Cap. V- Alta Traição

Após esse incidente, Ishtar tinha-se instalado definitivamente na casa de gemini, como amante oficial do Grande Mestre. Usava no braço a bracelete de Afrodite,cujo material variava segundo a condição da favorita:

- se a jovem fosse de origem humilde: cobre e chumbo -se fosse uma guerreira: cobre e bronze -se se tratava de uma dama de bom nome: cobre e prata - se fosse uma dama do mais nobre estatuto, com tradição no santuário:ouro, cobre e pedras preciosas.

A inscrição no metal dizia: «pertença, escrava, amante e senhora do Grande Mestre Saga de Gemini, sangue do seu sangue e sua única concubina, com amor».

Não se podia dizer que fosse o estatuto mais virtuoso que se podia alcançar no Domínio Sagrado, mas Ishtar estava feliz. Finalmente.

Ela dormia na cama de Saga quando Aioros irrompera pela casa, para impedir o assassinato da bebé Athena. Acordara com o barulho, viera até à sala... -Parece...Aioros? Devo estar a ouvir coisas... -Maldito!!!-estrilou Saga-o que fazes aqui??? Ishtar entrou na sala. -Que tumulto é este? -Ishtar?-disse Saga, desconcertado .-Não devias estar aqui...-Aioros aproveitou o momento de distracção para se escapulir com Athena.

-Saga!!!!!NÃAAAOOO- gritou Ishtar, adivinhando o que o seu amado ia fazer. Tarde demais. Aioros saltou pela janela, salvando a pequena Deusa no momento em que seria morta, mas o cosmos enviado por Saga atingira-o de raspão. -Guardas! Tragam os Cavaleiros de ouro aqui, imediatamente!!! Ele raptou a nossa Deusa! Ishtar apanhou o punhal. -Saga...ensandeceste de vez? Sabes que não é verdade... Ele olhou para ela. Mesmo através da máscara que usava, ela percebeu que a expressão do rosto dele era desvairada. -Querias que eu dissesse isso aos guardas? -Tu ias...ias...-sem conseguir dizer. -sim...-respondeu ele com voz rouca -eu apoderar-me-ei da Terra...e tu estarás comigo, ou irás desafiar-me? -o punhal caiu das mãos trémulas de Ishtar -eu...eu...-o sofrimento interior era demasiado grande. Os cavaleiros de Ouro chegaram, interrompendo a conversa. -Aioros endoideceu! Raptou Athena...é Alta Traição! Encontrem-no...e matem-no. Agora! -Saga, não!!! -Sim,Mestre! -os cavaleiros saíram. Ishtar começou a chorar -Saga...eu imploro, não mates Aioros! É uma loucura! Ele agarrou-a pelo pescoço, erguendo-a do chão. -Não ouses desafiar-me...ou terás o mesmo fim de Athena !! -Tu ficaste doido de vez, Saga? - gritou, libertando-se. -Não me chames Saga...-retirou o elmo. Os seus olhos estavam vermelhos, e o rosto traía a depravação e a cobiça. -Sou Ares, o Deus da Guerra...Saga adormeceu. -O quê? - Ishtar, num relance, entendeu tudo. -Pois eu sou Afrodite...e não tenho medo. -Não me provoques, Vénus...nem Zeus ousaria tamanho perigo...todos os Olimpianos se mantêm longe do meu caminho...a esta hora, Aioros já deve estar morto...e assim que os Cavaleiros de ouro voltem com Athena...iremos para o quarto. -Para o quarto - repetiu ela, com um sorriso insinuante -até aqui...nada de novo, Ares. Faz regressar os dourados, com Aioros vivo...e eu coloca-los-ei a teu favor. -Deves estar a brincar comigo! Nem tentes virar os Cavaleiros de Ouro contra mim...não te esqueças que cada arranhão que sofro...Saga sofre. Uma lágrima correu pelo rosto dela. -Saga preferia morrer a testemunhar estas atrocidades! Ares abriu os braços. -Então mata-me...vamos...mata o teu amor. Juro que não farei nada! Ishtar caiu de joelhos. – Eu não posso! Mesmo a bem da humanidade, não posso -chorou ela - amo-o demasiado para lhe fazer mal! Ares apoiou um pé no ombro de Ishtar, atirando-a para o chão. - Fraca...Tão fraca como Saga...podia ter acabado comigo e hesitou! -Porque te escondes atrás de Saga? Liberta-o, ele está fraco...demasiado fraco para um Deus do teu calibre! -Eu tinha de escolher um corpo...as técnicas de controle mental de Saga facilitaram muito os meus objectivos. Posso controlar TODOS os cavaleiros sem problemas. -Tu estás a esquecer-te de uma coisa, Ares...- respondeu Ishtar, expandindo o seu cosmos, o que teve como resposta Ares elevar o seu também - desde a Antiguidade, Afrodite dominou o Deus da Guerra. Enquanto eu estiver aqui, jamais terás o domínio total. -Mas jamais Ares encarnou no teu amado, Ishtar...se me atacares...terei de tomar outros corpos patéticos... - E eu teria de mata-los um por um, correndo mundo atrás de ti. És muito inteligente, Ares. Prefiro jogar pelo seguro... -Linda menina. Vejo que entendes do que falo. Farias atrocidades...e não resolverias nada -disse ele, baixo, correndo a mão pelo pescoço dela, onde há poucos momentos deixara marcas vermelhas. -Eu sei - respondeu ela, com um sorriso de ironia - aviso-te Ares...sou uma kamei. Um passo em falso...e terás de procurar outra morada. Para já, não te vou antagonizar. Estou à tua inteira disposição...desde que poupes Saga. .-Afrodite, és patética. É melhor mesmo que me sirvas...e pouparei Saga...ele é- me muito útil.

-Feito. Vou para o quarto vestir alguma coisa. Os cavaleiros de ouro não devem tardar. No quarto, Ishtar vestiu uma roupa mais formal, adequada à ocasião, e chorou amargamente pelo destino de Saga e dos seus amigos. Por Aioros, que morria tão cedo. Por Saga, que não sabia o que estava a fazer. Pelos cavaleiros de ouro que assassinavam um companheiro, um irmão de armas. E sobretudo por Aioria, exposto de agora em diante ao desprezo de todos. Foi para a sala e sentou-se no trono ao lado de Saga. Shura, o melhor amigo de Aioros, falou, com os olhos cheios de lágrimas. -O traidor está morto, senhor...mas ninguém sabe do paradeiro de Athena. Ishtar sentiu um baque no coração. Cerrou os olhos. -Aioros... -Idiotas - exclamou Saga- Esse traidor mereceu a morte...mas como deixam que a nossa Deusa desapareça? Muito bem...quero que voltem todos às suas casas... -Ishtar ergueu uma mão e falou - Cavaleiros...algo de muito grave ocorreu aqui...mas Aioros era NOSSO amigo...- disse, encarando Saga e os outros - não vamos julga-lo por um momento de desvario...-Saga ficou calado, observando o discurso dela - desejo, e isto é uma ordem: que o sepultem em star hill com toda a honra devida a um cavaleiro de Athena. -Saga fez um leve sinal positivo com a mão - não me oponho, que seja feito... Todos se retiraram, sentindo um enorme prazer em fazer tal cerimonial, menos Miro e Shura, que estavam extremamente magoados com a traição do seu melhor amigo.

Ishtar voltou para o quarto, despiu-se completamente e deitou-se. As imagens daquela noite maldita ribombavam na sua cabeça como trovões. - Que noite horrível... Saga entrara no quarto. -O que estás para aí a murmurar? -Eu? -Não te faças de idiota, que isso eu sei que tu não és. -Fazia as minhas orações...implorando aos Deuses perdão por este dia infame...a sua cólera cairá sobre as nossas cabeças, Saga! Ele removeu o elmo, mostrando Saga, mas com um olhar demoníaco fugindo das suas feições. -Deixa os Deuses comigo, agora concentra-te em pensar no que terás daqui para a frente se não me enfureceres...serás minha mulher para sempre...terás tudo o que era de Athena...os seus cavaleiros...tudo nosso. Ela olhou-o sarcasticamente. -Tu queres o poder, Saga? -Sim...eu quero o poder...e agora quero outra coisa -sussurrou ele, puxando-a pelo pé, até à beira da cama. -Saga...- ela murmurou, sem saber como agir. A sede de poder parecia querer dominá-la também. -Tu fizeste isso...por mim? - ele puxou o rosto dela bruscamente até ele, dizendo ao ouvido dela: por nós... Ishtar suspirou, os olhos fechados, parecendo adorável, mas de uma forma extremamente pecaminosa. Um belíssimo demónio. -Ares não tem a culpa toda...-ela disse, numa voz arrastada. – Kanon estava certo...-abriu os belos olhos escuros, fitando o seu amante - tu, Saga, és responsável também....-continuou, chupando um dos dedos de Saga, com incrível atrevimento - as tuas belas mãos estão manchadas de sangue, meu amor. -sorriu, com um cinismo impressionante. -Eu e Ares...somos duas faces da mesma moeda...é como uma balança...por vezes em equilíbrio, e por vezes um prato por cima e o outro oculto...mas Ares não existiria se não fosse a minha vontade – e sorriu sarcasticamente. Ishtar começou a rir histericamente, o seu riso lembrava o de Kanon no Cabo Sunion, era como se tivesse perdido o juízo. -Tu és doido...completamente insano...-eu, tu, Kanon...somos todos UM...afastaste- o, e só enfraqueceste...-Saga mordia-lhe o pescoço, acariciando-a, provocando arrepios... -Estás a sentir o travo desse poder...não estás? -Agora percebo...tu estavas-te nas tintas se a causa de Saga era justa ou não...pouco te importava a cavalaria...o que tu querias era impedir que Kanon me comesse! Admite, Saga de Gemini... mmmm...confessa...a mim podes dizer... Ele continuou a beijar o pescoço dela, apertando o seu seio esquerdo. -Só eu farei isso...podes estar certa! -Ahhhhmmm... -gemeu Ishtar, excitada - se era assim...mais valia teres-me dado de bandeja a Kanon do que a Miro...- disse, amuada, virando costas. Ele puxou-a para si, brutalmente. -Sabes porque te dei de bandeja a ele? -Gostaria muito de saber!- exclamou Ishtar, desafiadora. -Para que saibas a diferença entre eu e estes cavaleirinhos de merda!!- gritou Saga, abrindo as pernas dela e penetrando-a de uma vez. -Diz-me , Ishtar...ele era assim? Tinha este porte? Garanto que não...agora vais dar valor ao que tens! -AAAAAHHH!Saga!!! Ela suspirou fundo, tentando adaptar o seu corpo ao membro de Saga. Era sempre assim, se ele não fosse carinhoso, era horrível, porque era muito dotado. Pequenas lágrimas formaram-se no canto dos seus olhos. Parecia que ia desmaiar .O desconforto deu lugar a um prazer muito forte. Ela mal podia falar, e mordia um dos dedos para não acordar os servos com os seus gritos. Mas recobrou ânimo para o olhar na cara. - Tudo bem...ele não podia competir contigo em dimensões.. também, quem pode, aqui dentro? Mas posso garantir que foi MUITO BOM... Saga estava furioso com Ishtar e consigo mesmo, por tê-la convencido a casar-se com Miro. Se o arrependimento matasse... ira, um ciúme desvairado, transtornava-o, apertou os braços de Ishtar com força, a ponto de deixar marcas róseas. Beijou-a com intensidade, as línguas roçando-se quase até à garganta. Chorava. Chorava de raiva, de puro amor. Mais do que amor. Uma obsessão. Uma paixão que destrói tudo o que toca. Agonia. Luxúria que nunca se sacia, um desejo que nunca está satisfeito. -Foi bom? Vais ver o que é bom! -Queres saber porque foi tão bom? -Quero! –gemeu Saga, angustiado. -Porque ele não me rasgava, para variar um pouco- gritou Ishtar, gemendo, gozando indescritivelmente, numa ânsia de o provocar, de ferir. - Maldita...demónio...vais matar-nos aos dois com o teu amor...isto lá é amor? Amor não é, é perdição!!!-Saga penetrava-a cada vez com mais força. Os delírios com Ishtar eram forçosamente excessivos. -Ele nem sequer soube tratar bem de ti...não gostas disto, huh? Vadia...quando voltaste para a minha cama, estavas tão fechada como quando te comi a primeira vez! -Miro era carinhoso na cama, coisa que tu não és! -Julgas que me enganas? Tu és sem vergonha...na cama não queres carinho...podes fazer-te que gostas...mas se gostasses de carinho terias ficado com aquele garoto mimado...tu queres um homem que te ponha rédeas... e só eu sei fazer isso! -Sim, sou uma puta, é mal de família!!! Saga entrou completamente dentro de Ishtar. O contacto dos dois corpos era total. De enlouquecer, entrando e saindo cada vez mais rápido. -Puta...-sussurrou...-diz que preferes carinho a isto ...diz... Ishtar estava fora de si, ardendo, explodindo. - Miserável...deste-me a outro...tomaste de assalto o santuário...és desprezível... -Mmm, meu amor, minha flor selvagem...não digas que não dás valor ao que eu faço por ti... Ishtar passou a língua pela face dele, sensualmente. -Não tiveste lições de moral, não? -Mmmmm...a única lição que sei, é que mereces ser comida como uma vagabunda..- ciciou Saga, mordendo os lábios carnudos de Ishtar e dando uma estocada firme, mantendo-se dentro dela. -Queres isto? Ou carinho, hein?

Ishtar chorava. -Não quero os carinhos de Miro!!! Quero ser f, ou não entendeste ainda, seu vadio? -Já percebi...e quero que implores...-retorquiu Saga, saindo de dentro dela por uns instantes - Vagabundas sabem implorar? -E-eu imploro...mestre...-Pensando «Ishtar, és uma vadia uma puta que f sobre o sangue dos amigos...um nojo».

Saga virou-a de costas com violência, acariciando-lhe o ventre. Ishtar ficou em silêncio, extenuada, mas rezando por mais, completamente aberta, submissa. -Saga ficou ali acariciando-a por uns instantes, brincando com a «flor traseira» da sua amada. -Hoje vais ter tratamento aqui...serás TODA minha. Ishtar começou a chorar, mas queria magoa-lo mais ainda: -Vais violar-me como sempre, Saga? Ou Ares...ou direi...Kanon? Arquejava pelo esforço feito. -Todos a mesma merda...todos a mesma família... -Não me confundas com Ares ou com o fraco do Kanon...sou Saga, o mestre de todos!!! -Não me magoes...-chorando baixinho, de dor, prazer, desejo, desespero. -Cala a boca e toma isso!- gemeu Saga, penetrando-a devagar. Ishtar gritou, revirando os olhos. Saga não se importou com os gritos, a dificuldade em entrar excitava-o mais ainda. -Mmmmm...podes gritar... Ishtar gemendo, chorando, gritando que dói demasiado, que é insuportável, e depois implorando por mais... -Minha Afrodite que está no Olimpo!!!Ooooo..hh...Saga...meu amor, meu único amor ,não me deixes!- finalmente, a bela deusa chegou ao prazer máximo, caindo sobre as almofadas. -Agora- disse Saga, entre gemidos- vou gozar aí, dentro do teu c, para que nunca esqueças esta noite...e para que saibas que não somos comparáveis com nenhum mortal...somos só os dois a partir...aaaahhhhh...de agora... Caíram os dois na cama, abraçados e exaustos. -Amo-te, Ishtar...tanto.. -Eu também...murmurou, beijando-o mas... -Mas..? -Nós matámos Aioros...Athena... -Nós também morreremos um dia... fiz o melhor para nós...lamento ter morto Aioros, ele não devia ter-se atravessado no meu caminho...o nosso amor é maior do que tudo...

Saga abraçara-a, fizera-a jurar pelo amor de ambos que manteria o silêncio. -É por ti...é pela nossa família...-beijando-a, fazendo-a endoidecer, ela própria descontrolada pelo sangue, pelo poder, pelo amor de Saga. Contaminada. Escrava. Ela, Saga e Kanon formavam uma unidade inexplicável, na qual ela representava a harmonia e a razão, ela ligava-os pela luxúria. Apesar de ter escolhido Saga. Sempre. Kanon era um homem enlouquecido pelo poder.Sofrera ao separar-se de Saga. Onde estaria agora?Decerto morto, deixando o irmão à mercê de Ares, fraco.Como poderia Saga aguentar sozinho a força da constelação de gemini? O seu espírito fragmentar-se-ia, cedo ou tarde. Saga estava prisioneiro de si mesmo, cometendo atrocidades para depois contemplar, aterrado, o resultado da sua insanidade. Mas Ishtar...Ishtar vira tudo em plena consciência, sabia de tudo e nada pudera fazer porque atentar contra Saga seria ditar contra si própria a sentença de morte, e ela era uma deusa da vida. Não se importaria de morrer às mãos de Saga, mas viver sem ele seria um fardo demasiado difícil de suportar. E apesar de tudo, de todo o perigo, de todo o sofrimento, amava Saga; não - ela ERA Saga.