entre os beijos enquanto eles resfolegavam e murmuravam coisas sem sentido e não conseguiam se separar. Estavam totalmente tontos de desejo, perdidos do resto do mundo, Gina começou a beijar o pescoço do rapaz enquanto as mãos dele subiam por dentro de sua blusa, até que ela se separou dele, ofegante.
- O que é isso? – ela falou, arfando. – Eu sou só isso? Só diversão, só passatempo, só...
- Claro que não... – ele respondeu febril, tentando se inclinar para tornar a beijá-la mas ela fugiu de seus beijos.
- Porquê? Porque você me quer tanto?
- Eu achei que tinha te ouvido dizer que me ama, que é apaixonada por mim – ele respondeu, começando a ficar irritado. – E achei que você soubesse que é retribuído.
- Sei? Eu não sei de mais nada... O homem que eu achava que me amava não era capaz de quase matar a mãe de seu filho, ou sua melhor amiga, nem era um comensal da morte...
- Eu não sabia que ela estava grávida. Você sabe que não. E Eilan não tem nada a ver com isso...
- Tem tudo a ver com quem você é... Logo, tem a ver com isso...
- Se você acha realmente que é só diversão e que estou te usando, você me avisa, e nós voltamos a ser desconhecidos e rivais.
- É isso que você quer?
- Se é pra eu me arriscar para te salvar e você ficar dizendo que é só diversão, é sim. Eu não vou ser outra pessoa apenas para te agradar. Se você gosta de mim como diz, é da maneira que eu sou.
- E infelizmente, Draco, é sim. Mas eu não consigo acreditar...
- Se depois de tudo que eu disse e fiz você não conseguiu ter certeza disso, eu sinto muito, mas não sei o que vai te fazer ter certeza. É melhor desistir então e sequer tentar voltar.
- Ah, Draco... – Ela se atirou para frente, o enlaçando pela cintura. – Eu estou com tanto medo... Eu tenho tanto medo... Eu não quero que seja só por desejo... Eu quero de amor, eu preciso de amor, eu preciso de carinho, de verdade...
- Estou fazendo o possível... – ele sussurrou.
Os dois se encararam por breves instantes, e os rostos voltaram a se aproximar devagar para finalmente os lábios se tocarem. Havia um certo receio na forma como ele a tocava, na forma como se beijavam, como se houvesse um medo de que tudo pudesse se desfazer como areia em uma ventania. As mãos de Draco acariciavam lentamente o rosto e o pescoço da garota, tão leves e delicados quanto à brisa da primavera, e ela o puxava para perto de si pela cintura.
A grifinória se sentou na grama, as marca das lágrimas ainda no rosto e ele se sentou ao seu lado. Segurou o rosto da menina com as suas mãos, beijando-a mais uma vez, ainda muito delicadamente, enquanto ela tornava a passar os braços pela cintura do rapaz, a chuva insistente os molhando completamente.
Gina se inclinou, apoiando-se em seu cotovelo, os dois se afastando levemente. A testa de ambos estava encostada, os olhos nos olhos, quando ela passou o outro braço por de trás do pescoço dele, o trazendo para perto de si. Os lábios se encontraram mais uma vez, em um beijo mais insistente embora ainda suave, enquanto ela se deitava sobre a grama, com o corpo dele sobre o dela. Suas mãos frias desfizeram o nó da gravata do rapaz, em um desejo cego, e eles se ergueram para desvestir as capas, embora continuassem deitados sobre elas, como se esquecidos da grama, na água, do mundo à sua volta. Ele se inclinou para beijá-la, tocando seus lábios, seu pescoço, sua orelha, sussurrando.
- Eu te amo, Virginia. Eu te amo...
Ela sorria quando ele tornou a erguer a cabeça para olhá-la nos olhos, e em seguida estavam se beijando como não se beijavam desde que estavam realmente juntos. Carinho, certeza e doçura se misturavam a saliva, línguas, o hálito quente tocando o rosto do outro. Draco soltou a gravata da ruiva, seus dedos abrindo os botões da blusa um por um, seguidos por beijos de leve na pele pálida da garota. O tecido encharcado já não escondia a forma do sutiã branco do qual ele se desfez rapidamente, enquanto as mãos dela acariciavam sua cabeça com gentileza.
Passou o rosto contra os seios dela antes de beijar-lhe os mamilos com os lábios entreabertos, provocando arrepios na menina. Se por um lado sentia a boca quente dele, por outro os pingos de chuva gelados molhavam seu corpo. Ele se ocupava em beijar seu corpo enquanto ouvia os suspiros dela em reação, seus dedos percorrendo as pernas dela, ainda bem levemente, como se temesse encostá-la com força demais e ser mal-interpretado. Quando ele tornou a beijar a garota na boca sentiu os dedos dela correndo para abrir sua camisa e depois o puxando de forma à pele de ambos se encostar.
Beijavam-se sem pressa, enquanto ela passeava as mãos pelas costas do rapaz, por vezes mergulhando em seu cabelo. Davam pequenos beijos repetidamente, trocando sorrisos e sussurros, enquanto ele começava a abrir sua saia e ia a desnudando. As mãos pequenas da ruiva tentavam ajudá-lo a tirar sua roupa e a roupa dele, confiante do que estava fazendo.
- Você é a coisa mais importante pra mim, Virginia. E nunca duvide disso.
Ela não respondeu, embora seus olhos brilhassem. Havia um nó incomodo em sua garganta, um alívio inexplicável, uma vontade de apertá-lo contra si até que fossem um só, mas ele se erguera para executar o feitiço que ele jamais voltaria a esquecer.
- Protectus.
O sonserino passou a mão por sua perna, erguendo o lado de seu quadril, olhou o sorriso silencioso dela antes de começar a penetrá-la, tentando ser suave, delicado e gentil, como fora da primeira vez. Movia-se devagar, tornando a se inclinar sobre ela de forma a beijá-la o máximo possível. Beijava seu rosto, seus lábios, seu queixo, seu pescoço, entre suspiros. Gina o abraçava firmemente, o mantendo colado a si, o suor se misturando a chuva que começava a abrandar.
Os dois se mexiam no mesmo ritmo, trêmulos de vontade, sem quererem se separar de maneira nenhuma. Ela respirava cada vez mais alto no ouvido dele, e aquilo o deixava ainda mais excitado, fazendo com que se mexesse mais rápido, no entanto sem perder a gentileza. O corpo de Gina era quente e macio, o ar à sua volta cheirava a terra molhada, e todos seus sentidos pareciam estar mais ligados que o normal.
A ruiva não sentia frio sob o corpo do loiro, sentia o calor do corpo dele, o suor de ambos se misturando, as peles se colando para se soltarem a cada mudança de ritmo. Sua respiração era ofegante, mas ela poderia sentir que ele estava no limite de suas forças, quase satisfeito. Ela queria que aquele momento se prolongasse para sempre, que continuassem sempre tão unidos quanto naquele instante, sem prestar atenção no mundo a sua volta.
Poucos minutos se passaram até que ele finalmente se entregasse, satisfeito, gemendo baixinho perto do ouvido dela, o rosto franzido de prazer. Sentia-se feliz e satisfeito, e podia ver que a garota tinha alegria no olhar e na voz quando falou.
- Não queria que saíssemos daqui nunca.
- Então nós continuamos aqui.
E não se mexeram, resistindo à chuva e ao vento, enquanto se olhavam sem palavras e trocavam beijos longos. Sorriam tempo todo, como se fosse difícil acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.
- Vê que estava falando bobagens?
- Todos os medos do amor são estúpidos – respondeu sorrindo.
- Nunca duvide, Virginia.
- Não se preocupe, nunca mais duvidarei.
E nada no mundo poderia mudar nela a certeza de que amava aquele homem e que iria até o fim do mundo para salvá-lo de si mesmo.
Enquanto participava silenciosamente da reunião dos comensais aquela noite Draco não conseguia deixar de pensar em Gina, na forma como ela falara de tudo aquilo, no seu choro contínuo e seu rosto marcado pela dor da perda. Ele não queria ser responsável por aquilo. Havia muito tempo que ele perdera a certeza do que estava fazendo, mas agora lhe parecia insuportável a idéia de continuar fazendo isso. Voldemort mais uma vez os chamava um a um para lhes passar as instruções sobre o que deveriam fazer na invasão que planejavam para o dia seguinte. Desta vez, Draco tinha certeza: ou seria o fim do Lord, ou seria o fim de Potter. E não haveria um mundo seguro para os amigos do menino-que-sobreviveu caso isso acontecesse.
Quem se importava?
Ele não.
Marin passava o tempo inteiro à sua volta, mas ele ficava o tempo inteiro em silêncio.
- Está preocupada com a vadiazinha fofoqueira?
Virou-se instintivamente para o lado, encarando o rosto debochado de Marin.
- Porque tanto recalque, Madley? – perguntou mal-humorado.
- Ela é uma traidora. Passou para o lado deles, não é?
- Ela está do lado dela mesma.
- Ah, sim, esqueci, você a canonizou, não é mesmo? – falou sarcástica. – Mas se ela está no hospital, a culpa é dela. Se tivesse feito as coisas da maneira certa...
- O que você quer dizer com isso, Madley?
- Eu falei a ela para beber a poção para o sangue descer. Nada disso teria acontecido, se ela tivesse tomado o cálice todo.
- O quê? – ele falou, a segurando pelo braço. – Você tentou induzi-la a abortar?
- Qual o problema? – falou sonsamente. – Ninguém quer essa criança, quer?
- Eu quero, Madley – ele falou firme, a fúria transparecendo em seu rosto. – Com que direito...
- Não é seu corpo! Por isso que você quer! Você só vai precisar dar algum dinheiro e...
- Você não sabe de nada! – ele a soltou, a empurrando de forma que ela caiu no chão. Ele saiu andando em passos largos na direção do Lord.
- Draco – falou, com sua voz fria. – Você foi incapaz de pegar a menina Avery da última vez. O que houve? Se apiedou?
- Sinto muito, Mestre.
- Devo dizer, Malfoy, que eu não aprovo a piedade – ele falou, sorrindo odiosamente. – O que você pode dizer para se defender?
- A menina Avery está esperando um filho meu, Mestre – falou, sem encarar seu pai e Avery que estavam ao lado do Lord. – Não achei que seria certo oferecer o meu filho em sacrifício pelos erros da mãe desmiolada que tem.
- Posso saber como é que você conseguiu engravidá-la se realmente a acha uma desmiolada?
Draco levantou os olhos antes de responder.
- Para essas coisas, Mestre, o senhor sabe que basta ter um rosto bonito, um corpo bem-feito, metade da prática dela e qualquer um perde a cabeça.
Foi um prazer ver a raiva no olhar de Avery enquanto o Lord ria da resposta.
- Você vai ficar na retaguarda, Malfoy. Espero não me decepcionar com você.
- Isso não vai acontecer.
- Volte pra debaixo das barbas antes que ele perceba sua ausência... Ele não deve desconfiar do que o espera.
Draco sabia o que devia fazer. Assim que pôs os pés dentro do castelo se dirigiu ao escritório de Dumbledore. Havia um grande número de vozes falando, mas quando ele abriu a porta, tudo mergulhou no silêncio.
- Senhor Malfoy... Eu estava me perguntando quando você viria.
- Professor... Eu tenho algo para falar para o senhor.
N/A: Ainda preciso dizer que o trecho do inicio do capítulo não é meu? *risos* Eu peguei o trecho de Romeu e Julieta da legenda do DVD, e traduzi livremente, baseada nas legendas do mesmo DVD. ^^ Esse capítulo é totalmente pra ele... Porque foi ele que me inspirou, tanto na raiva quanto no amor... "And that's when making up sounds better"… ^^
