Harry Potter e a Ligação Silenciosa
Capítulo XI – Por essa ninguém esperava
O tempo continuou a passar lentamente. Os quatro estavam entusiasmados para que chegasse logo a resposta sobre a resposta da Ordem da Fênix. Até aquele momento, Harry, Rony e Hermione tinham sempre agido contra Voldemort, mas sozinhos; a idéia de agora fazerem parte de uma grande organização contra as artes das trevas enchia-os de ansiedade.
Quanto a Nádia e Malfoy, tudo indicava que ele estava realmente apaixonado por ela.
_Mas como exatamente o Malfoy investe em você?_perguntou Mione, na esperança de algum sinal que o acusasse. Nádia ficou ligeiramente vermelha ao responder.
_Bem, ele... Ah, como vou contar?
_Já sei._disse Catherina._Você está com vergonha do Harry e do Rony. OK, senhores Potter e Weasley, queiram nos dar licença.
_Como assim, a Nádia não precisa ter vergonha..._dizia Rony.
_Harry, Rony, TCHAU._disse Hermione, empurrando os dois para longe._Agora você pode falar, Nádia.
_Ah, valeu, Mione._disse ela._ Bem, depois daquele dia que eu o levei até a Sonserina, ele passou a me cumprimentar e me parar pra conversar nos corredores, sempre evitando ao máximo mencionar qualquer um de vocês. Eu já fiz algumas leves insinuações sobre aquela noite, mas ele realmente não se lembra de nada. Em Hogsmeade, não sei se vocês repararam, mas... Ele finalmente tirou aquele gel que dava aquela pinta de vaca lambeu do cabelo e, quando me sentei com ele dali a pouco, ele me disse que era pra mim.
_Eu tô dizendo._disse Catherina._Fizeram lavagem cerebral nele.
_Também ando o estranhando muito._continuou Nádia._Mas acho que ele só é amável comigo porque não sabe que eu faço parte da... Oops, falei demais...
_Nós sabemos que você faz parte da Ordem da Fênix._disse Hermione._Sirius Black nos contou.
_Eu não sabia._disse Nádia._O sr. Black é boa pessoa, não é? Eu soube da inocência dele há algum tempo.
_Escuta, Ná, e o Malfoy já demonstrou que gosta de você?_deixou escapar Catherina, fazendo Nádia ficar mais vermelha.
_Ahã, ele... Ele marcou em encontro comigo.
_Não nos fale quando vai ser, Nádia, senão vamos acabar indo espiar._brincou Hermione._ Agora, pode ser sincera com a gente: você está interessada no Malfoy?
_Ah..._respondeu Nádia, ficando agora totalmente vermelha._ Eu... Acho que estou...
Hermione já se preparava para protestar e fazer tudo que se lembrasse, mas Catherina falou primeiro:
_OK, Ná, não precisa ter vergonha por gostar dele. Só tome muito cuidado, pois você sabe que ele já matou Warbeck.
Dali a pouco, Nádia voltou à Lufa-Lufa.
_Agora eu pensei numa coisa._disse Catherina._ Dumbledore vai saber que Malfoy matou Warbeck, me controlou com a Imperius e usou a Cruciatus no Warbeck também, e vai expulsá-lo de Hogwarts, no mínimo. Será que mandariam Malfoy para Azkaban?
_Não sei, Catherina._respondeu Hermione, vagamente._Não sei.
Na terça-feira seguinte, várias corujas precipitaram-se sobre Harry, Hermione e Rony, que foi o mais rápido a abrir sua correspondência. Pela terceira vez, o suco de abóbora foi cuspido, e pela terceira vez, Catherina conseguiu se desviar a tempo.
_Rony, eu nunca mais sento na sua frente...
_PELAS BARBAS DE MERLIN!
Hermione, que abria o Profeta Diário cuspiu não o suco, mas o leite com pedaços de pão, e foi a vez de Harry se desviar.
_Ei, por acaso vocês combinaram...?
_HARRY, LEIA ISSO!_berrou Mione, mostrando a primeira página do jornal. Catherina esticou o pescoço para ler também.
Arthur Weasley – Novo Ministro da Magia
Finalmente foi feita a escolha para o novo ministro. O escolhido, Arthur Weasley, é casado e tem sete filhos, três trabalhando (um deles, Percy, foi há alguns meses atacado por Você-Sabe-Quem) e quatro em Hogwarts. A cerimônia de recepção do novo Ministro será neste final de semana, com os maiores nomes do Ministério Inglês e de outros países.
"Papai sempre esteve pronto para isso", conta Percy. "Ele sempre deu duro no Ministério e com certeza continuará se esforçando".
"Foi a melhor escolha de poderíamos fazer", diz Amos Diggory. "É um homem de pulso, com espírito de liderança, que saberá nos guiar por estes tortuosos tempos".
_Incrível!_exclamou Harry.
_Parabéns, Rony!_disse Catherina, entusiasmada._Agora você é filho do Ministro da Magia da Inglaterra!
Rony acabou de ler sua carta. Ele ia dizer algo, quando começaram os protestos do sonserinos, que acabaram de ler o jornal.
_É um ultraje!_exclamou Malfoy._ Um amante de trouxas pobretão, Ministro da Magia! É mesmo o fim da picada!
Sem se importar, Rony mostrou sua carta aos colegas, sob a comemoração de Fred, Jorge e Gina, ali próximos.
Rony,
Você já deve saber da boa notícia: seu pai agora é Ministro da Magia!
A cerimônia de recepção será no domingo. Mandei também uma coruja a Dumbledore, ele vai deixar que vocês, Jorge, Fred e Gina venham à festa. Estou perguntando a Alvo se Hermione, Harry e Catherina poderão vir também. Gui e Carlinhos também virão.
Dumbledore avisará a vocês sobre a hora, e mandará um professor trazê-los até a festa.
Cuide-se bem, não me esconda nada e cheque de seus irmãos receberam suas cartas. Aqui em casa estamos todos eufóricos com a promoção de seu pai. Ele não acredita até agora.
Use suas vestes a rigor, querido. Haverá um pequeno baile depois do jantar, nada muito grande.
Espero por você,
Sua Mãe Molly.
_Outro baile!_disse Rony, terminada a leitura._ Não acham que é coisa boa demais de uma só vez?
_Pára tudo!_exclamou Harry, correndo os olhos pela carta recebida por ele._ Tem mais uma boa notícia aqui!
Harry,
Dumbledore fez uma pequena reunião com Remo, Arabella Figg, Mundungo Fletcher e eu sobre a entrada de vocês na Ordem da Fênix. Arabella e eu fomos contra, eu por ser seu padrinho, ela porque achava realmente que está cedo demais para expor vocês a Voldemort. Mas Dumbledore, Aluado e Mundungo acharam que vocês já têm idade suficiente.
O jeito foi me render. A próxima reunião será no sábado, às onze da noite, no escritório de Dumbledore. Haverão outros membros na reunião, mas não todos, já que nem todo mundo pode ir às onze horas numa escola.
Se forem pegos andando em direção à reunião, não lhes serão tirados pontos, foi o que Dumbledore disse. Mas em todo o caso, quero que venham usando a Capa da Invisibilidade.
Até mais,
Sirius.
_Mal posso acreditar._disse Rony.
_Idem._murmurou Hermione._ Finalmente vamos fazer algo de concreto.
Foram então à primeira aula, Trato das Criaturas Mágicas. Hagrid não estava lá, e sim a profª Grubbly-Plank de novo.
Harry não gostava muito da aula dela; como Rony observou muito bem, ela era uma feminista maníaca. Depois de trazer os unicórnios no ano passado, que preferiam o toque feminino, ela apareceu com uma esfinge. Logo Harry pôde notar que era exatamente a mesma que ele encontrara na Terceira Tarefa do Tribruxo.
A profª Grubbly-Plank dividia a escola; as meninas a idolatravam e os meninos não queriam ver a aula dela nem bordada a ouro.
_Quando será que o Hagrid volta?_disse Rony, enquanto iam para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.
_É bom ter uma professora assim de vez em quando._disse Hermione._A esfinge é mesmo legal.
Rony bufou ironicamente, e Harry e Catherina riram.
_Ah, oi Nádia!_cumprimentou Catherina quando já chegavam na sala._Como vai?
_É, bem._ela chamou os quatro mais pra perto._Meu pai me contou que vocês entraram para a Ordem. Sejam bem-vindos.
_Obrigado Nádia._disse Harry._ Estamos felizes por cumprir nossa parte.
Durante o almoço, Harry viu Malfoy aproximar-se da mesa da Lufa-Lufa, e dali a pouco começou a conversar com ninguém menos senão Nádia.
_É gente, ele está mesmo irreconhecível._disse Rony.
_Parece que quem está fazendo a lavagem cerebral nele é a Nádia._disse Harry._ Nesse ritmo, ele vai acabar entrando pra Ordem da Fênix.
Dali a pouco, Malfoy se despediu de Nádia. Antes de se virar para sua mesa, lançou um olhar maquiavélico à mesa da Grifinória. Harry não precisou procurar muito para perceber que quem recebera o olhar fora Morgan.
Durante aquela terça-feira, depois da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, a profª Figg arranjou um jeito de falar com Harry, Catherina, Hermione e Rony.
_Arabella me contou que agora vocês fazem parte da Ordem. Queria dar as boas-vindas por antecipação._disse ela, sorrindo.
_Estamos felizes por termos entrado, professora._assegurou Hermione.
As aulas da tarde eram Poções.
_É bom que tenham trazido os ingredientes para a Poção do Momento._anunciou Snape.
A Poção do Momento estava descrita no último capítulo do livro, e por isso os alunos acharam que só seria vista no fim do ano, como costumava ser. Apenas Hermione trouxera os ingredientes. Ela sempre estava preparada pra tudo.
_Quero ver os ingredientes em suas carteiras agora.
Mione foi a única a realmente dispor os ingredientes na carteira, olhando no livro. Snape observou divertidamente os outros alunos, da Grifinória e da Lufa-Lufa, se entreolharem, extremamente nervosos.
_Onde estão os ingredientes?_perguntou Snape, zombando._ Não trouxeram? Mas que pena... Na aula de hoje a Sonserina demonstrou estar preparada pra tudo, todos os alunos trouxeram sem aviso. Para aprenderem, serão tirados sessenta e cinco pontos de cada Casa.
Os alunos se entreolharam, indignados. Como sempre, Snape estava sendo cruel e injusto, e pra variar, protegia a Sonserina. Ninguém se atrevia a contestar o professor, ou sua Casa perderia mais pontos ainda.
Snape acabou mudando o assunto da aula, afinal de contas já conseguira o que queria.
Depois que a sineta do fim da aula tocou, quase todos os alunos espremeram- se pela porta para sair o mais rápido possível. Disse quase porque Catherina ficou sentada no seu lugar, até que só ficaram ela e Snape na sala de aula.
_Por que não vai logo?_perguntou Snape, com arrogância.
Assegurando-se de que todos os outros alunos já estavam bem longe, ela disse:
_Sua Marca Negra tem ardido muito nos últimos tempos, professor?
Ele tomou um susto que não demonstrou.
_Do que está faland...
_Professor, Rony, Mione, Harry e eu sabemos que o senhor foi um Comensal. E, assim como Dumbledore, não nos importamos em continuar a ser ensinados pelo senhor.
Era meio-verdade; Rony já saiu desconfiando ao saber que Snape fora um Comensal da Morte.
_Por que quer saber da minha Marca?_perguntou ele, ainda rude.
_Por quê? Isso lá é pergunta? Onde Fudge morreu ficou uma mensagem exigindo o meu broche, o meu Supraforce! _ respondeu ela, apertando o adorno em sua roupa._ Todo mundo da escola que sabe do que se trata me olha como se quisesse me mandar de brinde para Voldemort, com broche e tudo!
_Se quer saber se estou espionando os Comensais para Dumbledore _disse Snape, quase cedendo._, não estou tendo nenhum resultado. Nenhum deles confiou em mim, ao saber que protegi Potter e salvei sua vida há quatro anos.
_Ah, professor... O Lord das Trevas não só não confia mais no senhor... Acho que o senhor deve saber que está na lista de pessoas a matar dele.
_Como... Como sabe disso?_disse Snape, mantendo a pose.
_É uma longa história, professor, que começa numa visão no ano passado. Quis dizer isso ao senhor para que tome cuidado com os Comensais e com Voldemort.
_Por que se preocupou em me avisar?_disse Snape, já não conseguindo manter seu tom de voz formal e indiferente.
_O senhor está do nosso lado._respondeu Catherina._ Não podemos nos dar ao luxo de perder ninguém, não é?
Ela já saía da sala quando Snape disse:
_McFisher, espere. Por perder tempo do jantar e andar pelos corredores depois da hora, que é o que vai fazer agora, está de detenção. Quinta- feira, na sala de troféus. Oito da noite.
Catherina riu, com cara de quem já esperava.
_Está bem, professor._sorriu ela.
Depois do jantar, Nádia foi até seu dormitório na Lufa-Lufa, penteou o cabelo, passou perfume e arrumou o uniforme. Por um instante, sentiu-se idiota, afinal estava indo para um encontro a sós com Draco Malfoy, um garoto assumidamente das trevas. Mas agora era tarde, já estava curiosa demais para ver o que Draco queria.
Passou pelo Salão Principal quase vazio e chegou aos jardins. Estava escurecendo, e o sol tingia de vermelho grande parte do céu àquela hora. Nádia começou, apreensiva, a andar pelo gramado com resquícios de neve, até que foi puxada por alguém muito forte e chocou-se de costas contra uma árvore próxima ao lago. E esse alguém era, como você já deve ter imaginado, Draco Malfoy.
_Olá._disse ele, num tom ameaçador._Finalmente você está aqui.
_Draco..._murmurou Nádia, tentando ainda manter uma distância normal entre os dois, sem muito sucesso._ O que... O que você quer?
_Até parece que você não sabe._respondeu ele._ Você sabe muito bem com o quê eu venho sonhando desde aquela noite na biblioteca.
Há algo errado com ele, pensou Nádia, desde quando um Malfoy de apaixona?
_OK, Draco, agora pára com a brincadeira, me solta...
_Mas será que ninguém me leva a sério?_retrucou ele, chegando mais perto e segurando Nádia na árvore, com suas mãos nos ombros dela.
_O que eu quero é algo muito simples._disse ele, bem devagar._Você.
Ela tentou se livrar, tirando as mãos dele dela, mas ele já tinha chegado perto demais.
_Desde aquela noite eu já te achei linda... Mas vi que não era do tipo fácil, não senhor... Muito tímida. Adoro garotas tímidas, Nádia. Em conseqüência...
Ele deixou a voz morrer. E então, pela primeira vez na história, ineditamente, Malfoy olhou para alguém com paixão pura dos olhos. OK, eu desisto, pensou Nádia, sei que estou entrando numa barca furada, mas eu devia ter pensado nisso antes de me...
Malfoy se aproximou pela última vez de Nádia, e, assim que os dois fecharam os olhos, se beijaram. Ela viu todas as preocupações sumirem magicamente de sua cabeça, assim como estava sendo com ele. Enquanto continuavam a se beijar, ele a abraçou pela cintura, e ela passou hesitantemente os braços em torno do pescoço dele.
Até que se apaixonar não é tão ruim assim, pensou Nádia.
Por essa ninguém esperava.
