Capítulo III – Em Valfenda

Valfenda era realmente gigantesca. Na hora do jantar, a notícia se espalhou, Elrond conseguira curar Frodo. Um jantar seria oferecido em homenagem ao hobbit, e por isso, Vendeniel se arrumou. Saiu em direção ao salão, mas acabou se distraindo durante o caminho e foi parar em um terraço. Sentou-se num banco, e olhava o Sol se por lá longe, e o céu tingido de um vermelho.

Em Tilion, a Bela, andei

Pelos mares de Eldamar eu naveguei
Agora estou só, a sombra é o meu caminho
Por tanta coisa passei, mas me sinto tão sozinho
Será que um dia lhe verei novamente?
Senhora, eu sentirei mais uma vez sua luz incandescente?
Senhora das Estrelas, Elbereth Gilthoniel
Não me abandone nessa hora tão cruel
Longe de casa, longe do lar
Esperando um dia poder voltar

Ela se calou. Uma estrela apareceu, solitária e brilhante no céu. Uma mão tocou o seu ombro, fazendo com que ela se sobressaltasse e virasse rápido. Era um elfo que estava ali. Jovem e alto, de cabelos louros e olhos claros.
- Me desculpe. – disse ele, desconcertado. – não era minha intenção assusta-la.
Vendeniel sorriu, aliviada - Não foi nada. Eu só não sabia que não estava sozinha.
- Não queria atrapalhar-te. Mas ouvi a senhora cantando, e a sua voz me pareceu muito triste, e ao mesmo tempo tão bela, e eu vim até aqui. – falou o elfo.
- Eu cantei por que me sentia só, e estou muito longe de casa. Cantei para Elbereth, que está lá, do outro lado do mar. – respondeu Vendeniel.
- Você canta como alguém que conhece Valinor. – disse ele.
Ela sorriu. – Isso por que eu conheci Valinor. Senhor.
A expressão dele se tornou curiosa – Espero que a senhora traga bons ventos para nós. Sou Legolas, filho do Rei Thranduil, da Floresta das Trevas.
- E eu, senhor, que ainda não me apresentei, sou Vendeniel, filha de Fanethár, descendente de Ingwë, da Bela Tilion. – falou Vendeniel.
Legolas sorriu e se apoiou no parapeito, em frente ao banco. – Está uma noite bonita hoje. Sem estrelas, eu sei, mas uma noite que nos faz pensar.
- Sim, meu senhor. – disse Vendeniel. – Nos faz refletir sobre o mundo, a vida, sobre Iluvatár e a solidão.
- Desculpe-me a ousadia, senhora, mas parece tão só, tão triste...
Vendeniel sorriu. – Legolas, não se preocupe! O que eu sinto é que não me acostumei à esse lugar ainda, eu tenho saudades de casa, cheguei aqui na Terra Média só há algumas semanas! Não se deixe levar pela solidão de uma elfa, meu Senhor, eu lhe imploro.
Legolas sorriu e ajudou-a a se levantar - Se é esse o seu pedido, Senhora Athangaear, assim o farei. Mas há um banquete à nossa espera, e pela alegria de Gandalf e Elrond, eu odiaria perde-lo.
Vendeniel deu um sobressalto. – Céus! O banquete! Havia me esquecido dele! Por favor, Senhor, me leve até lá.
Legolas estendeu o braço e os dois se foram.

No banquete, Vendeniel sentou-se ao lado de seu irmão, enquanto Legolas estava distante, junto com outros elfos. No Banquete, a elfa viu vários elfos diferentes, e uns poucos humanos, alguns anões e os tais hobbits. Só que dessa vez, Frodo Bolseiro estava com eles. O banquete se seguiu, com músicas e histórias depois, mas nada de falar sobre o Fardo do pequeno. Quase no fim da festa, Vendeniel alcançou Gandalf.
- Olórin, ninguém aqui sabe de nada! – falou ela
- Como assim nada, criança?
Vendeniel suspirou. – O tal fardo do pequeno, o que ele carrega, e o perigo que estamos correndo. Eu quero saber o que é tudo isso!
- Criança, - disse Gandalf, com mais paciência do que raiva – não deixe a ansiedade lhe corroer. Espere, que amanhã Elrond falará sobre isso à todos. E não comente sobre isso com ninguém, por que além do Conselho ser secreto, esse não é um assunto para se tratar corriqueiramente por aqui. Entendeu?
- Sim, senhor. – murmurou ela.
Logo que ela se virou, sentiu que alguém a olhava, e ela retribuiu esse olhar. E nesse mesmo momento, seu coração acelerou, e sua respiração falhou. Pois os olhos dele pousaram direto no seu coração, e ela jamais poderia esquece-los.