Harry Potter e a Ligação Silenciosa
Capítulo XVI – O Desafio das Trevas
Quando eles chegaram na sala comunal da Grifinória, encontraram Hermione sentada numa poltrona, com um grande livro no colo.
--OK, podem começar a me trucidar.--disse ela, quando os viu.
--Pôxa, Mione, só não precisava falar daquele jeito com o Hagrid...--disse Harry.
--Eu sei, eu sei, mas eu perdi o controle dos meus pensamentos... Achei absurda demais aquela situação e falei um monte de coisa sem pensar. Espero que ele me desculpe.
--Isso ele já deve ter feito.--disse Nádia.
--Gente, já acabou, vamos erguer o ânimo.--disse Rony.
Silêncio.
--Bom, já que vocês me deixaram no vácuo e preferem ficar aí, um olhando pra cara do outro, eu vou dormir. Boa noite, Mione-- ele deu um rápido beijo na namorada.-- Boa noite, pessoal.
E subiu.
--Ele tá certo.--disse Hermione, fechando o livro e se levantando.
Um por um, eles foram dormir, para esquecer aquele climinha chato.
Na sexta-feira era o treino de quadribol. Hermione não foi treinar, mas Nádia e Catherina acabaram indo tentar.
Alícia estava rodeada de alunos que perguntavam sobre o funcionamento naquele treino, e só dali a uns dez minutos ela conseguiu pôr ordem no lugar.
--No ano que vem, todas as posições estarão vagas, menos as de apanhador e goleiro.--disse ela, em voz alta.--Por isso, vamos montar um time reserva antes da final contra a Sonserina. Peço para os candidatos a artilheiros fazerem uma fila, e os batedores, outra.
Nádia e Catherina entraram na fila de artilheiros, que estava bem maior que a dos batedores.
Rony foi para o gol, e todos os artilheiros tentaram fazer gols nele. O treino dos batedores ficou com Harry, que tinha que desviar dos balaços lançados pelos candidatos. Era uma missão perigosa e bastante dolorida, mas o jeito foi não reclamar a apanhar o mínimo possível. Os gêmeos escolheriam seus substitutos, assim como Angelina, Katie e Alícia, as suas.
Devido ao treino, os grifinórios ganharam permissão para ficar fora do castelo até um pouco depois do normal.
--Muito bem!--disse Alícia, depois que todos já haviam mostrado suas habilidades.--Nós já temos nossas escolhas e vamos apresentá-las agora. Jorge, primeiro você.
Jorge se colocou à frente de Alícia, e era observado pelos candidatos.
--O meu substituto a partir do ano que vem será... Colin Creevey!
A surpresa invadiu boa parte das pessoas ali, inclusive Harry.
--Agora eu falo!--adiantou-se Fred.-- O segundo batedor será... Alex Morgan!
Harry simplesmente i a novidade. Agora teria realmente que agüentar Morgan até nos treinos do time de quadribol! Agora era Angelina quem se adiantara para falar.
--E a primeira nova artilheira da próxima temporada é... Gina Weasley!
--Gina?--exclamou Rony, mal acreditando.-- Gina, a minha irmã!
Aplausos (que também tinham soado para Colin e Morgan) ruidosos para a caçula Weasley encheram o ar. Ela vibrou de alegria, abraçou muitas amigas em volta, dentre elas Nádia e Catherina. Em seguida, Alícia Spinnet anunciou sua substituta:
--A segunda nova artilheira é... Nádia Fletcher!
Nádia começou a pular de felicidade, abraçou Gina, Catherina, e muitas outras pessoas que estavam ali por perto e ela nem conhecia. Só faltava uma artilheira (ou um artilheiro) agora. Muita gente cruzou os dedos, e Catherina controlou-se para não colocar a mão no Supraforce.
--Fechando o time da Grifinória...--disse Katie Bell.-- A última artilheira é...
Os meninos que haviam tentado a posição já começaram a ir embora.
--Catherina McFisher!
Por um instante, a ficha parecia não ter caído. Ela ficou de queixo caído, olhando os colegas à sua volta. Depois pulou, riu, gritou, abraçou Katie com força e agradeceu, abraçou também Nádia, Gina, Rony e --Harry.
--Bem-vinda ao time, Catherina.--cumprimentou ele.
A semana seguinte era a mais temida do ano de todos os alunos do quinto ano de Hogwarts --era chegada a época dos N.O.M.s. Os testes deste ano nivelariam não só o que haviam aprendido naquela temporada letiva, mas também os outros anos.
Os cinco amigos passavam todas as horas livres com revisões e tomando a matéria uns dos outros. Estavam apavorados.
Assim, na exausta terça-feira seguinte (parece que tudo acontece na terça, não é?), que antecedia o primeiro exame dos N.O.M.s, veio o correio coruja. Entre muitas aves, Catherina ficou totalmente paralisada quando avistou uma coruja negra trazendo um envelope cinza. A visão! Era exatamente o que ela previra enquanto ia para a primeira aula de Vidência. Mas ao ver a cena, ela teve certeza de que aquela não poderia ser apenas uma carta de Sirius.
Harry pegou o envelope despreocupadamente. Quando o abriu, Catherina ficou imediatamente com os olhos fora de foco;
--Harry...--disse ela.-- Poderia vir comigo um instante?
Estranhando, Harry foi com ela até um corredor vazio, ainda com o envelope na mão.
--Harry Potter --disse ela, com a voz muito estranha e sombria.-- Isso é um desafio final. Lord Voldemort o desafia para um duelo homem-a-homem. Sem chaves de portal para te salvarem. Pense bem, Potter, e a sua melhor chance de tentar resolver seus problemas de uma vez. Você não agüenta mais mortes, e mesmo que a minha presença não inspire medo em você, você me teme pelos seus amigos. Você me teme por quem carrega o Supraforce. Me teme por... Como você os chama mesmo? Ah, sim: Nádia, Rony e Hermione. Estarei na Câmara Secreta, no dia 24 de junho, à meia-noite. Sugiro que venha, pois caso contrário invadirei a escola, e falo sério, pois não temo nenhum Dumbledore. Até lá.
E ela desmaiou.
Harry, atônito, viu o envelope cinza se esfacelar nos seus dedos.
Era exatamente o que ele precisava, bem na véspera das provas. Um desafio de Voldemort. Legal. Além de idiota, aquele vilão devia estar ficando gagá. Como ele entraria em Hogwarts e chegaria até a Câmara Secreta sem ser visto por ninguém? Dali a pouco, Catherina acordou, sem se lembrar de nada. Harry deu um jeito de disfarçar e distraí-la para que esquecesse que de repente acordara sozinha com ele num corredor deserto. Do nada, Harry percebeu um vulto, que o deixou com medo de que mais alguém tivesse ouvido.
Era Nádia, que fugia para não ser flagrada por ele enquanto espionava.
No caminho de volta para o Salão Principal, a voz de Hermione soou em sua cabeça: "Ah... Nádia? Não é o máximo? Consegui fazer Telepatia! Faz mais ou menos uma semana que eu estou tentando, e finalmente deu certo!". É, pensou Nádia, realmente ainda não inventaram um feitiço que a Hermione não consiga fazer. Respondeu: "Adorei a novidade! Estou voltando aí num instante".
--Não é ótimo?--comemorou Hermione, vendo Nádia chegar.--Inclusive, você alcançou os dois?
--Não.--mentiu Nádia.-- Perdi-os de vista.
Quando Harry voltou à mesa com Catherina, deu uma desculpa qualquer e mudou de assunto. Durante toda a aula de Trato das Criaturas Mágicas (os serpeni haviam dobrado de tamanho assustadoramente), ficou pensando no desafio doido que Voldemort lançara. O que o fizera pensar que Harry não contaria tudo a Dumbledore para que toda a Ordem da Fênix se mobilizasse na Câmara Secreta?
Sem conseguir tirar isso da cabeça, Harry foi depois com os colegas para a última aula de Defesa Contra as Artes antes do teste. E, como você pode se lembrar, o último capítulo do livro era "O menino que sobreviveu", sobre Harry.
--Hoje vamos abrir os livros no último capítulo...--disse a profª Figg.
O texto do livro falava superficialmente do ataque de Voldemort --tratado no livro como Lord das Trevas-- aos Potter, de como Harry sobrevivera ao "Avada Kedavra" e um bom número de depoimentos de especialistas em feitiços, mas nenhum deles estava certo.
--Agora, Harry --disse a profª Figg.--, eu gostaria de pedir para que você contasse para a classe alguma coisa sobre... Bem, você sabe.
Harry não soube o que contar.
--Professora, o que... O eu devo falar?
--Se você não quiser dizer nada... Tudo bem.
Ele olhou em volta. Felizmente, a companhia daquela aula era a Corvinal.
--Bem... Tudo o que eu sei é que eu só sobrevivi por causa de um Feitiço da Vida que a minha mãe me lançou, e também por...
Catherina deu um discreto beliscão nas costas dele.
--Por... Por nada.
Para esclarecer o que Harry dissera, a profª Figg falou sobre o Feitiço da Vida. E, de repente, no meio de uma frase, a professora parou do nada. Em seguida, pediu licença e saiu da sala.
--Uma previsão.--murmurou Nádia.-- Deve estar formulando.
Em quinze minutos, a professora voltou, com uma perplexidade controlada bem visível em seu rosto. Depois da aula, ela segurou Catherina.
--Acho que ela vai mostrar a previsão pra Cathy.--opinou Rony, enquanto iam para o almoço.
--Deve ser.--disse Harry, pensando tanto no tal desafio que até não prestava atenção na conversa nem na atitude da profª Figg.
Dali a pouco, Catherina voltou, com a mesma expressão da professora quando voltou para a classe.
Uma das coisas mais apavorantes que Harry já viu em toda a sua vida foram os exames dos N.O.M.s. Em Feitiços, ele percebeu-se tentando lembrar perfeitamente da palavra do Feitiço para Levitar. Rony saiu do exame de História da Magia suando frio. Hermione respondeu todos os testes sem que passasse dois minutos pensando na mesma questão.
No dia vinte de junho, chegou carta de Sirius.
Harry,
Só estou escrevendo para avisar a data da próxima reunião da Ordem da Fênix. Vai ser dia 24 de junho, à meia-noite, de novo no escritório do Dumbledore.
Sirius.
Era realmente tudo o que Harry desejava: a Ordem e o desafio eram justamente no mesmo dia e na mesma hora. Bom, melhor assim, pensou Harry, desse jeito é só avisar todo mundo na horinha da reunião e então todos descem à Câmara para liquidar Voldemort de uma vez por todas. Ele não poderia desaparatar, e todo o número de bruxos que estaria ali o prenderia com facilidade.
Nádia observava Harry com todo o cuidado e era a única que percebeu a verdadeira reação dele à carta do padrinho. Se ele demonstrasse qualquer inclinação a ir ao desafio, ela iria atrás dele. Só faltava descobrir onde era a Câmara Secreta...
Em meio à confusão do sonho, Harry percebeu a figura de Voldemort.
--Ora, Potter, acha mesmo que eu não sei dessa sua idéia de me pegar na Câmara? Você verá, já providenciei um novo feitiço... Eu não sairei derrubado da Câmara. Depois de matar você, pegarei o Supraforce, pois nós dois sabemos que alguém ficará totalmente fraca ao ver seu corpo morto, Harry... Aí então atacarei a escola. Não adianta levar a Ordem e seus amantes de trouxas, já pensei em tudo. Agora... Acorde.
E Harry acordou.
O sonho deixara-o sem saber o que fazer. Voldemort agora podia entrar em seus sonhos. Mas... Por que ele o avisaria sobre seu plano? Decerto era para convencê-lo a ir ao desafio. Talvez estivesse blefando. Harry agora ficara totalmente indeciso; se bem que, caso fosse sozinho, não teria a mínima chance de sair vivo dali.
E o que faria o feitiço que Voldemort dissera ter criado? Podia ser um novo modo de aparatar, uma nova Maldição Imperdoável --coisa boa não era, de jeito nenhum.
No dia vinte e três de junho, véspera da reunião da Ordem da Fênix e do tão incerto desafio, Harry ainda não sabia o que fazer. A final de quadribol contra a Sonserina seria no domingo, último dia em Hogwarts, e os exames terminariam exatamente na sexta-feira 24. Os treinos eram árduos, e os substitutos já faziam muito em campo (o que não agradava em todo a Harry; os ciúmes de Morgan eram dilacerantes). Voltavam de um desses treinos quando Gina fez uma nova tentativa:
--Ah, Harry? Posso falar com você um instantinho?
Harry reparou em sua expressão séria e chamou-a de lado, quando o resto dos times titular e reserva já se afastava.
--Pode falar, Gina.
--É que... Faz um tempo que eu tive um sonho... Não sei se devia levar a sério, mas... Foi o seguinte: Tom apareceu pra mim e...
--Tom?
--É, Harry. Tom Riddle.
--Ah, sim. Continue, por favor.
--E ele me disse que... Que vai atacar Hogwarts, em breve. Ele disse que ia me matar, que ia matar minha família, e todo mundo que eu amasse. Aí eu achei que devia te procurar e contar...
--OK, Gina, obrigado por me avisar. É bom saber que você sabe que pode me contar tudo isso, não precisa ter vergonha.
No mesmo instante, ele decidiu:
"Eu vou enfrentar Voldemort na Câmara Secreta".
--Harry... Eu preciso falar com você.
Nádia. Parecia que tinham tirado o dia para falar com ele.
--Diga.
--Eu sei do desafio ridículo que Voldemort lançou.--Como é?
--Isso aí. Quando vi a Catherina daquele jeito, achei que devia seguir vocês. Depois eu fugi, antes que você me visse. Você não está pensando em ir a este desafio, está?
--De jeito nenhum.--mentiu Harry.--Vou à reunião. Se Voldemort pensar em invadir a escola, toda a Ordem estará aqui.
Na noite do dia 23 para o dia 24, Catherina teve um tremendo arrepio enquanto pensava na reunião da ordem da Fênix. Estranhou a sensação. Do nada, os pensamentos dela voaram àquele estranho dia em que acordara no meio de um corredor deserto com Harry. "Existe alguma relação entre as duas coisas?", perguntou mentalmente, sentando-se na cama. O dossel de seu beliche estava fechado e assim não poderiam ver o que fazia. Pôs os dedos nos lados da cabeça. De repente...
--... Isto é um desafio final. Lord Voldemort o desafia para um duelo homem- a-homem... Você me teme pelos seus amigos... Estarei na Câmara Secreta, no dia 24 de junho, à meia-noite... Sugiro que venha, pois caso contrário atacarei a escola...
Num susto, ela tirou os dedos da cabeça. Meu Deus, pensou, com a personalidade que o Harry tem, ele vai de qualquer jeito. Preciso impedi- lo.
Capítulo XVI – O Desafio das Trevas
Quando eles chegaram na sala comunal da Grifinória, encontraram Hermione sentada numa poltrona, com um grande livro no colo.
--OK, podem começar a me trucidar.--disse ela, quando os viu.
--Pôxa, Mione, só não precisava falar daquele jeito com o Hagrid...--disse Harry.
--Eu sei, eu sei, mas eu perdi o controle dos meus pensamentos... Achei absurda demais aquela situação e falei um monte de coisa sem pensar. Espero que ele me desculpe.
--Isso ele já deve ter feito.--disse Nádia.
--Gente, já acabou, vamos erguer o ânimo.--disse Rony.
Silêncio.
--Bom, já que vocês me deixaram no vácuo e preferem ficar aí, um olhando pra cara do outro, eu vou dormir. Boa noite, Mione-- ele deu um rápido beijo na namorada.-- Boa noite, pessoal.
E subiu.
--Ele tá certo.--disse Hermione, fechando o livro e se levantando.
Um por um, eles foram dormir, para esquecer aquele climinha chato.
Na sexta-feira era o treino de quadribol. Hermione não foi treinar, mas Nádia e Catherina acabaram indo tentar.
Alícia estava rodeada de alunos que perguntavam sobre o funcionamento naquele treino, e só dali a uns dez minutos ela conseguiu pôr ordem no lugar.
--No ano que vem, todas as posições estarão vagas, menos as de apanhador e goleiro.--disse ela, em voz alta.--Por isso, vamos montar um time reserva antes da final contra a Sonserina. Peço para os candidatos a artilheiros fazerem uma fila, e os batedores, outra.
Nádia e Catherina entraram na fila de artilheiros, que estava bem maior que a dos batedores.
Rony foi para o gol, e todos os artilheiros tentaram fazer gols nele. O treino dos batedores ficou com Harry, que tinha que desviar dos balaços lançados pelos candidatos. Era uma missão perigosa e bastante dolorida, mas o jeito foi não reclamar a apanhar o mínimo possível. Os gêmeos escolheriam seus substitutos, assim como Angelina, Katie e Alícia, as suas.
Devido ao treino, os grifinórios ganharam permissão para ficar fora do castelo até um pouco depois do normal.
--Muito bem!--disse Alícia, depois que todos já haviam mostrado suas habilidades.--Nós já temos nossas escolhas e vamos apresentá-las agora. Jorge, primeiro você.
Jorge se colocou à frente de Alícia, e era observado pelos candidatos.
--O meu substituto a partir do ano que vem será... Colin Creevey!
A surpresa invadiu boa parte das pessoas ali, inclusive Harry.
--Agora eu falo!--adiantou-se Fred.-- O segundo batedor será... Alex Morgan!
Harry simplesmente i a novidade. Agora teria realmente que agüentar Morgan até nos treinos do time de quadribol! Agora era Angelina quem se adiantara para falar.
--E a primeira nova artilheira da próxima temporada é... Gina Weasley!
--Gina?--exclamou Rony, mal acreditando.-- Gina, a minha irmã!
Aplausos (que também tinham soado para Colin e Morgan) ruidosos para a caçula Weasley encheram o ar. Ela vibrou de alegria, abraçou muitas amigas em volta, dentre elas Nádia e Catherina. Em seguida, Alícia Spinnet anunciou sua substituta:
--A segunda nova artilheira é... Nádia Fletcher!
Nádia começou a pular de felicidade, abraçou Gina, Catherina, e muitas outras pessoas que estavam ali por perto e ela nem conhecia. Só faltava uma artilheira (ou um artilheiro) agora. Muita gente cruzou os dedos, e Catherina controlou-se para não colocar a mão no Supraforce.
--Fechando o time da Grifinória...--disse Katie Bell.-- A última artilheira é...
Os meninos que haviam tentado a posição já começaram a ir embora.
--Catherina McFisher!
Por um instante, a ficha parecia não ter caído. Ela ficou de queixo caído, olhando os colegas à sua volta. Depois pulou, riu, gritou, abraçou Katie com força e agradeceu, abraçou também Nádia, Gina, Rony e --Harry.
--Bem-vinda ao time, Catherina.--cumprimentou ele.
A semana seguinte era a mais temida do ano de todos os alunos do quinto ano de Hogwarts --era chegada a época dos N.O.M.s. Os testes deste ano nivelariam não só o que haviam aprendido naquela temporada letiva, mas também os outros anos.
Os cinco amigos passavam todas as horas livres com revisões e tomando a matéria uns dos outros. Estavam apavorados.
Assim, na exausta terça-feira seguinte (parece que tudo acontece na terça, não é?), que antecedia o primeiro exame dos N.O.M.s, veio o correio coruja. Entre muitas aves, Catherina ficou totalmente paralisada quando avistou uma coruja negra trazendo um envelope cinza. A visão! Era exatamente o que ela previra enquanto ia para a primeira aula de Vidência. Mas ao ver a cena, ela teve certeza de que aquela não poderia ser apenas uma carta de Sirius.
Harry pegou o envelope despreocupadamente. Quando o abriu, Catherina ficou imediatamente com os olhos fora de foco;
--Harry...--disse ela.-- Poderia vir comigo um instante?
Estranhando, Harry foi com ela até um corredor vazio, ainda com o envelope na mão.
--Harry Potter --disse ela, com a voz muito estranha e sombria.-- Isso é um desafio final. Lord Voldemort o desafia para um duelo homem-a-homem. Sem chaves de portal para te salvarem. Pense bem, Potter, e a sua melhor chance de tentar resolver seus problemas de uma vez. Você não agüenta mais mortes, e mesmo que a minha presença não inspire medo em você, você me teme pelos seus amigos. Você me teme por quem carrega o Supraforce. Me teme por... Como você os chama mesmo? Ah, sim: Nádia, Rony e Hermione. Estarei na Câmara Secreta, no dia 24 de junho, à meia-noite. Sugiro que venha, pois caso contrário invadirei a escola, e falo sério, pois não temo nenhum Dumbledore. Até lá.
E ela desmaiou.
Harry, atônito, viu o envelope cinza se esfacelar nos seus dedos.
Era exatamente o que ele precisava, bem na véspera das provas. Um desafio de Voldemort. Legal. Além de idiota, aquele vilão devia estar ficando gagá. Como ele entraria em Hogwarts e chegaria até a Câmara Secreta sem ser visto por ninguém? Dali a pouco, Catherina acordou, sem se lembrar de nada. Harry deu um jeito de disfarçar e distraí-la para que esquecesse que de repente acordara sozinha com ele num corredor deserto. Do nada, Harry percebeu um vulto, que o deixou com medo de que mais alguém tivesse ouvido.
Era Nádia, que fugia para não ser flagrada por ele enquanto espionava.
No caminho de volta para o Salão Principal, a voz de Hermione soou em sua cabeça: "Ah... Nádia? Não é o máximo? Consegui fazer Telepatia! Faz mais ou menos uma semana que eu estou tentando, e finalmente deu certo!". É, pensou Nádia, realmente ainda não inventaram um feitiço que a Hermione não consiga fazer. Respondeu: "Adorei a novidade! Estou voltando aí num instante".
--Não é ótimo?--comemorou Hermione, vendo Nádia chegar.--Inclusive, você alcançou os dois?
--Não.--mentiu Nádia.-- Perdi-os de vista.
Quando Harry voltou à mesa com Catherina, deu uma desculpa qualquer e mudou de assunto. Durante toda a aula de Trato das Criaturas Mágicas (os serpeni haviam dobrado de tamanho assustadoramente), ficou pensando no desafio doido que Voldemort lançara. O que o fizera pensar que Harry não contaria tudo a Dumbledore para que toda a Ordem da Fênix se mobilizasse na Câmara Secreta?
Sem conseguir tirar isso da cabeça, Harry foi depois com os colegas para a última aula de Defesa Contra as Artes antes do teste. E, como você pode se lembrar, o último capítulo do livro era "O menino que sobreviveu", sobre Harry.
--Hoje vamos abrir os livros no último capítulo...--disse a profª Figg.
O texto do livro falava superficialmente do ataque de Voldemort --tratado no livro como Lord das Trevas-- aos Potter, de como Harry sobrevivera ao "Avada Kedavra" e um bom número de depoimentos de especialistas em feitiços, mas nenhum deles estava certo.
--Agora, Harry --disse a profª Figg.--, eu gostaria de pedir para que você contasse para a classe alguma coisa sobre... Bem, você sabe.
Harry não soube o que contar.
--Professora, o que... O eu devo falar?
--Se você não quiser dizer nada... Tudo bem.
Ele olhou em volta. Felizmente, a companhia daquela aula era a Corvinal.
--Bem... Tudo o que eu sei é que eu só sobrevivi por causa de um Feitiço da Vida que a minha mãe me lançou, e também por...
Catherina deu um discreto beliscão nas costas dele.
--Por... Por nada.
Para esclarecer o que Harry dissera, a profª Figg falou sobre o Feitiço da Vida. E, de repente, no meio de uma frase, a professora parou do nada. Em seguida, pediu licença e saiu da sala.
--Uma previsão.--murmurou Nádia.-- Deve estar formulando.
Em quinze minutos, a professora voltou, com uma perplexidade controlada bem visível em seu rosto. Depois da aula, ela segurou Catherina.
--Acho que ela vai mostrar a previsão pra Cathy.--opinou Rony, enquanto iam para o almoço.
--Deve ser.--disse Harry, pensando tanto no tal desafio que até não prestava atenção na conversa nem na atitude da profª Figg.
Dali a pouco, Catherina voltou, com a mesma expressão da professora quando voltou para a classe.
Uma das coisas mais apavorantes que Harry já viu em toda a sua vida foram os exames dos N.O.M.s. Em Feitiços, ele percebeu-se tentando lembrar perfeitamente da palavra do Feitiço para Levitar. Rony saiu do exame de História da Magia suando frio. Hermione respondeu todos os testes sem que passasse dois minutos pensando na mesma questão.
No dia vinte de junho, chegou carta de Sirius.
Harry,
Só estou escrevendo para avisar a data da próxima reunião da Ordem da Fênix. Vai ser dia 24 de junho, à meia-noite, de novo no escritório do Dumbledore.
Sirius.
Era realmente tudo o que Harry desejava: a Ordem e o desafio eram justamente no mesmo dia e na mesma hora. Bom, melhor assim, pensou Harry, desse jeito é só avisar todo mundo na horinha da reunião e então todos descem à Câmara para liquidar Voldemort de uma vez por todas. Ele não poderia desaparatar, e todo o número de bruxos que estaria ali o prenderia com facilidade.
Nádia observava Harry com todo o cuidado e era a única que percebeu a verdadeira reação dele à carta do padrinho. Se ele demonstrasse qualquer inclinação a ir ao desafio, ela iria atrás dele. Só faltava descobrir onde era a Câmara Secreta...
Em meio à confusão do sonho, Harry percebeu a figura de Voldemort.
--Ora, Potter, acha mesmo que eu não sei dessa sua idéia de me pegar na Câmara? Você verá, já providenciei um novo feitiço... Eu não sairei derrubado da Câmara. Depois de matar você, pegarei o Supraforce, pois nós dois sabemos que alguém ficará totalmente fraca ao ver seu corpo morto, Harry... Aí então atacarei a escola. Não adianta levar a Ordem e seus amantes de trouxas, já pensei em tudo. Agora... Acorde.
E Harry acordou.
O sonho deixara-o sem saber o que fazer. Voldemort agora podia entrar em seus sonhos. Mas... Por que ele o avisaria sobre seu plano? Decerto era para convencê-lo a ir ao desafio. Talvez estivesse blefando. Harry agora ficara totalmente indeciso; se bem que, caso fosse sozinho, não teria a mínima chance de sair vivo dali.
E o que faria o feitiço que Voldemort dissera ter criado? Podia ser um novo modo de aparatar, uma nova Maldição Imperdoável --coisa boa não era, de jeito nenhum.
No dia vinte e três de junho, véspera da reunião da Ordem da Fênix e do tão incerto desafio, Harry ainda não sabia o que fazer. A final de quadribol contra a Sonserina seria no domingo, último dia em Hogwarts, e os exames terminariam exatamente na sexta-feira 24. Os treinos eram árduos, e os substitutos já faziam muito em campo (o que não agradava em todo a Harry; os ciúmes de Morgan eram dilacerantes). Voltavam de um desses treinos quando Gina fez uma nova tentativa:
--Ah, Harry? Posso falar com você um instantinho?
Harry reparou em sua expressão séria e chamou-a de lado, quando o resto dos times titular e reserva já se afastava.
--Pode falar, Gina.
--É que... Faz um tempo que eu tive um sonho... Não sei se devia levar a sério, mas... Foi o seguinte: Tom apareceu pra mim e...
--Tom?
--É, Harry. Tom Riddle.
--Ah, sim. Continue, por favor.
--E ele me disse que... Que vai atacar Hogwarts, em breve. Ele disse que ia me matar, que ia matar minha família, e todo mundo que eu amasse. Aí eu achei que devia te procurar e contar...
--OK, Gina, obrigado por me avisar. É bom saber que você sabe que pode me contar tudo isso, não precisa ter vergonha.
No mesmo instante, ele decidiu:
"Eu vou enfrentar Voldemort na Câmara Secreta".
--Harry... Eu preciso falar com você.
Nádia. Parecia que tinham tirado o dia para falar com ele.
--Diga.
--Eu sei do desafio ridículo que Voldemort lançou.--Como é?
--Isso aí. Quando vi a Catherina daquele jeito, achei que devia seguir vocês. Depois eu fugi, antes que você me visse. Você não está pensando em ir a este desafio, está?
--De jeito nenhum.--mentiu Harry.--Vou à reunião. Se Voldemort pensar em invadir a escola, toda a Ordem estará aqui.
Na noite do dia 23 para o dia 24, Catherina teve um tremendo arrepio enquanto pensava na reunião da ordem da Fênix. Estranhou a sensação. Do nada, os pensamentos dela voaram àquele estranho dia em que acordara no meio de um corredor deserto com Harry. "Existe alguma relação entre as duas coisas?", perguntou mentalmente, sentando-se na cama. O dossel de seu beliche estava fechado e assim não poderiam ver o que fazia. Pôs os dedos nos lados da cabeça. De repente...
--... Isto é um desafio final. Lord Voldemort o desafia para um duelo homem- a-homem... Você me teme pelos seus amigos... Estarei na Câmara Secreta, no dia 24 de junho, à meia-noite... Sugiro que venha, pois caso contrário atacarei a escola...
Num susto, ela tirou os dedos da cabeça. Meu Deus, pensou, com a personalidade que o Harry tem, ele vai de qualquer jeito. Preciso impedi- lo.
