Oi pra todo mundo! Antes de começar, alguns recadinhos... n.n
Myri, tudo bem, eu gostei da sugestão, e agora que a história tá chegando mais no final, eu vou tentar seguir seu conselho pra continuar escrevendo um pouquinho mais... e obrigada pela review, suas sugestões são bem vindas!
Sadie, é muito bom ver que você continua aí, acompanhando minha fic! Vidas e Espíritos tá cada vez melhor, e é uma grande inspiração pra mim. Obrigada por dar um pouquinho do seu tempo lendo o Narn, e sim, eu me inspirei em você quanto ao Las! n.n''
Nimrodel, você é outra escritora que merece destaque! As Crônicas são realmente lindas, e eu to esperando com bandeirinha e tudo pelo próximo capítulo! É uma honra saber que o Narn é uma inspiração pra você e tudo mais, e ah, obrigada também!!
É só... agora vamos ao que interessa...
Capítulo XI – Muitas decisões
A manhã nascia com um brilho pálido e vermelho no céu. Aquela aurora estava marcada com o sangue negro dos orcs, e com muito sangue inocente derramado. Sangue de vítimas, como Fingwë. O dia havia sido duro, cadáveres de orcs sendo empilhados e queimados. Agora que os refugiados haviam saído das cavernas, as coisas se tornavam mais difíceis de se agüentar. Haviam mulheres percorrendo os campos de batalhas, procurando pelos corpos de seus filhos e maridos, crianças choravam e logo o cheiro fétido das fogueiras onde orcs eram queimados era terrível. Alguns mortos, aqueles cujos corpos foram recuperados durante a batalha, já estavam enterrados. O corpo de Haldir havia sido encontrado também, embora mutilado, o que fez com que Aragorn sentisse ainda mais raiva de Saruman, e de suas hordas infernais.
Mas havia alguém que estava parado, em frente a um túmulo, alguém cujo uma pessoa descuidada facilmente tomaria por estátua. Vendeniel não compartilhava ao sentimento de dor tão terrivelmente quanto as mulheres dos rohirrim, ou um ódio tão forte quanto o do líder dos Dúnadan. Ela estava silenciosa e melancólica, quieta e parada, enquanto o mundo todo girava a sua volta.
Claro que havia sido culpa dela, claro. Pra começar, a maldita idéia de atravessar os mares tinha sido de quem mesmo? A verdadeira vontade da elfa, naquele momento, era de se jogar sobre sua espada e morrer, e passar o resto da eternidade em Mandos. Mas o pior não era saber que Fingwë a havia seguido. O pior era lembrar da briga que eles haviam tido no dia anterior. Aquilo sim sufocava Vendeniel.
---------------------------------------------------------------------------- ---------------------
- Fingwë – disse Vendeniel – Por favor, me escute...
Ele se virou. Estava chorando, e seu rosto misturava ódio e tristeza. – Não, Vendeniel. Eu não tenho e eu não quero escutar você! Volte para ele, volte para aquele elfo cinzento.
- Eu...
- Chega! Cale a boca! Você nos traiu. Traiu a mim, ao seu irmão. O que houve? Será que nós não poderíamos compreender? Então é por isso que você esteve tão nervosa ultimamente. Só queria encontra-lo, ficar com ele! E quanto a nós? Nós que sempre estivemos com você? Nós não temos importância, não mesmo.
- Mas...
Ele estava quase gritando. – Você não entende, Vende? É tão cega assim? Não sabe por que eu vim para cá? Não sabe por que eu estou me submetendo à tudo isso? Por que eu... Eu... Eu te amo! Eu queria que você estivesse em Tilion ainda, e que eu pudesse chegar ao seu pai e pedir-lhe em casamento, eu queria poder passar o resto dos meus dias com você, ter filhos, sem me preocupar com drogas de guerras, e humanos, orcs... eu queria estar com você, eu! - disse ele, as últimas palavras saíram rápidas. Um silêncio mortal se abateu perante os dois. Vendeniel estava surpresa, ela nunca percebera isso antes. Ela limpou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto.
-Desculpe-me. – disse ela. – você tem razão, Fingwë, eu estou ficando cega. Desculpe-me. ---------------------------------------------------------------------------- ---------------------
Legolas. Ele estivera ao lado dela na batalha, salvara sua vida algumas vezes, e tentara lhe dar o apoio necessário quando Fingwë morrera. Mas, indiretamente, Legolas também era o culpado. Se o vanya não tivesse visto aquela maldita cena, não teria ciúmes do príncipe. Talvez se ele não tivesse ciúmes, não precisasse sair correndo pelo meio do campo de batalha para impedir que os dois ficassem sós. É, Legolas tinha uma parcela de culpa.
Mas mesmo assim, Vendeniel o amava, e como o amava. A cada dia que passava, ela sentia mais e mais que não poderia viver sem ele. E mesmo com esse pensamento, ela lembrava-se de coisas terríveis que vira nos olhos de Galadriel e ouvira indiretamente da boca de Fingwë. Ficar com Legolas implicaria em abdicar de Valinor, para sempre. O acordo que foi feito é que ela batalharia e voltaria para Tilion, e viveria sua vida lá. Se ela resolvesse virar as costas nesse momento, ela talvez nunca mais pudesse voltar, e fosse condenada à eternidade nos Salões de Mandos. Fingwë já havia morrido. Quantos mais ainda precisariam sofrer para que ela parasse de bancar a heroína romântica?
Ela tinha que tomar uma decisão. Aliás, ela já havia tomado essa decisão.
Algum tempo depois...
Vendeniel estava naquele terraço, o terraço no qual ouvira as duras palavras de Fingwë. O dia já estava escurecendo, e ela estava cansada. Nesse momento, o que ela mais queria era poder tomar um banho quente, com ervas para reconfortá-la, comer alguma coisa leve e poder dormir. Mas agora, em guerra, as coisas eram mais difíceis. Alguém se aproximava, ela podia ouvir. Mesmo estando distraída, pôde ouvi-lo se aproximar, e virou-se a tempo de ser surpreendida.
Era ele. Vendeniel sorriu. – Não dessa vez, meu Senhor. Eu não serei mais surpreendida. – Legolas parou. Dessa vez ele estava distante dela. Ele precisava confortá-la, precisava falar com ela e saber que ela estava bem. Ele queria muito poder abraçá-la e ver seu sorriso, poder apertá-la contra seu peito e ouvir o som suave de sua respiração e de seu coração batendo.
- Hannon lê Ahtangaear. – disse ele, sorrindo. O sorriso dele era animador e suave. Vendeniel sentiu o coração apertar. E se virou para o terraço, olhando o céu, que começava a adquirir aquela bela cor violácea, e algumas estrelas brilhavam pálidas e doentias no céu.
- Meu Senhor, eu preciso falar com você. Sobre... Sobre mim, e sobre o que está acontecendo entre nós.
O príncipe de Mirkwood não conseguia compreender. Sabia que ela estava fragilizada, sabia que era muito próxima de Fingwë. – Vende, eu estou aqui para ouvi-la, e você sabe que pode dizer o que precisar dizer.
O coração de Vendeniel se apertou ainda mais. Mas era necessário, era preciso... – Legolas... Nós... Eu... – ela fechou os olhos, buscando alguma força interior, que pudesse ajudá-la a dizer o que ela precisava. – Não podemos ficar juntos. Quando tudo isso acabar eu voltarei para o Oeste, esta é minha escolha. Não vou abdicar aos Valar. Não permanecerei na Terra Média. – ela não conseguia olhar para ele. Estava acuada, desesperada, ferida. Tinha vontade de matar-se, de cravar sua espada em si mesma o máximo que pudesse, ou de se atirar do terraço. Nunca em sua vida a elfa se sentiu tão terrível ou desgraçada.
Legolas ouviu aquilo sem mostrar reação. Por um momento, ele sentiu ódio, raiva e tristeza, mas foi invadido por uma apatia repentina. Ele pôs a mão no rosto de Vendeniel, e a forçou levemente a se virar na sua direção. Os olhos dela tremiam, de tristeza e dor, e seu rosto estava molhado com suas lágrimas. – Senhora, se é isso que deseja, assim eu farei. Mas eu preciso que você diga isso olhando nos meus olhos.
- Las... Meu Senhor, por favor não... – os rostos de ambos se aproximaram, e mesmo sabendo que eles teriam que se separar, Vendeniel se deixou ser beijada, um beijo longo e cheio de sentimento, e quando eles finalmente se afastaram, a aparência de Vendeniel era mais deprimente do que era antes. – Por favor, Meu Senhor. – dizia ela, e o olhar trêmulo era fixado nos olhos claros de Legolas. – Eu lhe rogo ,eu lhe imploro por todos os Valar, por Iluvatar, por todas as estrelas no céu, que se afaste de mim e não me procure mais. Nós não podemos ficar juntos. Não me procure mais. Finja que nada aconteceu.
- Senhora, você não pode simplesmente me pedir para esquecer que eu te amo.
Vendeniel então segurou a mão dele. – Eu sei que eu não posso. – os olhos dela estavam sérios agora. Ela havia se recuperado. – Mas é a única saída. Não me procure mais.
Quando ela soltou a mão de Legolas, o elfo sentiu que havia algo em sua mão. Vendeniel saiu sem olhar para trás, deixando o príncipe completamente só. Em sua mão, Legolas viu uma pequena e delicada corrente dourada, com um pingente em forma de Elanor. A dor que ele sentiu foi terrível, e ele só pode constatar a verdade. Havia acabado.
- Vendeniel. – dizia Amras. – Eu sei que Fingwë está morto. Mas você precisa recuperar-se. Há uma guerra à nossa frente, e você não poderá ficar para trás. – Ambos estavam com Elladan e Elrohir, sentados após o jantar. A elfa pouco falara e não comera, limitando-se a manter o olhar fixo em algum ponto esparso da parede.
- Eu sei. Preciso me concentrar
Amras suspirou. Sua irmã era teimosa como uma mula, e ele se preocupava muito com ela. Afligia-lhe muito vê-la nesse estado, tão deprimente, e ele então se lembrou que os elfos morriam de tristeza. – Desculpe, eu estou sendo duro. Mas eu me preocupo com você. – Vendeniel olhou para Amras e sorriu, e ele abraçou a irmã, fraternalmente.
Elladan suspirou. – Nós somos imortais, estamos acostumados a ver homens irem e virem, reinos caírem, guerras começarem e acabarem. A morte é algo tão abstrata para os elfos, que não a levamos a sério. No Oeste não há mal, e a morte se torna mais e mais distante. Por isso é tão difícil. – ele havia refletido isso olhando para a própria espada, que estava em seu colo, sendo polida e limpa. Ele se ergueu, olhou para Vendeniel e sorriu. – Anime- se. Fingwë está em casa, no Oeste, e logo você vai vê-lo novamente.
Elrohir estava distraído mexendo em sua mochila. – Dan, por falar nisso, você sabe aonde está o Estel?
- Ele está com o Legolas, lá fora, acho que já faz uma meia hora...
Vendeniel tremeu ao ouvir esse nome, mas procurou não demonstrar sua apreensão e medo, e fechara os olhos, tentando afundar no peito do irmão, e esquecer que tudo aquilo acontecia à sua volta.
Legolas estava inconformado. Ele sentia novamente ódio de tudo e de todos, gostaria de montar um cavalo e sair sem rumo, ou de matar alguns orcs. Pena que a batalha já tivesse sido. Pena que Fingwë estava morto. A culpa tinha sido dele, maldito, desgraçado. Legolas gostaria de tê-lo matado. Lembrava- se do vanyarin, e de como ele fora arrogante, prepotente, sempre achando-se superior por ter vindo de Valinor. Grande diferença. Glorfindel era no mínimo duas vezes mais poderoso que ele, e não era tão prepotente quanto. Galadriel, que era sobrinha de Fëanor, não era assim! E aquele idiota se achava digno de reverência. Idiota. Merecia estar morto. Então o príncipe subitamente ergueu-se, e olhou o lugar em volta. Ele queria ir embora, ele odiou cada pedra que estava naquele chão.
O elfo estava perto de um dos pátios superiores, observando as pessoas se movendo lá em baixo.
Sentiu um vulto se aproximando e parando atrás dele. Mas não ia se virar, não lhe importava quem era. – Mellon nîn, alguma coisa aconteceu, que não te deixou muito feliz. Legolas não se mexeu. Tampouco se virou. Ouviu um suspiro. – Ok, se você quiser, você pode me dizer qual é o problema, e eu farei o possível para ajudá-lo.
O príncipe engoliu em seco. – Alguma vez, Estel, sua confiança já foi traída pela pessoa que você mais ama nesse mundo?
Aragorn parou e refletiu. Ele não respondeu nada, e olhou para as mãos do príncipe, vendo uma pequena corrente dourada. – O seu sofrimento tem alguma coisa a ver com a Senhora Vendeniel, mellon nîn?
Legolas virou-se abruptamente. Encarava o guardião com seus olhos azuis, e estes tinham uma expressão perplexa, perguntando como ele sabia daquilo. Aragorn sorriu. – Bem, vou tomar isso como um sim. Mas se você não quiser conversar, sinta-se à vontade. – o príncipe suspirou. E então, tomou coragem, para fazer uma pergunta:
- Como... como você soube?
Aragorn sorriu. – Bom, a corrente na sua mão é a corrente que ela usava, pelo que eu sei. E ela também não está muito bem, ou pelo menos, foi isso que eu ouvi Elladan, Elrohir e Amras conversando. Eles pensam que é por causa de Fingwë, mas há algo mais em tudo isso, eu acho.
Legolas não sabia o que dizer. Ele queria contar para Estel tudo o que havia acontecido, mas fazer si mesmo reviver a dor que acabara de sentir era pedir demais. Ele não podia.
O guardião sentou-se ao lado dele. – Os poetas falam do amor como se ele fosse doce, como se ele fosse a melhor coisa do mundo. E ele é, eu admito. Mas as pessoas tendem a ignorar a dor e o sofrimento que esse sentimento nos causa. Legolas, eu sinto muito que você esteja sofrendo, mas... – ele parou e sorriu. – é nessa hora que você deve ser mais forte, mais corajoso do que nunca. Há uma longa estrada a nossa frente, uma estrada terrível e escura, um caminho que pode não ter retorno.
O príncipe sorriu, ele via Estel como um irmão. – Obrigado, mellon nîn. Não serei tão egoísta pensando em mim mesmo enquanto há uma guerra na nossa frente.
- Pensar em si mesmo não é egoísmo, Las. – respondeu o guardião.
Legolas suspirou, sem saber o que responder. Permaneceu em silêncio, e ergueu sua cabeça, olhando para o céu sobre eles, que ainda apresentava nuvens grandes e pesadas. – Amanhã partiremos rumo à Isengard, e depois para a Concentração de Tropas de Rohan, com o Rei Théoden, mellon nîn. Boa noite. – Aragon levantou-se e voltou em direção ao salão. E o elfo permaneceu ali, no ar frio da noite, pensando em seus problemas e aflições ainda por muito tempo.
------------------------------- É, minha criatividade definitivamente acabou... eu não estava conseguindo escrever algo decente, e esse capítulo ficou meio que mais ou menos... E a demora pra atualizar foi por que eu estava em semana de provas e com vários trabalhos pra entregar, eu não estava com tempo nenhum pra escrever fanfics e tudo mais... agora eu entrei de férias, vou tentar escrever mais... e sim, os problemas estão aumentando, a história não pode simplesmente ser um mar de rosas.
Myri, tudo bem, eu gostei da sugestão, e agora que a história tá chegando mais no final, eu vou tentar seguir seu conselho pra continuar escrevendo um pouquinho mais... e obrigada pela review, suas sugestões são bem vindas!
Sadie, é muito bom ver que você continua aí, acompanhando minha fic! Vidas e Espíritos tá cada vez melhor, e é uma grande inspiração pra mim. Obrigada por dar um pouquinho do seu tempo lendo o Narn, e sim, eu me inspirei em você quanto ao Las! n.n''
Nimrodel, você é outra escritora que merece destaque! As Crônicas são realmente lindas, e eu to esperando com bandeirinha e tudo pelo próximo capítulo! É uma honra saber que o Narn é uma inspiração pra você e tudo mais, e ah, obrigada também!!
É só... agora vamos ao que interessa...
Capítulo XI – Muitas decisões
A manhã nascia com um brilho pálido e vermelho no céu. Aquela aurora estava marcada com o sangue negro dos orcs, e com muito sangue inocente derramado. Sangue de vítimas, como Fingwë. O dia havia sido duro, cadáveres de orcs sendo empilhados e queimados. Agora que os refugiados haviam saído das cavernas, as coisas se tornavam mais difíceis de se agüentar. Haviam mulheres percorrendo os campos de batalhas, procurando pelos corpos de seus filhos e maridos, crianças choravam e logo o cheiro fétido das fogueiras onde orcs eram queimados era terrível. Alguns mortos, aqueles cujos corpos foram recuperados durante a batalha, já estavam enterrados. O corpo de Haldir havia sido encontrado também, embora mutilado, o que fez com que Aragorn sentisse ainda mais raiva de Saruman, e de suas hordas infernais.
Mas havia alguém que estava parado, em frente a um túmulo, alguém cujo uma pessoa descuidada facilmente tomaria por estátua. Vendeniel não compartilhava ao sentimento de dor tão terrivelmente quanto as mulheres dos rohirrim, ou um ódio tão forte quanto o do líder dos Dúnadan. Ela estava silenciosa e melancólica, quieta e parada, enquanto o mundo todo girava a sua volta.
Claro que havia sido culpa dela, claro. Pra começar, a maldita idéia de atravessar os mares tinha sido de quem mesmo? A verdadeira vontade da elfa, naquele momento, era de se jogar sobre sua espada e morrer, e passar o resto da eternidade em Mandos. Mas o pior não era saber que Fingwë a havia seguido. O pior era lembrar da briga que eles haviam tido no dia anterior. Aquilo sim sufocava Vendeniel.
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- Fingwë – disse Vendeniel – Por favor, me escute...
Ele se virou. Estava chorando, e seu rosto misturava ódio e tristeza. – Não, Vendeniel. Eu não tenho e eu não quero escutar você! Volte para ele, volte para aquele elfo cinzento.
- Eu...
- Chega! Cale a boca! Você nos traiu. Traiu a mim, ao seu irmão. O que houve? Será que nós não poderíamos compreender? Então é por isso que você esteve tão nervosa ultimamente. Só queria encontra-lo, ficar com ele! E quanto a nós? Nós que sempre estivemos com você? Nós não temos importância, não mesmo.
- Mas...
Ele estava quase gritando. – Você não entende, Vende? É tão cega assim? Não sabe por que eu vim para cá? Não sabe por que eu estou me submetendo à tudo isso? Por que eu... Eu... Eu te amo! Eu queria que você estivesse em Tilion ainda, e que eu pudesse chegar ao seu pai e pedir-lhe em casamento, eu queria poder passar o resto dos meus dias com você, ter filhos, sem me preocupar com drogas de guerras, e humanos, orcs... eu queria estar com você, eu! - disse ele, as últimas palavras saíram rápidas. Um silêncio mortal se abateu perante os dois. Vendeniel estava surpresa, ela nunca percebera isso antes. Ela limpou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto.
-Desculpe-me. – disse ela. – você tem razão, Fingwë, eu estou ficando cega. Desculpe-me. ---------------------------------------------------------------------------- ---------------------
Legolas. Ele estivera ao lado dela na batalha, salvara sua vida algumas vezes, e tentara lhe dar o apoio necessário quando Fingwë morrera. Mas, indiretamente, Legolas também era o culpado. Se o vanya não tivesse visto aquela maldita cena, não teria ciúmes do príncipe. Talvez se ele não tivesse ciúmes, não precisasse sair correndo pelo meio do campo de batalha para impedir que os dois ficassem sós. É, Legolas tinha uma parcela de culpa.
Mas mesmo assim, Vendeniel o amava, e como o amava. A cada dia que passava, ela sentia mais e mais que não poderia viver sem ele. E mesmo com esse pensamento, ela lembrava-se de coisas terríveis que vira nos olhos de Galadriel e ouvira indiretamente da boca de Fingwë. Ficar com Legolas implicaria em abdicar de Valinor, para sempre. O acordo que foi feito é que ela batalharia e voltaria para Tilion, e viveria sua vida lá. Se ela resolvesse virar as costas nesse momento, ela talvez nunca mais pudesse voltar, e fosse condenada à eternidade nos Salões de Mandos. Fingwë já havia morrido. Quantos mais ainda precisariam sofrer para que ela parasse de bancar a heroína romântica?
Ela tinha que tomar uma decisão. Aliás, ela já havia tomado essa decisão.
Algum tempo depois...
Vendeniel estava naquele terraço, o terraço no qual ouvira as duras palavras de Fingwë. O dia já estava escurecendo, e ela estava cansada. Nesse momento, o que ela mais queria era poder tomar um banho quente, com ervas para reconfortá-la, comer alguma coisa leve e poder dormir. Mas agora, em guerra, as coisas eram mais difíceis. Alguém se aproximava, ela podia ouvir. Mesmo estando distraída, pôde ouvi-lo se aproximar, e virou-se a tempo de ser surpreendida.
Era ele. Vendeniel sorriu. – Não dessa vez, meu Senhor. Eu não serei mais surpreendida. – Legolas parou. Dessa vez ele estava distante dela. Ele precisava confortá-la, precisava falar com ela e saber que ela estava bem. Ele queria muito poder abraçá-la e ver seu sorriso, poder apertá-la contra seu peito e ouvir o som suave de sua respiração e de seu coração batendo.
- Hannon lê Ahtangaear. – disse ele, sorrindo. O sorriso dele era animador e suave. Vendeniel sentiu o coração apertar. E se virou para o terraço, olhando o céu, que começava a adquirir aquela bela cor violácea, e algumas estrelas brilhavam pálidas e doentias no céu.
- Meu Senhor, eu preciso falar com você. Sobre... Sobre mim, e sobre o que está acontecendo entre nós.
O príncipe de Mirkwood não conseguia compreender. Sabia que ela estava fragilizada, sabia que era muito próxima de Fingwë. – Vende, eu estou aqui para ouvi-la, e você sabe que pode dizer o que precisar dizer.
O coração de Vendeniel se apertou ainda mais. Mas era necessário, era preciso... – Legolas... Nós... Eu... – ela fechou os olhos, buscando alguma força interior, que pudesse ajudá-la a dizer o que ela precisava. – Não podemos ficar juntos. Quando tudo isso acabar eu voltarei para o Oeste, esta é minha escolha. Não vou abdicar aos Valar. Não permanecerei na Terra Média. – ela não conseguia olhar para ele. Estava acuada, desesperada, ferida. Tinha vontade de matar-se, de cravar sua espada em si mesma o máximo que pudesse, ou de se atirar do terraço. Nunca em sua vida a elfa se sentiu tão terrível ou desgraçada.
Legolas ouviu aquilo sem mostrar reação. Por um momento, ele sentiu ódio, raiva e tristeza, mas foi invadido por uma apatia repentina. Ele pôs a mão no rosto de Vendeniel, e a forçou levemente a se virar na sua direção. Os olhos dela tremiam, de tristeza e dor, e seu rosto estava molhado com suas lágrimas. – Senhora, se é isso que deseja, assim eu farei. Mas eu preciso que você diga isso olhando nos meus olhos.
- Las... Meu Senhor, por favor não... – os rostos de ambos se aproximaram, e mesmo sabendo que eles teriam que se separar, Vendeniel se deixou ser beijada, um beijo longo e cheio de sentimento, e quando eles finalmente se afastaram, a aparência de Vendeniel era mais deprimente do que era antes. – Por favor, Meu Senhor. – dizia ela, e o olhar trêmulo era fixado nos olhos claros de Legolas. – Eu lhe rogo ,eu lhe imploro por todos os Valar, por Iluvatar, por todas as estrelas no céu, que se afaste de mim e não me procure mais. Nós não podemos ficar juntos. Não me procure mais. Finja que nada aconteceu.
- Senhora, você não pode simplesmente me pedir para esquecer que eu te amo.
Vendeniel então segurou a mão dele. – Eu sei que eu não posso. – os olhos dela estavam sérios agora. Ela havia se recuperado. – Mas é a única saída. Não me procure mais.
Quando ela soltou a mão de Legolas, o elfo sentiu que havia algo em sua mão. Vendeniel saiu sem olhar para trás, deixando o príncipe completamente só. Em sua mão, Legolas viu uma pequena e delicada corrente dourada, com um pingente em forma de Elanor. A dor que ele sentiu foi terrível, e ele só pode constatar a verdade. Havia acabado.
- Vendeniel. – dizia Amras. – Eu sei que Fingwë está morto. Mas você precisa recuperar-se. Há uma guerra à nossa frente, e você não poderá ficar para trás. – Ambos estavam com Elladan e Elrohir, sentados após o jantar. A elfa pouco falara e não comera, limitando-se a manter o olhar fixo em algum ponto esparso da parede.
- Eu sei. Preciso me concentrar
Amras suspirou. Sua irmã era teimosa como uma mula, e ele se preocupava muito com ela. Afligia-lhe muito vê-la nesse estado, tão deprimente, e ele então se lembrou que os elfos morriam de tristeza. – Desculpe, eu estou sendo duro. Mas eu me preocupo com você. – Vendeniel olhou para Amras e sorriu, e ele abraçou a irmã, fraternalmente.
Elladan suspirou. – Nós somos imortais, estamos acostumados a ver homens irem e virem, reinos caírem, guerras começarem e acabarem. A morte é algo tão abstrata para os elfos, que não a levamos a sério. No Oeste não há mal, e a morte se torna mais e mais distante. Por isso é tão difícil. – ele havia refletido isso olhando para a própria espada, que estava em seu colo, sendo polida e limpa. Ele se ergueu, olhou para Vendeniel e sorriu. – Anime- se. Fingwë está em casa, no Oeste, e logo você vai vê-lo novamente.
Elrohir estava distraído mexendo em sua mochila. – Dan, por falar nisso, você sabe aonde está o Estel?
- Ele está com o Legolas, lá fora, acho que já faz uma meia hora...
Vendeniel tremeu ao ouvir esse nome, mas procurou não demonstrar sua apreensão e medo, e fechara os olhos, tentando afundar no peito do irmão, e esquecer que tudo aquilo acontecia à sua volta.
Legolas estava inconformado. Ele sentia novamente ódio de tudo e de todos, gostaria de montar um cavalo e sair sem rumo, ou de matar alguns orcs. Pena que a batalha já tivesse sido. Pena que Fingwë estava morto. A culpa tinha sido dele, maldito, desgraçado. Legolas gostaria de tê-lo matado. Lembrava- se do vanyarin, e de como ele fora arrogante, prepotente, sempre achando-se superior por ter vindo de Valinor. Grande diferença. Glorfindel era no mínimo duas vezes mais poderoso que ele, e não era tão prepotente quanto. Galadriel, que era sobrinha de Fëanor, não era assim! E aquele idiota se achava digno de reverência. Idiota. Merecia estar morto. Então o príncipe subitamente ergueu-se, e olhou o lugar em volta. Ele queria ir embora, ele odiou cada pedra que estava naquele chão.
O elfo estava perto de um dos pátios superiores, observando as pessoas se movendo lá em baixo.
Sentiu um vulto se aproximando e parando atrás dele. Mas não ia se virar, não lhe importava quem era. – Mellon nîn, alguma coisa aconteceu, que não te deixou muito feliz. Legolas não se mexeu. Tampouco se virou. Ouviu um suspiro. – Ok, se você quiser, você pode me dizer qual é o problema, e eu farei o possível para ajudá-lo.
O príncipe engoliu em seco. – Alguma vez, Estel, sua confiança já foi traída pela pessoa que você mais ama nesse mundo?
Aragorn parou e refletiu. Ele não respondeu nada, e olhou para as mãos do príncipe, vendo uma pequena corrente dourada. – O seu sofrimento tem alguma coisa a ver com a Senhora Vendeniel, mellon nîn?
Legolas virou-se abruptamente. Encarava o guardião com seus olhos azuis, e estes tinham uma expressão perplexa, perguntando como ele sabia daquilo. Aragorn sorriu. – Bem, vou tomar isso como um sim. Mas se você não quiser conversar, sinta-se à vontade. – o príncipe suspirou. E então, tomou coragem, para fazer uma pergunta:
- Como... como você soube?
Aragorn sorriu. – Bom, a corrente na sua mão é a corrente que ela usava, pelo que eu sei. E ela também não está muito bem, ou pelo menos, foi isso que eu ouvi Elladan, Elrohir e Amras conversando. Eles pensam que é por causa de Fingwë, mas há algo mais em tudo isso, eu acho.
Legolas não sabia o que dizer. Ele queria contar para Estel tudo o que havia acontecido, mas fazer si mesmo reviver a dor que acabara de sentir era pedir demais. Ele não podia.
O guardião sentou-se ao lado dele. – Os poetas falam do amor como se ele fosse doce, como se ele fosse a melhor coisa do mundo. E ele é, eu admito. Mas as pessoas tendem a ignorar a dor e o sofrimento que esse sentimento nos causa. Legolas, eu sinto muito que você esteja sofrendo, mas... – ele parou e sorriu. – é nessa hora que você deve ser mais forte, mais corajoso do que nunca. Há uma longa estrada a nossa frente, uma estrada terrível e escura, um caminho que pode não ter retorno.
O príncipe sorriu, ele via Estel como um irmão. – Obrigado, mellon nîn. Não serei tão egoísta pensando em mim mesmo enquanto há uma guerra na nossa frente.
- Pensar em si mesmo não é egoísmo, Las. – respondeu o guardião.
Legolas suspirou, sem saber o que responder. Permaneceu em silêncio, e ergueu sua cabeça, olhando para o céu sobre eles, que ainda apresentava nuvens grandes e pesadas. – Amanhã partiremos rumo à Isengard, e depois para a Concentração de Tropas de Rohan, com o Rei Théoden, mellon nîn. Boa noite. – Aragon levantou-se e voltou em direção ao salão. E o elfo permaneceu ali, no ar frio da noite, pensando em seus problemas e aflições ainda por muito tempo.
------------------------------- É, minha criatividade definitivamente acabou... eu não estava conseguindo escrever algo decente, e esse capítulo ficou meio que mais ou menos... E a demora pra atualizar foi por que eu estava em semana de provas e com vários trabalhos pra entregar, eu não estava com tempo nenhum pra escrever fanfics e tudo mais... agora eu entrei de férias, vou tentar escrever mais... e sim, os problemas estão aumentando, a história não pode simplesmente ser um mar de rosas.
