Harry Potter e a Ligação Silenciosa
Capítulo XIV – Entre tapas e beijos
Às seis da manhã, Catherina foi até a sala comunal, capengando de sono, mas sem conseguir pregar o olho. Quando passou pelo banheiro, mal se reconheceu, seu rosto era só olheiras.
Ela ficou na sala comunal, olhando para o teto, até que Hermione desceu.
--Você conseguiu dormir?--perguntou ela, cautelosamente.
--Nem um pouco.--respondeu Catherina.--Veja só estas olheiras.
--E a lembrança?
--Nunca mais vou esquecer disso. Nem que eu queira.
--Você... Consegue nos contar?
--Creio que sim. Vamos esperar que o Harry e o Rony acordem.
Catherina e Hermione não precisaram ficar muito tempo ali. Em poucos minutos, Harry desceu, puxando Rony (morto de sono, aliás) pelo pulso.
--Eu sabia que vocês já estavam aqui.--disse Harry.
--Não consegui dormir a noite toda.--disse Catherina, exasperada.--Depois da tão esperada lembrança, não consegui mais pregar o olho.
--Vai nos contar?--perguntou Rony, de uma vez.
Catherina respirou fundo e começou a contar, desde a campainha dos Potter a soar até a promessa de Hagrid.
--Por isso ninguém sabia então.--murmurou Rony.
--Incrível a sorte que você deu.--disse Hermione.-- Se não tivesse ido pra baixo da cama, Voldemort teria te visto.
Harry olhou incerto para ela.
--Acho que preciso te agradecer.--disse, vendo a súbita expressão de susto de Catherina.--Afinal, você complementou o feitiço da minha mãe de alguma forma.
--Ainda não acredito no que fiz.--disse Catherina.-- E lembro de como eu vi o que Voldemort queria fazer com você e... Pus a mão no Supraforce. Éramos bastante amigos pelo que lembro, Harry, e tudo o que eu desejei foi que você saísse vivo dali... E, bem, com a energia da sua mãe, isso aconteceu...
--Você quase chorou quando falou da morte da minha mãe.--observou Harry.-- Você gostava muito dela?
--Nossa, muito, Lílian Potter era o máximo, Harry.
--Sabe, gente, acho que deveríamos voltar para a cama.--sugeriu Rony.--Hoje é o coquetel do papai, lembram? O novo Ministro da Magia!
Os outros sorriram.
--Você está certo.--disse Catherina.--Vou ver se consigo...
Depois do café, eles foram para parados por Dumbledore num dos corredores, e ele disse que o coquetel seria às seis da tarde e que seriam levados de chave de portal que deveriam pegar com a profª Melissa Figg. Eles ficaram boa parte do dia jogando alguma coisa, e durante o almoço, Nádia foi conversar com eles:
--Não vejo a hora de chegar amanhã. Vou ser uma grifinória, até que enfim!
--A gente sabia que a sua coragem era bem mais que o suficiente.--disse Hermione.
--O Chapéu Seletor me disse que estava espantado por ter me posto na Lufa- Lufa. Disse que estava sob o domínio e algo mais forte que ele!
As expressões dos quatro de tornaram sérias. Nádia abaixou-se para contar detalhes.
--Ele me disse que sou corajosa demais para ser uma lufa-lufa. Pelo que ele me contou, achei que estava sob a Imperius.
--Mas não é possível!--disse Catherina.-- No dia em que nós duas fomos selecionadas, estávamos apenas nós e Snape na câmara!
Rony imediatamente ia dizer algo, mas Hermione conseguiu ser ainda mais rápida.
--Não vamos começar a suspeitar dele de novo. Pensem bem, ele está sob o Fidelius...
--Isso não o impede de ser um Comensal disfarçado.--disse Rony, acaloradamente.-- Ele tem alguma culpa no cartório dessa vez. Ele amaldiçoou o Chapéu Seletor depois que Catherina saiu, achou melhor separar a Nádia.
--Se fosse esse o caso, ele foi muito burro de deixar Catherina cair na Grifinória, poderia distanciá-la de nós também.--disse Harry.
--Legal, mais um mistério.--disse Nádia.--Ah, gente, só pra constatar: quais são as aulas de amanhã?
--Feitiços, Transformações e Herbologia.--respondeu Hermione, prontamente.
Onde quer que fosse, Nádia sentia um peso na consciência pelo beijo com Malfoy. Ele a procurou algumas vezes depois daquilo, mas ela mostrou-se distante e apreensiva ao mesmo tempo. Com uma atitude nada correspondente à sua personalidade, ele a deixou em paz, sabendo que confundira totalmente a cabeça dela. Ela não havia contado sobre aquilo a ninguém, e tinha vergonha demais para contar para qualquer pessoa. Ela (infelizmente, como pensava) gostava de Draco, e ela percebeu-se sentindo raiva de si mesma. Não sabia o que fazer. Mais de uma vez ela pensou em contar a ele que fazia parte da Ordem da Fênix, mas haviam vários motivos para que mantivesse segredo: ele poderia se aproveitar da informação e ajudaria Voldemort e os Comensais.
"Preciso parar com tudo isso. Agora sou uma grifinória e Draco odeia incondicionalmente todos nós. Preciso me concentrar nos mistérios desse ano", pensou ela.
Hermione e Catherina perceberam de fato, depois de voltarem ao dormitório após o almoço, uma quinta cama. Às três horas elas subiram novamente para começar a arrumação para o coquetel do Ministro. Enquanto Catherina passava um creme trouxa nos cabelos, observava Hermione entretida com o caldeirão onde fervia a Poção Alisante.
--Não há uma poção definitiva para alisar os cabelos?--perguntou ela.
--Haver, há.--respondeu Hermione.-- Mas é muito difícil, e só leva ingredientes tropicais, ou seja, que não há toda a Grã-Bretanha.
--De repente eu posso mandar uma coruja pros meus avós no Brasil e eles mandam...
Hermione não estava prestando atenção.
--O que foi?
--Ah... Nada especial, só pensando em... Em ninguém.
--Sabe de uma coisa, Mione. Você i também /idaria uma péssima vilã. Por que estava pensando no Rony?
Mione olhou-a.
--Caramba, deve ser ótimo ser uma vidente.
--Até o Neville teria adivinhado, Mione. Algum problema no romance de vocês dois?
--Romance? Cathy, do que você está falando?
--O flagrante do Rony dizendo que gosta de você. A sua rejeição ao Krum. O passeio naquela noite, seguido do beijo. Se tudo isso não é um romance muito mal escondido, alguém inverteu o dicionário.
--Como soube do...
--Aí sim usei a tal da "vidência".--mentiu Catherina, que na realidade vira tudo pela janela na sala de troféus.--Mas não desconverse. Qual é o problema?
--Eu sou filha de trouxas, e isso já é um ótimo motivo para que eu seja pega por um Comensal da Morte. Ainda por cima ajudei o Harry a vencer Voldemort todos esses anos... Vou atrair problemas pro Rony.
Catherina riu alto.
--Mione, eu vou fingir que não ouvi isso. Voldemort sabe que o Rony também ajudou o Harry. Todos já temos porque ser mortos por ele! Você está querendo que o gato não veja os ratos dançando bem no seu focinho. E, inclusive, a partir de hoje, o Rony se torna o "filho do Ministro da Magia", e esse é ainda mais um motivo.
--E aí, Rony, já pensou em como vai pedir a Hermione em namoro?--perguntou Harry, quando os dois também subiam para se vestir.
--Não tenho a mínima idéia.--respondeu Rony.--Alguma sugestão?
--Além do tradicional "leve-a para um lugar romântico e em que estejam a sós e seja franco com ela", nada.
--Estou desesperado, Harry. E se alguma coisa der errado? E se ela me rejeitar?
--Pra tirar essa caraminhola escandalosa da sua cabeça, quer saber qual é minha maior preocupação essa noite? Uma palavra pra ela: Voldemort.
--É verdade, Harry! Por Deus, tenho certeza que haverá um ataque! E o meu pai...?
--Tudo indica que ele terá que agir como Ministro antes mesmo de pôr os pés no novo escritório.
--Tem toda razão, Harry... Mas Dumbledore e a Ordem da Fênix devem ter pensado nisso primeiro que nós.
--É claro que pensou, Rony. O amor te transformou mesmo num panaca, hein?-- brincou Harry.-- O seu pai já é parte da Ordem, nós somos, e vai saber quem mais! O lugar vai estar cheio de gente da Ordem!
Rony deu um sorriso humilde.
--Voltando ao assunto meninas... E a Catherina, hein, Harry? Ainda na mesma enrolação?
Harry parou de chofre e olhou o amigo.
--Do que está falando?
--De quem seria senão Catherina Potter... Quero dizer, McFisher. Não sei por que finge pra mim. Não precisa me esconder nada.
Harry continuou parado, agora agradecendo a Deus por ter lhe dado um amigo tão bom.
--O que você quer que eu diga? Você sabe tudo, só de reparar.
--Vocês já se beijaram?
--E por acaso ela deixa? No começo do ano, por duas vezes quase aconteceu, mas depois eu perdi toda a coragem.
--Coragem é o menos importante. O que interessa nesses casos é fazer tudo sem pensar senão você se arrepende no meio do caminho.
--Mas você pensou até demais antes do beijo com a Mione, não acha? Fez meus ouvidos de penico...
--Harry, não mude de assunto! Estávamos falando de você e Cathe...
--Não estávamos falando de nada, Rony.--encerrou Harry, que não agüentava mais o rubor intenso estampado em toda a sua face.-- E estamos dando importância demais aos nossos sentimentos. Voldemort está à solta, matando cada vez mais gente, e isso é incomparável em significância, não acha?
Mas Harry sabia que estava mentindo para ele mesmo.
Às cinco e meia, Harry e Rony estavam na sala comunal, e conversavam com ligeiro nervosismo enquanto esperavam Catherina e Hermione. Desta vez Morgan não estaria lá para atrapalhar tudo... Harry estava ficando doido de ansiedade.
E então elas desceram. Hermione, com um lindo vestido lilás de alças, com os cabelos (alisados) presos parcialmente por uma presilha de prata, deixando soltos os fios de baixo. Usava uma maquiagem noturna, que realçava os olhos e os lábios. Rony ficou encantado como se estivesse vendo-a pela primeira vez na sua vida.
Harry foi tomado de uma sensação de irrealidade quando viu Catherina. Os cabelos negros estavam soltos, incrível e naturalmente lisos. Ela usava um vestido azul-céu que deu a Harry a impressão de estar no próprio.
--Com licença.--disse Harry, brincando.-- Estamos esperando Hermione Granger e Catherina McFisher. Vocês as viram?
--Ah, não estamos tão diferentes assim.--disse Hermione, rindo.
Como ficara combinado, eles foram até a sala da profª Figg, já que ela é que estava com a chave de portal para o coquetel. Ela fez quase o mesmo comentário:
--Nossa, onde estão os meus alunos do quinto ano?
--Escondidos na sua frente.--respondeu Rony, fazendo todos rirem.
A professora mandou que entrassem em sua sala. Em cima da escrivaninha havia um lápis com as pontas comidas.
--A chave de portal para o coquetel.--disse ela.--Será acionada em dois minutos. Peço para que s posicionem.
Quando as garotas estenderam as mãos para tocar na chave de portal, Harry notou que elas tinham as unhas pintadas da cor exata de seus vestidos: lilás e azul.
--Em instantes...--disse a profª Figg, olhando o relógio que ela tinha no pulso.--Três, dois, um... Agora!
Os quatro tocaram o lápis juntos, e Harry sentiu a costumeira fisgada no umbigo de sempre que usava uma chave de portal, seguido de seu corpo girando, até que...
Até que parou, mexendo os braços para não perder o equilíbrio. Ele, Rony, Hermione e Catherina estavam na porta de um grande saguão, com muitos lugares. Estavam ao ar livre, e o lugar, visto de fora, parecia um casarão abandonado. Mas era só olhar para além dos portões para ver que o interior do lugar fora aumentado magicamente, e iluminado com velas flutuantes iguais às de Hogwarts. As mesas estavam forradas de branco, algumas do lado esquerdo com travessas altas de comida de vários tipos e nacionalidades. Harry pensou que tamanha variedade devia ter motivo na presença de algumas figuras internacionais. No meio, haviam mesas redondas para até quatro pessoas, e à direita, uma bela pista de dança que antecedia um palco, naquele momento vazio, a não ser por uma plataforma de discursos.
Só de pôr os pés no lugar, Harry identificou Ludo Bagman, Amos Diggory (que Harry tentou não notar, até), e num aglomerado de três mesas ou mais, os Weasley, sem Arthur. A mãe de Rony viu-os imediatamente.
--Por que demoraram? Fred, Jorge e Gina chegaram há dez minutos... Pegaram a chave de portal com a McGonagall.
--Não foi nada, mãe.--disse Rony.-- Nós pegamos a nossa chave com a profª Figg, foi só isso...
Harry começou a olhar em volta.
--Estamos atrasados?
--Não, meu querido.--respondeu a sra. Weasley.--Daqui a pouco Ludo irá fazer uma declaração inicial... Vamos, sentem-se.
Passaram-se alguns minutos até que Ludo Bagman subisse ao palco, e usando o feitiço Sonorus, ampliou a potência de sua voz.
--Estamos reunidos nessa brilhante noite --começou ele.-- para receber nosso mais novo comandante, o Ministro da Magia... Arthur Weasley!
Como combinado, o sr. Weasley aparatou no palco, ao lado de Bagman. Aplausos soaram de todo o saguão.
--Com o triste falecimento de Cornélio Fudge --continuou Bagman-- O Ministério se reuniu e decidiu que o sr. Weasley aqui era o mais indicado para assumir o cargo. Todos estamos cheios de novas esperanças que nosso Arthur aqui trará mais paz aos nossos lares, posso apostar nisso quanto quiserem.
O discurso de Bagman seguiu, como Harry esperava, cheio de "eu aposto". Durante todo esse tempo, ele desviou o olhar dos gêmeos Weasley que, afinal de contas, não tinham sido pagos até aquela ocasião.
Depois, o sr. Weasley tomou a palavra.
--Meus queridos amigos e colegas --começou ele.-- Agradeço primeiramente pela confiança que estão depositando em mim...
Quanto mais ele falava, Harry notou, mais os olhos da sra. Weasley se enchiam de lágrimas. Enquanto pensava no quão boa era aquela promoção para os Weasley, o olhar de Harry encontrou o do sr. Diggory.
O homem olhava para ele com indisfarçável saudade do filho, já se passara muito tempo, Harry sabia, mas Cedrico era alguém do qual ele nunca esqueceria. Forçou um sorriso encorajador ao sr. Diggory e finalmente ele desviou o olhar.
Depois dos discursos (depois do sr. Weasley, outros homens também discursaram), as mesas com a comida fora liberadas, e um grupo musical que Harry não conhecia subiu ao palco.
--Vamos comer primeiro.--sugeriu a sra. Weasley, que observava o marido vindo na sua direção.--Depois vocês podem aproveitar o baile.
Quando o sr. Weasley chegou ao aglomerado de mesas de sua família, foi cumprimentado por todos. Rony estava duplamente orgulhoso: além do seu pai ser Ministro da Magia, ele fazia parte da Ordem da Fênix.
A noite foi muito agradável; Harry sentiu-se como que de volta à Toca, a conversa estava animada e várias pessoas vieram até aquela mesa, algumas reconhecendo Harry e cumprimentando-o também.
Depois de comer, Rony chamou Hermione, muito discretamente, para dançar. Aproveitando o pretexto de espiá-los, Harry imediatamente convidou Catherina.
--Assim podemos ouvir o Rony pedir a Mione em namoro.--desculpou-se, esperando que funcionasse.
Ela concordou, sorrindo. Finalmente, exclamou Harry por dentro, agora não havia nenhum Morgan por perto para encher a paciência. Abraçou-a suavemente pela cintura, e no mesmo instante notou o rubor crescente no rosto dela, mesmo com as luzes baixas. Apressaram-se a dançar perto de Rony e Hermione.
--...Pois é, Mione, e eu estou morrendo de vergonha de dizer.
--Pode dizer, Rony.--disse ela, tentando colocar tranqüilidade numa voz que na verdade estava totalmente elétrica.
--É que... Eu quero te pedir em namoro. Pronto, falei.
Harry e Catherina se olharam, rindo, mas não tiveram tempo para aproveitar o momento. No instante seguinte, a parede do fundo foi arrebentada, e as pessoas imediatamente começaram a gritar. Quando sua cicatriz começou a doer, ele matou a charada.
--Uma palavra.--disse Harry, sem soltar Catherina.--Voldemort.
Claro, ele não perderia uma chance daquelas de matar tanta gente importante de uma só vez. A música já havia parado, e todos olharam para o tão temido Lord das Trevas, de pé sobre as pedras explodidas da parede.
Harry olhou para Catherina, e ela para ele; os dois eram as últimas pessoas que Voldemort poderia ver ali. Rony e Hermione já haviam virado uma mesa e se entrincheirado atrás; Harry e Catherina se apressaram a se juntar a eles.
--Ora, uma festinha.--eles ouviram Voldemort dizer, fazendo um gesto com a varinha, que obrigou as portas a se fecharem. Agora todos estavam presos ali.-- O "novo Ministro"...
Ele zombava do sr. Weasley, com palavras que não podem ser reproduzidas aqui devido a seu baixo calão. Mesmo que aquela fosse a primeira vez que Rony via Voldemort, Harry viu a raiva crescer no amigo. Por uma fresta, Harry procurou os outros Weasley; os gêmeos e Gina, com a sra. Weasley, estavam num canto, agachados embaixo de uma das mesas com comida. Gui, Carlinhos e Percy estavam junto do pai, e faziam parte do corajoso grupo que sacara as varinhas.
Voldemort ergueu a varinha subitamente: assim como os Comensais haviam feito com os Roberts no ano anterior, ergueu uma mulher de ponta cabeça, desesperada. Ludo Bagman, pelo que Harry observou, estava escondido embaixo do palco, morrendo de medo.
Rony, instintivamente, pegou na mão de Hermione.
--Se acontecer alguma coisa.--disse, tremendo.-- Quero sua resposta.
--Ora, Rony, que idéia! É claro que aceito!--disse Hermione, abraçando-o.
Ao menos uma coisa boa, pensou Harry, olhando em seguida para Catherina.
--Será que ele vai nos descobrir?--disse ele.
--Não sei, Harry.--disse ela, deixando que Harry percebesse que ela tremia.- -Mas se ele matar alguém, eu juro que...
--Ora, ora!--ouviu-se a voz de Voldemort.--Mas que covarde estaria se escondendo naquela mesa...
Ele fez um gesto com a varinha, desmascarando Harry, Rony, Hermione e Catherina. Sua boca sem lábios fez um movimento vagamente parecido com um sorriso.
--Vejam todos que golpe de sorte!--disse ele, observando os quatro se levantarem ao invés de tentarem uma inútil fuga.--Harry Potter... e toda a sua turminha de condenados! Ah, Harry, andei procurando você nestes últimos tempos...
Voldemort ergueu a varinha, apontando-a para Harry. Ele sentiu a mão gelada de Catherina de repente pegar na dele.
--Eu não vou deixar...--disse, muito baixo, e repetindo num grito em seguida.-- Eu não vou deixar!
Os olhos de fendas de Voldemort pousaram sobre o Supraforce preso no vestido dela.
--Mas que golpe de sorte...--disse ele de novo.--O objeto que me trará mais poder ainda e a menina que é culpada por...
Algo estranho que aconteceu interrompeu sua fala. Amos Diggory não agüentou mais ficar parado.
--Ele você não vai matar!-- e lançou um feitiço nos quatro.
Harry sentiu uma daquelas sensações de queda que temos quando estamos prestes a dormir. Quando deu por si, ele, Rony, Hermione e Catherina estavam diante dos territórios de Hogwarts. Diggory havia os aparatado até o mais próximo possível da escola. A partir dali, a aparatação era impossível.
A reação de Rony e Hermione foi bem característica de namorados: um beijo. Harry sentiu-se estranho quando Catherina o abraçou-- ela não podia acreditar que tinha escapado. Harry retribuiu o abraço e passou a mão pelo cabelo dela.
--Eu não acredito que estamos vivos.--disse Hermione, enquanto entravam nos jardins em direção ao castelo; ela andava de mãos dadas com Rony.
--Vamos esperar que agora eles consigam deter Voldemort.--disse Harry.
