Link não ouviu, a voz de Soroen ecoava em sua cabeça com a ordem de matar Kanarakentu, não podia recusar.

O ambiente mudou, agora estava tudo negro a sua volta, mas havia uma coisa visível, era Soroen.

Ele começou a correr, golpeou Kanarakentu com a espada, mas este desviou e olhou para ele sem entender:

-O que é que você está fazendo, Link?

-Ele está enfeitiçado. –Disse Zelda.

Um ataque foi seguido de outro, mas ele teve tempo de pular para fora da mira de Link e correr em direção a Soroen.

-No fim das contas. –Disse Soroen para Link. –O meu poder é superior. No fim das contas eu consegui me sobrepor a Din, Farore e Nayru.

Link não estava conseguindo entender, onde estavam todos? Para onde fora o Templo do Poder?

Zelda ainda estava ao lado de Saria, precisava pensar em alguma estratégia para resolver a situação.

-Onde é que estamos? –Perguntou ele para Soroen.

-Estamos na sua mente. Cá entre nós ela não é muito elaborada, não?

O Rei do Reino de Sangue riu, mas Link não o acompanhou, queria voltar para o Templo do Poder e só via uma maneira.

Ele avançou contra Soroen, com a Master Sword empunhada:

-Você espera me derrotar quando o meu poder provou ser superior ao das três Deusas do Tempo?

Sem algum alvo a vista, o corpo de Link controlado por Soroen direcionou seu ataque para a Princesa Zelda.

Kanarakentu tentou atacar Soroen que estava no chão, mas esse sumiu antes que conseguisse terminar seu golpe.

Soroen desviou do ataque de Link, mas atrás dele havia um pequeno buraco que mostrava a Princesa Zelda, Saria no chão e a Master Sword.

-Caso não tenha percebido, essa é a visão que seu corpo está tendo. –Disse ele.

Link atacou, Zelda caiu no chão, tinha um enorme furo na altura do estômago e não parecia muito melhor do que Saria.

Kanarakentu parou de tentar encontrar Soroen, estava agora se sentindo terrivelmente culpado por ter saído da frente de Link e por tê-lo deixado atacar a Princesa Zelda.

Link ficou paralisado dentro de sua mente, Soroen sorriu, mas seu sorriso se deformou quando a Master Sword cortou seu corpo pela metade.

Ele estava novamente em seu corpo, Zelda estava ali, Kanarakentu atacava por trás, Link desviou.

Ele foi até a Princesa enquanto Soroen e Kanarakentu começavam um duelo com a espada e a lança.

Zelda imediatamente abriu os olhos, o corte havia sido curado e o tecido do vestido totalmente restaurado.

-Pensei que você estivesse morta.

-Eu tenho poderes curativos... Cuidado Link!

Ele sentiu uma dor aguda em suas costas, a espada de Soroen atravessou-a e fincou-se no chão.

Kanarakentu estava caído em um canto do cômodo redondo e Zelda agora se desmanchava em lágrimas, nenhum dos Sages, Tal ou Navi parecia estar voltando a si.

-Este é o fim da Triforce da Coragem. –Disse Soroen. –A propósito, você já deveria estar morta Princesa Zelda, aquela que representa a Sabedoria, assim como Kanarakentu que representa Poder.

-Você não pode se sobrepujar ao poder da Triforce!

-Isso é o que você pensa, Princesa Zelda. Mas acabo de provar que sou superior a Din, Farore e Nayru.

Ela não disse nada, mesmo que quisesse não teria conseguido dizer uma palavra, se sentia inútil perante o que acontecia.

A Princesa Zelda arrancou as luvas brancas que usava:

-Sabe para que eu uso essas luvas? Eu as uso para conter todo o poder que tenho, algo que poderia causar catástrofes, mas acho que aqui no Templo do Poder não há problemas!

O brilho dourado se espalhou pelo seu corpo e a Triforce da Sabedoria se ressaltou em sua pele.

-Quem sou... –Perguntava Soroen, mas foi interrompido por uma onda de energia que o arremessou contra a parede oposta, causando uma grande cratera na parede.

-Por que você está fazendo isso?

Mas ela não estava ouvindo, ergueu o braço direito, Soroen flutuou alguns centímetros do chão e começou a se contorcer no ar.

-Zelda, pare! –Disse Kanarakentu que acabara de se levantar.

Ela não deu ouvidos a ele e aumentou a intensidade do poder, todos menos ela, Soroen e Kanarakentu foram arrastados para as paredes com um grande baque e o Rei do Reino de Sangue gritava sem pausa nenhuma.

-Zelda, se você continuar vai acabar matando não só Soroen como Link, os Sages e as fadas!

Finalmente ela abaixou o braço, Soroen caiu no chão, imóvel e ela se afastou, indo até as paredes que todos estavam amontoados.

-Não pense... Que vai acabar assim! –Gritou Soroen.

Uma lança atravessou sua barriga, Kanarakentu então disse:

-Não pense que nós, digo eu e Zelda que temos um poder descomunal iremos destruir a terra de Hyrule só para ver você morto. É muito mais fácil usar um décimo desse poder.

Zelda recolocou suas luvas brancas, ao mesmo tempo em que o Símbolo da Triforce do Poder brilhava na mão direita de Kanarakentu.

Sua lança emanou uma luz vermelha, então ele a tirou do corpo de Soroen, que molemente caiu no chão.

Zelda colocou uma das mãos no ferimento de Saria, e então ela começou a se curar até a tiara:

-Ela vai ficar bem, como tinha um ferimento profundo pude passar o poder de cura através do ferimento. –Disse a Princesa.

Kanarakentu passou pela sala examinando os Sages, Zelda estava olhando para o trono e então examinou Soroen.

-Ele está morto. –Constatou ela por fim. –Finalmente o Reino de Sangue está acabado. –Ela suspirou.

De repente, uma luz dourada fez com que os dois se voltassem para o trono.

Alguma coisa estava flutuando ali, algo que eles constataram ser uma pessoa com a pele escura...

-Eu não posso acreditar! –Exclamou Zelda.

-Quem é ele? –Perguntou Kanarakentu.

-Eu sou Ganondorf, o Rei dos Gerudos.

A frase fez com que todos ficassem calados por um instante, Zelda por surpresa e Kanarakentu por desentendimento.

-Ganondorf?

-Você que vem de Kanasrayou pode não me conhecer, mas digamos que eu sou popular em Hyrule.

-E como podíamos esquecer? –Exclamou Zelda.

-Você destruiu Hyrule! Pior do que esse sheikah demente!

Ganondorf sorriu, mas era um sorriso angelical, continuava flutuando a alguns centímetros do trono.

-Isso não importa. –Disse ele por fim. –Tenho muito que falar em pouco tempo.

-E o que faz você pensar que queremos te ouvir?

-Vocês vão querer ouvir o que eu tenho a dizer, é algo muito importante. –Ele ficou sério novamente. –Tudo começou quando Soroen tentou me matar...

-Sabe, Ganondorf? Você está certo! É um problema para mim! Então morra! -Gritou Soroen erguendo o punho direito.

Ganondorf começou lentamente a sumir, começando pelos pés e para a surpresa de Soroen, ele ria:

-Soroen, você jamais poderá me matar! Eu sou o próprio mal! Guarde minhas palavras: Eu voltarei!

Ganondorf sentiu suas forças voltarem a si e então seu corpo se reconstituiu, suas vestes pareciam chamuscadas, mas ele não se importou.

Neste lugar o chão era de muitas cores, dentre elas se destacava o cor-de- rosa, que parecia constituir o solo.

Ao longe havia uma cadeia de montanhas vermelhas, o céu era de um azul muito escuro, em volta só havia uma grande plataforma cor-de-rosa.

Ele decidiu andar em direção ao Norte, na direção das montanhas vermelhas. Por muitos dias ficou sem comer nem beber até então ficar próximo do pé da montanha mais próxima, onde havia uma cabana de madeira.

Ganondorf logo percebeu que nesse lugar não podia sentir nem fome, nem sede e nem cansaço.

Ele destruiu a porta de entrada da cabana de madeira, dentro dela estava vazio com a exceção de uma figura humana no centro.

O humano se virou, não era um humano na realidade, era completamente feito de ouro e não tinha rosto, parecendo uma escultura inacabada.

-Quem é você? –Perguntou a escultura com a voz saindo pelo rosto, era aguda e etérea.

Ganondorf não se intimidou com a estranha figura, andou lentamente até ela e colocou a mão direita próxima a garganta da figura.

-Onde estou? –Perguntou ele. –O que você é? Como saio desse lugar.

-Você está na Terra das Deusas do Tempo. –Disse a figura como se sua vida não estivesse sendo ameaçada. –Eu sou um Colfer, servos das Deusas do Tempo. Nosso objetivo é esclarecer as dúvidas dos que passam por nós. Entretanto não poderei responder sua primeira pergunta, se quiser uma resposta vá para o topo da montanha central e pergunte para Din. Ela saberá a resposta.

-Inútil. –Disse Ganondorf.

Uma esfera dourada saiu de sua mão e atingiu o Colfer, uma grande explosão se alastrou na cabana.

Ele foi arremessado para longe, o Colfer havia explodido e levado sua cabana e uma parte da montanha junto com ele.

Ganondorf se levantou, percebeu que a dor que sentiu na Terra das Deusas do Tempo seria muito maior se estivesse em Hyrule.

De qualquer jeito ele foi ferido pela explosão, não se incomodou e reiniciou sua caminhada para dentro da cadeia de montanhas.

Ele decidiu então que se encontrasse mais algum Colfer usaria seu poder de uma distância maior, não iria querer correr o risco de sofrer mais uma explosão.

Finalmente ele parou, chegou a uma montanha que parecia ser a central, havia uma escadaria de mármore que levava até o topo que estava coberto por uma nuvem, ele reiniciou sua caminhada para cima.