CAPÍTULO II – Primeiro contato

Primeira aula de Poções. Iria vê-lo finalmente. Mas pra isso tinha que chegar às masmorras. Continuou seguindo pelo corredor escuro. Passou algumas armaduras antigas, tapeçarias. As paredes enegrecidas. Por um momento já não sabia onde estava, mas após avistar alguns alunos da Lufa- lufa de sua turma passou a segui-los. A sala já estava quase cheia quando entrou. Mas ela não via ninguém. Só ele. Queria falar com ele, vê-lo, estar perto dele. Tocar.

Logo que entrou na sala ele a olhou. Olhos nos olhos. Mas foi por menos que um segundo. E logo ele começou a resmungar e a chamar a atenção dos outros alunos. Fez movimentos com a varinha e um exercício apareceu no quadro. Todos copiaram. Ana tentou fazer o mais rápido possível, para poder levar pra ele ver e corrigir. Quando acabou, percebeu ter sido a primeira. Se levantou com graça e foi até o homem que já fazia parte de seus sonhos desde a primeira vez que o viu.

Snape mal olhou a aluna a sua frente. Pegou a folha de má vontade e começou a corrigir.

-Srta Müller. Está errado! – disse quase com desprezo.

Doeu.

-Refaça! – ele disse com uma careta.

Ana, voltou arrasada. Recomeçou. Mas sem o mesmo pique. Enquanto os outros entregavam ela ainda estava refazendo. "Não entendo! Por que ele agiu desse jeito?" Olhava seu pergaminho sem ver realmente.

-Srta Müller. – ele se aproximou da mesa de Ana. – O exercício. – ríspido.

-Eu... é... professor... eu estou acabando... – não havia reparado que o tempo tinha passado tão rápido.

-Correção. A senhorita já acabou. Porque eu já vou recolher. Percebeu que todos já se foram? Não tem outra aula para assistir? – ainda ríspido.

-Não. Na verdade não, Professor Snape. Não tenho mais aulas hoje. – envergonhada. Olhou para os lados e percebeu que estavam sozinhos na sala.

-Bem, mas certamente, eu tenho mais o que fazer. Se não acabou, esqueça. Ficará sem nota.

Ana se desesperou. Não sabia o que fazer. Sentiu vontade de chorar, gritar. Mas não. "Não vou fazer isso. Sou uma mulher, e ele é um homem. Mesmo que seja mais velho. Não sou mais nenhuma criança, e ele terá que perceber isso".– pensou decidida.

-Eu tenho certeza que sim. Professor... Severus. – disse quase firme, olhando direto para ele.

Se levantou. Ele estranhou. Ela ficou na frente dele. Ele olhou interrogativamente. Provavelmente muito surpreso pra falar.

-Eu estou certa, Professor Severus – repetiu segura – de que você – frisou – tem coisas melhores para fazer, do que ficar esperando que eu acabe um simples exercício. – disse se aproximando mais. "Meu Merlin, o que estou fazendo?"

-Srta Müller, - ele se recuperou – a senhorita está passando dos limites. Trate-me por Professor Snape e senhor. – disse frio, com as mãos na mesa.

-Eu faria isso, Severus, se não tivesse percebido seus olhos. – tentou não demonstrar a insegurança que ressurgia. Se aproximou mais ainda, até quase tocar seu corpo. Rosto próximo. Quase colado. "Não poderia recuar agora, era tarde de mais. Só dava pra seguir adiante com a idéia maluca que surguira."

Ele não recuou. Apertou as mãos com força sobre a mesa onde antes Ana estava sentada. E ela percebeu como ele era alto. Mas agradeceu mentalmente ao inventor do salto alto. Poderia beija-lo se levantasse o rosto mais um pouco e ficasse na ponta dos pés.

Não precisou. Ele desceu o rosto e pareceu se ocupar em sentir o perfume dela na região do pescoço.

"Nooossa!" – pensou Ana. Que sentiu um arrepio que vinha por toda espinha dorsal e uma sensação morna no ventre. Mal podia acreditar. Suspirou fundo. Ele a segurou pela cintura com força. E a beijou intensamente. Bruscamente. "Pirei!" – conseguiu pensar Ana. Que se agarrou nele, sem forças. Snape a colocou sentada na mesa sem deixar sua boca, jogou tudo que tinha na mesa no chão. Ela riu alto. Enquanto ele beijava a nuca e o colo com fúria.

-Vem! – sussurrou Ana.

E Snape tomou a boca dela como que obedecendo. Puxou-a pelo quadril com mais força. E de repente parou. A olhou assustado. Ana ainda protestou com um gemido, mas antes que conseguisse puxá-lo de volta, ele já tinha se afastado.

-O que estou fazendo? – murmurou chocado, tão baixo que Ana quase não ouviu.

-Severus... – chamou.

Ele a olhou atormentado, como se ela fosse uma aberração. E recuou quando tentou se reaproximar.

-A senhorita está louca! Eu... eu estou louco! – disse quase com desprezo e fúria.

Doeu de novo.

Ele murmurou um feitiço e arrumou a bagunça da sala. Pegou os outros trabalhos. Olhou pra Ana de novo como se ela fosse o próprio demônio. E foi embora apressado. A capa ventando alta.

Não doeu mais.

De repente Ana ficou satisfeita. Percebeu que não era tão difícil assim. O pior já tinha passado. Uma semente tinha sido plantada. Agora era só deixar brotar. "Ah, se vai brotar!" – pensou. Agora era só esperar uma nova oportunidade de ficar sozinha outra vez com ele. E rezar pra que Merlin proporcionasse forças pra não melar tudo.

Alguns dias depois Ana estava em outra sala de aula. Aliás, uma aula bastante maçante, por sinal. Sobre História da Magia. Era o professor Binns que estava lá. Era um fantasma que nem percebera que tinha morrido. Mas finalmente para os que não estavam dormindo, o sinal tocou e puderam ir embora, ainda sonados.

Pronto, mais um dia de aula, e agora só teria tempo para jantar e então voltar para Hogsmead. Ainda não tinha vaga no dormitório da Lufa-Lufa.

Estava indo se sentar na mesa de sua casa. Quando o viu chegando. Ele, em pessoa. Olhou por alto, e parou fixando nela. Perdeu alguns segundos assim. Depois sentou-se na mesa dos professores junto a Dumbledore, como se nunca a tivesse visto. Era o primeiro jantar desde que chegara que ele participava. Parecia mais carrancudo que nunca.

"E agora!" – Pensou Ana. – "Será que isso é recíproco? O lugar pegou fogo! Eu nunca me senti tão despida diante de um homem antes! E por que ele foge? Não resta dúvidas de que alguma coisa também aconteceu com ele."

Acabou o jantar e ele já havia saído. E sem deixar barato. Ana foi à procura dele, corredores a dentro. Sabia que ele poderia estar indo para as masmorras. Iria surpreende-lo antes que pudesse chegar lá. De repente viu a capa esvoaçante dobrando o corredor. E não pensou 2 vezes. Correu até ele.

-Oi! – disse nervosa e quase sem fôlego.

Ele assustou-se, e virou de uma vez só. Com uma expressão de poucos amigos. Não respondeu. Ficou olhando para ela, como se tentasse imaginar com qual direito ela poderia falar com ele assim.

-Oi! – tentou de novo. Já se sentindo uma idiota. – Eu... terminei o exercício! – "Que idiota!Isso é o melhor pode fazer???"

Ele continuava carrancudo e calado.

-Você... quer ver? – corou – Quer Severus? – Ana já se arrependia de ter começado aquela conversa de malucos. Alias, não era se quer uma conversa. Precisava de duas pessoas, no mínimo, pra haver uma conversa.

-Senhorita. – finalmente ele respondeu friamente. – Sou Professor Snape. – frisou – ou senhor Snape. - como se quisesse deixar claro que desejava distancia. Olhava para ela como se fosse um inseto que tivesse grudado na capa limpa dele.

Ana ficou tão decepcionada, que sentiu uma dor quase física, com esse tratamento dele. Mesmo sabendo que ele tinha o direito de ter reagido dessa maneira.

-Bom, me desculpe, não quis incomodar, professor Snape. – falou dando ênfase às mesmas palavras. – É... – estava tão sem graça, tão envergonhada e ao mesmo tempo tão ferida, que sentiu os olhos se encherem de lágrima. Mas jurou pra si mesma, não choraria na frente dele. Não seria tão idiota! – Bom... eu... é... queira me desculpar. Só queria... ah, esqueça!

E tentou sair logo. Já que não conseguia consertar a situação tão constrangedora. Achou melhor sair dali antes de falar alguma besteira. Mas ele segurou Ana pelos braços.

-Espere! – ele a impediu, parecia arrependido. Apesar da expressão dura.

Mas apesar de estar segurando-a pelos braços, ainda parecia quer distância. Não parecia que ele realmente queria se desculpar.

-Tudo bem. Esqueça, professor Snape. Esqueça tudo. – disse com a voz fraca, ainda sentindo a dor de antes. – Eu tenho que ir andando. – tentou se afastar dele.

-Espere. É sério. Quero que me desculpe. – falou com mais firmeza.

Ana olhou então nos olhos dele, e pode ver que era difícil pra ele, estar falando aquelas palavras, mas agora parecia mais sincero.

-Tudo bem.- e conseguiu com muito esforço, um sorriso. – Eu tenho mesmo que ir. Ou ficará muito tarde. Então, eu já vou. – e foi se afastando.

Ele respirou fundo, ruidosamente. Estava se sentindo um canalha. E pela primeira vez, não estava gostando disso. Não podia deixar ela ir. Não assim.

-Müller, a senhorita... vai pra onde?

Ela quase desmaiou. Nunca seu nome soara tão, sexy. Quase não acreditou no que estava acontecendo.

-É... eu vou pra Hogsmead. – ele pareceu hesitar. - Ainda estou aguardando uma vaga no dormitório da Lufa.

Ele pareceu duvidar dela. Mas foi por um segundo. E pra surpresa dos dois se viu falando outra vez, agora em um tom quase suave.

-Eu a levo. Se não se importar, é claro.

"Pronto!" Ela ia enlouquecer. Uma hora ele a repudia, e na outra não deixa que vá embora. "Era esquizofrênico ou o quê?" - Pensou.

-Eu... – olhou para os lados - ...'tá legal. Mas o senhor também vai para aqueles lados, professor? – Ana podia estar confusa, mas não perderia aquela oportunidade por nada.

-Não, mas não tem problema. - falou vagamente.

Ana o acompanhou. Foram caminhando lado a lado. O ar parecia rarefeito. "Ou será que era a proximidade dele?" Ele ficou calado por algum tempo, e muito sério. Parecia até que se arrependera de ter se oferecido para levá-la. Quando ele falou, Ana teve um leve sobressalto.

-Müller, desde quando está aqui? – sério.

-Bem, comecei este mês. – respondeu cautelosa.

-E você é de onde? Não é daqui. – Não era uma pergunta.

-Bem, na verdade, venho de uma cidade bem pequena, no Brasil. Quase ninguém conhece. Nem aparece no Mapa. – conseguiu brincar.

Ele olhou para ela como se duvidasse da resposta.

-Como se chama essa cidade? – insistiu.

-Vila Bonita. Você... digo, o senhor já ouviu falar? – Percebeu quando ele fechou as mãos com força. Rapidamente, como se estivesse se controlando.

-Quantos anos você tem... Ana? – Desta vez, ele perguntou olhando direto nos olhos dela. Sem se importar com o tratamento informal que tinha iniciado.

-Eu? Eu tenho 17 anos. Por quê? – perguntou desconfiada. "Que tipo de interrogatório era aquele?" – pensou. – "E agora ele está me chamando pelo meu primeiro nome!"

Ele não respondeu logo. Apenas ficou olhando para ela como se houvesse dito um palavrão.

-Cuidado! – gritou Ana, quando eles quase caíram em um buraco que estava logo a frente deles. Mas ele se recuperou a tempo. E voltou a ter domínio sobre a situação.

Alguns minutos de silêncio. E ele tomou um caminho diferente do que ela fazia habitualmente. Estranhou, mas não disse nada ainda. Foram para um campo deserto. Se sentou no chão e ficou olhando para o horizonte. Ana estava cheia de dúvidas, e assustada, com o acidente que quase sofreram. "O que estava havendo?" – pensou. – "O que era aquilo? Ele definitivamente era doido!" Tinha que descobrir o que estava acontecendo.

-O que houve, professor? Por que paramos? Professor?

-Me chame de Severus! Está bem, só Severus. – ele quase grito em agonia.

Ana estava mais assustada e cismada, ainda.

-Está certo, ...Severus. Agora, poderia se acalmar e me dizer o que está acontecendo? – tentou manter a voz calma.

-Eu é que pergunto. O que está acontecendo? – olhando pra ela.

-Hein?! Eu é que vou saber? - agora ela estava nervosa. - Você me rejeitou outro dia, depois se oferece para me acompanhar, começa a me fazer perguntas, quase se acidenta, e ainda quer que euzinha, explique alguma coisa? – Ela estava exasperada. Olhava pra ele frustrada.

-Ana, tente se acalmar. Eu estou confuso. Tente se acalmar... é difícil pra min também...

-O que é difícil?

-Isso! Você! Aqui, agora! Por quê, agora? – a agonia era clara nos olhos dele.

-Você está fazendo de novo. – disse zangada.- Não sei o que quer dizer com isso. Não estou entendendo nada!

Ele passou as mãos pelos cabelos, deixando mais despenteados que antes. E tentou falar novamente.

-Você percebe, Ana, o que faz comigo? – disse desesperado. Agora andando de um lado para o outro.

-Eu?! Primeiro você me olhou como se eu fosse um fantasma, depois como se não visse uma mulher há mais de 10 anos, depois me despreza, depois se arrepende e se reaproxima, e agora diz que eu tiro sua sanidade?! É isso? – se levantou também.

Ele parou de frente a ela. E disse derrotado:

-Você está coberta de razão. Não errou em nada. É tudo isso que disse. Fantasma, desejo, medo, arrependimento, loucura... É tudo isso e muito mais.

E sem que Ana esperasse, ele a beijou com sofreguidão. Ana mesmo assustada, correspondeu à altura. Como se nada no mundo, tivesse maior importância que estar de volta aos braços daquele homem insano. Mas antes que perdessem o controle, aliás, o dela estava perdido, desde o momento em que seus lábios se uniram ele parou. E com a testa apoiada na dela, começou ofegante.

-Meu deus! Não pode ser! É você mesmo! Mas como?

-Severus, o que você está tentando me dizer? Por favor, me explique. Que foi toda essa explosão? – Ana tentou raciocinar.

-Não sei como explicar. Nem eu acredito. Como vou convencer você de que não sou louco e que não estou tentando me aproveitar de você?

-Severus, tenta! Por favor! – pediu Ana, mais calma. Com as mãos no rosto dele.

CONTINUA....

N/A: Bem, esse capítulo ficou maiorzinho. Gostaria de agradecer as reviews e as dicas. Valeuzão. Meu mail: Vivianevalaryahoo.com.br, pra vocês mandarem pra lá tb! Hehehehe. Estou adorando! Mandem mais!!!!!!!