Capítulo VI – A Senhora da Floresta Dourada
- Vocês não são os únicos que chegam sem ser esperados nesses tempos. – disse Haldir. – Mas talvez, a Senhora saiba que estavam próximos, pois mandou nossos grupos ficarem próximos à orla da floresta e atentos a algum chamado.
Elladan sorriu. – Ela sempre sabe. Bem, ainda não almoçamos, Haldir. Ainda há tempo de nos juntarmos ao Senhor e a Senhora de Lórien para comermos algo?
- Receio que não. Mas esperem aqui, levarei vocês para o Cerin Amroth e talvez possamos comer algo lá. Sigam-me. – os elfos de Haldir seguraram as rédeas dos cavalos, e um deles ajudou Vendeniel a descer, embora isso fosse desnecessário. Ao descer do cavalo, ela olhou em volta, para os altos mallorns, e sentiu o cheiro das pequenas flores que haviam em volta, espalhando-se como mato pela floresta: as douradas Elanor e os pálidos Niphredil. Em Lothlórien, o Inverno não parecia tão rigoroso como havia sido no Caradhras, ali parecia reinar uma espécie de primavera constante, apenas modificada pela mudança das folhas das árvores, mas lá não havia frio, nem neve, e lá o tempo passava de forma diferente, talvez como em algum reino desconhecido da Beleriand de antes do Sol. O Cerin Amroth era uma clareira, com uma colina alta, coberta de Elanores e Niphredilis, e no alto dessa colina haviam árvores, como uma coroa, as de fora eram pálidas, e as de dentro eram imponentes mallorns, e no mais alto dele, havia um flet. Embalada pelo perfume das flores e pela vista deslumbrante, pensamentos passavam pela cabeça de Vendeniel. "Ele pode ainda estar aqui", ela pensava, "Por Varda que ele ainda esteja aqui...", e ela foi tomada por tais pensamentos, de uma forma obsessiva, que chegou a deixá-la um tanto 'desligada' do mundo ao redor, fazendo-a esquecer do motivo por estar em Lórien e o que viria pela frente.
- Vendeniel... – alguém chamou distante. Mas não, agora ela estava lembrando sobre a despedida em Valfenda, não podiam interrompê-la. – Vendeniel? – a voz tornou a chamar, era um homem, Vendeniel teve a tênue impressão de que poderia ser seu irmão. Alguém tocou no seu ombro, por trás. Quem sabe fosse ele, só podia ser ele... Repentinamente, estava de volta a realidade. Os elfos de Lórien, Elladan, Elrohir e Fingwë olhavam para ela de maneira estranha, enquanto Amras segurava o ombro dela, como quando se chama alguém que estava dormindo. – O que houve?
Vendeniel olhou para o irmão, meio magoada e mal humorada por ter sido despertada do seu sonho. – Nada. Apenas me distrai.
Amras sorriu, completamente irônico. – Bem, estava tentando lhe chamar para comermos algo antes de partirmos para Caras Galadhon, mas perdão por ter acordado você dos seus sonhos. Espero que por isso eu não fique preso por eras nos Salões de Mandos...
- Amras! – disse Vendeniel, zangada. – Pare com isso! Me desculpe, eu só me distrai... Mas vamos comer, eu estou faminta e com sede! Não como nada desde o desjejum.
Os elfos comeram, mas Vendeniel terminou antes. Desceu do flet e foi para a base da colina, e deitou no chão gramado e fofo, seus cabelos dourados se misturando às flores, olhando para o céu nublado e para o pálido sol que teimava em brilhar, brigando com as nuvens. Começou a cantar uma canção alegre do ano novo de Valinor, em Quenya. Até ver que Fingwë havia ido sentar-se ao seu lado.
- Olá. Acabei de comer também. – disse ele, sorrindo.
Vendeniel sorriu também. – Eu estava aqui, deitada, esperando. Eu sei que estamos em guerra, mas é tão monótono ouvir aqueles elfos falando sobre as guerras com orcs nas suas fronteiras... É um absurdo falarem de guerra e orcs e inimigos, não num lugar tão belo como esse! Faz me lembrar de Valinor, das planícies de Yvanna – e parou, constrangida por estar demonstrando saudades, olhando para o lado contrário de Fingwë e se sentando na grama. Quando o olhar dela parou sobre o anel que brilhava em seu dedo, ela resolveu novamente encarar o céu.
Fingwë também parecia sem jeito. – Eu sei... Estamos longe, não é?
- Sim... – disse ela, distante, então, lembrando-se de algo que a incomodava por semanas, Vendeniel perguntou ao primo: - Fingwë... Por que... Eu sei que lhe perguntei isso antes de zarparmos, mas você não me convenceu... Por favor, você é um grande amigo, seja sincero: por que você veio para cá? Por que não continuou no Oeste, em Tilion? Por que você também desafiou aos Valar?
- Você quer que eu seja sincero? – disse ele, olhando-a nos olhos. Eles tinham crescido juntos, mas apesar dos anos de convivência, ela ainda se sentia incomodava quando ele a olhava tão profundamente. – Nem eu mesmo sei. Acho que foi por que eu queria conhecer terras novas, por que eu queria lutar, não matar cervos e coelhos dos bosques de Yvanna... Eu lembro de Fëanor, Vendë... Eu lembro do discurso que ele fez, e eu confesso para você, ele sempre esteve na minha mente... Eu sempre pensei naquilo tudo que ele disse sobre os Valar, e sobre as jóias e tudo mais, e mesmo não concordando com boa parte, eu não sei... passei minha infância toda imaginando como seriam as terras daqui, como eram os homens, e os 'monstros', e tudo mais... – disse ele, sorrindo – mas... Também... Porque... – ele parou, não sabia como dizer alguma coisa. De repente, a expressão de seu rosto mudou e ele riu. – Por que eu não podia deixar minha pobre e delicada priminha lutar com os orcs sozinha... – e os dois riram, apagando qualquer impressão da seriedade do momento anterior.
- Para a sua informação, Fingwë, - disse Vendeniel, irônica. – Mesmo uma pobre donzela pode ser muito perigosa, enganando os insolentes homens que as julgam por sua aparência bonita e indefesa.
- Tudo bem, Vendë – disse ele – Mas eu só quero ver, você pode acabar quebrando uma unha nessa brincadeira toda... Ainda acho que deveria estar em Tilion, na casa do seu pai, bordando uma tapeçaria e escolhendo um noivo.
Vendeniel riu. – Noivo? Não sei... Eu nunca pensei seriamente em me casar, nem tenho idéias de pretendentes possíveis... alguma sugestão?
Fingwë sorriu. – Bem, eu poderia te diz... – Amras chamou os dois à distância, avisando que já estava na hora de partir, e o assunto foi parado por aqui, ambos pegaram suas mochilas e seguiram pela trilha, guiados por Haldir, até Caras Galadhon.
Meia hora depois os elfos entravam na cidade. Como o próprio nome sugere, a cidade era suspensa nas árvores, não haviam muitas construções térreas, e o povo de lá parecia ser feliz, todos vestiam se de branco, e alguns usavam capas de um tecido élfico cinzento, que de certa forma camuflava quem o vestisse. Finalmente chegaram até o mallorn mais alto, e subiram-no por uma escada. Passavam por vários talans pelo caminho, até chegarem no fim, em uma espécie de casa, muito grande, e no meio estava o tronco da árvore, que à essas alturas já começava a alargar-se para formar a copa. E sentados em cadeiras, rodeados de elfos com harpas e roupas brancas, estavam Celeborn e Galadriel, o Senhor e a Senhora de Lórien.
Celeborn era alto, e tinha cabelos prateados como a lâmina de uma espada. Seus olhos eram profundos e ele tinha o peso da sabedoria em sua face, embora não houvesse sinal algum de velhice nela, e Galadriel também era alta: mais alta do que Vendeniel. Era loura, e seu cabelo comprido crescia numa cascata ondulada e finamente trançada sobre um diadema. A senhora tinha olhos claros, e o sangue Vanyarin ainda mostrava-se no rosto da filha de Finfarin, o Louro. Vendeniel sabia que anos imemoriáveis passavam por aquele rosto, ela lembrava-se de como Galadriel apoiara os irmãos e Fëanor, e de como eles partiram. Depois ela soube que Fëanor os abandonara e os obrigara a passar pelo Helcaraxë, uma travessia difícil, na qual os elfos perderam muitos de seus entes queridos. Perdida em pensamentos, lembrando de histórias antigas, Vendeniel se distanciou e não prestou atenção à saudação de Celeborn.
-... Estamos realmente muito felizes em vê-los, meus netos, e também em saber que vocês estão acompanhados por elfos do Oeste. Saudações, Amras, Vendeniel e Fingwë, descendentes dos Vanyar. – disse o Senhor, fazendo uma reverência, a qual Vendeniel e os elfos retribuíram.
- Ficamos muito felizes com a hospitalidade, meu Senhor. Mas agora, eu gostaria muito de saber aonde está a Sociedade. – disse Vendeniel, esperançosa e um pouco desapontada por não ter visto Legolas e nenhum sinal de hobbits saltitando em Lórien.
- A Sociedade esteve aqui, Vendeniel de Tilion. – disse Galadriel, voltando-se para ela, e olhando-a de uma maneira muito profunda. – A Sociedade esteve aqui, mas o Fardo deve ser levado embora, de modo que eles já partiram. Frodo Bolseiro deve destruir o Anel, e infelizmente não há tempo para que ele descanse na bela Lothlórien. Aquelas pessoas passaram por caminhos difíceis para chegar aqui, e agora, partem para um caminho mais negro e mais perigoso ainda. Lamento muito que não os tenha visto aqui. Mas também... – disse a Senhora, erguendo o rosto, olhando para os outros elfos e pousando seu olhar em Vendeniel. – Acho que já nos vimos. Você era a pequena filha de Fanéthar, lembro-me de você, na maldita noite em que Fëanor fez seu juramento, eu lembro da pequena garotinha agarrada ao pai, ele próximo de Finfarin e de minha avó, todos chorando e chocados com tudo o que acontecia. Segui meu tio e paguei caro: por muito tempo fui banida, e estive presa numa terra cheia de perigos, perigos com os quais eu não sonhava antes de vir para cá. Vi reinos caírem, passei várias vidas de homens, vi guerras irem e virem, lembro-me da Ira dos Valar contra Morgoth e lembro-me das Duas Árvores, lembro-me da Queda de Numenór de da Primeira Guerra do Anel. E agora, para me alegrar, depois de tanto tempo, tenho lembranças dos belos Vanyar, descendentes de Ingwë, o Senhor de Todos os Elfos e aquele que reina sobre Tilion. Que aqui nessa terra vocês sejam bem vindos, espero que possam aproveitar o tempo que passarem aqui, para descansarem, aprenderem e se prepararem, pois a sombra está a sua frente. Mesmo assim, eu vos digo: aproveitem o último brilhar do sol, provavelmente o último momento tranqüilo que terão nos próximos meses. E que Elbereth esteja com vocês! – sorriu ela.
Celeborn começou a contar o que havia acontecido com a Sociedade que saiu de Valfenda: eles haviam levado doze dias para chegar até o Passo do Chifre Vermelho. Tentaram usar o caminho da montanha, mas o Caradhras foi demasiado cruel com a Sociedade, e a neve espessa os impediu de prosseguir por aquele caminho. Voltaram e não sabiam que caminho seguir: o desfiladeiro de Rohan era próximo demais de Isengard e a passagem era vigiada por Saruman, e havia os caminhos escuros de Moria, a mina destruída dos anões.
Depois de muito discutir, acabaram indo por Moria, mas quando estavam quase terminando a viagem, foram atacados por orcs e acordaram um mal inominável, um Balrog de Morgoth, um ser de fogo, terrível e maléfico. Gandalf lutou contra ele, e o destruiu, mas acabou caindo no abismo com seu inimigo. A Sociedade conseguiu sair de Moria e chegar em Lothlórien, mas Gandalf estava perdido!
- Não! Não Olórin! – levantou-se Vendeniel.
Celeborn falou – Lamento muito, Senhora. Eu sei que conhecestes ele em Valinor, e agora para o Oeste ele voltou. Mithrandir caiu.
- Que lástima – disse Vendeniel, caindo vagarosamente na cadeira em que estivera sentada. – Eu não posso acreditar... Olórin...
- Nem tudo é o que parece ser. – disse Galadriel, no seu tom grave, solene e melodioso de voz. – A perda nem sempre é uma perda, e agora eu sinto que Mithrandir não está em Valinor. Uma missão foi dada a ele. E só lhe seria permitido voltar quando a acabasse... e...
Um pio de águia rompeu o ar, alto e agudo. Os elfos apontavam para uma águia gigante que pousara no talan abaixo. Sem pensar, Vendeniel desceu a escada, assim como todos que estavam na sala, para ver o que a águia estava fazendo. Ela estava pousada, e havia deixado um homem no chão. Ele se enrolava em um trapo cinzento, e tinha uma longa barba branca, e grossas sobrancelhas. Vendeniel logo o reconheceu.
- Olórin! Por todos os Valar!
Galadriel passou por ela e foi até Gandalf. Olhou para ele e chamou, altiva, dois pajens, para ajudá-lo. – Vistam-no e cuidem dele, para que Mithrandir possa se juntar à nós.
Meia hora depois, Mithrandir era trazido, com uma aparência bem melhor, e vestido em branco. Carregava um cajado e andava se apoiando. Mas o que havia acontecido, ele só contou para Galadriel e Celeborn, de modo que os elfos foram liberados.
Lothlórien era um lugar pacato e monótono, e mesmo assim, o tempo parecia passar bastante rápido. Vendeniel estava um tanto mal humorada: se sentia frustrada por não ter encontrado Legolas. Estava monossilábica e apática, evitando seu irmão, seu primo e os filhos de Elrond. Aliás, ela não queria falar com ninguém, então saiu andando por Caras Galadhon, até achar um jardim cercado, com uma fonte em um canto, e uma bacia d'água feita de pedra. Ela estava sozinha, ou pelo menos achava, até ouvir uma voz grave e bela atrás dela:
- Estás um pouco irritada. Talvez o porque príncipe de Mirkwood não está mais aqui.
Ela se virou, Galadriel estava parada e sorria. – Como? Como a senhora sabe? – Galadriel sorriu, mas não respondeu.
- Esse é o meu jardim particular. E esse é o meu espelho d'água. Um lugar bonito na minha opinião, bom para refletir.
- Sim. – Vendeniel olhou em volta. – Senhora, por favor! Eu já percebi que você consegue olhar dentro dos corações das pessoas, que você consegue ver suas aflições, desejos e medos. Por favor, Senhora, você tem alguma notícia dele?
Galadriel sorriu. – Não notícias. Tudo que havia para se dizer sobre a Sociedade, o Senhor de Lórien já lhe contou ontem à tarde. Mas há algo... algo que ele deixou para você. – Vendeniel então notou que ela segurava um embrulho, muito pequeno. A jovem pegou-o e abriu-o. Havia um papel embrulhando uma corrente com um pingente: uma pequena Elanor, feita de ouro belamente esculpido, com pequenas pétalas de esmeralda e um miolo feito de diamante, que refulgia o sol brilhando em várias cores diferentes. Vendeniel pegou o papel e percebeu que nele estava escrito uma mensagem, escrita rapidamente em letras fëanorianas.
Vendeniel: Se você estiver lendo isso, é por que está em Lórien e eu já devo ter partido para o Sul, acompanhando a Sociedade. Passamos por um caminho triste e difícil, do qual não vou falar aqui, pois a dor da perda é recente. Confiei a Senhora este bilhete, por que ela é discreta e adivinhou o que eu sentia antes de eu mencionar qualquer coisa. Bem, espero que você goste do medalhão. Ele não pode lhe oferecer nenhum tipo de proteção, mas quando você usá-lo, pense em mim, e eu também saberei que você me ama. Não queria lhe encontrar em meio à guerra, mas provavelmente, será lá que nós nos veremos novamente. Hoje partiremos, pelo rio, em direção ao Sul. Que Elbereth esteja conosco.
Te amo,
Legolas Greenleaf
Vendeniel acabou de ler e sorriu, e novamente olhou para o medalhão, e apertou-o contra o peito, mas Galadriel interrompeu seus devaneios:
- Você ama Legolas e Legolas te ama. Mas já paraste para pensar nos prós e nos contras que a união de vocês trará?
Vendeniel a olhou. Não havia compreendido. – Senhora?
Galadriel continuou. – Bem, a guerra acaba e Frodo destrói o Um Anel. O Inimigo é destronado, seus exércitos são destruídos. Os reinos de Arnor e Gondor são novamente reunidos e Aragorn se tornará rei. Você se casará com Legolas, e será feliz para sempre. É só nisso que você pensou? – Vendeniel não respondeu, mas logo o quebra cabeça começou a se montar dentro da sua cabeça, e o seu coração foi ficando apertado. – Vendeniel o Athangaear, acaso não percebeste que se você ficar, vai ter que abdicar do Oeste, virar as costas para os Valar, assim como eu virei? Mais do que o Mar separará você de sua família e de Valinor, e você permanecerá aqui, até que o cansaço lhe tome e a morte lhe venha, seja pela tristeza ou pela espada. Vendeniel... Tens certeza de que a Eternidade nos Palácios de Mandos é o que tu desejas?
- Senhora. – disse Vendeniel, erguendo a cabeça. – Eu faço minha escolha. Se necessário, abdicarei de minha vida junto aos Valar, mas eu... eu vivi por muito tempo lá, naquele lugar. Nunca amei ninguém como eu o amo, Senhora! Ai de mim, blasfemando contra Varda e contra todos eles, que me salvaram. E agora eu compreendo, que minha missão é apenas ficar até a guerra acabar, e então voltar. Mas... se eles permitiram que os Exilados voltassem, talvez eu também possa rever as Terras Imortais algum dia...
- Talvez... – disse Galadriel. – Essa é uma palavra muito vaga. Eu não vim para cá atrás de amor, e sim da aventura e do perigo. Acabei achando o amor, e estou aqui por três eras do Sol. Mesmo assim, eu sei que posso voltar. Eu estou cansando da Terra Média, e logo chegará o momento em que os Elfos irão definhar. A Era dos Homens está próxima, os Dias Antigos acabaram-se. Eu não sei se o que eu direi é um bom conselho, ou algo útil. Não posso dizer-te para ir ou ficar, mas sim, para seguir o seu coração. Não é o Círculo do Mahanaxar que está certo, tampouco seu pai, seu irmão, eu, ou qualquer outra pessoa, Vendeniel, mas simplesmente o seu coração. Faça a escolha certa.
Vendeniel olhou nos olhos profundos de Galadriel. – Senhora, a Guerra ainda não começou, e não sei quando vai acabar. Eu vou lutar, mas não sei aonde. Meu coração me diz que a hora da escolha ainda não chegou. O último conselho que eu lhe peço é para me dizer para onde eu devo ir, e peço-lhe que me diga aonde poderei encontra-lo.
- Não sei quem você quer encontrar, criança. – disse uma voz grave e rouca atrás dela. – Mas você e seus amigos virão comigo para Rohan, livrar aquela terra do Mal de Saruman, e com sorte, Aragorn terá partido naquela direção. Iremos amanhã. – terminou Gandalf, que agora parecia um velho rei de histórias de tempos imemoriáveis, vestido de branco reluzente e apoiado no cajado branco. Galadriel sorriu.
- Está decidido. Iremos para Rohan! – disse Vendeniel
NOTA O.o'' Parabéns pra quem conseguiu chegar até aqui... capítulo realmente longo (agora escrevendo no word, deu 5 páginas... O.O!)... Eu estava realmente inspirada quando escrevi a maior parte desse capítulo... desculpem pelas passagens meio descritivas e detalhadas demais... sério mesmo, isso é o que acontece quando eu me empolgo demais para escrever. No próximo capítulo, Vendeniel parte para o sul, e acaba descobrindo um povo que ela nem imaginava que poderia existir... v.v
Namarië!
- Vocês não são os únicos que chegam sem ser esperados nesses tempos. – disse Haldir. – Mas talvez, a Senhora saiba que estavam próximos, pois mandou nossos grupos ficarem próximos à orla da floresta e atentos a algum chamado.
Elladan sorriu. – Ela sempre sabe. Bem, ainda não almoçamos, Haldir. Ainda há tempo de nos juntarmos ao Senhor e a Senhora de Lórien para comermos algo?
- Receio que não. Mas esperem aqui, levarei vocês para o Cerin Amroth e talvez possamos comer algo lá. Sigam-me. – os elfos de Haldir seguraram as rédeas dos cavalos, e um deles ajudou Vendeniel a descer, embora isso fosse desnecessário. Ao descer do cavalo, ela olhou em volta, para os altos mallorns, e sentiu o cheiro das pequenas flores que haviam em volta, espalhando-se como mato pela floresta: as douradas Elanor e os pálidos Niphredil. Em Lothlórien, o Inverno não parecia tão rigoroso como havia sido no Caradhras, ali parecia reinar uma espécie de primavera constante, apenas modificada pela mudança das folhas das árvores, mas lá não havia frio, nem neve, e lá o tempo passava de forma diferente, talvez como em algum reino desconhecido da Beleriand de antes do Sol. O Cerin Amroth era uma clareira, com uma colina alta, coberta de Elanores e Niphredilis, e no alto dessa colina haviam árvores, como uma coroa, as de fora eram pálidas, e as de dentro eram imponentes mallorns, e no mais alto dele, havia um flet. Embalada pelo perfume das flores e pela vista deslumbrante, pensamentos passavam pela cabeça de Vendeniel. "Ele pode ainda estar aqui", ela pensava, "Por Varda que ele ainda esteja aqui...", e ela foi tomada por tais pensamentos, de uma forma obsessiva, que chegou a deixá-la um tanto 'desligada' do mundo ao redor, fazendo-a esquecer do motivo por estar em Lórien e o que viria pela frente.
- Vendeniel... – alguém chamou distante. Mas não, agora ela estava lembrando sobre a despedida em Valfenda, não podiam interrompê-la. – Vendeniel? – a voz tornou a chamar, era um homem, Vendeniel teve a tênue impressão de que poderia ser seu irmão. Alguém tocou no seu ombro, por trás. Quem sabe fosse ele, só podia ser ele... Repentinamente, estava de volta a realidade. Os elfos de Lórien, Elladan, Elrohir e Fingwë olhavam para ela de maneira estranha, enquanto Amras segurava o ombro dela, como quando se chama alguém que estava dormindo. – O que houve?
Vendeniel olhou para o irmão, meio magoada e mal humorada por ter sido despertada do seu sonho. – Nada. Apenas me distrai.
Amras sorriu, completamente irônico. – Bem, estava tentando lhe chamar para comermos algo antes de partirmos para Caras Galadhon, mas perdão por ter acordado você dos seus sonhos. Espero que por isso eu não fique preso por eras nos Salões de Mandos...
- Amras! – disse Vendeniel, zangada. – Pare com isso! Me desculpe, eu só me distrai... Mas vamos comer, eu estou faminta e com sede! Não como nada desde o desjejum.
Os elfos comeram, mas Vendeniel terminou antes. Desceu do flet e foi para a base da colina, e deitou no chão gramado e fofo, seus cabelos dourados se misturando às flores, olhando para o céu nublado e para o pálido sol que teimava em brilhar, brigando com as nuvens. Começou a cantar uma canção alegre do ano novo de Valinor, em Quenya. Até ver que Fingwë havia ido sentar-se ao seu lado.
- Olá. Acabei de comer também. – disse ele, sorrindo.
Vendeniel sorriu também. – Eu estava aqui, deitada, esperando. Eu sei que estamos em guerra, mas é tão monótono ouvir aqueles elfos falando sobre as guerras com orcs nas suas fronteiras... É um absurdo falarem de guerra e orcs e inimigos, não num lugar tão belo como esse! Faz me lembrar de Valinor, das planícies de Yvanna – e parou, constrangida por estar demonstrando saudades, olhando para o lado contrário de Fingwë e se sentando na grama. Quando o olhar dela parou sobre o anel que brilhava em seu dedo, ela resolveu novamente encarar o céu.
Fingwë também parecia sem jeito. – Eu sei... Estamos longe, não é?
- Sim... – disse ela, distante, então, lembrando-se de algo que a incomodava por semanas, Vendeniel perguntou ao primo: - Fingwë... Por que... Eu sei que lhe perguntei isso antes de zarparmos, mas você não me convenceu... Por favor, você é um grande amigo, seja sincero: por que você veio para cá? Por que não continuou no Oeste, em Tilion? Por que você também desafiou aos Valar?
- Você quer que eu seja sincero? – disse ele, olhando-a nos olhos. Eles tinham crescido juntos, mas apesar dos anos de convivência, ela ainda se sentia incomodava quando ele a olhava tão profundamente. – Nem eu mesmo sei. Acho que foi por que eu queria conhecer terras novas, por que eu queria lutar, não matar cervos e coelhos dos bosques de Yvanna... Eu lembro de Fëanor, Vendë... Eu lembro do discurso que ele fez, e eu confesso para você, ele sempre esteve na minha mente... Eu sempre pensei naquilo tudo que ele disse sobre os Valar, e sobre as jóias e tudo mais, e mesmo não concordando com boa parte, eu não sei... passei minha infância toda imaginando como seriam as terras daqui, como eram os homens, e os 'monstros', e tudo mais... – disse ele, sorrindo – mas... Também... Porque... – ele parou, não sabia como dizer alguma coisa. De repente, a expressão de seu rosto mudou e ele riu. – Por que eu não podia deixar minha pobre e delicada priminha lutar com os orcs sozinha... – e os dois riram, apagando qualquer impressão da seriedade do momento anterior.
- Para a sua informação, Fingwë, - disse Vendeniel, irônica. – Mesmo uma pobre donzela pode ser muito perigosa, enganando os insolentes homens que as julgam por sua aparência bonita e indefesa.
- Tudo bem, Vendë – disse ele – Mas eu só quero ver, você pode acabar quebrando uma unha nessa brincadeira toda... Ainda acho que deveria estar em Tilion, na casa do seu pai, bordando uma tapeçaria e escolhendo um noivo.
Vendeniel riu. – Noivo? Não sei... Eu nunca pensei seriamente em me casar, nem tenho idéias de pretendentes possíveis... alguma sugestão?
Fingwë sorriu. – Bem, eu poderia te diz... – Amras chamou os dois à distância, avisando que já estava na hora de partir, e o assunto foi parado por aqui, ambos pegaram suas mochilas e seguiram pela trilha, guiados por Haldir, até Caras Galadhon.
Meia hora depois os elfos entravam na cidade. Como o próprio nome sugere, a cidade era suspensa nas árvores, não haviam muitas construções térreas, e o povo de lá parecia ser feliz, todos vestiam se de branco, e alguns usavam capas de um tecido élfico cinzento, que de certa forma camuflava quem o vestisse. Finalmente chegaram até o mallorn mais alto, e subiram-no por uma escada. Passavam por vários talans pelo caminho, até chegarem no fim, em uma espécie de casa, muito grande, e no meio estava o tronco da árvore, que à essas alturas já começava a alargar-se para formar a copa. E sentados em cadeiras, rodeados de elfos com harpas e roupas brancas, estavam Celeborn e Galadriel, o Senhor e a Senhora de Lórien.
Celeborn era alto, e tinha cabelos prateados como a lâmina de uma espada. Seus olhos eram profundos e ele tinha o peso da sabedoria em sua face, embora não houvesse sinal algum de velhice nela, e Galadriel também era alta: mais alta do que Vendeniel. Era loura, e seu cabelo comprido crescia numa cascata ondulada e finamente trançada sobre um diadema. A senhora tinha olhos claros, e o sangue Vanyarin ainda mostrava-se no rosto da filha de Finfarin, o Louro. Vendeniel sabia que anos imemoriáveis passavam por aquele rosto, ela lembrava-se de como Galadriel apoiara os irmãos e Fëanor, e de como eles partiram. Depois ela soube que Fëanor os abandonara e os obrigara a passar pelo Helcaraxë, uma travessia difícil, na qual os elfos perderam muitos de seus entes queridos. Perdida em pensamentos, lembrando de histórias antigas, Vendeniel se distanciou e não prestou atenção à saudação de Celeborn.
-... Estamos realmente muito felizes em vê-los, meus netos, e também em saber que vocês estão acompanhados por elfos do Oeste. Saudações, Amras, Vendeniel e Fingwë, descendentes dos Vanyar. – disse o Senhor, fazendo uma reverência, a qual Vendeniel e os elfos retribuíram.
- Ficamos muito felizes com a hospitalidade, meu Senhor. Mas agora, eu gostaria muito de saber aonde está a Sociedade. – disse Vendeniel, esperançosa e um pouco desapontada por não ter visto Legolas e nenhum sinal de hobbits saltitando em Lórien.
- A Sociedade esteve aqui, Vendeniel de Tilion. – disse Galadriel, voltando-se para ela, e olhando-a de uma maneira muito profunda. – A Sociedade esteve aqui, mas o Fardo deve ser levado embora, de modo que eles já partiram. Frodo Bolseiro deve destruir o Anel, e infelizmente não há tempo para que ele descanse na bela Lothlórien. Aquelas pessoas passaram por caminhos difíceis para chegar aqui, e agora, partem para um caminho mais negro e mais perigoso ainda. Lamento muito que não os tenha visto aqui. Mas também... – disse a Senhora, erguendo o rosto, olhando para os outros elfos e pousando seu olhar em Vendeniel. – Acho que já nos vimos. Você era a pequena filha de Fanéthar, lembro-me de você, na maldita noite em que Fëanor fez seu juramento, eu lembro da pequena garotinha agarrada ao pai, ele próximo de Finfarin e de minha avó, todos chorando e chocados com tudo o que acontecia. Segui meu tio e paguei caro: por muito tempo fui banida, e estive presa numa terra cheia de perigos, perigos com os quais eu não sonhava antes de vir para cá. Vi reinos caírem, passei várias vidas de homens, vi guerras irem e virem, lembro-me da Ira dos Valar contra Morgoth e lembro-me das Duas Árvores, lembro-me da Queda de Numenór de da Primeira Guerra do Anel. E agora, para me alegrar, depois de tanto tempo, tenho lembranças dos belos Vanyar, descendentes de Ingwë, o Senhor de Todos os Elfos e aquele que reina sobre Tilion. Que aqui nessa terra vocês sejam bem vindos, espero que possam aproveitar o tempo que passarem aqui, para descansarem, aprenderem e se prepararem, pois a sombra está a sua frente. Mesmo assim, eu vos digo: aproveitem o último brilhar do sol, provavelmente o último momento tranqüilo que terão nos próximos meses. E que Elbereth esteja com vocês! – sorriu ela.
Celeborn começou a contar o que havia acontecido com a Sociedade que saiu de Valfenda: eles haviam levado doze dias para chegar até o Passo do Chifre Vermelho. Tentaram usar o caminho da montanha, mas o Caradhras foi demasiado cruel com a Sociedade, e a neve espessa os impediu de prosseguir por aquele caminho. Voltaram e não sabiam que caminho seguir: o desfiladeiro de Rohan era próximo demais de Isengard e a passagem era vigiada por Saruman, e havia os caminhos escuros de Moria, a mina destruída dos anões.
Depois de muito discutir, acabaram indo por Moria, mas quando estavam quase terminando a viagem, foram atacados por orcs e acordaram um mal inominável, um Balrog de Morgoth, um ser de fogo, terrível e maléfico. Gandalf lutou contra ele, e o destruiu, mas acabou caindo no abismo com seu inimigo. A Sociedade conseguiu sair de Moria e chegar em Lothlórien, mas Gandalf estava perdido!
- Não! Não Olórin! – levantou-se Vendeniel.
Celeborn falou – Lamento muito, Senhora. Eu sei que conhecestes ele em Valinor, e agora para o Oeste ele voltou. Mithrandir caiu.
- Que lástima – disse Vendeniel, caindo vagarosamente na cadeira em que estivera sentada. – Eu não posso acreditar... Olórin...
- Nem tudo é o que parece ser. – disse Galadriel, no seu tom grave, solene e melodioso de voz. – A perda nem sempre é uma perda, e agora eu sinto que Mithrandir não está em Valinor. Uma missão foi dada a ele. E só lhe seria permitido voltar quando a acabasse... e...
Um pio de águia rompeu o ar, alto e agudo. Os elfos apontavam para uma águia gigante que pousara no talan abaixo. Sem pensar, Vendeniel desceu a escada, assim como todos que estavam na sala, para ver o que a águia estava fazendo. Ela estava pousada, e havia deixado um homem no chão. Ele se enrolava em um trapo cinzento, e tinha uma longa barba branca, e grossas sobrancelhas. Vendeniel logo o reconheceu.
- Olórin! Por todos os Valar!
Galadriel passou por ela e foi até Gandalf. Olhou para ele e chamou, altiva, dois pajens, para ajudá-lo. – Vistam-no e cuidem dele, para que Mithrandir possa se juntar à nós.
Meia hora depois, Mithrandir era trazido, com uma aparência bem melhor, e vestido em branco. Carregava um cajado e andava se apoiando. Mas o que havia acontecido, ele só contou para Galadriel e Celeborn, de modo que os elfos foram liberados.
Lothlórien era um lugar pacato e monótono, e mesmo assim, o tempo parecia passar bastante rápido. Vendeniel estava um tanto mal humorada: se sentia frustrada por não ter encontrado Legolas. Estava monossilábica e apática, evitando seu irmão, seu primo e os filhos de Elrond. Aliás, ela não queria falar com ninguém, então saiu andando por Caras Galadhon, até achar um jardim cercado, com uma fonte em um canto, e uma bacia d'água feita de pedra. Ela estava sozinha, ou pelo menos achava, até ouvir uma voz grave e bela atrás dela:
- Estás um pouco irritada. Talvez o porque príncipe de Mirkwood não está mais aqui.
Ela se virou, Galadriel estava parada e sorria. – Como? Como a senhora sabe? – Galadriel sorriu, mas não respondeu.
- Esse é o meu jardim particular. E esse é o meu espelho d'água. Um lugar bonito na minha opinião, bom para refletir.
- Sim. – Vendeniel olhou em volta. – Senhora, por favor! Eu já percebi que você consegue olhar dentro dos corações das pessoas, que você consegue ver suas aflições, desejos e medos. Por favor, Senhora, você tem alguma notícia dele?
Galadriel sorriu. – Não notícias. Tudo que havia para se dizer sobre a Sociedade, o Senhor de Lórien já lhe contou ontem à tarde. Mas há algo... algo que ele deixou para você. – Vendeniel então notou que ela segurava um embrulho, muito pequeno. A jovem pegou-o e abriu-o. Havia um papel embrulhando uma corrente com um pingente: uma pequena Elanor, feita de ouro belamente esculpido, com pequenas pétalas de esmeralda e um miolo feito de diamante, que refulgia o sol brilhando em várias cores diferentes. Vendeniel pegou o papel e percebeu que nele estava escrito uma mensagem, escrita rapidamente em letras fëanorianas.
Vendeniel: Se você estiver lendo isso, é por que está em Lórien e eu já devo ter partido para o Sul, acompanhando a Sociedade. Passamos por um caminho triste e difícil, do qual não vou falar aqui, pois a dor da perda é recente. Confiei a Senhora este bilhete, por que ela é discreta e adivinhou o que eu sentia antes de eu mencionar qualquer coisa. Bem, espero que você goste do medalhão. Ele não pode lhe oferecer nenhum tipo de proteção, mas quando você usá-lo, pense em mim, e eu também saberei que você me ama. Não queria lhe encontrar em meio à guerra, mas provavelmente, será lá que nós nos veremos novamente. Hoje partiremos, pelo rio, em direção ao Sul. Que Elbereth esteja conosco.
Te amo,
Legolas Greenleaf
Vendeniel acabou de ler e sorriu, e novamente olhou para o medalhão, e apertou-o contra o peito, mas Galadriel interrompeu seus devaneios:
- Você ama Legolas e Legolas te ama. Mas já paraste para pensar nos prós e nos contras que a união de vocês trará?
Vendeniel a olhou. Não havia compreendido. – Senhora?
Galadriel continuou. – Bem, a guerra acaba e Frodo destrói o Um Anel. O Inimigo é destronado, seus exércitos são destruídos. Os reinos de Arnor e Gondor são novamente reunidos e Aragorn se tornará rei. Você se casará com Legolas, e será feliz para sempre. É só nisso que você pensou? – Vendeniel não respondeu, mas logo o quebra cabeça começou a se montar dentro da sua cabeça, e o seu coração foi ficando apertado. – Vendeniel o Athangaear, acaso não percebeste que se você ficar, vai ter que abdicar do Oeste, virar as costas para os Valar, assim como eu virei? Mais do que o Mar separará você de sua família e de Valinor, e você permanecerá aqui, até que o cansaço lhe tome e a morte lhe venha, seja pela tristeza ou pela espada. Vendeniel... Tens certeza de que a Eternidade nos Palácios de Mandos é o que tu desejas?
- Senhora. – disse Vendeniel, erguendo a cabeça. – Eu faço minha escolha. Se necessário, abdicarei de minha vida junto aos Valar, mas eu... eu vivi por muito tempo lá, naquele lugar. Nunca amei ninguém como eu o amo, Senhora! Ai de mim, blasfemando contra Varda e contra todos eles, que me salvaram. E agora eu compreendo, que minha missão é apenas ficar até a guerra acabar, e então voltar. Mas... se eles permitiram que os Exilados voltassem, talvez eu também possa rever as Terras Imortais algum dia...
- Talvez... – disse Galadriel. – Essa é uma palavra muito vaga. Eu não vim para cá atrás de amor, e sim da aventura e do perigo. Acabei achando o amor, e estou aqui por três eras do Sol. Mesmo assim, eu sei que posso voltar. Eu estou cansando da Terra Média, e logo chegará o momento em que os Elfos irão definhar. A Era dos Homens está próxima, os Dias Antigos acabaram-se. Eu não sei se o que eu direi é um bom conselho, ou algo útil. Não posso dizer-te para ir ou ficar, mas sim, para seguir o seu coração. Não é o Círculo do Mahanaxar que está certo, tampouco seu pai, seu irmão, eu, ou qualquer outra pessoa, Vendeniel, mas simplesmente o seu coração. Faça a escolha certa.
Vendeniel olhou nos olhos profundos de Galadriel. – Senhora, a Guerra ainda não começou, e não sei quando vai acabar. Eu vou lutar, mas não sei aonde. Meu coração me diz que a hora da escolha ainda não chegou. O último conselho que eu lhe peço é para me dizer para onde eu devo ir, e peço-lhe que me diga aonde poderei encontra-lo.
- Não sei quem você quer encontrar, criança. – disse uma voz grave e rouca atrás dela. – Mas você e seus amigos virão comigo para Rohan, livrar aquela terra do Mal de Saruman, e com sorte, Aragorn terá partido naquela direção. Iremos amanhã. – terminou Gandalf, que agora parecia um velho rei de histórias de tempos imemoriáveis, vestido de branco reluzente e apoiado no cajado branco. Galadriel sorriu.
- Está decidido. Iremos para Rohan! – disse Vendeniel
NOTA O.o'' Parabéns pra quem conseguiu chegar até aqui... capítulo realmente longo (agora escrevendo no word, deu 5 páginas... O.O!)... Eu estava realmente inspirada quando escrevi a maior parte desse capítulo... desculpem pelas passagens meio descritivas e detalhadas demais... sério mesmo, isso é o que acontece quando eu me empolgo demais para escrever. No próximo capítulo, Vendeniel parte para o sul, e acaba descobrindo um povo que ela nem imaginava que poderia existir... v.v
Namarië!
