Cap. VIII-GUERRA!
Saga- chamou Ishtar, estendendo-lhe uma mão, de costas, sentada numa larga poltrona.- Vem cá. Saga deu-lhe a mão e abraçou-a pelas costas, com infinito carinho. -Meu amor - continuou ela- agora que estamos juntos, deveríamos estar felizes... -E não estamos, querida? Esperamos o nosso herdeiro...tudo vai bem... -se tudo vai bem, que cara fechada é essa? E porque é que eu sinto tanta consternação no santuário? Perdemos os cavaleiros de prata, não foi? A guerra é inevitável, e não podemos ter a certeza de sairmos vencedores... -Contra simples cavaleiros de bronze? Não me faças rir, Ishtar... -Sim. Uns simples, insolentes cavaleiros de bronze que destruíram parte do nosso exército, cavaleiros de poder imensamente superior ao deles! Uma rebelião liderada por uma simples garota, e que vem marchando para o Domínio Sagrado, Saga! -ajoelhou-se ao lado dele, olhando-o bem nos olhos- Não sejas cego, eles querem tomar o Domínio Sagrado de assalto, e Deus sabe que influência podem exercer sobre os cavaleiros de ouro! -Crês efectivamente que...isso poderia acontecer? -Estamos numa guerra. O que oferece melhores condições ganha. Se ela conseguir convencer os dourados que é Athena, creio que não será difícil...temos de ser realistas. -Penso que estás certa...aliás, como sempre. Mas desejo que a tua ocupação seja o amor, e não a guerra...queria evitar que te preocupasses com esses assuntos.
-É impossível que eu não me preocupe. Sou um cavaleiro. Cresci aqui, e o meu pai é um hábil político. Não posso dizer que os jogos de poder me são alheios. -O que sugeres então, minha amada? - Penso que o melhor é que eu vá para Chipre, agora mesmo, e reúna os meus próprios cavaleiros. Tentarei também arranjar aliados perante os guerreiros Deuses que estiverem dispostos a ajudar-me. Jamais ganharemos esta guerra sozinhos. Não posso deixar que um bando de rebeldes, com uma impostora à frente, destrua o santuário...e a nós -e caiu nos braços dele. -Mas...mas...no teu estado? - A gravidez é muito recente. Não será impedimento. A verdadeira Athena.. disse, fazendo uma pausa -morreu. Tu mataste-a, bem como a Aioros. -Sabes bem que foi... -Ares. Sim, sei disso. Mas prefiro morrer a deixar que uma farsante destrua o que resta do Domínio Sagrado. Vou arrumar as minhas coisas. Creio estar de volta dentro de poucos dias. Saga abraçou-a: se algo acontecer, Ishtar...quero morrer às tuas mãos. -Se tu morreres, morrerei contigo...
Ishtar partiu para Chipre na manhã seguinte. Lá, convocou os seus seguidores: Cavaleiro de Eros, Harmonia, Deimos, Fobo,Narciso, Adónis, Himeneu, Graças, Horas e Eneias. Estes eram guerreiros tão fiéis à sua Deusa que morreriam se ela ordenasse. Não queriam saber onde estava a razão ou a verdade, e o cavaleiro de Peixes sentir-se-ia embaraçado perante tanta beleza junta. Os seus cosmos emanavam harmonia e amor perfeitos. Eram um grupo de beleza singular.
Ishtar tentou ainda obter apoio de outros Deuses, mas a resposta tardava em chegar. Assim, encaminhou-se para o santuário. -Minha dama- murmurou Harmonia, vendo a destruição nas casas zodiacais- parece-me que a guerra estalou. Oxalá não tenhamos chegado demasiado tarde. Uma voz familiar chamou Ishtar. Era Mu. -Ishtar...atrás dele estavam Shaka, Miro, Aioria, e Aldebaran. Ishtar correu para ele. -Mu, Shaka!!Onde estão os outros? Afrodite? Máscara da Morte? Shura?Kamus?
-Morreram na batalha, minha querida amiga - disse Shaka, muito baixo. E onde está meu marido? Onde está Saga? Os Cavaleiros baixaram os olhos. Tinham pena pela sua amiga. Ishtar adivinhou nesse gesto o que acabara de acontecer; precipitou-se para a Casa do Grande Mestre, onde o corpo de Saga estava deitado sobre uma urna, ainda quente. -Saga!!!SAGA!!! Os gemidos de dor deram lugar a gritos. O seu coração tinha-lhe sido arrancado, a ferro quente, sem piedade.
Mu tinha ido atrás, seguindo-a sem ser visto. -Ele suicidou-se...não conseguia viver mais com o seu lado negro...não aguentou a derrota...precipitou-se sobre o ceptro de Athena. Os restantes cavaleiros de ouro, e os exaustos cavaleiros de bronze,os cavaleiros de Afrodite, e um grupo de servos, reuniram-se à volta dela. Miro chorava. Chorava por ele, por Saga, por Ishtar. Ela continuava o seu pranto pelo amado e pelos seus amigos mortos. -o CEPTRO DE Athena!!!o ceptro de athena!!!-gritou, pateticamente. A kamei começou a brilhar. O seu cosmos expandiu-se a um nível desconhecido. Aioria bradou- MAS...mas que energia é esta??? Shaka respondeu-lhe- O cosmos de Afrodite, Afrodite em fúria!
Ishtar estava mais bela do que nunca, mas assustadora. Os olhos não tinham expressão, eram pura luz demoníaca. Elevou-se do chão, gritava, e o som da sua voz fazia tremer as paredes. -Athena matou Saga, o meu amor...o pai da criança divina que trago no ventre!!!Pois muito bem...revoltar-me-ei, desencadearei uma guerra contra Athena!!!-Apontava para Saori, que entretanto acudira ao ouvir a confusão. Seiya pôs-se à frente, bradou:
-Isto é Alta Traição! Esta mulher esteve ao lado de Saga o tempo todo, conspirou juntamente com ele, e agora pretende começar uma nova guerra !Não permitirei! É um crime punível com a morte!!! Teve como resposta o golpe «Fúria da Deusa de Esparta», que o deixou estendido. Shiryu acorreu. –SEIYAAAAAAA!!!Malditaaaa... Ishtar caiu no chão, de joelhos. Chorava lágrimas de sangue.
-Eu... sou a Deusa do Amor e da Guerra...sem mim, o mundo fica estéril...pois bem, congelarei a Terra! Cancelarei o sexo, o amor, a amizade, acabarei com a virilidade dos homens, a fertilidade das mulheres, a alegria, a beleza e a música! Não haverá mais arte, nem canto, nem uma gota de água saciará a Terra sequiosa!!!Nos campos, não nascerão mais frutos, e os animais cessarão a sua cópula!!! Cessarei todas as minhas actividades, e não haverá felicidade no Universo, porque o Amor me foi retirado!!!
Foi o desconcerto total. A sala ficou praticamente na escuridão. Apenas se ouviam os gemidos da jovem viúva. Os Cavaleiros de Ouro entreolhavam-se, sem saber como agir. Saori estava colada à parede, perante aquela fúria inesperada. Ishtar cresceu para ela: -E TU!!!Deusa virgem, deusa casta, deusa ASSASSINA! Assassinaaaaa!!!! Veremos se tens assim tanto amor à humanidade! Eu amava a humanidade...e por causa dela tu levaste aquele que eu tanto amava... Precipitou-se para Athena. As duas Deusas rolaram pelo chão como crianças, chamando-se de tudo, puxando cabelos. Se não fosse o luto da situação, os Cavaleiros tinham desatado a rir. A figura que faziam era totalmente indigna da sua condição, e desrespeitosa para os mortos daquela guerra.
Um trovão ecoou no santuário, seguido de uma luz que cegou os presentes. Quando puderam finalmente abrir os olhos, viram na sua frente o homem mais belo que se possa imaginar. Um Deus, glorioso na sua altivez.
-Ordem!!! Oh, vergonha!!!
Ishtar e Saori estacaram; prostraram-se no chão, em silenciosa reverência.
-Pai... O estranho falou. -Ó Cavaleiros das Deusas, escutai todos!!! Eu sou Zeus, o Deus dos Deuses!! Não permitirei uma guerra entre as duas filhas que mais amo. Ishtar...tu não podes lutar contra a tua irmã Athena, e muito menos secar a Terra! Uma guerra entre a Deusa do Amor e a Deusa da Sabedoria geraria o caos absoluto. Eu bem sei da tua dor....mas há um meio de a minorar. Reconcilia-te com Ahena, toma conta da casa de Gemini...e depois...dirige-te ao Hades com a minha permissão...lá, minha filha, tirarás as tuas vestes perante o Deus dos Mortos e os seus espectros, levando a luz e a vida aos Infernos, e terás de volta o teu amado, tão vivo como se nunca tivesse saído dos teus abraços!- Ishtar abraçou os pés de Zeus. Depois, levantou-se e falou: -Farei isso, a bem da Vida na Terra. Saga voltará purificado... descerei agora mesmo aos Infernos, para que a harmonia reine suprema!!!
Ishtar, cega na sua dor, quis partir imediatamente. Apenas um cavaleiro se atreveu a acompanha-la em tal empresa: Shaka de Virgem, possuidor do oitavo sentido! Araya. Algo que Ishtar dominava completamente, desde a nascença, ou não fosse o seu nome o daquela que descera aos infernos, que passeava entre dois mundos. Ao fim de uma longa viagem, alcançaram finalmente a Porta dos Infernos, que conduzia ao palácio de Hades. - Shaka...não sei se foi boa ideia vires comigo, meu bom amigo. Vais ver-me sofrer, e não poderás fazer nada! -Ishtar...estou aqui para tuas protecção. Franquearam o portão, que se abriu magicamente à passagem da Deusa. Aí, começava a descida, sulcada de uma nascente de águas muito puras. -A Elida...-murmurou Shaka- a nascente de Aretusa, a ninfa... -Chamam-lhe «as águas da vida» no Oriente. -respondeu Ishtar, recolhendo um pouco numa garrafa. Shaka guardou-a num alforge. Um pouco mais adiante, ouviram um temível rugido. -É Cérbero, o cão dos Infernos. -Para ele temos o velho truque...-pendurou-se nas costas de Shaka, que era mais alto, e tirou do alforge um bolo de mel fresco. Ainda palavras não eram ditas, aproximou-se deles um monstro de três cabeças. O seu rugido fez estremecer as paredes, e projectou os dois guerreiros contra a parede. -Shaka ! Toma o bolo! Atira-lho! Depressa, depressa! Shaka arremessou a guloseima a Cerbero, que o apanhou com uma das suas enormes bocarras, correndo como um simples cãozinho. A passagem ficou livre. -Despachemo-nos... À medida que desciam, a paisagem tornava-se cada vez mais escura. Foi necessário acender uma tocha. Shaka, por sua vez, caminhava de olhos fechados, sem tropeçar sequer. Até ali, não se via vivalma. Um rumor de águas atraiu-os. -Vamos por ali- apontou Shaka. Devemos estar a chegar ao rio Aqueronte. Shaka tirou do saco duas moedas. -Se não pagarmos ao barqueiro Caronte , ele não nos deixará passar...-afirmou baixinho, com um tom de superstição na voz. -...e vaguearemos eternamente nas margens do rio Cócito, formado pelas nossas lágrimas! - completou Ishtar, levemente sarcástica. Um figura formava-se ao longe, cercada de neblina. Ishtar olhou com mais atenção: um bote! -é Caronte! Sem fazer o menor ruído, a tenebrosa embarcação acercou-se deles. Um velho, vestido com longas roupagens escuras, de olhar vazio, esperou sem dizer palavra. Ishtar estendeu-lhe as moedas, chamadas pelos gregos ósculo. -Aqui as tens, velho barqueiro. Agora, se fazes favor, conduz-nos depressa ao palácio de Lord Hades, que tenho pressa de o ver! O velho recolheu o ósculo. Mas não moveu um músculo. Nem o bote se deslocou um centímetro que fosse. -Então?- fez Ishtar, impaciente. Não entendes o que digo? Avia-te! Finalmente, o velhote abriu a boca. -Eu não remo. Os passageiros sim. -O quê? -bradou Ishtar, já perdendo a paciência -pois tu queres mandar remar uma Deusa e um cavaleiro de Ouro de Athena?É um ultraje!! Belo ofício o teu, sim senhor! Pago para não fazer nada! -Regras são regras -disse calmamente o teimoso do velho, cruzando os braços. -Perdão -interrompeu Shaka- parece-me que o senhor está confuso, nobre ancião. Quem remam são os mortos. E eu e esta senhora estamos bem vivos. Portanto, se não se importa, faça o favor de nos levar ao nosso destino. Caronte fez uma expressão confusa, mas não perdeu a sua ideia. -As regras não especificam se os passageiros são vivos ou mortos. Portanto os senhores podem fazer duas coisas: ou ficam na margem, porque não há mais barqueiros, ou pegam nos remos e dão uso aos braços que Deus vos deu. -Ai, Ishtar- gemeu Shaka. –O melhor que temos a fazer é remar, isto se queres ver Saga de novo! Ishtar, sem esperar resposta, rosnou qualquer coisa desagradável e pegou nos remos, fazendo uso deles o mais depressa que podia. Mas tinha era vontade de pregar com eles na cara do barqueiro, e era o que teria feito se a situação não fosse tão grave. No caminho, viram o Rio Lete ,o rio do Esquecimento, onde as almas bebiam, esquecendo para sempre a sua vida passada. Viram o Tribunal Infernal ,onde os três juízes, Aiacos, Minos e Rhadamantis decidiam quem devia ser castigado ou recompensado. Passaram por uma estrada bifurcada ao longo da margem; o caminho da Esquerda era domínio de Rhadamantis- o Tártaro, onde os culpados eram castigados das formas mais variadas. O som de gritos e ranger de dentes era tão arrepiante que até Shaka fez uma careta. O da direita levava à Ilha dos Bem Aventurados e aos Campos Elíseos, moradas dos heróis e dos justos.
Enfim, a sombria barcarola parou junto a uma margem lamacenta. Ishtar saltou logo, morta por se ver livre de tão antipática companhia. Mudo e quedo, Caronte deixou-os e partiu em busca de mais passageiros.
Achavam-se, enfim, frente a um enorme portão.
-A porta do Palácio de Hades- exclamou Shaka. -Antes fosse- murmurou Ishtar-é apenas um dos 7 portões do Inferno.- E, dizendo isto, removeu o elmo. -Vai guardando o que eu te der, Shaka, por favor. -Mas..estás doida? Vais livrar-te da armadura? Os Deuses sabem que perigos encontraremos lá dentro! Como pretendes enfrenta-los sem ela? – indagou Shaka. -Só posso pedir um favor a Hades se me despojar de toda a defesa. Faz-me outro favor....mantém os olhos fechados como de costume, está bem? Shaka, confuso, assentiu. Abriu-se o primeiro portão. Assim, como a Ishtar original...
No 2º portão, deixou a sua adaga
No 3º portão, deixou o seu cinto
No 4º portão, removeu os adornos dos cabelos
No 5º portão, tirou a sua armadura
No 6º portão, tirou as suas jóias
No 7º portão, tirou todas as suas roupas
O corpo perfeito de Ishtar brilhava mais do que a tocha que segurava. Era âmbar, marfim e ouro. O sétimo portão abriu-se, e Ishtar entrou, com um despudor total. Encontravam-se frente ao trono de Hades. Perséfone teve um sorriso, ao ver a sua velha amiga. Os juízes e espectros ficaram mudos ante a presença da Deusa da Vida no Mundo dos Mortos. A beleza de Ishtar/Afrodite brilhava, irradiava...o seu cosmos estava aceso, mesmo sem a kamei, e era de perfeito amor, perfeita beleza, perfeita harmonia e perfeita confiança. -Oh, Ishtar... Esta ajoelhou. -Senhor dos Mortos, Augusta Rainha dos Infernos minha irmã, venho aqui por ordem de meu Pai Zeus, o rei dos Deuses! Para te implorar que me restituas o meu marido Saga, Cavaleiro de Ouro de Gemini, ceifado à vida prematuramente. Pensa no coração da própria Deusa do Amor despedaçado! E se o meu infortúnio não te comover, comova-te ao menos o filho que trago no ventre, para que ele não nasça sem pai! Lágrimas cristalinas corriam pelo rosto angelical de Afrodite.
Perséfone comoveu-se. Os espectros choravam Lágrimas de chumbo. As próprias Fúrias, que nunca se deixavam mover por nenhuma súplica, lamentaram Saga. Fantasmas aproximavam-se, sequiosos da Luz vital daquela perfeita beleza.Aqueles que tinham morrido por amor juntavam os seus lamentos aos de Ishtar, Rhadamantis, Aiacos e Minos sentiram como se uma flecha lhes trespassasse o coração. Shaka pegou no seu rosário, recitando um mantra de protecção-Para trás, espectros!-rosnou.
Hades falou. - Ishtar, é preciso muito atrevimento! Vires aqui implorar pela vida de um cavaleiro de Athena, com quem ando arrenegado, bagunçar os meus domínios com a tua beleza irresistível, trazendo a Força da Vida ao Mundo dos Mortos! E escoltada por um Cavaleiro de Ouro! Se não fosse a permissão de Zeus e a influencia da minha esposa, que te quer muito bem, não te pouparia a vida! Mas seja; concedo-te a vida do teu marido... Ishtar ia agradecer. Mas os três juízes precipitaram-se. Os seus corações tinham sido invadidos pela luxúria e pela cobiça. -Senhor! –Protestou Minos -Eu e Rhadamantis também somos filhos de Zeus. Com que direito vem ela, esta reles prostituta, pedir a vida do seu amante? Eu proponho o seguinte: que ela seja submetida à prova. Se vencer, subirá à Terra com o marido; se perder, ficará aqui, como propriedade nossa e de Aiacos. Bem merecemos a companhia da Deusa do Amor! Assim não se dirá que ela faz gato sapato do Grande Deus dos Mortos! Persefone gritou: -Não! Mas Hades concordou, cinicamente. -Veremos se o ama assim tanto- e, com um gesto, atirou Ishtar contra a parede, pendurando-a num prego. O sangue começou a correr. Shaka gritou, precipitando-se sobre os três juízes. Mas a Deusa falou: - Não, Shaka. Corre a procurar Hermes, para que Zeus venha dizer se é justa tal prova! Vai, corre! És-me mais útil vivo! Os juízes escoltaram Shaka até à saída dos portões. A Deusa Hécate guiou--o até à saída. Três dias esteve Ishtar pendurada. Toda a sua força vital lhe fugia. Mas não se deixava morrer. Se perdesse a vida, Saga permaneceria para sempre no mundo dos Mortos. Sentiu-se transportada por mãos carinhosas. Hermès, Perséfone e Shaka tiraram-na da parede. -Por ordem de Zeus- exclamou Hermes-Saga de Gemini sairá do Hades agora mesmo. Shaka salpicou-a com as águas da vida, e Ishtar deu acordo de si, cheia de beleza e vitalidade. As servas de Perséfone prepararam-lhe um banho, ungiram-na, e Ishtar colocou novamente as suas roupas e a sua kamei. Estava novamente belíssima. Sentiu uma mão tocar-lhe suavemente no ombro, voltou- se e foi recebida por um longo beijo...Saga. Imediatamente, por magia de Hermes, encontraram-se fora dos Infernos, juntamente com Shaka.
Saga conseguiu o perdão de Athena e continuou a governar o santuário com a ajuda e de Ishtar. Alguns meses depois, a sua amada deu à luz um lindíssimo menino, que era o retrato do pai e recebeu o nome de Tammuz, pois, tal como a Ishtar original, a reencarnação de Afrodite desceu aos Infernos para reaver o seu marido.
Mas, se quiserem saber mais detalhes...procurem no Registo. Está tudo lá. A aventura ainda está longe de terminar...
Fim
Agradeço aos meus amigos: Saga Mercenário, Diego Chagas, Gabriel e Cronos,
que me ajudaram a elaborar o argumento e os diálogos, através dos seus
maravilhoso jogos. Pela sua força e imaginação...muito obrigado.
Saga- chamou Ishtar, estendendo-lhe uma mão, de costas, sentada numa larga poltrona.- Vem cá. Saga deu-lhe a mão e abraçou-a pelas costas, com infinito carinho. -Meu amor - continuou ela- agora que estamos juntos, deveríamos estar felizes... -E não estamos, querida? Esperamos o nosso herdeiro...tudo vai bem... -se tudo vai bem, que cara fechada é essa? E porque é que eu sinto tanta consternação no santuário? Perdemos os cavaleiros de prata, não foi? A guerra é inevitável, e não podemos ter a certeza de sairmos vencedores... -Contra simples cavaleiros de bronze? Não me faças rir, Ishtar... -Sim. Uns simples, insolentes cavaleiros de bronze que destruíram parte do nosso exército, cavaleiros de poder imensamente superior ao deles! Uma rebelião liderada por uma simples garota, e que vem marchando para o Domínio Sagrado, Saga! -ajoelhou-se ao lado dele, olhando-o bem nos olhos- Não sejas cego, eles querem tomar o Domínio Sagrado de assalto, e Deus sabe que influência podem exercer sobre os cavaleiros de ouro! -Crês efectivamente que...isso poderia acontecer? -Estamos numa guerra. O que oferece melhores condições ganha. Se ela conseguir convencer os dourados que é Athena, creio que não será difícil...temos de ser realistas. -Penso que estás certa...aliás, como sempre. Mas desejo que a tua ocupação seja o amor, e não a guerra...queria evitar que te preocupasses com esses assuntos.
-É impossível que eu não me preocupe. Sou um cavaleiro. Cresci aqui, e o meu pai é um hábil político. Não posso dizer que os jogos de poder me são alheios. -O que sugeres então, minha amada? - Penso que o melhor é que eu vá para Chipre, agora mesmo, e reúna os meus próprios cavaleiros. Tentarei também arranjar aliados perante os guerreiros Deuses que estiverem dispostos a ajudar-me. Jamais ganharemos esta guerra sozinhos. Não posso deixar que um bando de rebeldes, com uma impostora à frente, destrua o santuário...e a nós -e caiu nos braços dele. -Mas...mas...no teu estado? - A gravidez é muito recente. Não será impedimento. A verdadeira Athena.. disse, fazendo uma pausa -morreu. Tu mataste-a, bem como a Aioros. -Sabes bem que foi... -Ares. Sim, sei disso. Mas prefiro morrer a deixar que uma farsante destrua o que resta do Domínio Sagrado. Vou arrumar as minhas coisas. Creio estar de volta dentro de poucos dias. Saga abraçou-a: se algo acontecer, Ishtar...quero morrer às tuas mãos. -Se tu morreres, morrerei contigo...
Ishtar partiu para Chipre na manhã seguinte. Lá, convocou os seus seguidores: Cavaleiro de Eros, Harmonia, Deimos, Fobo,Narciso, Adónis, Himeneu, Graças, Horas e Eneias. Estes eram guerreiros tão fiéis à sua Deusa que morreriam se ela ordenasse. Não queriam saber onde estava a razão ou a verdade, e o cavaleiro de Peixes sentir-se-ia embaraçado perante tanta beleza junta. Os seus cosmos emanavam harmonia e amor perfeitos. Eram um grupo de beleza singular.
Ishtar tentou ainda obter apoio de outros Deuses, mas a resposta tardava em chegar. Assim, encaminhou-se para o santuário. -Minha dama- murmurou Harmonia, vendo a destruição nas casas zodiacais- parece-me que a guerra estalou. Oxalá não tenhamos chegado demasiado tarde. Uma voz familiar chamou Ishtar. Era Mu. -Ishtar...atrás dele estavam Shaka, Miro, Aioria, e Aldebaran. Ishtar correu para ele. -Mu, Shaka!!Onde estão os outros? Afrodite? Máscara da Morte? Shura?Kamus?
-Morreram na batalha, minha querida amiga - disse Shaka, muito baixo. E onde está meu marido? Onde está Saga? Os Cavaleiros baixaram os olhos. Tinham pena pela sua amiga. Ishtar adivinhou nesse gesto o que acabara de acontecer; precipitou-se para a Casa do Grande Mestre, onde o corpo de Saga estava deitado sobre uma urna, ainda quente. -Saga!!!SAGA!!! Os gemidos de dor deram lugar a gritos. O seu coração tinha-lhe sido arrancado, a ferro quente, sem piedade.
Mu tinha ido atrás, seguindo-a sem ser visto. -Ele suicidou-se...não conseguia viver mais com o seu lado negro...não aguentou a derrota...precipitou-se sobre o ceptro de Athena. Os restantes cavaleiros de ouro, e os exaustos cavaleiros de bronze,os cavaleiros de Afrodite, e um grupo de servos, reuniram-se à volta dela. Miro chorava. Chorava por ele, por Saga, por Ishtar. Ela continuava o seu pranto pelo amado e pelos seus amigos mortos. -o CEPTRO DE Athena!!!o ceptro de athena!!!-gritou, pateticamente. A kamei começou a brilhar. O seu cosmos expandiu-se a um nível desconhecido. Aioria bradou- MAS...mas que energia é esta??? Shaka respondeu-lhe- O cosmos de Afrodite, Afrodite em fúria!
Ishtar estava mais bela do que nunca, mas assustadora. Os olhos não tinham expressão, eram pura luz demoníaca. Elevou-se do chão, gritava, e o som da sua voz fazia tremer as paredes. -Athena matou Saga, o meu amor...o pai da criança divina que trago no ventre!!!Pois muito bem...revoltar-me-ei, desencadearei uma guerra contra Athena!!!-Apontava para Saori, que entretanto acudira ao ouvir a confusão. Seiya pôs-se à frente, bradou:
-Isto é Alta Traição! Esta mulher esteve ao lado de Saga o tempo todo, conspirou juntamente com ele, e agora pretende começar uma nova guerra !Não permitirei! É um crime punível com a morte!!! Teve como resposta o golpe «Fúria da Deusa de Esparta», que o deixou estendido. Shiryu acorreu. –SEIYAAAAAAA!!!Malditaaaa... Ishtar caiu no chão, de joelhos. Chorava lágrimas de sangue.
-Eu... sou a Deusa do Amor e da Guerra...sem mim, o mundo fica estéril...pois bem, congelarei a Terra! Cancelarei o sexo, o amor, a amizade, acabarei com a virilidade dos homens, a fertilidade das mulheres, a alegria, a beleza e a música! Não haverá mais arte, nem canto, nem uma gota de água saciará a Terra sequiosa!!!Nos campos, não nascerão mais frutos, e os animais cessarão a sua cópula!!! Cessarei todas as minhas actividades, e não haverá felicidade no Universo, porque o Amor me foi retirado!!!
Foi o desconcerto total. A sala ficou praticamente na escuridão. Apenas se ouviam os gemidos da jovem viúva. Os Cavaleiros de Ouro entreolhavam-se, sem saber como agir. Saori estava colada à parede, perante aquela fúria inesperada. Ishtar cresceu para ela: -E TU!!!Deusa virgem, deusa casta, deusa ASSASSINA! Assassinaaaaa!!!! Veremos se tens assim tanto amor à humanidade! Eu amava a humanidade...e por causa dela tu levaste aquele que eu tanto amava... Precipitou-se para Athena. As duas Deusas rolaram pelo chão como crianças, chamando-se de tudo, puxando cabelos. Se não fosse o luto da situação, os Cavaleiros tinham desatado a rir. A figura que faziam era totalmente indigna da sua condição, e desrespeitosa para os mortos daquela guerra.
Um trovão ecoou no santuário, seguido de uma luz que cegou os presentes. Quando puderam finalmente abrir os olhos, viram na sua frente o homem mais belo que se possa imaginar. Um Deus, glorioso na sua altivez.
-Ordem!!! Oh, vergonha!!!
Ishtar e Saori estacaram; prostraram-se no chão, em silenciosa reverência.
-Pai... O estranho falou. -Ó Cavaleiros das Deusas, escutai todos!!! Eu sou Zeus, o Deus dos Deuses!! Não permitirei uma guerra entre as duas filhas que mais amo. Ishtar...tu não podes lutar contra a tua irmã Athena, e muito menos secar a Terra! Uma guerra entre a Deusa do Amor e a Deusa da Sabedoria geraria o caos absoluto. Eu bem sei da tua dor....mas há um meio de a minorar. Reconcilia-te com Ahena, toma conta da casa de Gemini...e depois...dirige-te ao Hades com a minha permissão...lá, minha filha, tirarás as tuas vestes perante o Deus dos Mortos e os seus espectros, levando a luz e a vida aos Infernos, e terás de volta o teu amado, tão vivo como se nunca tivesse saído dos teus abraços!- Ishtar abraçou os pés de Zeus. Depois, levantou-se e falou: -Farei isso, a bem da Vida na Terra. Saga voltará purificado... descerei agora mesmo aos Infernos, para que a harmonia reine suprema!!!
Ishtar, cega na sua dor, quis partir imediatamente. Apenas um cavaleiro se atreveu a acompanha-la em tal empresa: Shaka de Virgem, possuidor do oitavo sentido! Araya. Algo que Ishtar dominava completamente, desde a nascença, ou não fosse o seu nome o daquela que descera aos infernos, que passeava entre dois mundos. Ao fim de uma longa viagem, alcançaram finalmente a Porta dos Infernos, que conduzia ao palácio de Hades. - Shaka...não sei se foi boa ideia vires comigo, meu bom amigo. Vais ver-me sofrer, e não poderás fazer nada! -Ishtar...estou aqui para tuas protecção. Franquearam o portão, que se abriu magicamente à passagem da Deusa. Aí, começava a descida, sulcada de uma nascente de águas muito puras. -A Elida...-murmurou Shaka- a nascente de Aretusa, a ninfa... -Chamam-lhe «as águas da vida» no Oriente. -respondeu Ishtar, recolhendo um pouco numa garrafa. Shaka guardou-a num alforge. Um pouco mais adiante, ouviram um temível rugido. -É Cérbero, o cão dos Infernos. -Para ele temos o velho truque...-pendurou-se nas costas de Shaka, que era mais alto, e tirou do alforge um bolo de mel fresco. Ainda palavras não eram ditas, aproximou-se deles um monstro de três cabeças. O seu rugido fez estremecer as paredes, e projectou os dois guerreiros contra a parede. -Shaka ! Toma o bolo! Atira-lho! Depressa, depressa! Shaka arremessou a guloseima a Cerbero, que o apanhou com uma das suas enormes bocarras, correndo como um simples cãozinho. A passagem ficou livre. -Despachemo-nos... À medida que desciam, a paisagem tornava-se cada vez mais escura. Foi necessário acender uma tocha. Shaka, por sua vez, caminhava de olhos fechados, sem tropeçar sequer. Até ali, não se via vivalma. Um rumor de águas atraiu-os. -Vamos por ali- apontou Shaka. Devemos estar a chegar ao rio Aqueronte. Shaka tirou do saco duas moedas. -Se não pagarmos ao barqueiro Caronte , ele não nos deixará passar...-afirmou baixinho, com um tom de superstição na voz. -...e vaguearemos eternamente nas margens do rio Cócito, formado pelas nossas lágrimas! - completou Ishtar, levemente sarcástica. Um figura formava-se ao longe, cercada de neblina. Ishtar olhou com mais atenção: um bote! -é Caronte! Sem fazer o menor ruído, a tenebrosa embarcação acercou-se deles. Um velho, vestido com longas roupagens escuras, de olhar vazio, esperou sem dizer palavra. Ishtar estendeu-lhe as moedas, chamadas pelos gregos ósculo. -Aqui as tens, velho barqueiro. Agora, se fazes favor, conduz-nos depressa ao palácio de Lord Hades, que tenho pressa de o ver! O velho recolheu o ósculo. Mas não moveu um músculo. Nem o bote se deslocou um centímetro que fosse. -Então?- fez Ishtar, impaciente. Não entendes o que digo? Avia-te! Finalmente, o velhote abriu a boca. -Eu não remo. Os passageiros sim. -O quê? -bradou Ishtar, já perdendo a paciência -pois tu queres mandar remar uma Deusa e um cavaleiro de Ouro de Athena?É um ultraje!! Belo ofício o teu, sim senhor! Pago para não fazer nada! -Regras são regras -disse calmamente o teimoso do velho, cruzando os braços. -Perdão -interrompeu Shaka- parece-me que o senhor está confuso, nobre ancião. Quem remam são os mortos. E eu e esta senhora estamos bem vivos. Portanto, se não se importa, faça o favor de nos levar ao nosso destino. Caronte fez uma expressão confusa, mas não perdeu a sua ideia. -As regras não especificam se os passageiros são vivos ou mortos. Portanto os senhores podem fazer duas coisas: ou ficam na margem, porque não há mais barqueiros, ou pegam nos remos e dão uso aos braços que Deus vos deu. -Ai, Ishtar- gemeu Shaka. –O melhor que temos a fazer é remar, isto se queres ver Saga de novo! Ishtar, sem esperar resposta, rosnou qualquer coisa desagradável e pegou nos remos, fazendo uso deles o mais depressa que podia. Mas tinha era vontade de pregar com eles na cara do barqueiro, e era o que teria feito se a situação não fosse tão grave. No caminho, viram o Rio Lete ,o rio do Esquecimento, onde as almas bebiam, esquecendo para sempre a sua vida passada. Viram o Tribunal Infernal ,onde os três juízes, Aiacos, Minos e Rhadamantis decidiam quem devia ser castigado ou recompensado. Passaram por uma estrada bifurcada ao longo da margem; o caminho da Esquerda era domínio de Rhadamantis- o Tártaro, onde os culpados eram castigados das formas mais variadas. O som de gritos e ranger de dentes era tão arrepiante que até Shaka fez uma careta. O da direita levava à Ilha dos Bem Aventurados e aos Campos Elíseos, moradas dos heróis e dos justos.
Enfim, a sombria barcarola parou junto a uma margem lamacenta. Ishtar saltou logo, morta por se ver livre de tão antipática companhia. Mudo e quedo, Caronte deixou-os e partiu em busca de mais passageiros.
Achavam-se, enfim, frente a um enorme portão.
-A porta do Palácio de Hades- exclamou Shaka. -Antes fosse- murmurou Ishtar-é apenas um dos 7 portões do Inferno.- E, dizendo isto, removeu o elmo. -Vai guardando o que eu te der, Shaka, por favor. -Mas..estás doida? Vais livrar-te da armadura? Os Deuses sabem que perigos encontraremos lá dentro! Como pretendes enfrenta-los sem ela? – indagou Shaka. -Só posso pedir um favor a Hades se me despojar de toda a defesa. Faz-me outro favor....mantém os olhos fechados como de costume, está bem? Shaka, confuso, assentiu. Abriu-se o primeiro portão. Assim, como a Ishtar original...
No 2º portão, deixou a sua adaga
No 3º portão, deixou o seu cinto
No 4º portão, removeu os adornos dos cabelos
No 5º portão, tirou a sua armadura
No 6º portão, tirou as suas jóias
No 7º portão, tirou todas as suas roupas
O corpo perfeito de Ishtar brilhava mais do que a tocha que segurava. Era âmbar, marfim e ouro. O sétimo portão abriu-se, e Ishtar entrou, com um despudor total. Encontravam-se frente ao trono de Hades. Perséfone teve um sorriso, ao ver a sua velha amiga. Os juízes e espectros ficaram mudos ante a presença da Deusa da Vida no Mundo dos Mortos. A beleza de Ishtar/Afrodite brilhava, irradiava...o seu cosmos estava aceso, mesmo sem a kamei, e era de perfeito amor, perfeita beleza, perfeita harmonia e perfeita confiança. -Oh, Ishtar... Esta ajoelhou. -Senhor dos Mortos, Augusta Rainha dos Infernos minha irmã, venho aqui por ordem de meu Pai Zeus, o rei dos Deuses! Para te implorar que me restituas o meu marido Saga, Cavaleiro de Ouro de Gemini, ceifado à vida prematuramente. Pensa no coração da própria Deusa do Amor despedaçado! E se o meu infortúnio não te comover, comova-te ao menos o filho que trago no ventre, para que ele não nasça sem pai! Lágrimas cristalinas corriam pelo rosto angelical de Afrodite.
Perséfone comoveu-se. Os espectros choravam Lágrimas de chumbo. As próprias Fúrias, que nunca se deixavam mover por nenhuma súplica, lamentaram Saga. Fantasmas aproximavam-se, sequiosos da Luz vital daquela perfeita beleza.Aqueles que tinham morrido por amor juntavam os seus lamentos aos de Ishtar, Rhadamantis, Aiacos e Minos sentiram como se uma flecha lhes trespassasse o coração. Shaka pegou no seu rosário, recitando um mantra de protecção-Para trás, espectros!-rosnou.
Hades falou. - Ishtar, é preciso muito atrevimento! Vires aqui implorar pela vida de um cavaleiro de Athena, com quem ando arrenegado, bagunçar os meus domínios com a tua beleza irresistível, trazendo a Força da Vida ao Mundo dos Mortos! E escoltada por um Cavaleiro de Ouro! Se não fosse a permissão de Zeus e a influencia da minha esposa, que te quer muito bem, não te pouparia a vida! Mas seja; concedo-te a vida do teu marido... Ishtar ia agradecer. Mas os três juízes precipitaram-se. Os seus corações tinham sido invadidos pela luxúria e pela cobiça. -Senhor! –Protestou Minos -Eu e Rhadamantis também somos filhos de Zeus. Com que direito vem ela, esta reles prostituta, pedir a vida do seu amante? Eu proponho o seguinte: que ela seja submetida à prova. Se vencer, subirá à Terra com o marido; se perder, ficará aqui, como propriedade nossa e de Aiacos. Bem merecemos a companhia da Deusa do Amor! Assim não se dirá que ela faz gato sapato do Grande Deus dos Mortos! Persefone gritou: -Não! Mas Hades concordou, cinicamente. -Veremos se o ama assim tanto- e, com um gesto, atirou Ishtar contra a parede, pendurando-a num prego. O sangue começou a correr. Shaka gritou, precipitando-se sobre os três juízes. Mas a Deusa falou: - Não, Shaka. Corre a procurar Hermes, para que Zeus venha dizer se é justa tal prova! Vai, corre! És-me mais útil vivo! Os juízes escoltaram Shaka até à saída dos portões. A Deusa Hécate guiou--o até à saída. Três dias esteve Ishtar pendurada. Toda a sua força vital lhe fugia. Mas não se deixava morrer. Se perdesse a vida, Saga permaneceria para sempre no mundo dos Mortos. Sentiu-se transportada por mãos carinhosas. Hermès, Perséfone e Shaka tiraram-na da parede. -Por ordem de Zeus- exclamou Hermes-Saga de Gemini sairá do Hades agora mesmo. Shaka salpicou-a com as águas da vida, e Ishtar deu acordo de si, cheia de beleza e vitalidade. As servas de Perséfone prepararam-lhe um banho, ungiram-na, e Ishtar colocou novamente as suas roupas e a sua kamei. Estava novamente belíssima. Sentiu uma mão tocar-lhe suavemente no ombro, voltou- se e foi recebida por um longo beijo...Saga. Imediatamente, por magia de Hermes, encontraram-se fora dos Infernos, juntamente com Shaka.
Saga conseguiu o perdão de Athena e continuou a governar o santuário com a ajuda e de Ishtar. Alguns meses depois, a sua amada deu à luz um lindíssimo menino, que era o retrato do pai e recebeu o nome de Tammuz, pois, tal como a Ishtar original, a reencarnação de Afrodite desceu aos Infernos para reaver o seu marido.
Mas, se quiserem saber mais detalhes...procurem no Registo. Está tudo lá. A aventura ainda está longe de terminar...
Fim
Agradeço aos meus amigos: Saga Mercenário, Diego Chagas, Gabriel e Cronos,
que me ajudaram a elaborar o argumento e os diálogos, através dos seus
maravilhoso jogos. Pela sua força e imaginação...muito obrigado.
