Harry Potter e a Ligação Silenciosa

Capítulo IX – Grifinória x Corvinal

Uma semana depois, na véspera do jogo contra a Corvinal, Hermione novamente cuspiu o suco de abóbora enquanto lia o Profeta Diário, e desta vez quem conseguiu se desviar foi Rony.

_Meu Deus..._disse ele._O que foi dessa vez?

_Vocês lembram de quando o Fudge veio aqui, querendo falar com o Dumbledore?_disse ela.

_Lembro._dissera Harry, Catherina e Rony em uníssono.

_Pois é... Leiam isso.

CORNÉLIO FUDGE MORRE EM COMBATE COM O LORD DAS TREVAS

É com muito pesar que noticiamos o falecimento do sr. Cornélio Fudge, o Ministro da Magia. Ontem sua casa foi invadida por ninguém menos senão Você- Sabe-Quem, que duelou com o Ministro até matá-lo. Ele estava sozinho em casa, já que sua família havia viajado para a Austrália, justamente devido à volta de Você-Sabe-Quem. Um toque pitoresco e sinistro deixado pelo Lord das Trevas no lugar do assassinato (além da Marca Negra, claro) foi uma mensagem em fumaça verde que dizia: "Tragam o Supraforce até mim".

Harry, Rony e Hermione imediatamente olharam para Catherina, que estava tremendo ligeiramente. Fora eles, apenas alguns professores que liam o jornal sabiam da história do broche e de seu nome. De resto, todos os alunos ignoraram este ponto da notícia.

_O que ele quer com o Supraforce?_foi o que ela conseguiu balbuciar._ Ele já tem tanto poder, pra quê precisa disso? Por que, droga, ele quer me matar? Por que sou tão importante?

Harry olhou preocupado para a mesa dos professores, e viu Dumbledore. O diretor, que também o olhava, levantou-se e Harry foi atrás dele.

_Ei, Harry, aonde você vai? Em dez minutos temos História da Magia!_disse Rony.

_Já volto._disse Harry._ Agora sim, vou falar com Dumbledore.

Harry seguiu o diretor até a gárgula que guardava sua sala.

_Pastilhas de hortelã!

A gárgula saltou para o lado, e Harry entrou atrás de Dumbledore.

_Pode se sentar, Harry._disse o diretor, sentando-se também._Acho que tenho muito o que dizer, não é?

Harry fez que sim com a cabeça.

_Sirius me manda corujas quase sempre, me contando sobre os pesadelos e, ultimamente, sobre Catherina McFisher, a sua amiga. O que ela não conhece é o tamanho de sua árvore genealógica.

Harry franziu a testa.

_Além de Rogério Toldo, há mais um bruxo conhecido na família. E esse bruxo sou eu.

_O senhor é parente da Catherina?_estranhou Harry.

_Sim, é isso mesmo. Ela é filha de Pedro McFisher, que, por sua vez, é filho de George McFisher e Emily Dumbledore, que era minha irmã. Eu sou tio- avô dela.

_Que família ela tem._Harry murmurou.

_Pois é. Mas ainda tem mais: seu padrinho Sirius Black, é irmão de Laura McFisher, a mãe de Catherina.

Harry mal podia acreditar. Ela tinha a família mais famosa que ele já vira.

_Por que ela não sabe disso?_disse ele.

_A família dela é muito grande, tem várias ramificações. Ela não podia conhecer tudo.

_E... O senhor sabe por que Voldemort quer tanto matá-la?

_Infelizmente não, Harry. A Ordem da Fênix está buscando informações sobre algo que possa ligá-la à queda de Voldemort, assim como foi no seu sonho.

_O senhor estava com a Ordem da Fênix quando Fudge e eu quisemos falar com o senhor?

_Sim, Harry. Como aposto que soube do ataque a Percy Weasley, deve estar percebendo que realmente conseguimos evitar algumas mortes. Mas o que você queria me contar naquele dia?

Harry contou o último pesadelo que tivera, e de como Catherina lhe dissera que também teve o mesmo sonho.

_Vocês dois tiveram o mesmo sonho no qual ela duelava com Voldemort e morria?_perguntou Dumbledore, por fim.

Harry confirmou.

_Francamente, eu não sei o que dizer sobre isso, Harry, já que você sempre sonhou coisas reais.

_Será que ela também tem um elo com Voldemort?

_Não posso afirmar nada com certeza, Harry, mas é possível. Eu tenho apenas uma suspeita. Sua mãe o protegeu com um Feitiço da Vida realmente poderoso, mas talvez ainda não o protegesse tanto, afinal, Voldemort era considerado imortal. Talvez até você e Catherina sejam conhecidos desde bebês, mas isso é apenas uma hipótese.

_Sobre a Ordem da Fênix, professor, eu... Eu poderia entrar?

_Sirius e eu achamos muito arriscado que vocês entrem. Digo vocês porque tenho certeza de que Rony, Hermione e Catherina também irão querer entrar.

_Mas nós podemos fazer parte?_insistiu Harry.

_Vou me reunir com Lupin, Arabella e Mundungo e depois eu passarei uma resposta, ok?

Isso fez Harry lembrar de Nádia Fletcher.

_Professor... Agora que o senhor mencionou Mundungo Fletcher... Por acaso Nádia Fletcher, da Lufa-Lufa, é filha dele?

_Isso mesmo, Harry. Ela estava em outra escola de magia, na Espanha, creio eu. Este ano ela convenceu Mundungo a transferi-la para Hogwarts. Ele me disse que ela está triste por não ter caído na Grifinória, e andei pensando seriamente em removê-la. Ela está no time de quadribol da Lufa-Lufa, não é?

_Isso aí.

_Talvez no ano que vem eu possa abrir uma exceção, e aí ela vai para a Grifinória. Mais alguma pergunta, Harry?

_Só mais uma _respondeu Harry._ O que a profª Figg é de Arabella?

_Melissa é irmã caçula de Arabella. Ela seria professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas ela andou muito ocupada com a Ordem, com os ataques aos trouxas, que triplicaram. Por isso Melissa assumiu as aulas. Mais alguma coisa?

_Não, professor. Acho que perdi as aulas de História da Magia...

_Não tem problema. Qual é sua próxima matéria?

_Adivinhação.

_Então é melhor você ir indo. Espero ter respondido suas perguntas.

_Obrigado, professor.

Harry atravessou o castelo até a Torre Norte, onde encontrou Rony e Catherina perto do alçapão que daria para a sala da profª Trelawney.

_O que Dumbledore disse?_perguntou Rony.

_Um monte de coisas. Eu conto depois.

Eles entraram na sala, e sentaram-se em pufes do fundo da sala que consistia na lareira acesa e os incensos a queimar.

_Continuando os nossos estudos das grandes videntes _disse a voz etérea da profª Trelawney._, hoje estudaremos a fundadora da Lufa-Lufa, Helga Hufflepuff.

"Como eu já disse, nasce apenas uma vidente a cada cinqüenta anos, e ela foi uma das melhores de todos os tempos. Ela fez grandes previsões, e todas se cumpriram. Apenas restam duas previsões, nunca entendidas. E isso será a tarefa de hoje. Quero que pesquisem na biblioteca essas duas previsões e façam uma redação sobre a que estas previsões podem estar se referindo."

_Morcega velha, morcega velha, morcega velha._ xingou Rony, na saída da aula._ Vamos ter que inventar de novo.

Parvati e Lilá passaram por eles, conversando.

_Puxa, será que eu sou uma vidente?_disse Lilá, entusiasmada._ Andei tendo uns sonhos tão estranhos ultimamente!

_Ah, me poupe _disse Catherina, depois que elas passaram._ "Será que eu sou a vidente dessa geração?"_imitou, mudando a voz.

_Pobres iludidas._brincou Harry._ Aposto como você é a vidente desses cinqüenta anos.

_Nem tanto._desconversou Catherina.

_Bom, eu vou indo pro treino._anunciou Rony._ É o último antes do jogo contra a Corvinal. Você já vem, Harry?

_Ahã._murmurou Harry._Vou pegar a minha Firebolt.

_Beeeeem-vindos novamente à Copa Intercasas de Quadribol de Hogwarts!_irradiou Lino Jordan, no dia seguinte._ O jogo de hoje... Grifinória versus Corvinal! A Grifinória vem de uma vitória incrível sobre a Lufa-Lufa, enquanto a Corvinal vem de uma derrota esmagadora contra a Sonserina...

_Jordan!_interrompeu McGonagall.

_Desculpe, professora... Mas isso pode não ditar o resultado do jogo de hoje, é claro! E aí vem o time da Corvinal! Stebbins, Patil, Douglas, Swift, Band, Vascleby e... Chang!

Os sete borrões azuis correspondentes ao time de quadribol da Corvinal saíram dos vestiários e voaram pelo campo, sob aplausos da platéia.

_E o ibrilhante /itime da Grifinória chega! Weasley, Spinnet, Johnson, Bell, Weasley, Weasley e... Potter!

O time da Grifinória entrou em campo sob mais ruidosos aplausos ainda.

Harry tomou posição e ficou de frente com Cho Chang. Eles se encararam por instantes e ela sorriu com ternura.

_Madame Hooch vai ao centro do campo para liberar a goles, os balaços e o pomo de ouro e... Começa o jogo!

"Douglas passa para Swift, que perde para Johnson... Ela passa para Bell que passa para Spinnet e... Defesa de Stebbins! Patil com a goles, passa para Douglas que perde graças ao balaço de Jorge Weasley... Bell com a goles, passa para Johnson e... DEZ PONTOS PARA A GRIFINÓRIA!"

O estádio vibrou com o gol de Angelina.

"Douglas com a goles, Patil agora, devolve para Douglas que avança e... DEZ PONTOS PARA A CORVINAL!"

Harry observou Cho comemorar e voltar à procura do pomo.

"Lá vai Spinnet com a goles, desvia do balaço de Band, passa para Bell... Patil toma, mas perde para Johnson, que avança e... VINTE PONTOS PARA A GRIFINÓRIA!"

O jogo estava equilibradíssimo; quando a Grifinória fazia um gol, a Corvinal corria atrás do prejuízo e empatava. Observando o jogo, Harry viu um brilho dourado bem na sua frente. O pomo voou para baixo, e logo Harry percebeu que Cho também o notara. Ambos voaram, quase lado a lado. Quando o pomo chegou muito perto do chão, Harry achou que Cho fosse desistir, mas ambos desceram até o chão para recomeçar a subir atrás do pomo.

Foi uma das maiores buscas ao pomo da vida de Harry: ele e Cho ficaram por um bom tempo voando atrás da pequena bolinha dourada, até que, ao passar pela arquibancada, Harry viu de relance Catherina com a mão no Supraforce.

Não passou um minuto para que Cho fosse obrigada a se desviar de um balaço e perder seu caminho. Harry pôs mais força na Firebolt e finalmente sentiu o pomo de ouro entre seus dedos.

_E Potter confere mais CENTO E CINQUENTA PONTOS PARA A GRIFINÓRIA!

Houve toda aquela comemoração de costume, mas Harry não se sentia tão feliz pela vitória como de costume. Depois que o estádio foi se esvaziando, Catherina e Hermione conseguiram chegar até ele e Rony. Harry tentou parecer o mais normal possível. Como o jogo fora à tarde, já escurecia, e eles iam voltando para o castelo quando Harry segurou Catherina e pediu:

_Posso falar com você a sós? Rony, Mione, podem ir indo, a gente já alcança vocês.

Rony e Hermione continuaram seu caminho. Catherina, intrigada, seguiu Harry até a orla da Floresta Proibida.

_O que você tem pra me dizer?_perguntou.

_Eu quero saber por que você interferiu no jogo._respondeu Harry, sério.

Catherina franziu a testa.

_Vi você fazendo um feitiço para que eu ganhasse, Catherina._disse ele._ Por que fez isso? Achou que eu não ganharia sozinho?

_Não fui eu que fiz você ganhar._disse ela._ Eu só dei um empurrãozinho... É meio que inconsciente.

_Você achou que eu ia perder!_exclamou Harry.

_Eu confio em você!_gritou ela._ Há muito tempo que eu faço isso, nem penso mais antes de fazer!

_Pois devia pensar!_retrucou Harry._ Rony é o goleiro da Grifinória por sua causa também, não é?

_Claro que não! Eu fiz aquilo só depois que a Alícia já tinha feito as contas! Eu ponho a mão no Supraforce só pela força do hábito, só pra me sentir mais segura!

_Isso é mentira!_gritou Harry sem pensar.

Aquilo pareceu realmente ter conseguido atingi-la.

_Acha então que estou mentindo pra você?_disse ela, num tom baixo._ Ótimo. Realmente ótimo. Se você soubesse... Mas você é mesmo um cabeça-dura. Por que não vai se consolar dessa briga idiota com a Cho Chang agora? Ela deve estar de braços abertos agora, só te esperando...

Ela deu meia volta e saiu andando com raiva em direção ao castelo.

Dessa vez, Harry não se arrependeu da briga. Que direito tinha ela de interferir com o maldito Supraforce até nos jogos de quadribol? Harry esperou um tempo antes de ir até o castelo, para não dar de cara com ela outra vez.