Capítulo X – A Primeira Batalha
Milhares de homens e orcs se encaminhavam às muralhas.
- Preparar arcos! – soou grave a voz de Aragorn e todos as pessoas no abismo prepararam seus arcos. Ninguém fazia mira, apenas esperavam. Em alguns minutos, as tropas de Saruman chegaram até a muralha. E também não demonstraram nenhuma reação.
- Estamos com você, Aragorn – disse Legolas, e Gimli se mostrava inquieto por não conseguir ver o que acontecia. Os orcs começaram a rugir e a bater escudos, um som ensurdecedor e angustiante. As risadas, as palavras deles ecoavam pelas montanhas, fantasmagoricamente, como se milhares de orcs invisíveis atendessem ao chamado das vozes que gritavam, e gritassem em resposta. – Não atirem! – disse Aragorn. Mas nesse momento um homem, em pânico, soltou sua flecha, do alto da grande torre de Menagem, acertando um dos orcs no rosto. Um silêncio mortal tomou o campo de batalha, apenas interrompido pela chuva que caía. De repente, um dos orcs rugiu e brandiu a espada, fazendo com que todos os outros começassem a batalha. – Atirem à vontade! – gritou Aragorn, e os elfos soltavam suas flechas. Fazer a mira se tornava uma tarefa árdua, pois o tempo era curto e os orcs se moviam.
Escadas começaram a ser trazidas. – Preparar espadas!
Vendeniel, pela primeira vez sacou sua espada, que reluziu num pálido brilho azulado. Os orcs começaram a subir, às centenas, e o único meio de pará-los era derrubando as escadas. Os orcs estavam bem armados, e todos eles ostentavam a mão branca pintada no rosto.
Logo a formação inicial foi dispersa e a luta se tornava caótica. Orcs, elfos e homens se misturavam, e os arcos agora, nas muralhas externas, não eram mais tão úteis. Legolas era o único que ainda atirava, todos os outros elfos lutavam com espadas e lanças. Um Uruk-Hai avançou em direção à Vendeniel, com sua cimitarra. A elfa por duas vezes desviou, mas se tornava muito complicado combater os orcs, com suas armaduras tão resistentes. A elfa conseguiu golpeá-lo na axila esquerda, enterrando sua espada, e o orc caiu de quatro no chão, urrando de dor e com falta de ar. Ela então retirou a espada e a cravou no rosto. O orc caiu morto. Amras, que estava próximo, sorriu.
O jovem Vanyar não lutava com espadas. Ele lutava com uma lança, ganhada de Elrond, e com uma faca longa e curva, chamada Morcrist, a cortadora da Escuridão. Vendeniel não sabia aonde ele havia conseguido a arma, mas supunha que fora um presente de Aulë. A sentiu algo atrás dela, e viu um enorme orc com um machado, pronto para descê-lo na sua cabeça, mas a criatura foi parada por duas flechas acertadas com precisão na abertura entre o elmo e a armadura. Ela sorriu ao ver que Legolas havia o matado. A batalha continuou por um bom tempo até que as escadas foram completamente destruídas e os orcs restantes foram mortos. Dentre o grupo que guardava as muralhas externas, muitos morreram, mas mesmo assim, os que ainda estavam vivos resistiam bravamente. Vendeniel encontrou Aragorn, que estava sujo de sangue e poeira, e um arranhão cortava-lhe o lado esquerdo do rosto.
- Nós os detemos! – disse a elfa, triunfante, e ainda arfando, cansada.
Aragorn sorriu. – Enquanto eles estiverem do lado de fora das muralhas estará tudo bem.
Estranhamente, os orcs haviam parado. Algumas flechas voavam, mas eles pareciam estar cansados, haviam parado a batalha, e os soldados mais recuados começavam a voltar em direção à saída do desfiladeiro. Muitos dos que estavam no forte começaram a comemorar a batalha ganha, e os feridos eram carregados às pressas para os salões da fortaleza, para que pudessem ser tratados.
O que ninguém esperava, ou temia, é que a Fortaleza de Helm tivesse alguma fraqueza. Mas ela tinha: pelo vale íngreme, descia um pequeno riacho, que abastecia com água o forte. Mas o riacho continuava em direção às terras de Rohan, e ele cruzava a muralha por uma pequena abertura: não mais que um metro de largura por um e meio de comprimento. E essa abertura era o ponto fraco do abismo. Saruman, prevendo isso, preparou um artífice terrível, que seria capaz de explodir a muralha. Barris de pólvora foram colocados na abertura enquanto os rohirrim se distraiam.
E então alguém gritou, apontando um dos orcs, que atravessava o campo de batalha com uma tocha na mão. Aragorn, percebendo o que aconteceria, gritou, desesperado. – Mate-o! Acabe com ele, Legolas, mate-o!
Legolas preparou o arco e mirou. Tarde demais, o orc havia saltado e ateado fogo aos barris. O fogo, em contato com o misterioso pó, explodiu, fazendo com que soldados e pedras voassem com o impacto. Com a passagem aberta, os orcs e bárbaros começavam a entrar, e a batalha corpo a corpo começou. Os Rohirrim que não possuíam arcos e que estiveram em frente ao portão esperando para o combate de espadas agora corriam para ajudar os elfos, mas mesmo assim, ainda estavam em desvantagem.
Vendeniel lutava com todas as suas forças, sua espada brilhava friamente graças à todos os orcs ao redor, e a aura da elfa também espelhava sua ira. – Por Elbereth! A tiro nin, Fanuillos! – ela gritou, e alguns orcs recuaram, temendo a luz de Valinor. O anel de Yvanna agora brilhava com muita intensidade, iluminando boa parte do ambiente ao redor, e dando à elfa uma aparência terrível e poderosa.
Mesmo assim, mesmo com tantos guerreiros valorosos, a desvantagem era imensa, e logo a defesa estava cansando. Théoden gritou do alto da torre:
- Recue, Aragorn! Volte para a Torre de Menagem!
Aragorn olhou em volta, suspirou e repetiu as palavras de Théoden em élfico. – Am Marad! Am Marad!
As pessoas ao redor começaram a correr em direção do portão que separava o pátio externo do pátio interior. Vendeniel se via cercada de orcs, não havia como fugir, e ela fora uma daqueles que combatiam nas linhas de frente. Simplesmente não havia como escapar, mas ela morreria lutando. Até que um arco zuniu em algum lugar, e flechas começaram a voar. Legolas conseguiu abrir caminho com seu arco e com suas facas. Ele então ajudou Vendeniel a destruir os orcs que a cercavam, segurou-a pelo braço e começou a correr. Ambos trocaram brevemente olhares, e ele falou, baixo:
- Eu não vou te deixar morrer! – Ela sorriu e continuou a correr. Fingwë, quando a viu, correu em direção a prima, mas parou no caminho. Uma das flechas dos orcs o atingira no flanco esquerdo. Ele caiu ajoelhado e puxou a flecha com força. Vendeniel gritou e correu até ele, que a olhou com os olhos completamente desfocados. Com a ajuda de Legolas, carregaram o elfo até a torre de Menagem, e ao entrarem, olharam em volta. Muitos ainda não estavam lá: Elrohir, Gimli, Aragorn e Haldir. Legolas deitou Fingwë apoiado em uma parede, próxima à um braseiro, e Amras logo os encontrou. Ele olhou para Vendeniel, Legolas, e então para Fingwë, e o seu rosto empalideceu.
- O que?
Legolas abriu levemente a mão do vanyarin e pegou a flecha, de ponta negra e suja de sangue. Amras ficou sem ação, e gritou por Elladan. Enquanto isso, Vendeniel tentava reanimar o primo.
- Fingwë! Fingwë...
Fingwë abriu os olhos, com muito esforço. – Vende? Aonde estamos? Está frio, escuro...
Ela pôs a mão sobre o rosto dele, erguendo o rosto dele na direção dela. – Fingwë, por favor! Não feche os olhos, não durma... não agora, por favor...
- Vende... – disse ele, com esforço – me perdoa... por favor, me perdoa... pelo que houve hoje, eu não queria...
- Esse assunto está encerrado. Eu te perdôo. Mas por favor, não...
Os olhos dele brilharam por alguns segundos. – Olhe, Vende! Eu posso ver as praias, e Tilion refulgindo branca. Vendeniel, eu vejo as pelóri, e há uma luz brilhando no alto do Taniquetil... Vende... estamos em casa... eu vou te esperar...
Fingwë fechou os olhos, e ele sorria, como se dormisse um sono calmo e embalado por sonhos tranqüilos e felizes. Mas ele estava... não, não podia ser, ela se recusava a acreditar...
Lágrimas rolavam pelo seu rosto e ela tentava chamar o primo. – Fingwë... Fingwë... acorde, pelos Valar... por favor... – mais uma lágrima rolou. A voz estava rouca e embargada. – Estë! Mandos, não o leve... Estë! Estë – em seu desespero ela chamava a Valier da cura.
- Não vai adiantar... – disse Legolas, e também havia desespero na sua voz. Ele estava próximo de Vendeniel, e mantinha sua mão sobre o ombro da elfa. – Não vai adiantar nada, ele não vai acordar por que ele está...
Vendeniel começou a chorar. Era a primeira vez que se deparava com a morte de maneira tão crua, tão próxima. Abalada emocionalmente e fisicamente, ela abraçou Legolas, buscando compreensão e compaixão, e ele a apertou firmemente, acariciando sua cabeça. – Está tudo bem...
- Não, não está! É minha culpa, ele veio para cá por minha causa...
Legolas tentava confortá-la, mas não sabia o que dizer. – Vende, você não podia saber disso. Fingwë sabia o que fazia, veio para cá por que quis...
- Ele veio atrás de mim, Las... e hoje, ele nos viu... Las, ele está morto! Ele morreu me pedindo perdão...
- Acalme-se... – dizia Legolas.
Amras voltou, ainda pálido e nervoso, com Elladan. Ele olhou para Vendeniel e para Fingwë e fechou os olhos. Uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto, enquanto ele se esforçava para não chorar. Sua mão estava sobre a mão de Fingwë. Elladan olhou com pena para Vendeniel e Amras e pegou a flecha. – Não... Outra flecha envenenada... Se uma dessas atingir a corrente sanguínea, não há esperança... – o elfo moreno fechou os olhos, e suspirou.
Aragorn entrava, acompanhado de Elrohir e Gimli. Sua expressão também era a de tristeza. – Estel? – perguntou Elladan. – O que houve?
- Haldir. – disse Elrohir. – Está morto... não conseguimos recuperar o corpo.
Elladan baixou a cabeça, triste. – Que ele descanse em paz nas Mansões de Mandos, então. - Aragorn estava quieto. Olhou a cena triste em volta e fechou os olhos. – Fingwë também partiu. – continuou Elladan, constatando o óbvio.
Vendeniel suspirou e afastou-se de Legolas. Limpou as lágrimas com as costas da mão, e soluçou um pouco. – Certo. Ele se foi, não adianta chorar. Lutarei para vingar a morte dele ou morrer com honra.
- Vendeniel, você tem razão. – disse Elrohir. – O sangue deles não foi derramado em vão.
Os orcs agora tomavam o pátio externo. Não demoraria muito para que eles tomassem o pátio interior e as cavernas. Havia acabado, Os feridos foram carregados para os aposentos mais protegidos da fortaleza e os homens procuravam bloquear o portão. Os elfos sobreviventes e a comitiva do Anel estavam no salão principal, com o Rei Théoden e alguns poucos oficiais de Rohan.
- Então, é assim que acabaremos. – disse o rei, finalmente.
Aragorn estava próximo a uma janela que dava para sudoeste. – Não sei. O dia está nascendo, e a Chama de Airnen ainda pode trazer alguma esperança.
Théoden sorriu e foi até o dúnadan. – Aragorn, cavalgue comigo em direção à esse fim glorioso! Não temo a morte, e me sinto honrado em saber que morrerei lutando para defender o meu povo. Dias mais claros virão, e talvez eu não os veja. Mas aqueles que virão ainda cantarão as histórias das Grandes Guerras da nossa época, e contarão sobre a tomada da Fortaleza do Abismo de Helm, e como os rohirrim lutaram bravamente até o fim. Cavalgue comigo, Aragorn!
Aragorn sorriu. Os cavalos que haviam sido levados para dentro agora eram montados. Ao todo, cinqüenta cavaleiros foram reunidos, e ainda haviam alguns homens que se dispunham a lutar como infantaria.
Baques surdos. O pátio inferior havia sido tomado. O fim estava próximo. A porta tremeu, estavam tentando arrombá-la. As dobradiças rangeram, mas se mantiveram firmes. Por quanto tempo ainda agüentariam? Mais uma batida, e a porta vibrou com violência. Logo entrariam, logo tudo acabaria... Uma terceira batida, e as dobradiças não agüentariam. Na quarta batida, a porta se abriu, e orcs raivosos invadiram o salão. Théoden empinou seu cavalo.
- Por Rohan! Avante, Eorlingas!
Ele brandiu sua espada e partiu em direção aos inimigos. Os cavaleiros se mantiveram atrás dele, e alguns orcs fugiram amedrontados. A ira dos Senhores da Terra dos Cavaleiros era tanta que o pátio interno foi limpo e o caminho até o portão principal foi aberto. Mas quanto mais orcs morriam, mais apareciam. O céu já adquiria um tom alaranjado à leste, a Aurora não tardaria a acontecer. Então Aragorn lembrou-se das palavras de Gandalf e empinou seu cavalo, no mesmo momento em que o sol saia e que um cavaleiro branco surgia no alto da íngreme colina. – O Cavaleiro Branco! Gandalf! – muitos gritavam, alegres e esperançosos. Gandalf desceu colina abaixo, tão rápido quanto o vento, e atrás dele vinham centenas de cavaleiros, liderados por Éomer de Rohan. Os orcs arrumaram-se em formação de batalha, com lanceiros na frente e arqueiros atrás, mas o sol os impedia de fazer a mira, mesmo que não os impedisse de caminhar sobre a terra.
Agora a vitória era certa. De um lado, os cavaleiros liderados por Gandalf, e do outro, aqueles homens liderados por Théoden. Em algum tempo, o caminho por entre o campo de batalha foi aberto, e a batalha estava ganha.
Vendeniel sorriu e olhou para o sol, que refletiu alegremente no anel de Yvana. Ela olhou para o Oeste, e nesse momento, sentiu que o olhar de Varda se voltava para ela.Uma águia piou distante no céu, e a elfa considerou isso como um bom sinal.
Atualização mais rápida do que de costume... eu gostei de escrever essa parte, levei três dias só... o/ Um pouquinho mais curto que o outro, mas eu gostei desse capítulo... Só ignorem a falta de criatividade para escrever batalhas, e a melosidade nos trechos mais tristes... Mas enfim, gostei desse capítulo, ele no geral é muito bom... Acho que ainda tem muito o que melhorar, mas isso é coisa do tempo. O que acharam? Gostaram? Não gostaram? Dêem suas opiniões nos reviews, vocês não fazem idéia de como esses textinhos são importantes para mim! Namarië Dark Lali
P.S.: Ah, e feliz dia dos namorados para todos! d n.n b
Milhares de homens e orcs se encaminhavam às muralhas.
- Preparar arcos! – soou grave a voz de Aragorn e todos as pessoas no abismo prepararam seus arcos. Ninguém fazia mira, apenas esperavam. Em alguns minutos, as tropas de Saruman chegaram até a muralha. E também não demonstraram nenhuma reação.
- Estamos com você, Aragorn – disse Legolas, e Gimli se mostrava inquieto por não conseguir ver o que acontecia. Os orcs começaram a rugir e a bater escudos, um som ensurdecedor e angustiante. As risadas, as palavras deles ecoavam pelas montanhas, fantasmagoricamente, como se milhares de orcs invisíveis atendessem ao chamado das vozes que gritavam, e gritassem em resposta. – Não atirem! – disse Aragorn. Mas nesse momento um homem, em pânico, soltou sua flecha, do alto da grande torre de Menagem, acertando um dos orcs no rosto. Um silêncio mortal tomou o campo de batalha, apenas interrompido pela chuva que caía. De repente, um dos orcs rugiu e brandiu a espada, fazendo com que todos os outros começassem a batalha. – Atirem à vontade! – gritou Aragorn, e os elfos soltavam suas flechas. Fazer a mira se tornava uma tarefa árdua, pois o tempo era curto e os orcs se moviam.
Escadas começaram a ser trazidas. – Preparar espadas!
Vendeniel, pela primeira vez sacou sua espada, que reluziu num pálido brilho azulado. Os orcs começaram a subir, às centenas, e o único meio de pará-los era derrubando as escadas. Os orcs estavam bem armados, e todos eles ostentavam a mão branca pintada no rosto.
Logo a formação inicial foi dispersa e a luta se tornava caótica. Orcs, elfos e homens se misturavam, e os arcos agora, nas muralhas externas, não eram mais tão úteis. Legolas era o único que ainda atirava, todos os outros elfos lutavam com espadas e lanças. Um Uruk-Hai avançou em direção à Vendeniel, com sua cimitarra. A elfa por duas vezes desviou, mas se tornava muito complicado combater os orcs, com suas armaduras tão resistentes. A elfa conseguiu golpeá-lo na axila esquerda, enterrando sua espada, e o orc caiu de quatro no chão, urrando de dor e com falta de ar. Ela então retirou a espada e a cravou no rosto. O orc caiu morto. Amras, que estava próximo, sorriu.
O jovem Vanyar não lutava com espadas. Ele lutava com uma lança, ganhada de Elrond, e com uma faca longa e curva, chamada Morcrist, a cortadora da Escuridão. Vendeniel não sabia aonde ele havia conseguido a arma, mas supunha que fora um presente de Aulë. A sentiu algo atrás dela, e viu um enorme orc com um machado, pronto para descê-lo na sua cabeça, mas a criatura foi parada por duas flechas acertadas com precisão na abertura entre o elmo e a armadura. Ela sorriu ao ver que Legolas havia o matado. A batalha continuou por um bom tempo até que as escadas foram completamente destruídas e os orcs restantes foram mortos. Dentre o grupo que guardava as muralhas externas, muitos morreram, mas mesmo assim, os que ainda estavam vivos resistiam bravamente. Vendeniel encontrou Aragorn, que estava sujo de sangue e poeira, e um arranhão cortava-lhe o lado esquerdo do rosto.
- Nós os detemos! – disse a elfa, triunfante, e ainda arfando, cansada.
Aragorn sorriu. – Enquanto eles estiverem do lado de fora das muralhas estará tudo bem.
Estranhamente, os orcs haviam parado. Algumas flechas voavam, mas eles pareciam estar cansados, haviam parado a batalha, e os soldados mais recuados começavam a voltar em direção à saída do desfiladeiro. Muitos dos que estavam no forte começaram a comemorar a batalha ganha, e os feridos eram carregados às pressas para os salões da fortaleza, para que pudessem ser tratados.
O que ninguém esperava, ou temia, é que a Fortaleza de Helm tivesse alguma fraqueza. Mas ela tinha: pelo vale íngreme, descia um pequeno riacho, que abastecia com água o forte. Mas o riacho continuava em direção às terras de Rohan, e ele cruzava a muralha por uma pequena abertura: não mais que um metro de largura por um e meio de comprimento. E essa abertura era o ponto fraco do abismo. Saruman, prevendo isso, preparou um artífice terrível, que seria capaz de explodir a muralha. Barris de pólvora foram colocados na abertura enquanto os rohirrim se distraiam.
E então alguém gritou, apontando um dos orcs, que atravessava o campo de batalha com uma tocha na mão. Aragorn, percebendo o que aconteceria, gritou, desesperado. – Mate-o! Acabe com ele, Legolas, mate-o!
Legolas preparou o arco e mirou. Tarde demais, o orc havia saltado e ateado fogo aos barris. O fogo, em contato com o misterioso pó, explodiu, fazendo com que soldados e pedras voassem com o impacto. Com a passagem aberta, os orcs e bárbaros começavam a entrar, e a batalha corpo a corpo começou. Os Rohirrim que não possuíam arcos e que estiveram em frente ao portão esperando para o combate de espadas agora corriam para ajudar os elfos, mas mesmo assim, ainda estavam em desvantagem.
Vendeniel lutava com todas as suas forças, sua espada brilhava friamente graças à todos os orcs ao redor, e a aura da elfa também espelhava sua ira. – Por Elbereth! A tiro nin, Fanuillos! – ela gritou, e alguns orcs recuaram, temendo a luz de Valinor. O anel de Yvanna agora brilhava com muita intensidade, iluminando boa parte do ambiente ao redor, e dando à elfa uma aparência terrível e poderosa.
Mesmo assim, mesmo com tantos guerreiros valorosos, a desvantagem era imensa, e logo a defesa estava cansando. Théoden gritou do alto da torre:
- Recue, Aragorn! Volte para a Torre de Menagem!
Aragorn olhou em volta, suspirou e repetiu as palavras de Théoden em élfico. – Am Marad! Am Marad!
As pessoas ao redor começaram a correr em direção do portão que separava o pátio externo do pátio interior. Vendeniel se via cercada de orcs, não havia como fugir, e ela fora uma daqueles que combatiam nas linhas de frente. Simplesmente não havia como escapar, mas ela morreria lutando. Até que um arco zuniu em algum lugar, e flechas começaram a voar. Legolas conseguiu abrir caminho com seu arco e com suas facas. Ele então ajudou Vendeniel a destruir os orcs que a cercavam, segurou-a pelo braço e começou a correr. Ambos trocaram brevemente olhares, e ele falou, baixo:
- Eu não vou te deixar morrer! – Ela sorriu e continuou a correr. Fingwë, quando a viu, correu em direção a prima, mas parou no caminho. Uma das flechas dos orcs o atingira no flanco esquerdo. Ele caiu ajoelhado e puxou a flecha com força. Vendeniel gritou e correu até ele, que a olhou com os olhos completamente desfocados. Com a ajuda de Legolas, carregaram o elfo até a torre de Menagem, e ao entrarem, olharam em volta. Muitos ainda não estavam lá: Elrohir, Gimli, Aragorn e Haldir. Legolas deitou Fingwë apoiado em uma parede, próxima à um braseiro, e Amras logo os encontrou. Ele olhou para Vendeniel, Legolas, e então para Fingwë, e o seu rosto empalideceu.
- O que?
Legolas abriu levemente a mão do vanyarin e pegou a flecha, de ponta negra e suja de sangue. Amras ficou sem ação, e gritou por Elladan. Enquanto isso, Vendeniel tentava reanimar o primo.
- Fingwë! Fingwë...
Fingwë abriu os olhos, com muito esforço. – Vende? Aonde estamos? Está frio, escuro...
Ela pôs a mão sobre o rosto dele, erguendo o rosto dele na direção dela. – Fingwë, por favor! Não feche os olhos, não durma... não agora, por favor...
- Vende... – disse ele, com esforço – me perdoa... por favor, me perdoa... pelo que houve hoje, eu não queria...
- Esse assunto está encerrado. Eu te perdôo. Mas por favor, não...
Os olhos dele brilharam por alguns segundos. – Olhe, Vende! Eu posso ver as praias, e Tilion refulgindo branca. Vendeniel, eu vejo as pelóri, e há uma luz brilhando no alto do Taniquetil... Vende... estamos em casa... eu vou te esperar...
Fingwë fechou os olhos, e ele sorria, como se dormisse um sono calmo e embalado por sonhos tranqüilos e felizes. Mas ele estava... não, não podia ser, ela se recusava a acreditar...
Lágrimas rolavam pelo seu rosto e ela tentava chamar o primo. – Fingwë... Fingwë... acorde, pelos Valar... por favor... – mais uma lágrima rolou. A voz estava rouca e embargada. – Estë! Mandos, não o leve... Estë! Estë – em seu desespero ela chamava a Valier da cura.
- Não vai adiantar... – disse Legolas, e também havia desespero na sua voz. Ele estava próximo de Vendeniel, e mantinha sua mão sobre o ombro da elfa. – Não vai adiantar nada, ele não vai acordar por que ele está...
Vendeniel começou a chorar. Era a primeira vez que se deparava com a morte de maneira tão crua, tão próxima. Abalada emocionalmente e fisicamente, ela abraçou Legolas, buscando compreensão e compaixão, e ele a apertou firmemente, acariciando sua cabeça. – Está tudo bem...
- Não, não está! É minha culpa, ele veio para cá por minha causa...
Legolas tentava confortá-la, mas não sabia o que dizer. – Vende, você não podia saber disso. Fingwë sabia o que fazia, veio para cá por que quis...
- Ele veio atrás de mim, Las... e hoje, ele nos viu... Las, ele está morto! Ele morreu me pedindo perdão...
- Acalme-se... – dizia Legolas.
Amras voltou, ainda pálido e nervoso, com Elladan. Ele olhou para Vendeniel e para Fingwë e fechou os olhos. Uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto, enquanto ele se esforçava para não chorar. Sua mão estava sobre a mão de Fingwë. Elladan olhou com pena para Vendeniel e Amras e pegou a flecha. – Não... Outra flecha envenenada... Se uma dessas atingir a corrente sanguínea, não há esperança... – o elfo moreno fechou os olhos, e suspirou.
Aragorn entrava, acompanhado de Elrohir e Gimli. Sua expressão também era a de tristeza. – Estel? – perguntou Elladan. – O que houve?
- Haldir. – disse Elrohir. – Está morto... não conseguimos recuperar o corpo.
Elladan baixou a cabeça, triste. – Que ele descanse em paz nas Mansões de Mandos, então. - Aragorn estava quieto. Olhou a cena triste em volta e fechou os olhos. – Fingwë também partiu. – continuou Elladan, constatando o óbvio.
Vendeniel suspirou e afastou-se de Legolas. Limpou as lágrimas com as costas da mão, e soluçou um pouco. – Certo. Ele se foi, não adianta chorar. Lutarei para vingar a morte dele ou morrer com honra.
- Vendeniel, você tem razão. – disse Elrohir. – O sangue deles não foi derramado em vão.
Os orcs agora tomavam o pátio externo. Não demoraria muito para que eles tomassem o pátio interior e as cavernas. Havia acabado, Os feridos foram carregados para os aposentos mais protegidos da fortaleza e os homens procuravam bloquear o portão. Os elfos sobreviventes e a comitiva do Anel estavam no salão principal, com o Rei Théoden e alguns poucos oficiais de Rohan.
- Então, é assim que acabaremos. – disse o rei, finalmente.
Aragorn estava próximo a uma janela que dava para sudoeste. – Não sei. O dia está nascendo, e a Chama de Airnen ainda pode trazer alguma esperança.
Théoden sorriu e foi até o dúnadan. – Aragorn, cavalgue comigo em direção à esse fim glorioso! Não temo a morte, e me sinto honrado em saber que morrerei lutando para defender o meu povo. Dias mais claros virão, e talvez eu não os veja. Mas aqueles que virão ainda cantarão as histórias das Grandes Guerras da nossa época, e contarão sobre a tomada da Fortaleza do Abismo de Helm, e como os rohirrim lutaram bravamente até o fim. Cavalgue comigo, Aragorn!
Aragorn sorriu. Os cavalos que haviam sido levados para dentro agora eram montados. Ao todo, cinqüenta cavaleiros foram reunidos, e ainda haviam alguns homens que se dispunham a lutar como infantaria.
Baques surdos. O pátio inferior havia sido tomado. O fim estava próximo. A porta tremeu, estavam tentando arrombá-la. As dobradiças rangeram, mas se mantiveram firmes. Por quanto tempo ainda agüentariam? Mais uma batida, e a porta vibrou com violência. Logo entrariam, logo tudo acabaria... Uma terceira batida, e as dobradiças não agüentariam. Na quarta batida, a porta se abriu, e orcs raivosos invadiram o salão. Théoden empinou seu cavalo.
- Por Rohan! Avante, Eorlingas!
Ele brandiu sua espada e partiu em direção aos inimigos. Os cavaleiros se mantiveram atrás dele, e alguns orcs fugiram amedrontados. A ira dos Senhores da Terra dos Cavaleiros era tanta que o pátio interno foi limpo e o caminho até o portão principal foi aberto. Mas quanto mais orcs morriam, mais apareciam. O céu já adquiria um tom alaranjado à leste, a Aurora não tardaria a acontecer. Então Aragorn lembrou-se das palavras de Gandalf e empinou seu cavalo, no mesmo momento em que o sol saia e que um cavaleiro branco surgia no alto da íngreme colina. – O Cavaleiro Branco! Gandalf! – muitos gritavam, alegres e esperançosos. Gandalf desceu colina abaixo, tão rápido quanto o vento, e atrás dele vinham centenas de cavaleiros, liderados por Éomer de Rohan. Os orcs arrumaram-se em formação de batalha, com lanceiros na frente e arqueiros atrás, mas o sol os impedia de fazer a mira, mesmo que não os impedisse de caminhar sobre a terra.
Agora a vitória era certa. De um lado, os cavaleiros liderados por Gandalf, e do outro, aqueles homens liderados por Théoden. Em algum tempo, o caminho por entre o campo de batalha foi aberto, e a batalha estava ganha.
Vendeniel sorriu e olhou para o sol, que refletiu alegremente no anel de Yvana. Ela olhou para o Oeste, e nesse momento, sentiu que o olhar de Varda se voltava para ela.Uma águia piou distante no céu, e a elfa considerou isso como um bom sinal.
Atualização mais rápida do que de costume... eu gostei de escrever essa parte, levei três dias só... o/ Um pouquinho mais curto que o outro, mas eu gostei desse capítulo... Só ignorem a falta de criatividade para escrever batalhas, e a melosidade nos trechos mais tristes... Mas enfim, gostei desse capítulo, ele no geral é muito bom... Acho que ainda tem muito o que melhorar, mas isso é coisa do tempo. O que acharam? Gostaram? Não gostaram? Dêem suas opiniões nos reviews, vocês não fazem idéia de como esses textinhos são importantes para mim! Namarië Dark Lali
P.S.: Ah, e feliz dia dos namorados para todos! d n.n b
