Harry Potter e a Ligação Silenciosa
Capítulo XVIII – Segredos Revelados
Naquele momento, passou pela cabeça de Harry beijar Catherina novamente, mas vozes vieram do túnel que surgia no banheiro interditado.
--Haaaaaaarry!
Rony, Hermione e Nádia caíram no chão, um em cima do outro.
--Ai! Rony, sai de cima!
--Mione, minha perna vai partir em dois!
--Ui! Nádia, solta o meu cabelo!
--Ops, desculpe, Rony.
--Estamos atrasados.--disse Harry.
--Grande coisa.--disse Rony, se levantando.--Bom, pelo jeito a Catherina já te explicou tudo.
--É. --confirmou ela.-- Todo mundo pronto?
--Vamos indo e seja o que Deus quiser.--disse Nádia.
Seguiram até a outra porta para que Harry teve que repetir "Abra" em língua de cobra. A partir dali, não havia mais volta.
Quase em fila indiana, eles avançaram, Harry à frente, depois Catherina, Hermione, Nádia e Rony. Passaram pelas estátuas de cobras e, à frente da estátua de Slytherin, ele.
Voldemort viu-os se aproximarem em silêncio, e chegou a hora de Harry começar a controlar suas dores na cicatriz. Quando, corajosamente, eles se colocaram lado a lado a uma distância de cinco metros dele, disse:
--Potter, você realmente sabe facilitar as coisas pra mim... Tudo o que eu preciso, com você...
Olhando em volta, de repente Nádia deixou escapar um grito:
--Malfoy!
Ele estava sentado no pé da estátua, a assistir a cena.
--Olá.--disse ele.--Vim assistir de camarote...
--Ele ganhou lugar de honra no show da morte de vocês, porque foi a peça mais importante na execução do meu plano.--disse Voldemort.--Quer contar você mesmo?
--Como o mestre mandar.--respondeu Draco Malfoy.-- Durante as férias, meu pai me contou que eu tivera a sorte de receber uma missão de Lord Voldemort.
"Assim que começassem as aulas, eu deveria ir até o limite dos territórios de Hogwarts, onde encontraria meu mestre. Ali, ele abandonaria seu corpo e entraria no meu, mas isso acabou acontecendo antes mesmo de que começassem as aulas, no dia em que chegamos a Hogwarts. Descendo do Expresso, esperava Crabbe e Goyle, que são lentos como lesmas na marcha à ré, e fui pego por trás. Pela primeira vez, o Lord entrou em meu corpo... Não me lembrei de nada, mas depois disso soube que o Lord me usara para dominar um aluno que soubesse Telepatia, e mandou-o chamar Catherina McFisher.
--O primeiro chamado nas carruagens...--murmurou ela.
--Isso aí.--continuou Malfoy.-- Esse aluno era Jake Warbeck, porque além dele saber Telepatia, não era conhecido. Se eu ou o Lord a chamássemos, ela reconheceria nossa voz.
--O tempo todo, os vultos eram você.--disse Rony.
--Ou eu ou Warbeck. O mestre lançava a Imperius nele, e como é normal, com o tempo ele começou a resistir, até que perdeu sua utilidade e foi morto pelo mestre que habitava meu corpo de novo. No segundo chamado quem lançou o Portaleonus fui eu, ou melhor, o Lord. Ao terceiro ela não atendeu. No outro, Warbeck foi lento demais e não a matou. O plano era matá-la, pegar o broche para entregar ao Lord das Trevas. Depois de matar Warbeck, o mestre resolveu mudar a tática, acionando Morgan.
Susto geral. Malfoy deu um sorriso cúmplice e olhou para Voldemort.
--Eu ataquei a casa dele no verão.--contou o vilão.-- Ele suplicou para que eu não o matasse com sua família, jurou que se tornaria meu seguidor. Antes mesmo de sair dali, marquei-o com a Marca Negra. Devo admitir, meu plano teve algumas falhas, mas o final novamente saiu perfeito.
--Morgan então fingiu gostar de Catherina para...--disse Hermione.
--... Para que ela, beijando-o, tivesse algo de um seguidor meu e eu usasse meu novo feitiço. Uma mistura de Convocatório com a aparatação, eu diria. No início, ele seguiu minhas ordens com exatidão, aproximando-se de vocês com cuidado.
--E na noite do Baile de Natal?--perguntou Harry, raivosa e pausadamente.
--Morgan estava demorando muito para agir, e fui mandado fazer o que ele não fazia. Potter, como sempre, atrapalhou tudo, o maldito Santo Potter.-- disse Malfoy.-- E então percebemos o que causava aquela ineficiência em Morgan. Ele havia se apaixonado de verdade pela McFisher e não queria mais que ela fosse morta. Um, encurralei-o e mandei que a deixasse de lado e andasse logo com aquilo. Mandei um bilhete em verde o ameaçando também. Depois, na detenção que ela cumpriu na sala de troféus, ele tentou outra vez, e chegou literalmente muito perto de seu objetivo. Mas novamente...
--O Santo Potter impediu.--completou Harry.
--Durante a execução do plano, mandei dois sonhos para o meu querido Harry.- -disse Voldemort.--Num deles, eu conseguia matar a portadora do Supraforce. No outro, avisei a ele que se ele aparecesse aqui com a Ordem dos Frouxos, eu estaria preparado. Mandei outro pesadelo para Gina Weasley, que quase possibilitou minha volta há três anos, aqui mesmo... Assim, ela convenceria Potter a vir ao desafio.
--Onde está a parte da Nádia no mistério?--perguntou Catherina rispidamente.--Por que ela não caiu de cara na Grifinória?
--Depois de efetuar o primeiro chamado, permaneci em Malfoy. Eu sabia que a filha de Mundungo Fletcher era uma bruxa poderosa, e já sabia que ela não podia ficar do lado de vocês. Deixei uma Poção Polissuco pronta para substituir o professor que fosse selecioná-la. Quando o traidor do Snape ia abordar Fletcher, usando Malfoy parei-o e, num lugar reservado, estuporei- o. Arranquei um fio de cabelo e me transformei na cópia dele. Selecionei Nádia Fletcher primeiro, com o Chapéu Seletor sob a Imperius, e mandei que a colocasse na Lufa-Lufa. Ela ficou sentada, toda triste, sem coragem de ir Pra fora da câmara. Nisso fui ver o verdadeiro Snape. Ele já estava acordando, e lancei nele um Feitiço de Memória. Depois, antes de me esconder para esperar o fim do efeito da poção, vi que ele selecionou então McFisher.
--Malfoy se apaixonou mesmo pela Nádia?--perguntou Hermione, não no seu tom de pergunta habitual, mas com uma pesada raiva em cada palavra.
--Sim.--respondeu Voldemort.-- Pelos seus serviços, concordei em poupar a vida dela. De vocês cinco, apenas ela sobreviverá.
--Prefiro morrer.--interrompeu Nádia.-- Você me enoja, Malfoy! Alguém como você é totalmente imune ao amor! Tenho vergonha e muito nojo do dia em que você me beijou!
Surpresa geral. Disso nem Voldemort sabia, mas ele não deu importância.
--Eu te odeio, Malfoy!
Ele olhou para o teto, como se não tivesse sido atingido pelas palavras dela, mas admitindo para si mesmo seu efeito. Sem saber o que responder, ficou quieto.
Voldemort pôs a mão nas vestes. Harry sobressaltou-se quando a voz de Catherina soou em sua mente como se ela tivesse falado: "Ele vai pegar a varinha, prepare-se para abaixar...".
--Antes de atacar, Voldemort --disse ela, agora realmente em voz alta.--, você deve saber algo. Você é o herdeiro de Slytherin, o rival de Griffindor, cujo herdeiro é ninguém menos que Harry Potter.
Por essa ninguém esperava; mesmo com o susto que ele próprio tomou, Harry percebeu a mão nas vestes de Voldemort tremer antes de se controlar.
--Assim diz a mais recente Previsão Figg.--finalizou ela.
--Slytherin era o maior dos Quatro.--disse Voldemort.-- E ele provará isso a Griffindor.
--O Chapéu Seletor foi tirado de Godric Griffindor.--disse Harry.-- A Grifinória é marcada pela coragem, e a Sonserina, pela ambição. Griffindor era o maior dos Quatro de Hogwarts.
--Vou lhe mostrar.--replicou Voldemort, sacando a varinha.--Avada Kedavra!
Os cinco se abaixaram imediatamente; a maldição foi longe.
--Obliviate!--bradou Rony, com a primeira palavra que se lembrou (e é claro que Voldemort bloqueou o feitiço).
--Obliviate?--estranharam os outros quatro.
--Já pensaram se ele esquece quem é?--explicou-se o ruivo.
--O duelo é só entre nós dois, Potter.--disse Voldemort, mais esclarecendo do que reclamando de Rony.-- Slytherin contra Griffindor. Os seus outros fãs devem te abandonar.
Com um gesto de varinha, Rony, Hermione, Nádia e Catherina foram jogados cinco metros para trás.
--Por que não chama Dumbledore por Telepatia?--sussurrou Rony.
--Ele está longe demais.--disse Catherina, em voz baixa.-- Talvez a profª Figg...
--Eu chamo.--sussurrou Nádia.
--Curve-se, Potter.--disse Voldemort, exatamente como há um ano.--O seu último duelo precisa ser rigorosamente cumprido...
Harry não tinha medo de Voldemort; pelo menos não agora. De repente, ele foi invadido por uma certeza: Vou sobreviver. Estava na hora de reduzir Voldemort a toda a sua insignificância.
Daquela vez, Harry, ao invés de se curvar, ergueu a varinha e gritou: "Estupefaça!", mas Voldemort cortou o feitiço agilmente com a varinha.
--Isso não se faz, Potter... Seu pai não ia gostar nada disso...
--Você não conheceu meu pai o suficiente.--ponderou Harry.--Senão não teria se atrevido a matá-lo.
--Atrevido-me? Ele podia ser um Griffindor como você, mas não foi nem um pouco difícil matá-lo...
--Cale a boca!--gritou Harry.--Você não vai mais insultar a minha família! Cale essa boca imunda!
Como Harry se sentiu feliz por gritar na cara de seu maior inimigo!
--Insulto quem eu quiser na hora em que eu quiser! Crucio!
Aquela dor dilacerante atingiu Harry de novo, e enquanto seus gritos enchiam a Câmara Secreta, as exclamações indignadas de seus amigos podia ser ouvidas claramente:
--Harry!
--Harry, agüente firme!
--Você é um Griffindor, Harry, força!
--Finite Incantatem!
Harry parou de sentir a Cruciatus. Uma furiosa Catherina segurava a varinha. Voldemort, que sorria, parou.
--Como se atreve...
--Como eu me atrevo?--gritou ela, levantando-se.-- Seu verme nojento, meus pais morreram pela sua varinha!
--Você é ridículo!--berrou Nádia.-- Terá a pior morte de todos os tempos!
--Eu não morrerei nunca.--disse Voldemort, voltando-se para Harry.--Potter, adeus...
--Expelliarmus!
Quando Voldemort já gritava "Avada...", o Feitiço de Desarmamento lançado por Harry jogou sua varinha aos pés da estátua de Slytherin.
Era a chance de Harry. Se ele não o pegasse agora não seria nunca mais. Olhou pra o teto. É claro... "A palavra Max...", "O Feitiço Redutor...".
--Diga adeus à Câmara Secreta!--gritou Harry, apontando sua varinha para o teto.--Max Reducto!
O Feitiço Redutor, que explodia coisas, atingiu o teto da Câmara com a potência multiplicada. Voldemort praguejou, gritou, mas quase não era ouvido devido ao tremor do lugar. Pedras grandes começaram a cair.
--CORRAM!--berrou Harry, se virando. Malfoy se levantou, apavorado, e quando os cinco grifinórios fugiram desviando das pedras, ele foi atrás.
A Câmara tremia muito, eles correram até a primeira passagem, que se fechou quando eles passaram. Aquilo não podia ser aberto do lado de dentro. Tomara que seja esmagado, pensou Harry, pelas pedras de seu próprio ancestral...
Quando chegaram ao túnel --Malfoy atrás --, ficaram sem saber como subiriam. Vamos ser soterrados! , berrou Rony, mas quando chegou perto do túnel de repente se sentiu sugado e foi levado para cima.
--Feitiço Sugador.--disse Nádia.--Pedi para a profª Figg colocar no túnel ao invés de ir atrás de nós...
As pedras maiores começavam a passar realmente próximas do alvo, e eles entraram apressadamente no túnel. Harry sentiu-se num escorregador ao contrário, quase como se voasse. Chegando ao fim, foi impulsionado e caiu de pé no banheiro da Murta-Que-Geme, encontrando Rony e a profª Figg ali. Ela correu e abraçou-o.
--Estão todos vivos?--disse ela, com a voz desesperada.
--Estamos.--disse Harry, aliviado. Ainda não acreditava no que dissera. "Cale essa boca imunda!".
Nádia, Catherina, Hermione e Malfoy também chegaram, um após os outros.
--Você?--estranhou a professora, vendo Malfoy.
Ele ergueu os ombros, sem sequer dizer obrigado por salvar minha vida professora, e saiu do banheiro.
--Todos bem? Andem, há uma ala hospitalar ali esperando por vocês... Quero que me contem o que houve.
Saíram os seis do banheiro, cinco deles totalmente exaustos e uma quase morta de preocupação, e foram até a ala hospitalar.
O lugar estava escuro, e com a varinha a profª Figg acendeu as velas. Cada um dos cinco ocupou uma cama. A luz do quarto vizinho, que estava apagada, acendeu-se e em instantes, Madame Pomfrey chegou.
--O que está havendo aqui?
Cinco biombos se arrastaram. Harry pegou o pijama da ala hospitalar em cima da cama e se trocou, assim como faziam seus amigos naquele momento. Enquanto isso, a profª Figg conversava com a enfermeira.
--Mas outra vez ele?--disse ela.-- Francamente, Potter é muito sortudo, ter sobrevivido mais uma vez...
Os biombos voltaram a seus lugares. Exaustos, eles entraram debaixo das cobertas.
--Vou buscar Poção do Sono pra vocês, esperem um momento...
Harry notou que Rony já havia pegado no sono sem poção mesmo, e quando Madame Pomfrey voltou, Harry bebeu sua Poção e nem dormiu.
Apenas desmaiou.
