N/A: Valeu pelos coments, não parem. Continuem. Gostaria de me desculpar
pele demora.
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CAPÍTULO III – O passado
Ele respirou fundo. Ficou de cabeça baixa como se estivesse em transe, como se estivesse falado pra si mesmo. Parecia tão desamparado que Ana sentiu o coração apertado por aquele homem. Pegou na mão dela. Sentaram-se de frente. Mas ele não a olhou ainda.
-Há exatamente 16 anos atrás, comecei a dar aulas em Hogwarts. Tinha 22 anos e estava começando uma vida nova, trabalho novo. Como o mais jovem professor catedrático. Fiz alguns cursos me aprofundando nos assuntos, e então voltei para a escola. Agora como professor. Trabalhei duro e conquistei respeito perante os colegas e os alunos. Sempre soube que a regra mais importante era não me envolver, nunca, com alunas.
Nesse momento, Ana corou, porém nada disse.
-Mas, o inusitado aconteceu, e no meu segundo ano trabalhando lá, eu conheci uma garota linda. – seu olhar era puro amor e carinho – Ela era como o arco-íris, cheia de cores e tons, que iluminava e coloria por onde andava. Ela nem sequer percebia, mas irradiava uma alegria tão intensa, que contagiava todos à sua volta. E eu não poderia ser diferente. Me apaixonei por aquela menina à primeira vista. Percebi logo que ela também não ficara imune. Mas tinha que manter distancia, eu era professor na sala dela, apesar de ter só 5 anos de diferença. Mas não foi possível me manter afastado por muito tempo. Ela era tinhosa – e riu – Ela percebeu meu interesse e meu jogo de fuga, e se decidira não me deixar escapar. – e riu abertamente. – E Quando nós nos encontramos, logo na primeira vez, foi como se não restasse mais nenhum ser vivo no mundo. Só nós dois. Só eu e ela. Eu jurei que ia me casar com aquela menina e que teríamos muitos filhos. E assim foi feito. Nos casamos, mas escondidos. Não queríamos publicidade ou falação na escola. Dumbledore soube, claro. Mas não disse nada. Era nossa aventura, nosso segredo, nossa felicidade. E como eu fui feliz! – Snape fez uma pausa. Lágrimas caíam de seus olhos e ele não tentava impedir, não sentia vergonha desses sentimentos. Era tudo que tinha. E Ana aguardou em silêncio, que ele se recuperasse, e pelo que viria.
-Um dia, quando voltávamos pra casa da praia, onde passamos as férias, ela disse que estava grávida. Eu levei um susto! Quase provoquei um acidente. Fiquei radiante, Disse que já era hora de contar a todos que éramos marido e mulher. Já que iriam notar o bebê crescendo, e eu não queria que ela fosse mal interpretada. Mas ela achava que poderíamos esperar mais um pouco. Mas como eu disse, ela era muito teimosa, e então eu me calei. O tempo foi passando, e a barriga dela crescendo. As perguntas começaram, mas ela não contava pra ninguém. Fiquei cismado. Não sabia se ela sentia vergonha de mim, sei lá! Não sabia o que pensar! Você tem que me entender! – e pela primeira vez olhou pra Ana. Suplicando compreensão, e voltou-se novamente para o chão. – Um dia, começamos uma discussão séria nas masmorras. Nem sei ao certo com aconteceu, mas ela saiu de lá e bateu com força a porta, e simplesmente foi embora. Eu estava louco de raiva, desespero, ciúmes, mas não sabia que o pior estava por vir. Uma dor maior, como se alguém tivesse destruído algo dentro de meu corpo e que estivesse sangrando, rasgando, queimando. E foi quando saí para procura-la e não consegui encontrar. E veja, eu procurei por todos os lados, na Lufa-lufa – "Coincidência, ela era da Lufa também?" – pensou Ana - , nas outras casas, voltei pra a casa de praia, mas ela havia simplesmente desaparecido. Tentei achar a família dela, fui até a pequena cidade, no Brasil – Ana estranhou de novo. - de onde vinha, e nada! Ninguém sabia dela! A mulher que eu amava, tinha desaparecido nesse mundo de meu Merlin! Ela, e minha filha!
Ana estava estarrecida com aquela história. Quanto aquele homem não sofrera! Que imoral da parte da esposa, fazer aquilo com ele! E ainda levar a filha deles que nem nascera! E com as coincidências.
-Ela... ela... morreu?
Ele olhou pra Ana, com tanta dor, com tanta tristeza, que ela se arrependeu de ter perguntado. – "Que sensibilidade!" – Pensou com sarcasmo.
-Eu pensava que sim. Essa era a única explicação que eu tinha. Até agora. Mesmo sem ter encontrado nada em hospitais de bruxos ou de trouxas e tudo mais. Quando alguém desconhecido era encontrado, eu ia lá pra ver, pra reconhecer.
-Mas, como assim, até agora? – Só então Ana, notara a expressão.
-Você não me perguntou o nome dela. – Disse firme, olhando diretamente nos seu olhos.
-E... qual era... o nome dela? – perguntou indecisa.
-Ana. – falou simplesmente.
-Como?
-O nome dela era Ana. Como você.
Ana ficou gelada. Tentou entender a informação. Será que ele queria dizer que, de algum modo, de algum modo maluco, eu lembro a mulher dele? – pensou abobada.
-Ana, - continuou – ela tinha 17 anos, quando nos conhecemos. Olhos azuis, um azul tão claro, e tão lindo, que eu nunca tinha visto igual. E cabelos ruivos, e vinha de transferida de uma cidade que nem estava no mapa!
Ana arregalou os olhos. Sem querer e sem poder crer.
-O que você está querendo dizer? Que nós somos tão parecidas assim? Ninguém é tão parecido assim! – estava realmente preocupada com a saúde mental dele.
-Não, não estou dizendo que vocês são parecidas. O que estou tentando dizer, é que você é a Ana. Vocês são a mesma pessoa. – disse muito sério, para que não houvesse dúvidas a respeito desse pensamento.
-Mas, isso é impossível! Vocês se conheceram há 14 anos. Eu só tinha três anos na ocasião. Não tem cabimento!
-Eu disse que pareceria loucura – ele a interrompeu ainda sério, passando as mãos novamente nos cabelos, voltando a andar de um lado para o outro. – Eu sei que não faz sentido. – Disse com raiva. - Mas tente entender. Eu reconheci você desde a primeira vez.
-Mas...
-Ana, pense. Eu fui casado com alguém que eu amava com loucura. – os olhos dele brilhavam - Não poderia confundir com outra pessoa. Eu tive você nos braços agora a pouco, e tudo voltou. È o mesmo beijo, o mesmo desejo, o mesmo corpo que eu tanto amei e conheço tão bem. O mesmo rosto, nome, história... você não vê?
-Mas... – Ana não queria ouvir mais nada. – Como poderia? Se eu estou aqui, com a mesma idade da mulher de 14 anos atrás! Como? Sei que existe o vira- tempo, mas tem que se ter consciência do fato pra usar um.
-Eu não sei! Eu não sei! E é isso que eu pretendo descobrir! E também não é fácil conseguir um vira-tempo!
-Mas, Paulo, não pode ser. Entenda, eu... simplesmente não posso ser aquela Ana!
Ele se aproximou e a beijou novamente. Tão intensamente que o calor parecia queimar os dois e tudo em volta. Ela tentou resistir, mas percebeu que era impossível. Queria aquele homem. Na verdade, descobriu que o amava! Sim, foi à primeira vista e agora tinha certeza. O fato de não conseguir parar de pensar nele, a atração que sentia, tê-lo procurado, mesmo quando ele parecia querer distância. Tinha que admitir que o amava. Não amor de criança, como já tivera, um amor adulto, forte, eterno.
Quando eles se afastaram novamente, foi ela que quebrou o silêncio.
-Meu Merlin! Como pode ser?
-Eu não sei. Mas é muito forte! – ele disse simplesmente.
-Mas, se... eu sou a mesma Ana de antes, o que houve? Como ela... eu fui embora lá no passado? E como vim parar aqui, exatamente como antes? E o bebê? O que houve com o bebê?
-Eu não sei Ana. – E a abraçou, como se quisesse protegê-la da realidade. – Eu não sei. Mas acho que poderíamos tentar descobrir, juntos.
-Tudo bem. Vamos tentar descobrir. Mas, o que vamos fazer, no geral? E, as outras... coisas, quero dizer... – começou encabulada.
Ele sorriu com tristeza, e respondeu.
-Tudo fica como está. Vou estar ao seu lado, para descobrirmos o que houve, mas ainda somos professor e aluna.
-Mas como assim? – disse se afastando dos braços dele, como se tivesse recebido uma picada.
-Ana – ele tentou se reaproximar – Você é uma menina ainda, e eu...
-Como? - se afastando ainda mais.
-Ana, por favor, eu tenho quase o dobro de sua idade! Não poderia me aproveitar disso! – disse mais ríspido que gostaria.
-Pára tudo! – interrompeu – Pára tudo! Como assim "o dobro de minha idade?" Depois de tudo que houve aqui! E na sala de aula! Do modo que me beijou! - disse com dignidade – Depois que a gente quase... Eu acho que entendi tudo errado mesmo! – ela andava de um lado para o outro.
-Ana, espere não faça isso. Tente entender! Não é fácil pra mim, me segurar perto de você. È tão linda quanto eu conseguia me lembrar. E quero você desesperadoramente! Mas não posso! Não desse modo! Não está certo! – frustrado.
-Certo? Não está certo? - gritou furiosa – E o que é que está certo nisso tudo aqui? Você chegar pra mim, com essa história maluca toda, depois me beijar como se eu fosse a coisa mais importante nesse mundo pra você. E depois vem me dizer, que foi uma fraqueza! E que devo esquecer disso, e voltarmos à etapa em que éramos professor e aluna, e resolvermos juntos essa confusão, como se fosse só um exercício de classe? É isso que é certo? É isso? – acusou.
-Eu não sei. – disse de repente. Como se todos os últimos 14 anos pesassem de uma só vez sobre seus ombros. – Eu realmente não sei mais o que é certo, o que é errado. Tudo que sei é que doeu demais. – e olhou pra ela – só gostaria que você não fosse embora. – "de novo". Ele não disse, mas ambos sabiam que era o que teria dito.
Então Ana respirou fundo, e resolveu que não poderiam viver assim, brigando. Era amor mesmo que sentia por ele. E se era ela, a mesma pessoa que se casara com ele anos atrás, queria descobrir porque teria ido embora, se se amavam tanto. Teria lutado pelo homem amado, e pelo bebê. "Meu Deus!" – pensou – "O bebê! O que terá sido feito dele?"
-Severus, - disse mais calma – eu preciso saber o que houve no dia em que vocês... nós... brigamos.
-Foi terrível! – ele disse cuspindo as palavras.
-Eu já sei, mas o que foi que houve? Conte-me, por favor, detalhadamente. – pediu sentando-se no campo mais uma vez.
Ele fechou os olhos, respirou fundo e começou, como se revivesse a cena.
-Eu estava cansado de fingir. Queria contar pra todo mundo. Desde Dumbledore ao Filch. Mas ela... você... não permitia nem falar sobre o assunto. Quando deu um intervalo entre as aulas e eu estava na sala dos professores, onde algum deles comentou que havia uma aluna grávida, e que devia ser uma coitada ou uma irresponsável. Fiquei furioso. Quando eles saíram, decidi que não aceitaria a situação. Iria contar tudo. E por uma dessas coincidências da vida, você foi me ver e eu já comecei a dizer que queria pôs fim àquela farsa. Que iria acabar com tudo naquele mesmo dia. Você se assustou, com certeza com minha atitude, e disse que eu era um grosso, e que nada iria mudar, que não era hora. Que iríamos ambos ser prejudicados. E eu, entenda, estava indignado, louco de ciúmes, pois sabia de alguns admiradores e... – olhando para o chão – a acusei de traição. Disse também, que se era assim, não daria pra saber se o bebê era meu!
A dor nas palavras e as lágrimas que corriam novamente no rosto de Snape faziam com que o ultrage, que sentia daquela acusação, diminuísse. Mas entendeu que na situação, talvez também saísse de perto de um homem transtornado. "Mas por que ela faria isso? Por que esconder as coisas, e a esse ponto?"
-Não tenho orgulho do que fiz. Fiz o que alguém desesperado e confuso acaba fazendo. Você simplesmente se levantou e bateu a porta. Percebi que nada do que eu pudesse dizer, a magoaria mais. E quando dei pelo meu erro monstruoso, você já havia desaparecido. Desaparecido pra sempre de minha vida.
-Ainda, acho que tem algo faltando nessa história. Por que, com tanta felicidade eu poderia querer segredo? Mesmo depois de casada, ou quando descobri a gravidez. Deveria ser o suficiente para parar com isso! Por que, então insistir no silêncio? E mesmo com a briga, duvido que seria motivo suficiente para... ir embora.
-Mas então o que? – ele voltou a fitá-la nos olhos.
-Eu não sei, mas tem mais coisa aí. Você disse que a gente se conheceu no início do ano letivo. Diga-me qual a casa e as matérias, amigos que tínhamos, que eu tinha, tudo!
-Bem, como eu te disse. Pouca coisa mudou. Você estava fazendo as mesmas matérias, o mesmo ano, o sexto ano, e eu dava aulas pra você de Poções – e voltou a olhar para o chão – como esse ano.
-Mas já faz duas semanas que iniciou o ano e já foram quatro aulas Poções e mesmo depois de o que aconteceu na aula. – ela corou. – Não me disse nada
-Eu... Não sabia o que poderia me aguardar. Se eu estava louco, se estava delirando. Bem, fora isso, acho que você começou a fazer um curso paralelo em Hogsmead. Na verdade, eu não sei o que era ao certo. Começou no terceiro trimestre. Você estava grávida de quatro meses quando se foi. Tínhamos seis meses de casados. Não tinha amigos. Conversava com todo mundo, tinha admiradores, mas não dava pra cultivar amizades. Quando se tem que estudar, trabalhar, marido, e um grande segredo pra guardar.
-Esse curso, o que era mesmo?- perguntou interessada.
-Não sei ao certo, você não gostava de falar sobre isso. Dizia que era só pesquisa de laboratório. E que ajudava a ter uma remuneração extra. E que isso bastava. – falou com certa secura.
-Estranho. E esse curso, ainda existe? – ignorou o humor dele.
-Acho que sim. Ana, está achando que ele tem alguma relação com todo essa história?
-Pode ser... – pensativa – Pode ser. Terei que verificar.
O silêncio voltou a dominar os dois. Mas desta vez foi porque ambos estavam absortos em seus pensamentos. Em achar alguma explicação ou falha na história. Nenhum dos dois percebeu o tempo passando até que começava a escurecer no horizonte. E eles se olharam, olhos nos olhos, e aquela atração quase palpável ficou evidente outra vez. Mas nesta ocasião, Snape desviou o olhar antes que perdesse o controle.
-Como é sua vida agora? Onde você mora? – perguntou quebrando o clima que criara.
-Moro perto do Três Vasouras. È um apartamento pequeno, de dois quartos. Eu moro sozinha.
-Parece que não mudou nada mesmo. – ele disse apenas isso e se levantou. Ofereceu a mão para ajudá-la a se levantar também.
E quando conseguiu, foi surpreendida por um beijo terno, quase casto nos lábios.
-Vamos, eu sei onde você mora. Vou levá-la pra casa.
Ana que tivera esperança de que ele pedisse pra ficar com ela, percebeu que ele era mais duro que imaginava. Então resolveu não lutar mais contra sua atitude. Deixaria que ditasse as regras e dissesse o que queria e também o que podia ou achava que podia.
O restante da viagem foi quase em silêncio, interrompido por um ou outro assunto supérfluo, sem nenhum significado. Quando chegaram na casa dela, ele fez menção de iria dizer algo, mas desviou o olhar para a estrada. E se despediu assim. Ana percebeu que era o único modo que ele encontrara pra se conter. Então decidiu que daria tempo pra que ele se acostumasse com a idéia de ter voltado.
"Voltado? Nossa! Como se eu já estivesse me habituado a essa história maluca!" – pensou.
-Bem, Severus, então eu já vou. A gente se vê na amanhã, e...
-Sim, a gente se vê. Temos que descobrir o que houve, e pra isso a vida tem que continuar.
Naquela noite Ana mal dormiu. Ficou pensando em tudo que houve. Sua vida era normal. Seus pais, sua família, estavam no Brasil, e aguardavam que se formasse. Falava com eles uma vez por semana, e nada havia mudado. Mas em algum ponto, deve haver uma interseção com o passado. "Mas onde?" Enfim, o cansaço a dominou e adormeceu, sem sonhos. O que, aliás, era incomum. Ela sempre sonhava, todas as noites.
pele demora.
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CAPÍTULO III – O passado
Ele respirou fundo. Ficou de cabeça baixa como se estivesse em transe, como se estivesse falado pra si mesmo. Parecia tão desamparado que Ana sentiu o coração apertado por aquele homem. Pegou na mão dela. Sentaram-se de frente. Mas ele não a olhou ainda.
-Há exatamente 16 anos atrás, comecei a dar aulas em Hogwarts. Tinha 22 anos e estava começando uma vida nova, trabalho novo. Como o mais jovem professor catedrático. Fiz alguns cursos me aprofundando nos assuntos, e então voltei para a escola. Agora como professor. Trabalhei duro e conquistei respeito perante os colegas e os alunos. Sempre soube que a regra mais importante era não me envolver, nunca, com alunas.
Nesse momento, Ana corou, porém nada disse.
-Mas, o inusitado aconteceu, e no meu segundo ano trabalhando lá, eu conheci uma garota linda. – seu olhar era puro amor e carinho – Ela era como o arco-íris, cheia de cores e tons, que iluminava e coloria por onde andava. Ela nem sequer percebia, mas irradiava uma alegria tão intensa, que contagiava todos à sua volta. E eu não poderia ser diferente. Me apaixonei por aquela menina à primeira vista. Percebi logo que ela também não ficara imune. Mas tinha que manter distancia, eu era professor na sala dela, apesar de ter só 5 anos de diferença. Mas não foi possível me manter afastado por muito tempo. Ela era tinhosa – e riu – Ela percebeu meu interesse e meu jogo de fuga, e se decidira não me deixar escapar. – e riu abertamente. – E Quando nós nos encontramos, logo na primeira vez, foi como se não restasse mais nenhum ser vivo no mundo. Só nós dois. Só eu e ela. Eu jurei que ia me casar com aquela menina e que teríamos muitos filhos. E assim foi feito. Nos casamos, mas escondidos. Não queríamos publicidade ou falação na escola. Dumbledore soube, claro. Mas não disse nada. Era nossa aventura, nosso segredo, nossa felicidade. E como eu fui feliz! – Snape fez uma pausa. Lágrimas caíam de seus olhos e ele não tentava impedir, não sentia vergonha desses sentimentos. Era tudo que tinha. E Ana aguardou em silêncio, que ele se recuperasse, e pelo que viria.
-Um dia, quando voltávamos pra casa da praia, onde passamos as férias, ela disse que estava grávida. Eu levei um susto! Quase provoquei um acidente. Fiquei radiante, Disse que já era hora de contar a todos que éramos marido e mulher. Já que iriam notar o bebê crescendo, e eu não queria que ela fosse mal interpretada. Mas ela achava que poderíamos esperar mais um pouco. Mas como eu disse, ela era muito teimosa, e então eu me calei. O tempo foi passando, e a barriga dela crescendo. As perguntas começaram, mas ela não contava pra ninguém. Fiquei cismado. Não sabia se ela sentia vergonha de mim, sei lá! Não sabia o que pensar! Você tem que me entender! – e pela primeira vez olhou pra Ana. Suplicando compreensão, e voltou-se novamente para o chão. – Um dia, começamos uma discussão séria nas masmorras. Nem sei ao certo com aconteceu, mas ela saiu de lá e bateu com força a porta, e simplesmente foi embora. Eu estava louco de raiva, desespero, ciúmes, mas não sabia que o pior estava por vir. Uma dor maior, como se alguém tivesse destruído algo dentro de meu corpo e que estivesse sangrando, rasgando, queimando. E foi quando saí para procura-la e não consegui encontrar. E veja, eu procurei por todos os lados, na Lufa-lufa – "Coincidência, ela era da Lufa também?" – pensou Ana - , nas outras casas, voltei pra a casa de praia, mas ela havia simplesmente desaparecido. Tentei achar a família dela, fui até a pequena cidade, no Brasil – Ana estranhou de novo. - de onde vinha, e nada! Ninguém sabia dela! A mulher que eu amava, tinha desaparecido nesse mundo de meu Merlin! Ela, e minha filha!
Ana estava estarrecida com aquela história. Quanto aquele homem não sofrera! Que imoral da parte da esposa, fazer aquilo com ele! E ainda levar a filha deles que nem nascera! E com as coincidências.
-Ela... ela... morreu?
Ele olhou pra Ana, com tanta dor, com tanta tristeza, que ela se arrependeu de ter perguntado. – "Que sensibilidade!" – Pensou com sarcasmo.
-Eu pensava que sim. Essa era a única explicação que eu tinha. Até agora. Mesmo sem ter encontrado nada em hospitais de bruxos ou de trouxas e tudo mais. Quando alguém desconhecido era encontrado, eu ia lá pra ver, pra reconhecer.
-Mas, como assim, até agora? – Só então Ana, notara a expressão.
-Você não me perguntou o nome dela. – Disse firme, olhando diretamente nos seu olhos.
-E... qual era... o nome dela? – perguntou indecisa.
-Ana. – falou simplesmente.
-Como?
-O nome dela era Ana. Como você.
Ana ficou gelada. Tentou entender a informação. Será que ele queria dizer que, de algum modo, de algum modo maluco, eu lembro a mulher dele? – pensou abobada.
-Ana, - continuou – ela tinha 17 anos, quando nos conhecemos. Olhos azuis, um azul tão claro, e tão lindo, que eu nunca tinha visto igual. E cabelos ruivos, e vinha de transferida de uma cidade que nem estava no mapa!
Ana arregalou os olhos. Sem querer e sem poder crer.
-O que você está querendo dizer? Que nós somos tão parecidas assim? Ninguém é tão parecido assim! – estava realmente preocupada com a saúde mental dele.
-Não, não estou dizendo que vocês são parecidas. O que estou tentando dizer, é que você é a Ana. Vocês são a mesma pessoa. – disse muito sério, para que não houvesse dúvidas a respeito desse pensamento.
-Mas, isso é impossível! Vocês se conheceram há 14 anos. Eu só tinha três anos na ocasião. Não tem cabimento!
-Eu disse que pareceria loucura – ele a interrompeu ainda sério, passando as mãos novamente nos cabelos, voltando a andar de um lado para o outro. – Eu sei que não faz sentido. – Disse com raiva. - Mas tente entender. Eu reconheci você desde a primeira vez.
-Mas...
-Ana, pense. Eu fui casado com alguém que eu amava com loucura. – os olhos dele brilhavam - Não poderia confundir com outra pessoa. Eu tive você nos braços agora a pouco, e tudo voltou. È o mesmo beijo, o mesmo desejo, o mesmo corpo que eu tanto amei e conheço tão bem. O mesmo rosto, nome, história... você não vê?
-Mas... – Ana não queria ouvir mais nada. – Como poderia? Se eu estou aqui, com a mesma idade da mulher de 14 anos atrás! Como? Sei que existe o vira- tempo, mas tem que se ter consciência do fato pra usar um.
-Eu não sei! Eu não sei! E é isso que eu pretendo descobrir! E também não é fácil conseguir um vira-tempo!
-Mas, Paulo, não pode ser. Entenda, eu... simplesmente não posso ser aquela Ana!
Ele se aproximou e a beijou novamente. Tão intensamente que o calor parecia queimar os dois e tudo em volta. Ela tentou resistir, mas percebeu que era impossível. Queria aquele homem. Na verdade, descobriu que o amava! Sim, foi à primeira vista e agora tinha certeza. O fato de não conseguir parar de pensar nele, a atração que sentia, tê-lo procurado, mesmo quando ele parecia querer distância. Tinha que admitir que o amava. Não amor de criança, como já tivera, um amor adulto, forte, eterno.
Quando eles se afastaram novamente, foi ela que quebrou o silêncio.
-Meu Merlin! Como pode ser?
-Eu não sei. Mas é muito forte! – ele disse simplesmente.
-Mas, se... eu sou a mesma Ana de antes, o que houve? Como ela... eu fui embora lá no passado? E como vim parar aqui, exatamente como antes? E o bebê? O que houve com o bebê?
-Eu não sei Ana. – E a abraçou, como se quisesse protegê-la da realidade. – Eu não sei. Mas acho que poderíamos tentar descobrir, juntos.
-Tudo bem. Vamos tentar descobrir. Mas, o que vamos fazer, no geral? E, as outras... coisas, quero dizer... – começou encabulada.
Ele sorriu com tristeza, e respondeu.
-Tudo fica como está. Vou estar ao seu lado, para descobrirmos o que houve, mas ainda somos professor e aluna.
-Mas como assim? – disse se afastando dos braços dele, como se tivesse recebido uma picada.
-Ana – ele tentou se reaproximar – Você é uma menina ainda, e eu...
-Como? - se afastando ainda mais.
-Ana, por favor, eu tenho quase o dobro de sua idade! Não poderia me aproveitar disso! – disse mais ríspido que gostaria.
-Pára tudo! – interrompeu – Pára tudo! Como assim "o dobro de minha idade?" Depois de tudo que houve aqui! E na sala de aula! Do modo que me beijou! - disse com dignidade – Depois que a gente quase... Eu acho que entendi tudo errado mesmo! – ela andava de um lado para o outro.
-Ana, espere não faça isso. Tente entender! Não é fácil pra mim, me segurar perto de você. È tão linda quanto eu conseguia me lembrar. E quero você desesperadoramente! Mas não posso! Não desse modo! Não está certo! – frustrado.
-Certo? Não está certo? - gritou furiosa – E o que é que está certo nisso tudo aqui? Você chegar pra mim, com essa história maluca toda, depois me beijar como se eu fosse a coisa mais importante nesse mundo pra você. E depois vem me dizer, que foi uma fraqueza! E que devo esquecer disso, e voltarmos à etapa em que éramos professor e aluna, e resolvermos juntos essa confusão, como se fosse só um exercício de classe? É isso que é certo? É isso? – acusou.
-Eu não sei. – disse de repente. Como se todos os últimos 14 anos pesassem de uma só vez sobre seus ombros. – Eu realmente não sei mais o que é certo, o que é errado. Tudo que sei é que doeu demais. – e olhou pra ela – só gostaria que você não fosse embora. – "de novo". Ele não disse, mas ambos sabiam que era o que teria dito.
Então Ana respirou fundo, e resolveu que não poderiam viver assim, brigando. Era amor mesmo que sentia por ele. E se era ela, a mesma pessoa que se casara com ele anos atrás, queria descobrir porque teria ido embora, se se amavam tanto. Teria lutado pelo homem amado, e pelo bebê. "Meu Deus!" – pensou – "O bebê! O que terá sido feito dele?"
-Severus, - disse mais calma – eu preciso saber o que houve no dia em que vocês... nós... brigamos.
-Foi terrível! – ele disse cuspindo as palavras.
-Eu já sei, mas o que foi que houve? Conte-me, por favor, detalhadamente. – pediu sentando-se no campo mais uma vez.
Ele fechou os olhos, respirou fundo e começou, como se revivesse a cena.
-Eu estava cansado de fingir. Queria contar pra todo mundo. Desde Dumbledore ao Filch. Mas ela... você... não permitia nem falar sobre o assunto. Quando deu um intervalo entre as aulas e eu estava na sala dos professores, onde algum deles comentou que havia uma aluna grávida, e que devia ser uma coitada ou uma irresponsável. Fiquei furioso. Quando eles saíram, decidi que não aceitaria a situação. Iria contar tudo. E por uma dessas coincidências da vida, você foi me ver e eu já comecei a dizer que queria pôs fim àquela farsa. Que iria acabar com tudo naquele mesmo dia. Você se assustou, com certeza com minha atitude, e disse que eu era um grosso, e que nada iria mudar, que não era hora. Que iríamos ambos ser prejudicados. E eu, entenda, estava indignado, louco de ciúmes, pois sabia de alguns admiradores e... – olhando para o chão – a acusei de traição. Disse também, que se era assim, não daria pra saber se o bebê era meu!
A dor nas palavras e as lágrimas que corriam novamente no rosto de Snape faziam com que o ultrage, que sentia daquela acusação, diminuísse. Mas entendeu que na situação, talvez também saísse de perto de um homem transtornado. "Mas por que ela faria isso? Por que esconder as coisas, e a esse ponto?"
-Não tenho orgulho do que fiz. Fiz o que alguém desesperado e confuso acaba fazendo. Você simplesmente se levantou e bateu a porta. Percebi que nada do que eu pudesse dizer, a magoaria mais. E quando dei pelo meu erro monstruoso, você já havia desaparecido. Desaparecido pra sempre de minha vida.
-Ainda, acho que tem algo faltando nessa história. Por que, com tanta felicidade eu poderia querer segredo? Mesmo depois de casada, ou quando descobri a gravidez. Deveria ser o suficiente para parar com isso! Por que, então insistir no silêncio? E mesmo com a briga, duvido que seria motivo suficiente para... ir embora.
-Mas então o que? – ele voltou a fitá-la nos olhos.
-Eu não sei, mas tem mais coisa aí. Você disse que a gente se conheceu no início do ano letivo. Diga-me qual a casa e as matérias, amigos que tínhamos, que eu tinha, tudo!
-Bem, como eu te disse. Pouca coisa mudou. Você estava fazendo as mesmas matérias, o mesmo ano, o sexto ano, e eu dava aulas pra você de Poções – e voltou a olhar para o chão – como esse ano.
-Mas já faz duas semanas que iniciou o ano e já foram quatro aulas Poções e mesmo depois de o que aconteceu na aula. – ela corou. – Não me disse nada
-Eu... Não sabia o que poderia me aguardar. Se eu estava louco, se estava delirando. Bem, fora isso, acho que você começou a fazer um curso paralelo em Hogsmead. Na verdade, eu não sei o que era ao certo. Começou no terceiro trimestre. Você estava grávida de quatro meses quando se foi. Tínhamos seis meses de casados. Não tinha amigos. Conversava com todo mundo, tinha admiradores, mas não dava pra cultivar amizades. Quando se tem que estudar, trabalhar, marido, e um grande segredo pra guardar.
-Esse curso, o que era mesmo?- perguntou interessada.
-Não sei ao certo, você não gostava de falar sobre isso. Dizia que era só pesquisa de laboratório. E que ajudava a ter uma remuneração extra. E que isso bastava. – falou com certa secura.
-Estranho. E esse curso, ainda existe? – ignorou o humor dele.
-Acho que sim. Ana, está achando que ele tem alguma relação com todo essa história?
-Pode ser... – pensativa – Pode ser. Terei que verificar.
O silêncio voltou a dominar os dois. Mas desta vez foi porque ambos estavam absortos em seus pensamentos. Em achar alguma explicação ou falha na história. Nenhum dos dois percebeu o tempo passando até que começava a escurecer no horizonte. E eles se olharam, olhos nos olhos, e aquela atração quase palpável ficou evidente outra vez. Mas nesta ocasião, Snape desviou o olhar antes que perdesse o controle.
-Como é sua vida agora? Onde você mora? – perguntou quebrando o clima que criara.
-Moro perto do Três Vasouras. È um apartamento pequeno, de dois quartos. Eu moro sozinha.
-Parece que não mudou nada mesmo. – ele disse apenas isso e se levantou. Ofereceu a mão para ajudá-la a se levantar também.
E quando conseguiu, foi surpreendida por um beijo terno, quase casto nos lábios.
-Vamos, eu sei onde você mora. Vou levá-la pra casa.
Ana que tivera esperança de que ele pedisse pra ficar com ela, percebeu que ele era mais duro que imaginava. Então resolveu não lutar mais contra sua atitude. Deixaria que ditasse as regras e dissesse o que queria e também o que podia ou achava que podia.
O restante da viagem foi quase em silêncio, interrompido por um ou outro assunto supérfluo, sem nenhum significado. Quando chegaram na casa dela, ele fez menção de iria dizer algo, mas desviou o olhar para a estrada. E se despediu assim. Ana percebeu que era o único modo que ele encontrara pra se conter. Então decidiu que daria tempo pra que ele se acostumasse com a idéia de ter voltado.
"Voltado? Nossa! Como se eu já estivesse me habituado a essa história maluca!" – pensou.
-Bem, Severus, então eu já vou. A gente se vê na amanhã, e...
-Sim, a gente se vê. Temos que descobrir o que houve, e pra isso a vida tem que continuar.
Naquela noite Ana mal dormiu. Ficou pensando em tudo que houve. Sua vida era normal. Seus pais, sua família, estavam no Brasil, e aguardavam que se formasse. Falava com eles uma vez por semana, e nada havia mudado. Mas em algum ponto, deve haver uma interseção com o passado. "Mas onde?" Enfim, o cansaço a dominou e adormeceu, sem sonhos. O que, aliás, era incomum. Ela sempre sonhava, todas as noites.
