Oi, turminha. Demorei mais tempo que pretendia, mas é que estive
viajando. Literalmente. Hehehehe. Mas estou de volta pra postar novo
capítulo. E como foram muito atenciosos vou postar o 5 e o 6 ! Boa
digestão a todos!!!!!!

Mki, puxa, valeu mesmo. Que bom que está gostando, continua que tem
mais!!!!! E Eu juro que foi um sonho! De repente acordei a achei que era
muito legal pra deixar passar e comecei a escrever. E pronto! Eis que
surge uma fic!! Hehehehe

Angelore: Xii, foi mal, erro grave de digitação. Acho que eu estava
pensando em outra pessoa,. Quem será? Não conheço nenhum Paulo????? Bem,
era pra ser o Snape. Perdão!

Bru e Mione: bem, demorei um pouco, mas já vou me desculpar mandando dois
capítulos desta vez. OK?

Avoada: Bem, se você tiver um pouco de paciência (eu sei que exijo muito
mesmo), tudo será explicado no tempo certo! Prometo. Mas se mesmo assim,
ficar difícil e eu enrolar, é só dar um cascudo que eu explico ou
concerto! Tá?

Então, agora a todos que esperam ansiosamente (OLHA ELA!!!!!) a
Fic...(dobrada)

CAPÍTULO V - Sonhos

Após o almoço, Ana encontrou Thiago sentado perto do lago. Parecia muito satisfeito. E sorriu assim que a viu ao longe.

-Olá, gatinha! Você está radiante hoje! Será que sou a razão de todo esse brilho? – perguntou charmoso.

-Deixa de ser bobo, Thiago! – fez de desentendida, mas deu um sorriso doce.

Ana se sentou ao lado dele. E foi direto ao assunto.

-E sobre o emprego?

-Bem, é algo bem difícil de conseguir. É um grupo de pesquisa, que existe no Centro de pesquisas de Hogsmead, e que pouca gente sabe. Exceto os envolvidos e o Ministério da Magia, claro. É tudo legalizado. – garantiu - Mas é segredo, pois se outros descobrem, podem roubar a idéia. Entendeu?

-Mais ou menos. – respondeu indecisa. – Mas como é que eu posso "entrar"?

-Eu conheço os envolvidos no Projeto. E posso indicar você. Se quiser. – sorriu.

-Certo... mas do que se trata? – ainda incerta.

-É uma pesquisa feita com grupos selecionados de estudante. É um estudo duplo cego, com os sonho interferindo nas execuções de feitiços. – disse baixinho. – Mas você deve se dedicar integralmente, e sobre tudo manter sigilo. Não poderia encontrar pessoas dos outros grupos e trocar informações, entende?

-Acho que sim. Estou... disposta a fazer parte da pesquisa. – decidiu, tentando se mostrar segura.

-Ótimo! Poderemos ir lá agora mesmo se você quiser. – ofereceu. Ou tem alguma aula?

-Ter, eu tenho, mas é de História da Magia, e já que iria dormir lá mesmo! A gente pode ir ver esse projeto. – agora mais segura, não queria perder a oportunidade.

-Agora, me fale de você. – ele recomeçou - De onde vem, se está gostando da Inglaterra, da escola, se já está namorando...

-Sinto muito, Thiago. Você é uma graça, e muito simpático também. Com certeza sabe disso. Mas tenho namorado. Mas gostaria que fôssemos amigos. Gosto muito da sua irmã. – tentou.

-É uma pena. Que eu tenha chegado tarde. Mas sempre terei esperanças. Se precisar de um ombro amigo ou não. – sorriu malicioso.

-Obrigada! Sinto-me lisonjeada. Mas acho que você deveria procurar outra pessoa. Alguém que goste de você da mesma maneira. – falou com carinho, Ana.

-E quem disse que estou procurando amor eterno? – debochou suavemente.

-Pois eu conheço alguém que estaria disposta a viver esse "amor eterno" com você! – respondeu misteriosa.

-Claro! Muitas garotas iriam querer! – ainda sarcasticamente.

E Ana percebeu que ele não era mau. Apenas era cínico. Era resultado de um meio típico de exploração dos fracos, competições, traições... Coisas que fariam qualquer um agir desse modo. Sorrindo com carinho, Ana tentou mais uma vez.

-Ela não está muito longe, Thiago. Mais perto que imagina. Se você der a ela uma única chance. Acredito que seriam muito felizes.

Ele olhou duvidoso pa Ana, mas não comentou nada. E ela não insistiu no assunto.

Thiago, então a levou ao Centro de Pesquisas. Foram até um dos prédios da rua principal de Hogsmead, de quatro andares, paredes brancas. Não ficava muito longe do apartamento dela. Entraram em uma ante-sala, onde ela ficou esperando enquanto ele entrava na secretaria. Após algum tempo retornou sorrindo.

-Tudo certo, gata! Venha comigo. Vou apresenta-la a alguém. – e pegou-a pela mão.

Atravessaram aquela sala, um corredor, e foram à outra sala. Lá havia uma estante cheia de livros, tinha um microscópio pequeno em um canto. Havia uma mesa ao fundo, e uma mulher de jaleco branco, muito elegante a aguardava.

-Ana, esta é a Professora Marta Sandez. Ela é a responsável maior pelo Centro e pela pesquisa.

Ana se adiantou e cumprimentou a Professora com um certo receio. Ela parecia ter idade para ser sua mãe, mas não inspirava nada materno. Pelo contrário, não gostou dela. Mas tentou não demonstrar.

-Muito prazer, Ana. – olhou com interesse intenso. – Vou gostar muito de trabalhar com você. Conte-me, sente-se – apontou para a cadeira da frente – Thiago, querido, pode deixar que agora nos entenderemos, não é, querida? – ela falava como se fosse muito importante, com uma gentileza até exagerada. Ana sentiu um arrepio gelado nas costas e uma vontade louca de correr dali. Mas se concentrou no objetivo. Concentrou-se em Severus. E engoliu em seco, e sentou-se. Despediu-se fracamente do amigo e ficou. Tinha a estranha sensação de que um bicho iria saltar de algum canto pra atacá-la.

-Bem, antes de colocá-la na pesquisa. Que parece ser do seu interesse, pelo que o Thiago falou, eu gostaria de conhece-la melhor. – sentou-se novamente em sua poltrona, e fez sinal para que Ana fizesse o mesmo.

-É... Bem... – olhou para os lado, nenhum bicho saltou e acabou sentando- se na cadeira em frente à mesa da professora. - Eu me chamo Ana Müller. Tenho 17 anos, sou de Vila Bonita, que fica no Brasil. Estou cursando sexto ano de Hogwarts e... Bom, pensei em conseguir uma remuneração extra para ajudar nas despesas e... – ela apertava a barra da saia com as mãos nervosamente. - O Thiago falou que essa era uma possibilidade. Acho que é isso. – terminou nervosa.

-Sei, sei. Interessante. E antes de entrar no curso em que está, já tinha vindo aqui antes? – perguntou olhando no fundo dos olhos dela.

Ana gelou. "Será que ela sabia? Não poderia ser. Não assim, não desse jeito!" – pensou.

-Não, eu só conhecia a escola de nome. Como eu disse, vim do Brasil. – respondeu sem muita convicção.

-E você mora com alguém, família, amigos, namorado? – frisou o último.

-Não. – respondeu talvez rápido demais. – Moro sozinha.

-Mas tem muitos amigos e namorados. – insistiu com calma.

-Não, é... Quer dizer... Não tenho muitos amigos, conheci algumas pessoas desde que cheguei, mas ainda é cedo pra dizer que somos amigos. Por quê? – ignorou descaradamente a citação sobre o namorado.

-Hum, sei. É que para a pesquisa, se for admitida, terá que dispor de tempo. E algumas pessoas podem se incomodar com esse tempo que é doado para a pesquisa. – ela sorria para Ana, como para uma criança.

-Entendo. Mas não acho que isso será um problema. Exceto pelo próprio curso de Hogwarts, é claro. – lembrou Ana.

-É claro, querida. Eu não me referia a esse tempo. Mas podemos começar hoje mesmo, se você quiser. Gostei de você. Sei que nos ajudará muito. – afirmou a Professora.

-Hoje? Mas... O que eu preciso fazer? – assustou-se, ficando quase rija.

-Não se preocupe querida. Você só precisa ler esse formulário. E assinar, garantindo sigilo absoluto. Concorda? – estendendo o papel.

Os olhos da mulher pareciam de gato na frente de passarinho na gaiola. Apesar do medo. Ana pegou e leu rapidamente o formulário. Não viu nada de errado ali e assinou. Arrependeu-se antes mesmo de terminar de escrever seu nome. E mais uma vez pensou em Severus e na dor que vira nos olhos dele quando contou tudo o que teria acontecido no passado. Então com firmeza devolveu os papéis para a Professora.

-Você tomou uma decisão acertada, minha querida. Vamos nos dar muito bem, sem dúvidas. Agora vou pedir pra você voltar aqui após suas aulas de hoje, está bem? – toda sorrisos.

-Sim, combinado. Estarei aqui mais tarde. Até lá.

E se despediu. Não poderia voltar pra as aulas. Não tinha cabeça pra isso. Tinha que achar Severus, e contar tudo. Mas não sabia onde ele estaria naquele momento. Ana estava de volta a Hogwarts perto do lago tentando imaginar como poderia procurá-lo, quando ele surgiu. Como se tivesse saído direto de seus pensamentos para a realidade. Ana apressou o passo, e o alcançou, quando chegava ao prédio central, onde ficava a diretoria. Tentando disfarçar a ansiedade, Ana chamou.

-Professor! Professor Snape! Preciso falar com o senhor, por favor.

Ele se assustou, mas respondeu logo.

-Claro, Srta Müller, vamos até minha sala. Você está com alguma dúvida sobre o trabalho proposto na última aula? – improvisou.

-É, é isso mesmo Professor. É sobre o trabalho. – ansiosa, quase não conseguiu disfarçar um sorriso nada acadêmico.

Quando eles entraram na sala que Snape dividia com outros professores, não havia ninguém lá.

-Diga. – disse fechando a porta atrás de si. – O que você descobriu? – sem rodeios.

-O Thiago, aquele aluno que lhe falei, me levou ao Laboratório. É lá que acontece a pesquisa. - E contou tudo o que houve. – Eu assinei. O que você acha? – receosa, mordia os lábios inferiores.

-É claro que eu preferia ver o papel antes. – parecia desgostoso - Mas se você está certa de que leu tudo e que não havia nada de errado no documento. Parece que esse é a única maneira de entender o que houve no passado. Mas estou muito preocupado. Conheço a Professora Marta Sandez. E ela é muito ligada ao Ministério. Tem carta branca pra tudo. Mas duvido que todos lá saibam o que ela está fazendo lá. Não gosto dela. – estava de novo com a expressão carrancuda.

Ana riu dele. E em seguida foi abraçada fortemente e beijada com intensidade.

-Não pude evitar. Estou com saudades. – sorriu maroto - Você sabe que horas acaba essa "pesquisa"?

-Não. – sorriu, se aconchegando mais – Mas gostaria que você me esperasse em casa.

-Mas como você vai embora daqui? Eu espero você.

-Não, vim de vassoura hoje. E depois, se você for pra minha casa antes de mim, pode preparar um jantar pra dois. Que tal? – propôs sedutora.

-Eu preferia levá-la, mas se você tem certeza, vou pra sua casa. Tente não demorar muito. – e a beijou novamente.

Despediram-se com dificuldades e seguiram seus horários. Ao final do dia, Ana foi ao Centro de Pesquisas. Não havia ninguém lá. Nem a secretária. Quando já estava quase desistindo, a professora Marta apareceu de dentro da secretaria.

-Olá, Ana. Que bom que veio, vamos entrando. – chamou muito satisfeita.

Ana sentiu medo, mas não recuou. Foi seguindo a mulher através de um longo corredor. Após passar por quase 12 portas, pararam diante da última. Marta Sandez parou, sorriu para Ana e abriu a porta. Lá dentro, pode ver um quarto. Dentro tinha uma cama, banheiro, armário embutido, tudo branco. Um criado mudo onde havia uma garrafa com conteúdo totalmente transparente e um copo ao lado. Havia também uma mesa de madeira também branca, com uma cadeira em um canto. Sem compreender Ana voltou a encarar a mulher.

-Este será seu quarto de pesquisa, agora. Como eu já lhe disse, é um estudo sobre o sono e o sonho. Veja, há um espelho naquele canto lá. – e apontou para o alto da porta. – É um espelho enfeitiçado. Foi criado para registrar tudo o que acontece neste quarto. – e sorriu como que para uma criança – para a pesquisa. É um estudo duplo cego, que consiste em tomar poções que podem ter estimulantes do sonho ou não. Veja bem, não é sedativo ou sonífero. Apenas uma substância que quando a pessoa está dormindo, estimula os estágios do sono onde acontecem os sonhos. Deverá iniciar agora mesmo. Se ainda quiser.

-Mas, essa poção, o que é? – argüiu, receosa.

-Não se preocupe, querida, eu já disse. São substâncias que estimulam os sonhos ou que não fazem nada. Não há problema algum. Nunca houve um paciente que tivesse algum problema orgânico com eles. Somos muito sérios, ou o Ministro não apoiaria o projeto. Não é mesmo? – sorriu com graça - Agora, vamos começar? – e apontou para a garrafa no criado-mudo. – Só precisa beber a metade do copo. Será suficiente. – sorrio encorajando-a. - Ah, quase ia me esquecendo, não vai precisar de sua varinha. Então pode deixá-la comigo.

Poucas vezes Ana sentira vontade de gritar e sair correndo como uma louca desvairada. Mas lembrou novamente o que esta fazendo ali, e porque. Então entregou a varinha à mulher, foi até o criado-mudo despejou o conteúdo da garrafa no copo que estava ao lado. Mesmo tremendo, bebeu. E teve certeza de que não tinha mais volta. A Professora Marta Sandez sorriu satisfeita, e convidou-a a deitar-se na cama.

-Agora, relaxe. E tente dormir. Não se preocupe mais. Tudo está sob controle. Não há o que temer. Durma bem, minha querida...

CAPÍTULO VI - Despertando

A boca estava seca. Tinha sede. Ana sentia como se tivesse engolido serragem. Os olhos não respondiam, apesar da força que fazia, não conseguia abri-los. Esfregou-os com as mãos, parecia que pesavam uma tonelada. Enfim abriu os olhos.

"Onde estava?"

Olhou para os lados. Uma cama, um armário, um quarto branco, um bebê brincando no chão, um criado-mudo muito branco.

"Um bebê?"

Olhou outra vez. Sentou-se com dificuldade. O bebê brincava com uma centopéia gigante de plástico, com anéis coloridos encadeados uns nos outros parecia um brinquedo trouxa que tinha quando era criança. Parecia ter pouco menos que um ano. Cabelos de um louro dourado quase laranjado, olhos azuis muito profundos. O bebê riu do brinquedo, e a risada encheu o coração de Ana de amor. Não havia mais ninguém lá.

"Por que alguém deixaria uma criança sozinha com uma pessoa adormecida? Aliás, será que era muito tarde?"

Queria voltar pra casa, Severus deveria estar esperando com o jantar. Mas quando ia se sentar um barulho de alarme soou ao fundo. Nesse momento entrou no quarto uma senhora de cabelos grisalhos.

-Nossa! Como pude, meu Merlim, uma hora de atraso, como pude? – resmungava.

-Com licença – falou Ana devagar – O que está acontecendo?

A velha deu um pulo, assustada. Se Ana não estivesse tão sonada poderia ter gargalhado da expressão da outra.

-A senhora não deveria falar comigo. Tome sua poção eu já vou. – respondeu horrorizada, a velha.

-Como? Eu também vou embora. A professora Marta Sandez deve ter lhe explicado, que era só algumas horas e eu iria pra casa. Pode perguntar a ela. – ainda sonolenta.

-Não, você não entende. – pegando o bebê no colo. – Não devia ter trazido a menina pra cá. Tome, vamos. Tome sua poção.

-Não, você é quem não está entendendo. Já tenho que ir. – mas ao tentar se levantar sentiu uma forte tontura e tornou a deitar-se. – O que houve? Por que estou tão fraca? – perguntou de olhos fechados.

-Senhora, não podemos conversar. Apenas tome sua poção. Por favor. – a mulher estava visivelmente alterada.

-Tudo bem. Dê-me o copo. – e a mulher ficou claramente aliviada. E entregou um copo cheio com a poção à Ana. Que bebeu. "Tudo isso? Não era só a metade? Por que tudo isso agora?"

Quando a mulher deixou o quarto, Ana pode cuspir todo conteúdo da boca. Levantou-se com dificuldade e começou a andar pelo quarto. Olhou ao redor.

"Quantas horas dormira?"

Lembrou-se do espelho enfeitiçado e se pôs a procurar. Não achou.

"Será que tinha sido removida enquanto dormia? O que estava acontecendo?"

Não tinha relógio e não dava pra saber se era dia ou noite. Não tinha janelas naquele lugar, e não dava pra ver o céu. Tentou abrir a porta, mas estava trancada! Ela estava presa. E essa constatação a atingiu em cheio.

"Presa! Por quanto tempo? Por que? Como isso foi acontecer?"

Muito tempo depois, sem achar solução alguma, resolveu deitar-se. Teriam que voltar par dar nova dose de poção.

"Isso! A poção!"

Olhou para a garrafa e percebeu que antes estava cheia, e agora, passava da metade.

"De quanto em quanto tempo vinham lhe dar a medicação?"

Se soubesse isso, saberia quanto tempo estava lá. Mas agora não adiantava tentar descobrir. Teria que esperar. Eles viriam dar a medicação novamente. Tudo que tinha a fazer era aguardar.

Quando a porta se abriu novamente, a mesma senhora, com a mesma menina, entraram no quarto.

-Fique aqui, querida. Vai ficar tudo bem. Mais tarde volto pra dar seu almoço. – e se virou pra Ana, que fingia estar adormecida. – Pobre coitada! – se aproximou pegou o copo e despejou na garganta seu conteúdo todo. Virou novamente para o bebê e se foi.

Quando a porta se fechou, Ana cuspiu.

-Então é dia. Mas que dia? - e se virou pra criança. - E você, minha linda, quem é?

A menina se virou imediatamente, e agitou os bracinhos. Deu um gritinho como se quisesse colo. Ana não resistiu àquele anjinho e a tomou nos braços. O bebê a abraçou gostoso.

-Será que você tem nome? – e brincou com ela algum tempo. – Sabe, também estou com fome. Acho que é quase hora do almoço. Você quer papar minha linda? Quer? – a menina continuava rindo. Até parecia que a conhecia bem.

Ana ouviu um barulho de alguém se aproximando da porta e foi se deitar. A mesma senhora retornava, e com uma mamadeira nas mãos.

-Então, menina, eis seu almoço. Agora vamos dar o dela, sim. – mas ao se aproximar da cama onde Ana estava, percebeu que não estava dormindo. A mulher estava aterrorizada.

-O que você pensa que está fazendo? – ralhou Ana.

-Oh, meu Merlin. Ela acordou de novo! Oh, não, não pode ser. – ela gemia e andava de um lado para o outro.

Ana se sentou, e pegou a mulher pelo braço, que parecia que ia chorar a qualquer momento.

-Diga-me. O que vocês estão fazendo comigo? – nervosa.

-Eu não posso. Eu gostaria... Mas... Eu... Não posso! Por favor, tome seu remédio e me deixe ir! – pediu quase em prantos.

-Não, nem pensar! Você vai me dizer o que está acontecendo. E há quanto tempo estou aqui! – foi firme, mas afrouxou as mãos em volta dos braços da senhora.

A mulher cobria o rosto com as mãos e chorava abertamente agora.

-Oh! Oh, meu Merlin... Não posso... Tempo... O tempo não importa. Ela não me perdoará novamente. Oh...

-Acalme-se. – tentou com paciência – Acalme-se. Diga-me. Qual seu nome? Vamos começar assim, sim?

-OH...

-Eu me chamo Ana, e a senhora? – iniciou.

-Magda. Chamo-me Magda. Mas não adianta, ela... Não...

-Acalme-se, Magda. Não tem que temer nada. Está tudo bem. E o bebê, a menina, qual o nome dela?

-Eu não sei, nunca houve um nome. – olhou com tristeza para a criança. – Eu a chamo de "menina".

-Como não tem nome? Quem são os pais dela? Por que ela está aqui?- intrigada.

-Não posso... Não tem nome... Não foi dado um nome. – Magda agora se agitava mais ainda.

-Tudo bem. Vamos tentar outra coisa. Que dia é hoje? – e a mulher olhava mais apavorada pra Ana.

-Não importa, não importa. Você está aqui há muito tempo. Não importa... Muito tempo...

-A Professora Marta...

-Psiu! Não diga o nome dela. – e olhava para os lados. – Ela é que mantém todos vocês aqui.

-Vocês? Tem mais alguém aqui? Mas... Terei que sair daqui para descobrir o que houve. Você me ajuda a sair Magda?

-Mas, sair... Não, não posso... Não posso...

-Magda, eu vou. Com sua ajuda ou não! Mas acho que você que você quer me ajudar. Não estou certa? – ela olhava como se implorasse, mas apenas assentiu com a cabeça. – Então, vamos sair daqui. Vamos embora!

E quando Ana ia saindo. A mulher a chamou de novo.

-Moça, leve a criança. Leve a menina com você.

-Por quê? Mas como...

-Ela é sua. – disse simplesmente.

-Minha? Como minha? Não pode ser! – sem entender.

-Ela é sua. Ou vai ser ou foi sua. Não importa. Hoje ela é sua filha. Por isso eu a trouxe todos os dias.

Ana estava atônita. Essa menina... E olhou seus olhos azuis. E de repente percebeu, eram iguais aos seus.

"Sua filha! Sua e... De Severus! Mas como? Era uma nova filha? A filha de 14 anos atrás? Como saber!"

Pegou a criança nos braços. Abraçou com todo amor que tinha em si. O bebê retribuiu e se aconchegou mais. Ana saiu do quarto. Viu o corredor longo e uma das pontas que sabia ser a saída.

-Rápido! – sussurrou Magda – Vá logo!

E ela foi. Mas quando saiu do prédio, não viu o que esperava. Estava numa rua estreita, escura, cheia de prédios cinzas, também estreitos e muito altos. Não era mais a Hogsmead que ela conhecia. Ana seguiu desorientada, correndo, como se a morte a perseguisse de perto. Olhando pra trás percebeu algum movimento. Era perseguida mesmo. Correu mais, na medida do possível, pra não derrubar a filha.

"Meu Merlin! Filha!"

Não tinha se acostumado ainda.