NARN VENDENIEL
Capítulo I – A Partida Para o Leste
Aos pés do Taniquetil estava a casa de Fánethar. Ele descendia de Ingwë, mas não era o Senhor dos Vanyar. Naquela casa, cresceu a Senhora Vendeniel.
Vendeniel era a segunda filha de Fánethar. Mais nova alguns minutos do que Amras, seu irmão gêmeo, era altiva e bela; tinha os cabelos longos e levemente ondulados, que desciam como uma cascata suave e dourada, que brilhava ao sol. Os olhos eram tão azuis, azuis como o mais limpo dos céus de verão, e sua pele era macia e muito clara. E como todos os Vanyar, Vendeniel tinha uma visível e brilhante aura prateada. E apesar de sua beleza, era uma guerreira, embora nas terras de Alem Mar não existissem perigos. Ela conviveu com os elfos de Aqualondë, e conhecia as artes da navegação. Conhecia todos os mares que estavam entre a Baía de Eldamar e as Ilhas Encantadas.
Mas agora ela estava indo em direção ao Mahanaxar, o Circulo do Destino dos Valar. Na sua frente, estavam os quatorze Valar. Vendeniel se curvou perante Manwë.
- Eu lhe saúdo, Manwë, Imperador de Arda.
Os Valar olhavam silenciosos para Vendeniel, e ela não conseguiu suportar o olhar deles. Manwë falou: - Posso ver em sua mente que você cogita atravessar os mares. Isso é verdade?
Vendeniel ergueu a cabeça. – Sim, senhor.
- Você sabe qual será o teu destino se fizeres isso? – Perguntou Manwë. Vendeniel não respondeu. – O teu destino será o mesmo que Fëanor e os seus filhos tiveram. Serás banida de Valinor, e obrigada a passar tua eternidade nas Terras que estão à leste do Mar, esperando que apenas a morte te tire de lá, para então viver para sempre nos salões de Mandos.
Vendeniel suspirou. – Deixe-me ao menos explicar os motivos que me levam a pensar nisso. Meu Senhor, há pouco tempo vários navios estão vindo de Lá, os elfos falam de um mal inominado e de um inimigo negro. Eu gostaria de lhe perguntar, grande Manwë, quem é esse inimigo negro?
Mas Manwë não respondeu. Aulë falou em seu lugar. – Criança, o mal que lá existe se chama Sauron. Ele, que foi meu servo por muito tempo, antes de seguir o negro Morgoth, que com seu mal arruinou Númenor, e arruinou parte da Terra Média com seu mal.
- Mas os elfos estão vindo para cá. – disse Vendeniel. – estão fugindo. Se todos os eldar estiverem aqui, em Valinor, quem irá proteger a Terra Média Dele? E se ele não se contentar com o continente dele, resolver nos atacar? Eu não gostaria de ver hordas de orcs, trolls, ou sabe-se lá o que desembarcando aqui, nas nossas praias.
- A Terra Média é problema daqueles que lá vivem. Nós não podemos fazer nada por ela.
- Mas nós não podemos deixar que o mal a cubra.
Então a senhora Varda levantou. – Vendeniel, te darei um conselho, e rogo que o siga. Contente-se com os mares de cá, não vá para lá. Sinto que um destino terrível e uma complicada decisão, que poderá por tudo em jogo, poderá acometer-te, se estiveres lá. Tu anseias muito guerrear, queres ir para a guerra, mas eu peço que não cedas a essa vontade.
Vendeniel ficou quieta por um tempo. Então ergueu a cabeça. – Mesmo assim, Senhora, eu desejo ir, apesar das palavras de todos vocês. Vou ajudar o povo do Leste, mesmo que isso me custe nunca mais poder voltar para cá.
- Então, Vendeniel, - disse Manwë – o teu destino será o mesmo que Fëanor teve, a não ser que alguém aqui fale por ti.
Vendeniel olhou para cada um dos Valar. Estavam todos ali – Nessa, Vana, Vairë, Estë, Nienna, Yvanna, Varda, Manwë, Aulë, Ulmo, Namo, Irmo, Oromë e Tulkas. Então a Senhora Verda levantou-se novamente. – Eu falo por Vendeniel, mesmo que eu não queira que ela vá. Ela está disposta a arriscar tudo por aquele povo, e um ato nobre como esse não deve ser esquecido. Que Vendeniel represente os Sete Valar e as sete Valiër na Terra Média.
- Dê-me a sua espada, Vendeniel. – disse Varda. Vendeniel tirou a espada da bainha, e a entregou para a Elentári. A lâmina prateada e bela, que havia sido forjada por Fëanor, antes de Ungoliant e Morgoth destruirem as duas Árvores. Varda passou a mão na espada. – Essa arma tem a minha bênção. Diante dela, todos os inimigos temerão a Senhora Vendeniel, e sentirão a Ira dos Valar. Ela não será quebrada e nem manchada, e nela está a Luz de Valinor.
Manwë olhou gravemente para Varda. – Já que a Senhora Varda fala por Vendeniel, ela poderá ir, e voltará quando quiser. Tu tens a bênção do Oeste.
Yvanna então ergueu-se. – Dou-te também esse anel, Emissária dos Valar, mesmo que ele não tenha nenhum poder mágico, ele representará a força dos Valar, e representará o Bem que é Iluvatar, pois nele está um pouco da luz da Estrela de Eärendil, que ilumina aqueles que estão na escuridão. Que a minha bênção sempre te acompanhe, criança.
- Que assim seja. E a bênção do Oeste sempre estará contigo, enquanto os mares separarem os continentes e enquanto as estrelas brilharem no céu.
Vendeniel viajou até a Casa de seu Pai. Fánethar no início mostrou-se contra a decisão da filha, mas teve que a acatar. Junto com Vendeniel, partiu Amras, seu irmão. Seguindo Amras veio Fingwë, filho da irmã de Fánethar.
Naquele mesmo dia um barco estava sendo preparado: era feito de madeira branca, e a vela era branca, sem nenhum adorno. Muitas pessoas vieram ver a embarcação partir, Eldarin e Maiar. Quando o navio estava distante da costa, Vendeniel ergueu os olhos: as Pelóri, e no alto do Taniquetil uma luz reluziu, esplendorosa, branca e radiante. Elbereth.
"A Elbereth Gilthoniel,
silivren penna míriel
o menel aglar elenath!
Na-chaered palan-díriel
o galadhremmin ennorath,
Fanuilos, le linnathon
nef aear, sí nef aearon!"
Aquelas palavras saíram da boca de Vendeniel sem que ela percebesse. Ela conhecia o significado, era uma canção que os Avari tinham feito para Varda, que à oeste do mar era chamada de Elbereth, a Inflamadora. Varda a tinha salvo de um destino cruel, como o de Fëanor, e Vendeniel devia tudo à Elentari.
- Nem atravessamos os mares e você já chama Varda pela maneira do povo de lá.
- Temo que essa não será a única maneira dos povos de lá que iremos adotar.
Capítulo I – A Partida Para o Leste
Aos pés do Taniquetil estava a casa de Fánethar. Ele descendia de Ingwë, mas não era o Senhor dos Vanyar. Naquela casa, cresceu a Senhora Vendeniel.
Vendeniel era a segunda filha de Fánethar. Mais nova alguns minutos do que Amras, seu irmão gêmeo, era altiva e bela; tinha os cabelos longos e levemente ondulados, que desciam como uma cascata suave e dourada, que brilhava ao sol. Os olhos eram tão azuis, azuis como o mais limpo dos céus de verão, e sua pele era macia e muito clara. E como todos os Vanyar, Vendeniel tinha uma visível e brilhante aura prateada. E apesar de sua beleza, era uma guerreira, embora nas terras de Alem Mar não existissem perigos. Ela conviveu com os elfos de Aqualondë, e conhecia as artes da navegação. Conhecia todos os mares que estavam entre a Baía de Eldamar e as Ilhas Encantadas.
Mas agora ela estava indo em direção ao Mahanaxar, o Circulo do Destino dos Valar. Na sua frente, estavam os quatorze Valar. Vendeniel se curvou perante Manwë.
- Eu lhe saúdo, Manwë, Imperador de Arda.
Os Valar olhavam silenciosos para Vendeniel, e ela não conseguiu suportar o olhar deles. Manwë falou: - Posso ver em sua mente que você cogita atravessar os mares. Isso é verdade?
Vendeniel ergueu a cabeça. – Sim, senhor.
- Você sabe qual será o teu destino se fizeres isso? – Perguntou Manwë. Vendeniel não respondeu. – O teu destino será o mesmo que Fëanor e os seus filhos tiveram. Serás banida de Valinor, e obrigada a passar tua eternidade nas Terras que estão à leste do Mar, esperando que apenas a morte te tire de lá, para então viver para sempre nos salões de Mandos.
Vendeniel suspirou. – Deixe-me ao menos explicar os motivos que me levam a pensar nisso. Meu Senhor, há pouco tempo vários navios estão vindo de Lá, os elfos falam de um mal inominado e de um inimigo negro. Eu gostaria de lhe perguntar, grande Manwë, quem é esse inimigo negro?
Mas Manwë não respondeu. Aulë falou em seu lugar. – Criança, o mal que lá existe se chama Sauron. Ele, que foi meu servo por muito tempo, antes de seguir o negro Morgoth, que com seu mal arruinou Númenor, e arruinou parte da Terra Média com seu mal.
- Mas os elfos estão vindo para cá. – disse Vendeniel. – estão fugindo. Se todos os eldar estiverem aqui, em Valinor, quem irá proteger a Terra Média Dele? E se ele não se contentar com o continente dele, resolver nos atacar? Eu não gostaria de ver hordas de orcs, trolls, ou sabe-se lá o que desembarcando aqui, nas nossas praias.
- A Terra Média é problema daqueles que lá vivem. Nós não podemos fazer nada por ela.
- Mas nós não podemos deixar que o mal a cubra.
Então a senhora Varda levantou. – Vendeniel, te darei um conselho, e rogo que o siga. Contente-se com os mares de cá, não vá para lá. Sinto que um destino terrível e uma complicada decisão, que poderá por tudo em jogo, poderá acometer-te, se estiveres lá. Tu anseias muito guerrear, queres ir para a guerra, mas eu peço que não cedas a essa vontade.
Vendeniel ficou quieta por um tempo. Então ergueu a cabeça. – Mesmo assim, Senhora, eu desejo ir, apesar das palavras de todos vocês. Vou ajudar o povo do Leste, mesmo que isso me custe nunca mais poder voltar para cá.
- Então, Vendeniel, - disse Manwë – o teu destino será o mesmo que Fëanor teve, a não ser que alguém aqui fale por ti.
Vendeniel olhou para cada um dos Valar. Estavam todos ali – Nessa, Vana, Vairë, Estë, Nienna, Yvanna, Varda, Manwë, Aulë, Ulmo, Namo, Irmo, Oromë e Tulkas. Então a Senhora Verda levantou-se novamente. – Eu falo por Vendeniel, mesmo que eu não queira que ela vá. Ela está disposta a arriscar tudo por aquele povo, e um ato nobre como esse não deve ser esquecido. Que Vendeniel represente os Sete Valar e as sete Valiër na Terra Média.
- Dê-me a sua espada, Vendeniel. – disse Varda. Vendeniel tirou a espada da bainha, e a entregou para a Elentári. A lâmina prateada e bela, que havia sido forjada por Fëanor, antes de Ungoliant e Morgoth destruirem as duas Árvores. Varda passou a mão na espada. – Essa arma tem a minha bênção. Diante dela, todos os inimigos temerão a Senhora Vendeniel, e sentirão a Ira dos Valar. Ela não será quebrada e nem manchada, e nela está a Luz de Valinor.
Manwë olhou gravemente para Varda. – Já que a Senhora Varda fala por Vendeniel, ela poderá ir, e voltará quando quiser. Tu tens a bênção do Oeste.
Yvanna então ergueu-se. – Dou-te também esse anel, Emissária dos Valar, mesmo que ele não tenha nenhum poder mágico, ele representará a força dos Valar, e representará o Bem que é Iluvatar, pois nele está um pouco da luz da Estrela de Eärendil, que ilumina aqueles que estão na escuridão. Que a minha bênção sempre te acompanhe, criança.
- Que assim seja. E a bênção do Oeste sempre estará contigo, enquanto os mares separarem os continentes e enquanto as estrelas brilharem no céu.
Vendeniel viajou até a Casa de seu Pai. Fánethar no início mostrou-se contra a decisão da filha, mas teve que a acatar. Junto com Vendeniel, partiu Amras, seu irmão. Seguindo Amras veio Fingwë, filho da irmã de Fánethar.
Naquele mesmo dia um barco estava sendo preparado: era feito de madeira branca, e a vela era branca, sem nenhum adorno. Muitas pessoas vieram ver a embarcação partir, Eldarin e Maiar. Quando o navio estava distante da costa, Vendeniel ergueu os olhos: as Pelóri, e no alto do Taniquetil uma luz reluziu, esplendorosa, branca e radiante. Elbereth.
"A Elbereth Gilthoniel,
silivren penna míriel
o menel aglar elenath!
Na-chaered palan-díriel
o galadhremmin ennorath,
Fanuilos, le linnathon
nef aear, sí nef aearon!"
Aquelas palavras saíram da boca de Vendeniel sem que ela percebesse. Ela conhecia o significado, era uma canção que os Avari tinham feito para Varda, que à oeste do mar era chamada de Elbereth, a Inflamadora. Varda a tinha salvo de um destino cruel, como o de Fëanor, e Vendeniel devia tudo à Elentari.
- Nem atravessamos os mares e você já chama Varda pela maneira do povo de lá.
- Temo que essa não será a única maneira dos povos de lá que iremos adotar.
