Cap. VI- A Maldição dos Gemini
Talvez muita gente se pergunte porque é que a família da Casa de Gémeos desencadeou o banho de sangue que todos conhecemos. Se tivesse ido até a um lugar no santuário que se chama O REGISTO, teriam tido a resposta a todas essas perguntas, e conheceriam histórias tão fascinantes como as de Saga e Kanon. Nesse lugar poeirento, cheio de velhos livros e iluminuras preciosíssimas, situado nas caves do Domínio Sagrado, encontra-se Lady Celeste, uma velha senhora muito alegre, ainda bela, que vos saberá contar todas as Histórias do santuário, das mais trágicas e sórdidas às mais caricatas. Ela foi, na sua juventude, a favorita de Mestre Shion, e uma cortesã de gabarito, cuja família pertencia à casa de câncer. Ao ver que a sua beleza, na sua opinião, se desvanecia com a idade, retirou-se para o registo, onde se dedica a compilar as crónicas de tudo o que ali se passou e passa. Ela conhece a história de cada cavaleiro, de cada aprendiz, de cada servo. Ninguém entra ou sai do santuário que ela não tenha conhecimento. Se a indagassem sobre a casa de Gemini, ela diria, com os seus modos bem dispostos e o olhar apreensivo e zombeteiro: Ah! Os gemini! Funesta gente! Bela família de grandes guerreiros e grandes amantes, mas tão viciosos que desencadearam a ira do próprio Zeus! E, ao ver a vossa cara de manifesta surpresa, soltaria a língua, iria buscar o livro referente à dita casa, e começaria a contar a história romanesca dos nossos heróis.
Como em toda a parte, havia, no santuário, toda a sorte de jovens que se tornavam Guerreiros de Athena. Foragidos, órfãos, desamparados, e uma espécie de aristocratas. Em algumas das casas zodiacais, os cavaleiros de ouro nada tinham a ver com os seus antecessores, pelo menos em determinadas épocas. Ora, os Gemini possuíam uma tal força que todos os membros da família tinham estado ligados à cavalaria de uma ou outra forma. Dentro do Santuário, eram verdadeira aristocracia. Tinham prestígio, poder e uma riqueza tão fabulosa que faria corar muitos milionários. Mas para compreender como haviam obtido tudo isso, teremos de recuar milhares de anos, até muitos anos antes da famigerada guerra de Tróia, que tanto sangue fez correr...
A história dos Gemini começa, obviamente, ligada à sua constelação. Os Gemini descendem das casas reais de Esparta, Tebas e Atridas, e nas suas veias corre o sangue de numerosos Deuses.
É do conhecimento de todos que Zeus se apaixonou pela bela rainha Leda, mulher do rei Tíndaro de Esparta, cidade onde Afrodite era supremamente venerada como Deusa da Guerra. Para conseguir os seus intentos adúlteros, acercou-se da rainha, transformado em Cisne, quando ela tomava banho num lago, e acariciou-a. Leda pôs dois ovos, como resultado dessa união, e deles nasceram os gemini originais: Castor e Pólux, e a bela Helena, que passaria à história com o infame nome de Helena de Tróia.
Os guerreiros dessa família deram tantas provas de bravura e fidelidade aos Deuses, que Zeus jurou sob o Rio Estige - juramento que nenhum Deus podia quebrar - que esses semideuses teriam sobre a terra poder, fortuna e riqueza em abundância, seriam pais de longa dinastia, e, por último, ofereceu-os à sua filha favorita, Athena, que os recebeu no seu santuário, como cavaleiros da casa de gemini. Os Gemini eram amados pelos Deuses, e alguns dos mais importantes destes viravam o jogo da fortuna a favor deles, pelo que acumulavam glória atrás de glória. Porém, todos os tempos áureos têm o seu fim; um dos Cavaleiros de ouro de Gemini, Hémon, cometeu um acto execrando aos olhos de Zeus, a atitude mais vil que um guerreiro poderia tomar no campo de batalha: maltratou o cadáver de um inimigo honrado, num acesso de fúria .Este era um crime que Zeus abominava acima de todos. Quis destruir a família que tinha criado, e Hera, ciumenta, apoiou-o, pois ainda lhe amargava na boca a traição do marido com Leda de Esparta. Porém, Athena, a quem o crime de Hémon não chocava, defendeu os seus mais leais cavaleiros a todo o custo, e recordou ao seu amado pai que não poderia retirar-lhes o que tinha jurado dar sob uma promessa tão severa. Para mais, o sangue de Zeus corria nas veias deles. Afrodite, por seu turno, estava-lhes ligada também por laços de sangue, e amava aquela raça de homens e mulheres de perfeita beleza e vigor, e temperamento apaixonado, sempre tão prontos para os prazeres da luxúria e as doçuras do amor como para a selvajaria da Guerra. Ares, amante de Afrodite, nunca discordava dela fosse no que fosse. Além disso, gostava da ferocidade e daquela pequena dose de crueldade que os gemini tinham e que tornava mais sangrentas as batalhas. Quem sabe não poderiam vir a ser-lhe de grande utilidade no futuro, se continuassem no poder?
Assim, Zeus não pode castigar o clã do modo que desejava, mas lançou ainda uma maldição: entre os valorosos gemini, haveria sempre traidores, loucos, fraticidas, gananciosos, incestuosos, adúlteros, mulheres de má fama, que trariam a vergonha e a desgraça para a família e para o Domínio Sagrado. E, diria a divertida Lady Celeste, com o seu bom sorriso, o facto é que os houve, meus amigos, que os houve!
Sempre, a cada geração da família, havia pelo menos um mau elemento. Felizmente, existia sempre também um ou outro membro mais avisado que tentava minorar o escândalo. E não os houve poucos. Dianira de Gemini, era, no sec. XVI, uma das reencarnações de Afrodite. Linda de morrer, ficou conhecida como a «vagabunda das 12 casas» por se ter deitado com todos os cavaleiros de ouro (incluindo o mestre do próprio irmão) e alguns de prata. O escândalo foi de tal ordem que o irmão a exilou para a Ilha de Citera, onde Afrodite era cultuada. O pior é que muitos cavaleiros a seguiram, para continuarem lá os seus exageros amorosos, pois não podiam viver sem a sua amada, lançando a vergonha e a desordem no santuário. Poderíamos continuar aqui a noite toda citando as aventuras passadas da família, mas saltemos uns bons capítulos no enorme livro de registos, até chegarmos à nossa época, quando o Cavaleiro Eros de Gemini, pai de Saga, Medeia e Kanon, casou com uma herdeira chamada Thalia Bouvier, mulher de bom espírito, grande nobreza e beleza reputadíssima. Foi um homem sem dever nem honra, completamente desinteressado dos filhos, da esposa e do seu dever de cavaleiro. Toda a vida negligenciou e maltratou Thalia, e acabou por desertar do santuário, juntando-se a um bando de mercenários e piratas impiedosos, que lutavam apenas pela cobiça de poder e riqueza e viviam desregradamente. De novo, a face dos cavaleiros de ouro ficou manchada pelo opróbio. A esposa suicidou-se, ainda Saga e Kanon eram pouco mais que bebés. Como podiam a riqueza e as promessas de poder torná-los em homens imaculados? Criados por uma irmã adolescente, e depois entre condiscípulos e mestres, Saga e Kanon cresceram ao sabor da sua herança genética. E Ishtar viria a completar o quadro de poder e desonra desta história triste.
Talvez muita gente se pergunte porque é que a família da Casa de Gémeos desencadeou o banho de sangue que todos conhecemos. Se tivesse ido até a um lugar no santuário que se chama O REGISTO, teriam tido a resposta a todas essas perguntas, e conheceriam histórias tão fascinantes como as de Saga e Kanon. Nesse lugar poeirento, cheio de velhos livros e iluminuras preciosíssimas, situado nas caves do Domínio Sagrado, encontra-se Lady Celeste, uma velha senhora muito alegre, ainda bela, que vos saberá contar todas as Histórias do santuário, das mais trágicas e sórdidas às mais caricatas. Ela foi, na sua juventude, a favorita de Mestre Shion, e uma cortesã de gabarito, cuja família pertencia à casa de câncer. Ao ver que a sua beleza, na sua opinião, se desvanecia com a idade, retirou-se para o registo, onde se dedica a compilar as crónicas de tudo o que ali se passou e passa. Ela conhece a história de cada cavaleiro, de cada aprendiz, de cada servo. Ninguém entra ou sai do santuário que ela não tenha conhecimento. Se a indagassem sobre a casa de Gemini, ela diria, com os seus modos bem dispostos e o olhar apreensivo e zombeteiro: Ah! Os gemini! Funesta gente! Bela família de grandes guerreiros e grandes amantes, mas tão viciosos que desencadearam a ira do próprio Zeus! E, ao ver a vossa cara de manifesta surpresa, soltaria a língua, iria buscar o livro referente à dita casa, e começaria a contar a história romanesca dos nossos heróis.
Como em toda a parte, havia, no santuário, toda a sorte de jovens que se tornavam Guerreiros de Athena. Foragidos, órfãos, desamparados, e uma espécie de aristocratas. Em algumas das casas zodiacais, os cavaleiros de ouro nada tinham a ver com os seus antecessores, pelo menos em determinadas épocas. Ora, os Gemini possuíam uma tal força que todos os membros da família tinham estado ligados à cavalaria de uma ou outra forma. Dentro do Santuário, eram verdadeira aristocracia. Tinham prestígio, poder e uma riqueza tão fabulosa que faria corar muitos milionários. Mas para compreender como haviam obtido tudo isso, teremos de recuar milhares de anos, até muitos anos antes da famigerada guerra de Tróia, que tanto sangue fez correr...
A história dos Gemini começa, obviamente, ligada à sua constelação. Os Gemini descendem das casas reais de Esparta, Tebas e Atridas, e nas suas veias corre o sangue de numerosos Deuses.
É do conhecimento de todos que Zeus se apaixonou pela bela rainha Leda, mulher do rei Tíndaro de Esparta, cidade onde Afrodite era supremamente venerada como Deusa da Guerra. Para conseguir os seus intentos adúlteros, acercou-se da rainha, transformado em Cisne, quando ela tomava banho num lago, e acariciou-a. Leda pôs dois ovos, como resultado dessa união, e deles nasceram os gemini originais: Castor e Pólux, e a bela Helena, que passaria à história com o infame nome de Helena de Tróia.
Os guerreiros dessa família deram tantas provas de bravura e fidelidade aos Deuses, que Zeus jurou sob o Rio Estige - juramento que nenhum Deus podia quebrar - que esses semideuses teriam sobre a terra poder, fortuna e riqueza em abundância, seriam pais de longa dinastia, e, por último, ofereceu-os à sua filha favorita, Athena, que os recebeu no seu santuário, como cavaleiros da casa de gemini. Os Gemini eram amados pelos Deuses, e alguns dos mais importantes destes viravam o jogo da fortuna a favor deles, pelo que acumulavam glória atrás de glória. Porém, todos os tempos áureos têm o seu fim; um dos Cavaleiros de ouro de Gemini, Hémon, cometeu um acto execrando aos olhos de Zeus, a atitude mais vil que um guerreiro poderia tomar no campo de batalha: maltratou o cadáver de um inimigo honrado, num acesso de fúria .Este era um crime que Zeus abominava acima de todos. Quis destruir a família que tinha criado, e Hera, ciumenta, apoiou-o, pois ainda lhe amargava na boca a traição do marido com Leda de Esparta. Porém, Athena, a quem o crime de Hémon não chocava, defendeu os seus mais leais cavaleiros a todo o custo, e recordou ao seu amado pai que não poderia retirar-lhes o que tinha jurado dar sob uma promessa tão severa. Para mais, o sangue de Zeus corria nas veias deles. Afrodite, por seu turno, estava-lhes ligada também por laços de sangue, e amava aquela raça de homens e mulheres de perfeita beleza e vigor, e temperamento apaixonado, sempre tão prontos para os prazeres da luxúria e as doçuras do amor como para a selvajaria da Guerra. Ares, amante de Afrodite, nunca discordava dela fosse no que fosse. Além disso, gostava da ferocidade e daquela pequena dose de crueldade que os gemini tinham e que tornava mais sangrentas as batalhas. Quem sabe não poderiam vir a ser-lhe de grande utilidade no futuro, se continuassem no poder?
Assim, Zeus não pode castigar o clã do modo que desejava, mas lançou ainda uma maldição: entre os valorosos gemini, haveria sempre traidores, loucos, fraticidas, gananciosos, incestuosos, adúlteros, mulheres de má fama, que trariam a vergonha e a desgraça para a família e para o Domínio Sagrado. E, diria a divertida Lady Celeste, com o seu bom sorriso, o facto é que os houve, meus amigos, que os houve!
Sempre, a cada geração da família, havia pelo menos um mau elemento. Felizmente, existia sempre também um ou outro membro mais avisado que tentava minorar o escândalo. E não os houve poucos. Dianira de Gemini, era, no sec. XVI, uma das reencarnações de Afrodite. Linda de morrer, ficou conhecida como a «vagabunda das 12 casas» por se ter deitado com todos os cavaleiros de ouro (incluindo o mestre do próprio irmão) e alguns de prata. O escândalo foi de tal ordem que o irmão a exilou para a Ilha de Citera, onde Afrodite era cultuada. O pior é que muitos cavaleiros a seguiram, para continuarem lá os seus exageros amorosos, pois não podiam viver sem a sua amada, lançando a vergonha e a desordem no santuário. Poderíamos continuar aqui a noite toda citando as aventuras passadas da família, mas saltemos uns bons capítulos no enorme livro de registos, até chegarmos à nossa época, quando o Cavaleiro Eros de Gemini, pai de Saga, Medeia e Kanon, casou com uma herdeira chamada Thalia Bouvier, mulher de bom espírito, grande nobreza e beleza reputadíssima. Foi um homem sem dever nem honra, completamente desinteressado dos filhos, da esposa e do seu dever de cavaleiro. Toda a vida negligenciou e maltratou Thalia, e acabou por desertar do santuário, juntando-se a um bando de mercenários e piratas impiedosos, que lutavam apenas pela cobiça de poder e riqueza e viviam desregradamente. De novo, a face dos cavaleiros de ouro ficou manchada pelo opróbio. A esposa suicidou-se, ainda Saga e Kanon eram pouco mais que bebés. Como podiam a riqueza e as promessas de poder torná-los em homens imaculados? Criados por uma irmã adolescente, e depois entre condiscípulos e mestres, Saga e Kanon cresceram ao sabor da sua herança genética. E Ishtar viria a completar o quadro de poder e desonra desta história triste.
