Capítulo II – Cavaleiros Negros

Círdan e Galdor olhavam para o horizonte, o mar azul.
- Senhor, sem dúvida alguma, é um navio.
Círdan olhava o mais longe possível. - E se não me engano, Galdor, definitivamente é um barco telerin. Mas o que eles querem atravessando os mares? Da última vez que isso aconteceu...
O Barco branco já estava próximo. Tinha a proa parecida com um cisne, e era todo branco. Havia alguém na proa, alto e louro. Círdan tinha certeza de que podia ver uma aura resplandecente em torno dele.
- São dos vanyar. Os vanyar estão atravessando os mares. Galdor, desça e ajude-os a aportar. Quando desembarcarem traga-os aqui.

Enquanto isso, Vendeniel estava parada na proa. Via maravilhada a Terra Média se aproximando. As imponentes Ered Luin, não mais altas do que as Pelóri, e uma vastidão de terras que ia até onde a vista alcançasse. Amras se pôs ao seu lado. – Chegamos. Espero que essas terras não sejam hostis para nós.
O barco se aproximou do porto, e os elfos cinzentos logo ajudaram a aportar. Um elfo, alto, vestido de cinza, os recebeu.
- Bem vindos! Sou Galdor, e estou aqui para leva-los até Círdan, o Senhor dos Portos. – disse ele em Quenya.
Vendeniel sorriu. – Não é necessário usar o Idioma de Eldamar conosco. Eu aprendi a língua dos sindar e dos atani.
- Então tudo está mais fácil para mim. Agora, gostaria de saber quem vocês são.
Vendeniel mostrou o Anel de Yvanna para Galdor. – Eu sou Vendeniel, filha de Fánethar, emissária dos Valar, e estes são Amras, meu irmão, e Fingwë, meu primo.
Galdor se curvou. – Então, Senhora, siga-me.
O elfo guiou o grupo até um salão, e havia um elfo sentado ali. Aquele era Círdan, o Armador, um dos primeiros Avari. Por ele já haviam passado três eras do sol. Ele se ergueu e reverenciou Vendeniel.
- Mae govannen, Hiril o Athangaear! - Círdan saudou Vendeniel. - Pelo visto não são boas coisas que a afastam de sua terra natal e que a trazem até aqui!
Vendeniel sorriu. - Eu esperava que o senhor pudesse me dizer.
Círdan olhou Vendeniel, e pela primeira vez percebeu a beleza vanya dela. Os olhos azuis, os longos cabelos dourados, a pele branca e delicada, e a brilhante aura prateada. - Então pergunte, Senhora de Além Mar.
- Eu quero saber quem é Sauron. E por que os elfos estão partindo daqui, fugindo para Valinor.
- Sauron é o pior dos inimigos dos povos livres da Terra Média. Ele destrói, mata, corrompe. Ele foi derrotado e subestimado por Isildur de Numenór no passado, mas não foi morto. Ele voltou. O que restou dos elfos aqui está fugindo, amedrontado. Eles temem que a Escuridão volte.
E Círdan contou à Vendeniel a história dos Anéis e das batalhas do passado, mas de uma forma tão nebulosa que a vanya ficou sem entender muita coisa. - Ainda não consigo compreender tudo, Círdan. Há alguém que possa me dizer tudo, contar-me a história toda?
- Talvez. - disse Círdan, - Existe perto das montanhas e do Rio Bruinen um refúgio. Talvez você já tenha ouvido falar na Última Casa Amiga das Terras do Leste, Valfenda, a Imladris. Lá vive Elrond Meio-Elfo, filho de Eärendil, que poderá lhe explicar esta história melhor.
- Mas até as montanhas... Círdan, é muito longe. Eu preciso chegar lá rápido. Eu vou precisar de cavalos.
- Sim. E com você eu mandarei Galdor, que leva importantes mensagens minhas para Elrond. Vá Vendeniel o Athangaear! - então, Vendeniel e sua comitiva partiram, guiados por Galdor até Valfenda.

Sempre houve entre as montanhas, estradas que cortavam Eriador. Eram estradas muito antigas, usadas pelos elfos que iam para os Portos dos Sindar, e pelos anões que tinham minas nas Ered Luin. Ela ia, praticamente sem curvas, em direção a oeste, e passava por Valfenda. Como qualquer elfo, eles evitavam aparecer em regiões muito habitadas, e preferiam viajar à noite.
Das regiões que Vendeniel conheceu, aquela era a mais estranha. Era um lugar belo, com colinas baixas e cheias de grama, mas o povo que lá vivia era muito estranho. Eram muito baixos – a maioria nem conseguiria montar um cavalo, e andavam descalços. De fato, os pés deles eram muito grandes, e cobertos de pelos castanhos, assim como as suas cabeças, cheias de emaranhados de cabelos castanhos cacheados. Também mais estranho neles era o fato de que eles soltavam fumaça pela boca. Eles usavam um instrumento estranho, um recipiente com um cabo comprido, e quando estavam com aquilo, soltavam fumaça. Em seu íntimo, a Vanya os chamou de Pequenos.
Eles já haviam atravessado um rio de águas escuras, e estavam acampando fora da estrada, quando um terror repentino apareceu em seus corações. Talvez Vendeniel não tivesse levado isso à sério, até perceber que seus acompanhantes também estavam sentindo a mesma coisa, e ao ver que os cavalos repentinamente se agitaram.
- Vou ver o que é isso. – disse Fingwë, preparando o arco. Ele sumiu em meio a algumas árvores, e os outros elfos apenas escutavam tudo. De repente, um relincho, o zunido de um arco, um baque surdo, e cascos se afastando com pressa. Minutos depois, Fingwë voltou, um pouco amedrontado.
Vendeniel logo foi até o primo. – O que foi aquilo?
- Não sei. Era um cavalo negro e grande, e tinha alguém, alguma coisa em cima dele. Não vi direito, mas era alto, e pálido. Parecia emanar um brilho pálido e doentio, não uma aura. E o rosto: eram olhos vazios, e um aspecto podre, morto. Era terrível. Ele tentou jogar o cavalo em cima de mim, e eu desviei e atirei.Não sei se acertei, por que na hora eu caí no chão. Só sei que ele partiu. – disse Fingwë.
- O terror que aquilo trouxe... – disse Amras – só agora consegui acalmar os cavalos.
Galdor abaixou a cabeça. – mesmo vivendo aqui por muitas vidas dos homens, nunca vi ou senti nada parecido com isso. Era frio, terrível. Suponho que deva ser mais um dos artífices de Sauron. Imagino que seja algum fantasma, ou espectro. E também lembro que estamos muito perto das Colinas dos Túmulos, onde estão sepultados muitos homens que morreram na investida de Angmar, há muito tempo atrás. As pessoas dizem que aquele lugar é amaldiçoado.
- Amaldiçoado ou não, devemos permanecer juntos, principalmente a noite. – disse Vendeniel. – É melhor montarmos guarda e organizar turnos de vigia.
Continuaram a viagem até chegar numa cidadezinha pequena, cheia de homens mortais. Vendeniel nunca tinha visto um homem mortal, eles eram diferentes entre si – louros, morenos, magros, gordos, altos, baixos... E também haviam pequenos. Agora os elfos não procuravam se esconder, mas andavam cobertos por capas. Amras lembrou que estalagens eram lugares ótimos para obter informações, e eles resolveram se instalar em uma. Era uma casa grande, e cheia de janelas, O Pônei Saltitante, de Cevado Carrapicho.
Galdor cuidou das acomodações para eles e para os cavalos. Na hora do jantar, o dono da estalagem, um homem gordo com bigode saliente, os atendeu.
- Espero que estejam bem acomodados. Sou Cevado Carrapicho, às suas ordens. – disse ele, fazendo uma reverência desajeitada.
Vendeniel sorriu. – Sim, estamos muito bem acomodados. Agora, seria muito de minha parte, se eu pedisse para o senhor contar os últimos acontecimentos desse vilarejo, Sr. Carrapicho?
Cevado sentou-se. – Ah, senhorita. Coisas horríveis andam acontecendo aqui. A estalagem está lotada, de pessoas vindas do sul. E o pior foi o que aconteceu na semana passada. O Pônei foi invadido. Quatro hóspedes quase foram mortos.
Amras tirou o capuz. – E que hóspedes seriam esses?
- Hobbits. Pequenos. – disse Carrapicho. Ao ouvir isso, Vendeniel sorriu, lembrando dos homenzinhos gordos que soltavam fumaça pela boca. – Talvez o senhor tenha visto alguns deles lá em baixo, parecem crianças. Acho que este Hobbit, em especial, estava sendo seguido por essas coisas. Elas andam por aí em cavalos negros, metem medo em quem passar na sua frente. – de repente, ele baixou a voz. – disseram que eles vêm de Mordor.
- Gostaria muito de ver esse pequeno, sr. Carrapicho. – disse Vendeniel.
Carrapicho falou. – Oh, sinto muito, Senhora. Mas eles partiram, logo no outro dia. Estavam acompanhados de um guardião, um homem estranho. Não sei o nome dele, só sei que é chamado de Passolargo.
- E como se chama o hobbit? – perguntou Vendeniel.
- Bolseiro. Frodo Bolseiro, mas aqui ele tentou se hospedar com o nome Monteiro.

Depois disso, Vendeniel foi formando suas idéias. A mesma coisa que atacou Fingwë era o que tinha atacado o hobbit. Mas deveria haver um motivo para isso. Os homenzinhos gordinhos pareciam tão inofensivos! E Sauron, mesmo sendo tão malicioso quanto Morgoth, não veria sentido em perseguir hobbits quando haviam exércitos e milhares de quilômetros entre ele e o tal Frodo. A não ser que o pequeno carregasse algo extremamente importante – como uma arma.

Três anéis para os Reis Elfos sob este céu
Sete para os Senhores Anões em seus rochosos corredores
Nove para os Homens Mortais fadados ao eterno sono
Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono

De repente esses versos vieram em sua cabeça. Ouvira Círdan menciona- los, mas, por que diabos vinham até ela agora? Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono... qual seria a resposta do enigma? Um poderoso anel de poder na mão de um, de um Perian? Não, era impossível. Esse Anel deveria estar com os elfos, ou com os Reis dos Homens, pois Vendeniel ouviu que ele fora tomado por Isildur, de Númenor.
Algo lhe indicava que o Pequeno corria perigo, assim como qualquer um que estivesse com ele. E era essencial para obter respostas que ela o encontrasse. E excelente para a vida dele também, já que ele havia partido com um mortal qualquer. Os homens. Fascinavam Vendeniel e também despertavam desprezo nela. Pois ela lembrava de palavras ditas há muito tempo, saídas da boca de Fëanor, subjugando os Atani. Na hora, nem entendera o que o poderoso Noldo dissera, mas agora, sentia um desprezo por aqueles homens, tão gordos, tão estúpidos e tolos, a ponto de não perceber o mal iminente que os cercava enquanto ela, ela atravessou milhas do Extremo Oeste até a Costa da Terra Média, justamente para lutar contra esse mal.
Então, no outro dia, depois de Galdor acertar as contas com o estalajadeiro, e eles partiram pela estrada rumo à Valfenda. A cavalgada foi tranqüila, e ao amanhecer do terceiro dia eles chegaram no Topo do Vento. Ele era a colina mais alta da região, de onde podia-se ter uma vista completa de toda a região. Era coroada com ruínas do que fora, antigamente, uma bela torre de observação. Vendeniel, Amras, Fingwë e Galdor desceram dos cavalos e escalaram a colina, do alto, a elfa olhou para um pequeno bosque que havia à leste, e teve a impressão de que algo se mexeu. Ela se cobriu com a capa e sacou a espada. Amras e Fingwë fizeram o mesmo e foram atrás dela. Quando desceu, Vendeniel viu um homem alto e moreno, acompanhado de três crianças. Ou pelo menos pareciam crianças. Pequenos. Vendeniel entrou na clareira, e falou:
- Procuro por Frodo Bolseiro!
O homem sacou a espada: - Quem é você?
- Meu nome apenas a mim me interessa! – respondeu a elfa - Diga onde está Frodo Bolseiro!
O homem se lançou contra Vendeniel, sacando sua espada, Ela defendeu e os dois travaram um combate, mas a elfa o chutou na altura da barriga, derrubando-o, e encostou a ponta da sua espada no pescoço do homem. Mas não desferiu nenhum golpe. – não precisa ter medo. Não vim de Mordor, Passolargo. – ela jogou para trás o capuz e deixou a mostra o seu rosto belo. – Sou Vendeniel, de Além Mar, Emissária dos Valar.
Passolargo sorriu. – Eu sou Aragorn, Filho de Arathorn, Senhora. E não acredito que o Inimigo mandaria uma horda de elfos nos atacar. Mas muito me interessa saber o que uma Senhora de Eldamar faz nas terras do leste. Isso não é visto desde a época de Fëanor.
- Eu já disse que sou emissária dos Valar. Contra o Inimigo Negro que habita esse lugar. Tenho a bênção de Manwë.
- Então você é bem vinda, Vendeniel. E espero que você traga boa sorte para todos nós durante a guerra.
Vendeniel sorriu. – Espero ajudar vocês. Mas você ainda não me ajudou. Aonde está Frodo Bolseiro?
( Ele partiu. ( disse Aragorn. ( Fomos atacados por Nazgûl, e Frodo foi esfaqueado com uma faca de Morgul. Ele foi levado para Valfenda por Arwen Undómiel, filha de Elrond. ( Vendeniel supôs logo que Nazgûl deveria ser o nome daqueles Cavaleiros.
( Valfenda! ( disse Vendeniel jovialmente. ( É exatamente para onde estamos indo.
Aragorn sorriu. ( Então, Senhora, não se importaria de nos levar a cavalo até lá?
( Por que me importaria?( disse Vendeniel. ( Vamos! Suba que eu te levarei na garupa. Agora, acho que não fui apresentada a esses pequenos...
Então um deles fez uma grande reverência. – Eu sou Meriadoc Brandebuque, da terra dos Buques, mas a senhora pode me chamar de Merry. Esse é Peregrin Tûk, o Pippin, da Terra dos Tûks, e este é Sam Gamgi.
- Muito prazer, pequenos mestres. Agora montem, pois cavalgaremos na velocidade do vento! – falou Vendeniel.
Aragorn montou com ela, Sam com Amras, Merry com Fingwë e Pippin com Galdor. Partiram logo, e bem rápido. ( Então, Senhor Aragorn. ( disse Vendeniel. ( gostaria muito de saber certas coisas, como por exemplo, o que são estes Nazgûl.
( Há muito tempo atrás, Sauron, o trapaceiro, corrompeu nove reis dos homens mortais, dando-lhes anéis de poder. Os anéis os dominaram e eles se tornaram espectros, a favor de Sauron. Eles não estão nem vivos nem mortos, são os Espectros do Anel.
( Sim... ( disse Vendeniel. ( E agora, algo me leva a crer que este hobbit leva algo muito precioso, ou poderoso, ou ainda as duas coisas. Algo que Sauron deseja.
Aragorn ficou sério. ( Acho que não esta não é a hora e o local mais apropriado para falarmos disso. Lhe contarei o que quiser saber sobre este fardo que o hobbit carrega, mas não aqui.
( Sim, eu entendo. ( disse Vendeniel. ( Têm medo dos tais Nazgûl. Eu tive a infelicidade de encontrar um deles no meu caminho. Não são agradáveis. Meu primo Fingwë os viu. Pálidos, cadavéricos. Terríveis. Então, se estaremos seguros em Valfenda, que cheguemos lá o mais rápido possível. ( então acariciou o cavalo e disse baixo para o animal. ( Noro lim, noro lim!
O cavalo de Vendeniel apressou sua corrida e os outros assim fizeram. Então, lá longe, perto da linha do horizonte, eles puderam ver um rio, que pelo visto parecia cheio e violento. ( Vendeniel! Aquele é o Bruinen, o rio de Elrond! ( disse Aragorn, com um tom de euforia na voz ( Mas está cheio e turbulento. Não posso imaginar o que há! ( e imediatamente os pensamentos de Aragorn caíram em Arwen, que deveria estar atravessando o rio.
Ao chegar no Bruinen, ele estava mais calmo. Puderam passar com os cavalos pela água, mas podiam ver que a terra na margem estava muito molhada, e que inclusive algumas árvores menores e frágeis da beira do rio haviam sido arrastadas. Mas nenhum sinal de Arwen ou dos Cavaleiros Negros. Entraram em Valfenda e encontraram um cavalo branco, com as patas até a altura dos joelhos molhado e sujo de barro. Aragorn pulou do cavalo, e logo em seguida, uma elfa veio em sua direção. Vendeniel levantou o capuz e desceu do cavalo.
A moça que veio era muito bela. Tinha olhos cinzentos que carregavam a sabedoria de longos anos vividos, os cabelos negros, longos e lisos, e vestia-se de cinza, com uma espada presa no cinto. Quando encontrou Aragorn, ela se jogou nos braços dele.
( Por Elbereth, você está bem! Mas chegaram aqui depressa. Mais depressa do que chegariam andando. ( disse a moça.
Aragorn perguntou ( Arwen, onde está Frodo? O que houve no vau? Vimos o rio cheio.
Arwen baixou a cabeça. ( Meu pai está fazendo o possível para curar Frodo. Eu atravessei o vau, mas os nove estavam atrás de mim. Consegui atravessar o rio, e quando os nazgûl estavam no meio dele, convoquei o poder do meu povo para que uma enchente descesse. Obviamente eles não morreram, mas os cavalos se afogaram, e acho que isso os impedirá de agir por um tempo. ( ela ergueu a cabeça e seu olhar parou em Vendeniel. (Quem é você?
( Arwen, ( disse Aragorn ( ela me trouxe até aqui. Veio de Valinor, para nos ajudar.
Vendeniel baixou o capuz e afastou a capa, deixando à vista seu rosto e suas vestes brancas. ( Eu sou Vendeniel Athangaear, Senhora. Vim em nome de Varda para ajudar os povos livres da Terra Média.
Arwen sorriu. ( Se você e seus amigos vieram em nome de Varda, são muito bem vindos. Mas agora, eu acho que todos vocês devem estar com fome e cansados. Venham, descansem!
Eles seguiram Arwen pelos belos corredores da casa de Elrond, e a Senhora Estrela-Vespertina providenciou que um almoço fosse servido para eles. Vendeniel ficou espantada ao ver os hobbits. Era a primeira vez que realmente via um daqueles de perto, e se surpreendeu quando viu que eles comiam muito. Mas nenhum sinal de Frodo, nem de Elrond. Então, um homem veio descendo, um homem velho e vestido de cinza, com olhos claros e sobrancelhas grossas. Aquele era Gandalf.
( Sr. Gandalf! ( disse Sam. ( por que o senhor não se encontrou com o Sr. Frodo em Bri, teria evitado muitos problemas!
( Samwise Gamgi, um mago sempre tem seus motivos para se atrasar! E não desejo falar sobre eles agora, haverão locais e momentos mais apropriados para se discutir sobre isso.
( Mas... ( disse Merry ( e Frodo? Você deve saber como ele está.
Os olhos de Vendeniel caíram no velho. – Olórin!
Ele virou-se para ela, que tinha estado despercebida até então. – Vendeniel! Amras... vocês...
Vendeniel o abraçou. – É uma grande alegria encontra-lo aqui, Olórin. Viemos em nome dos Valar.
- É uma grande surpresa vocês terem vindo, Vendeniel, e uma faísca de esperança se acende. Pois vocês tem a bênção dos valar, e a luz do oeste está convosco.
Vendeniel sorriu, mas percebeu pelo olhar de Olórin que ele não queria que a sua vida nas Terras Imortais fosse citada. Os hobbits olhavam com olhar de quem queria continuar a história, mas Arwen levantou.
- Senhora do Oeste, venha comigo que eu te levarei até o seu quarto. – e levou Vendeniel pela mão.
Arwen foi guiando-a pelos corredores belos de Valfenda, que davam vista para os vaus do Bruinen, e para os bosques. As paredes eram cobertas de pinturas, até que Vendeniel parou em frente a uma delas, uma das mais perfeitas.
Mostrava um humano segurando uma espada quebrada perto do punho, desferindo um golpe contra uma criatura alta e negra, de aparência terrível. Ela parou na frente do quadro. – Este quadro representa a queda de Sauron, quando Isildur pegou o fragmento de Narsil, a espada de seu pai, que caíra pelas mãos do Senhor do Escuro, e decepou o Um Anel do Inimigo. Sauron na hora foi despido de seus poderes e de forma física, mas Isildur não destruiu o Anel. Os fragmentos da espada foram guardados pela linhagem de Valandil, o seu filho, e estão em Valfenda. – Arwen se virou, e foi até uma bela estátua, que tinha uma espécie de balcão nas mãos. Lá estava uma bela espada, quebrada, mas todos os seus pedaços estavam lá. – Ela será forjada novamente, e o Herdeiro de Isildur partirá para a guerra com ela. – Arwen falou essas palavras num tom distante e sonhador.
- Ainda existem herdeiros de Isildur caminhando sobre a terra? – Arwen riu, mas não respondeu.
Valfenda era enorme. Os aposentos de Vendeniel eram num corredor cheio de estátuas de mármore, e muitas plantas. Vendeniel foi até a janela.
- O que houve? – Arwen perguntou.
Vendeniel suspirou. – Esse lugar é belo, mas diferente de tudo que eu já vi. Traz algumas lembranças de Tilion, a Bela, aonde reina Ingwë, meu tio-avô. A beleza daqui... mas eu jamais esquecerei da luz que brilha na torre de Ingwë, e das imponentes Pelóri, e de Eldamar, e os belos barcos cisne em Aqualondë. E mesmo assim, é tão diferente das Terras Imortais...
- Você está com saudades. – falou Arwen. – não consegue evitar, sente falta da sua antiga terra.
- Talvez eu sinta. – falou a Vanya - Mas não posso voltar atrás agora. Varda, a sua Elbereth, me salvou de um destino semelhante ao de Fëanor, e só volto para o Oeste quando a minha missão for cumprida.
- Que a Graça dos Valar esteja contigo. Que o Imperador de Arda não vire às costas para a Terra Média.
Vendeniel olhou. – Ele nunca virou as costas. Nesse momento, sinto que o seu olhar está voltado para nós.