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Amor de Decepção

CAPÍTULO IV

Aviso: Esta história é baseada em personagens e situações criadas por JK Rowling. Os direitos autorais pertencem a editoras como Bloomsbury Books, Scholastic Books e Raincoast Books, e Warner Bros., Inc. Não há intenção nenhuma de arrecadar dinheiro com essa prática ou violar leis. O principal objetivo deste fic é somente a divulgação de idéias e liberdade de imaginação. Respeito e admiro totalmente as obras de JK Rowling, não pretendendo de forma alguma roubar ou marginalizar seus personagens.

Sumário: O segundo capítulo de uma série. Sentimentos profundos são nutridos pelos amigos Harry Potter e Ron Weasley, ao mesmo tempo em que um aparente mal os ronda.

Casais: Harry/Ron; Harry/Draco; Draco/Snape; Lucius/Draco Categoria: Romance/Slash/Angst

Notas: Por favor, não encarem esta história com uma visão ofensiva ou julguem seu conteúdo apenas erótico. Há aqui a presença de sentimentos e emoções que obviamente não cabem num cenário pornô, onde a única preocupação é a prática desenfreada de sexo. Se por um acaso você é menor de idade ou possui algum trauma ou preconceito contra homossexualismo (relacionamento entre homens) não a leia. Não há necessidade de entupirem minha caixa de e- mail com comentários baixos sobre yaoi ou críticas ofensivas. Somos adultos e vivemos num país livre, por isso, vamos nos comportar e nos respeitar. Este texto contém incesto.



Harry voltou para a Sala Comunal da Grifinória sem olhar para trás. Sentia- se vazio e sombrio quando atravessou o quadro da Mulher Gorda. Seus olhos detiveram-se na sala quase deserta, ocupada apenas por uma figura adorável de cabelos muito ruivos que adormecia na poltrona próxima à lareira. Seu rosto encantadoramente tranqüilo repousava pendendo para o lado enquanto seu corpo estava coberto por um pesado cobertor laranja com o emblema do time de quadribol Chudley Cannons. O garoto de cabelos escuros olhou-a durante um longo tempo. A paz que repousava no rosto de Ron era quase como um suave bálsamo para toda a sua dor. A doçura do namorado e amigo era tão calma que até o mais turbulento caos se quebraria ali. O garoto que dormia remexeu-se em seu sono e Harry beijou-lhe o rosto com carinho. Ron despertou com um olhar perdido.

"Ah...Harry...Você demorou e acabei caindo no sono...Fiquei aqui te esperando...Como foi a detenção?"

Harry sentiu sua cabeça doer pelo o quê sua memória buscou.

"Nenhuma novidade..."

"Espero que Malfoy não tenha aprontado nada! Ele te provocou?"

"Não..."

"O que houve, Harry? Parece preocupado..."

"Não houve nada"_ mentiu o garoto forçando-se a sorrir _ "Só estou cansado de limpar tantas gaiolas. Eu vou dormir. Você vem...?"

"Vou...Estou morrendo de sono... Mc. Gonnagal podia ter pegado mais leve, né!?"

Ron passou o braço em torno da cintura do amigo e beijou-lhe rapidamente os lábios antes de subirem as escadas do dormitório. Harry, naquela noite, mergulhou num sono inquieto. A sua consciência pesava e lembranças desagradáveis latejavam em seu cérebro. A noite ia alta e ele decidiu, numa das inúmeras vezes que despertou de madrugada, que jamais poderia permitir que Draco Malfoy se aproximasse novamente. Seria ruim, muito ruim se aquele garoto de Sonserina cheio de maldade revelasse ao seu próprio modo o que acontecera na detenção à Ron. Não, Harry não permitiria isso. Ele mesmo deveria contar.

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"Sabia que você é a pessoa mais importante de minha vida, Draco? Sabia que eu o amo mais do que tudo? Até mesmo mais do que sua mãe?"

O menino encolheu-se em sua cama e cobriu-se mais com a pesada coberta de lã. Lucius acariciava seu rosto insistentemente com as costas da mão. Estavam ambos no quarto de sua casa. Não era o Draco atual. Era um Draco muito jovem e com traços bastante infantis.

"Você me orgulha muito, querido. Tenho certeza que quando for para Hogwarts será o melhor...Eu quero tanto o seu bem...Eu o adoro tanto..."

Lucius que estava de joelhos ao lado da cama, curvou-se para beijar o filho. Draco choramingou baixinho quando sentiu uma respiração pesada aproximar-se e um hálito quente tocar seus lábios.

....

Draco Malfoy acordou com um sobressalto em seu quarto em Hogwarts. Sua testa estava molhada e seus olhos exprimiam pavor. As cortinas moviam-se suavemente com a brisa fria que vinha de fora. O garoto se levantou meio tonto e caminhou até à lareira com as mãos tocando seus cabelos despenteados, procurado organizar suas idéias. Fora um pesadelo horrível! Sonhara com algo que realmente acontecera. Aquilo era uma de suas lembranças amargas. Acontecera há algum tempo, antes de vir para Hogwarts. Malfoy largou-se sobre a poltrona próxima à lareira, apanhando de dentro de suas vestes um pequeno alfinete. Com ânsia, começou a usá-lo para cutucar a pele sob uma de suas unhas. Seus olhos fecharam-se quando um sangue vivo gotejou em seu pijama. Pouco a pouco, a dor o acalmou. Seus olhos voltaram a abrir-se e ele sentiu as lembranças e pesadelos serem atirados para longe. Os medos dissiparam-se na segurança daquelas paredes de pedra. Fazer com que a ferida exterior sobrepujasse a ferida interior. Machucar-se para frear os sentimentos e emoções. A dor era sua melhor amiga. Era para ela que Draco Malfoy corria quando sentia-se ameaçado. A vozinha interior parecia também ter perdido o sono.

"Vai passar logo...Pare de cutucar seus dedos...Vai acabar não conseguindo nem mesmo segurar sua varinha amanhã durante a aula..."

"Volte a dormir e me deixe sozinho..."

"Estava pensando em Potter antes de se deitar, não é mesmo? Sua consciência está pesada? É por isso que sonhou com Lucius?"

"De modo algum minha consciência me perturba! Finalmente as coisas saíram como eu queria! Potter será meu pelo bem ou pelo mal."

"É mesmo? E por que quer manter esse garoto sob seu domínio? Acha que ele vai gostar de você do mesmo modo que ele gosta de Ronald Weasley? Não seja idiota! Ele mesmo disse que te odeia! Potter só te tocou porque você o provocou. Tudo não passou de desejo sexual momentâneo. O que ele fez qualquer um faria..."

"Aquilo foi só o começo! Eu vou conseguir tudo o que quero de Potter! Até mesmo a adoração dele se eu quiser, terei. Agora, volte a dormir!"

Draco atirou o alfinete sujo de sangue no fogo da lareira e voltou para sua cama onde dormiu um sono sem pesadelos ou sonhos.

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Harry acordou naquela manhã com uma voz muito conhecida chamando seu nome. Na verdade, ele mal dormira durante a noite. Caíra no sono apenas algumas vezes para despertar novamente confuso e atormentado. Ron mirou, intrigado, as olheiras do outro garoto enquanto este levantava-se contra gosto.

"O que houve? Está com uma aparência horrível, Harry...Sente-se mal?"

"Não...Estou bem"

Os dois garotos arrumaram-se e desceram as escadas até a Sala Comunal. Ron tentou várias vezes iniciar uma conversa com o amigo. No entanto, todas as vezes, suas tentativas foram em vão. Harry estava silencioso e distante, mergulhado em seus pensamentos cinzentos. Durante o café, Hermione perguntou como havia sido a detenção da noite passada e como resposta teve um comentário ríspido. O garoto de cabelos escuros comeu pouco antes de se levantar alegando que havia se esquecido do livro de Herbologia no dormitório. Quando Harry encontrava-se longe, Hermione ergueu uma sobrancelha e perguntou desconfiada à Ron:

"Vocês brigaram?"

"Claro que não. Harry está estranho desde que voltou ontem daquela detenção com Malfoy na sala de Transformação."

"Sabe o que aconteceu lá?"

"Perguntei à ele, mas ele não disse nada. Mione, você acha que Malfoy tem algo a ver com isso?"

"Não, não acho. Tenho certeza!"

"Aquele desgraçado deve ter provocado o Harry a noite inteira com as idiotices dele..."

"Bom, falando na peça..."__ murmurou Hermione indicando com a cabeça Draco que atravessava a entrada do Grande Salão com Crabble e Goyle em seus calcanhares.

"Eu já estou cheio desse cretino, Mione! Queria agora mesmo quebrar a cara dele!"

"Sossega aí, Ron! Melhor evitar confusões. Guarde suas energias para a aula de Poções no fim da tarde. Vamos precisar de muita tolerância hoje..."

Harry voltou carregando um grosso livro embaixo do braço e sentou-se novamente entre os dois amigos. Não passou despercebido à Ron o fato de que depois que ele avistou Draco na mesa da Sonserina, apressou-os.

"Espera a gente pelo menos acabar o mingau, Harry! Falta ainda meia hora para a primeira aula"__ respondeu Hermione consultando seu relógio de pulso.

Draco mirava com insistência seu arquiinimigo. Várias vezes seus olhares chocaram-se com os dele. "Tão culpado pelos seus próprios atos"__ pensava o garoto sonserino enquanto bebia seu suco de abóbora. Potter parecia ainda mais atraente com sua pele nauseantemente pálida e seus olhos baços e cansados como se tivessem sido torturados a noite inteira por uma culpa demasiadamente grande que lhes negava descanso. Um suspiro abandonou os lábio de Malfoy quando Harry semicerrou os olhos em sua direção. Aquele jogo estava tornando-se particularmente muito divertido. As lembranças da noite passada eram muito nítidas e permitiam que uma febre percorresse ainda as faces de Draco. Era presente ainda a imagem do famoso e imbatível Potter cedendo à lascívia. Sinceramente, a noite fora melhor do que ele planejara. Ansiara, sem dúvida, um momento à sós com Potter afim de testá-lo. E, de fato, conseguira a fraqueza de seu maior inimigo. Tão decadente e persuasivo era aquele garoto que todos louvavam e aclamavam. Certamente, ele deveria ter tido só o imbecil do Weasley em sua vida inteira. Jamais deveria ter-se permitido olhar para os lados, procurando um prazer maior do que aquele que estava sempre em sua cama. Draco admitia deliciado que o melhor de tudo fora totalmente inesperado. Seus lábios ainda ardiam com a mesma intensidade do momento em que haviam sido tocados.

"Ódio, Potter? Hmp...Foi por ódio que me beijou? Seu ódio tem um gosto delicioso em minha boca"__ riu-se o garoto da Sonserina mergulhado em seus pensamentos enquanto via o trio de amigos da Grifinória se retirar do Grande Salão, lançando-lhe olhares de desprezo.

Durante as aulas, Harry continuava disperso. Na aula de Herbologia, acabou danificando as mudas de plantas carnívoras do Mediterrâneo quando lhes encharcou de estrume de dragão as retorcidas raízes. Na aula de Trato de Criaturas Mágicas, Hagrid percebera o incômodo do garoto e perguntou-lhe várias vezes o motivo de sua chateação, sem adquirir, no entanto, uma resposta convincente. Quando caminhavam para voltar ao Castelo, Hermione se afastou dos dois garotos por alguns minutos para ajudar Hagrid a colocar dentro de uma caixa de vidro, os lagartos da Birmânia que haviam derretido seu recipiente de ferro. Harry aproveitou para puxar Ron num canto e dizer-lhe receoso:

"Preciso conversar algo com você muito importante, Ron...."

"O que houve? Algo com Sirius Black?"

"Não, à noite, nós conversamos..."

À tarde, durante a aula de Poções, Draco ainda lançava seus habituais olhares em direção à Harry. Ron, várias vezes, quase cedeu às provocações do garoto da Sonserina, porém, em todas as vezes, Mione lhe advertiu não começar uma briga justamente na aula de Snape. A tarefa de fazer uma potente poção do sono foi dada em dupla. Harry e Ron ficaram juntos. Neville soltou uma exclamação de pavor quando Hermione foi proibida por Snape de ser seu par e foi-lhe dado em seu lugar um mal-humorado aluno da Sonserina. Para Mione, sobrou a intragável Pansy Parkinson. Os alunos acrescentavam em seus caldeirões as escamas de diabretes da Lituânia, que eram pequenos seres de má índole, cuja maior diversão consistia em atrair crianças perdidas de seus pais para lugares desertos e sombrios, através de alguma dança ou música entoada por suas vozinhas agudas. Quando os pequenos caíam no sono, hipnotizados, os diabretes aproximavam-se e roubavam-lhes o ar dos pulmões, sugando-o para si. De fato, seres terríveis. Harry bocejou várias vezes durante a aula enquanto sua poção e de Ron cozinhava. A noite mal dormida começava a pesar em suas pálpebras que teimavam em querer fechar-se. Ron olhava-o com uma certa preocupação. Ambos foram surpreendidos por uma voz debochada atrás de si.

"Está cheirando muita poção do sono ou teve uma noite mal dormida, Potter? Que calamidade! O famoso Potter merece seu sono de beleza, não?"

O que Harry mandou Draco ir fazer como resposta não escapou aos ouvidos de Snape que estava por perto criticando a poção de Neville.

"Sr. Potter, o que acabou de dizer? Acha que minha aula é da mesma estirpe de sua Casa onde certamente deve estar acostumado a ter liberdade para dizer tais sujeiras? Peça agora mesmo desculpas ao Sr. Malfoy!"

Os alunos viravam-se para olhar para Harry, perguntando uns aos outros o que o garoto havia dito e impressionando-se em seguida com a resposta que obtinham.

"Falei aquilo porque não agüento mais Malfoy me perturbando. Ele mereceu!"

"Não seja insolente, Sr. Potter e peça agora mesmo desculpas!"

Hermione largara sua poção e correra para junto dos amigos. Ron olhava apreensivo de Snape para Harry.

"Ele não merece desculpas. Por isso, não vou pedir coisa nenhuma!"

Os alunos que cercavam a discussão, não ousavam falar.

"Bem, Potter...Então, nesse caso, acho que vou tirar trinta pontos de sua Casa por má conduta de sua parte em minha classe."

Ouviu-se uma chuva de murmúrios indignados dos alunos da Grifinória. Snape anotou algo em seu livro com um sincero sorriso nos lábios. Crabble e Goyle davam risadas incontroláveis. Draco atacou o garoto mais uma vez com malícia nos olhos.

"Continue assim, Potter. Talvez ganhemos mais uma detenção juntos hoje à noite. O que acha?"

Harry olhou-o como se pudesse matá-lo. Ron virou-se para ele intrigado e confuso com o comentário. Antes que ele pedisse explicações de Draco, Harry adiantou-se, dirigindo-se a Snape.

"Professor, Malfoy continua me provocando!"

"Não ouvi nada, Potter! Agora, cale-se e faça sua poção antes que perca mais pontos."

Foi a gota d'água para Harry. Sem pensar no que fazia, ele jogou a mochila nas costas e caminhou, pisando duro, até a porta.

"Aonde pensa que vai, Potter? Não pode sair da minha aula quando quiser. Sente-se agora mesmo!"

"O senhor escuta quando eu ataco e torna-se surdo quando Draco provoca. Já que o bajula e faz de tudo para que eu me dê mal, tire pontos de alguém que já não esteja de saco cheio de suas idiotices!"

"Como disse, Sr. Potter? Com quem acha que está falando? Você mereceu perder pontos pelo seu linguajar baixo e vulgar em minha aula. Não aturarei isso! Não me admira que seja filho de James Potter! Ele era exatamente igual à você! Adorava ser o centro das atenções! Adorava quebrar regras só para aparecer! Adorava ser insolente! Era um exibido tão baixo quanto..."

"NÃO ABRA A SUA BOCA PARA FALAR DE MEU PAI! SÓ O ODEIA PORQUE ELE SEMPRE FOI MELHOR DO QUE O SENHOR! POR MAIS QUE TENTASSE, NUNCA CONSEGUIU SEQUER CHEGAR AOS PÉS DELE!"

Os olhos de Snape tornaram-se ameaçadores e sinistros. Os alunos encolheram-se precedendo o pior.

"SAIA DAQUI, POTTER! VAI PAGAR CARO POR SUA INSOLÊNCIA, PIRRALHO SEM EDUCAÇÃO!"

Harry aproximou-se do professor com raiva nos olhos.

"Eu vou sim! E já que o senhor ouve muito bem o que eu digo, escute o que eu vou dizer agora..."

O garoto de cabelos escuros desafiadoramente ergueu seu dedo médio na cara do professor, fazendo com que muitas vozes se erguessem surpresas.

"Eu quero que Draco se foda! E o senhor também! Aliás, fodam-se os dois juntos! Já que o paparica tanto, talvez ele goste!"

Harry deu as costas e saiu batendo a porta atrás de si. Os alunos, confusos, olhavam Snape que parecia ter levado uma descarga elétrica tamanho era seu atordoamento. Seu rosto estava branco como neve e seus lábios tremiam levemente. Hermione apoiara as mãos à cabeça olhando com pavor para Ron.

"E agora? O que Harry foi fazer!? Ele vai ser expulso de Hogwarts!"

Ron mirou Draco com fúria e foi seguro por Simas e Dino com firmeza para não atacá-lo.

"Eu te mato, Malfoy! Se Harry for expulso, vai se ver comigo! Eu juro que você vai se arrepender do dia em que nasceu!"

Draco olhava ainda inquieto, a porta. Sua atenção quebrada por Weasley o fez rearmar-se.

"Quanta lealdade à Potter, Weasley! Tem certeza que ele merece tanta dedicação...?"

"O que quer dizer com isso?"

"Você não sabe? Quanta falta de comunicação! Pergunte à ele mesmo!" riu-se o garoto da Sonserina enquanto cruzava os braços.

"Não ligue para ele, Ron! Tudo que Malfoy diz são idiotices criadas por ele mesmo!"__ interveio Hermione também visivelmente alterada.

"Já disse para não se dirigir à mim, sangue ruim imunda! Seus medíocres pais trouxas nunca ensinaram a se colocar no seu devido lugar? Cale a boca e se enxergue antes de se meter nos assuntos de bruxos! Deveria estar lambendo meu chão e não estudando na minha escola, Granger!"

Ron teve que ser levado à força para fora pelos amigos afim de não voar no pescoço de Draco. Snape fez questão de dizer antes de saírem que Grifinória perdera mais trinta pontos. Sonserina manteve-se na posição de injustiçada. Hermione olhou para Draco com desprezo e murmurou com os olhos semicerrados.

"Recuperaremos cada ponto quando acabarmos com a Sonserina no quadribol..."

Draco respondeu num murmúrio que só a menina ouviu.

"Fica na sua sangue ruim nojenta ou eu é quem acabo com sua raça de trouxa intrusa!"

A aula praticamente acabou nesse momento. Pela primeira vez, Snape terminou a aula mais cedo, uma vez que ninguém mais conseguia concentrar-se na tarefa dada. Malfoy também perdera seu interesse em poções ou em qualquer outra coisa do gênero. Sua brincadeira decididamente fora longe demais.

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Em pouco tempo, o que aconteceu na aula de Poções espalhou-se por toda a Escola. Todos comentavam o ocorrido pelos corredores de Hogwarts, bastante apreensivos com a possível expulsão de Harry Potter. Dumbledore, Mc. Gonnagal e os outros professores pediram que Harry fosse à sua presença e foram bastante severos em seu julgamento. No entanto, não deixaram de considerar a possível culpa parcial de Malfoy e as injustiças de Snape. O caso continuaria sendo discutido por mais tempo. Durante o jantar, a maioria dos alunos da Grifinória não compareceram ao Grande Salão. Permaneceram na Sala Comunal de sua Casa discutindo o que acontecera e pensando juntos em alguma possível solução. Os alunos da Corvinal e da Lufa-lufa dividiram-se entre os que apoiavam a atitude de Harry e os que achavam que ele havia passado dos limites. Os alunos da Sonserina eram os únicos que entre sorrisos, deliciavam-se com aquela situação e seriam capazes de cumprimentar Draco Malfoy se este tivesse descido para jantar. Os comentários prolongaram-se até a hora de dormir. Hermione isolara- se no dormitório das meninas chorando após passar muito tempo com Ron e Harry discutindo a possível expulsão do amigo. Pavarti Patil e Lilá Brown tiveram que levá-la até Madame Pomprey para receitá-la alguma poção que a fizesse dormir. Harry sabia o quanto significava estudar em Hogwarts para a amiga e que a simples idéia de uma expulsão era para ela uma provação demasiadamente severa. Ron, por sua vez, sabia também que Hermione sofria pelas palavras agressivas e duras que ouvira de Malfoy. No entanto, ele não comentou isso com Harry, uma vez que não desejava preocupá-lo ou irritá-lo mais. Foi difícil, os dois conseguirem isolar-se dos vários alunos que os cercavam prestando solidariedade. Somente com a ajuda da Capa da Invisibilidade, os dois puderam conversar em paz numa das salas de aula vazias.

"Harry, deve haver alguma maneira. Você não pode ser expulso. Não vou deixar que te afastem de mim..."

"Talvez ainda haja um modo de eu ficar."__ fingiu Harry um otimismo que estava longe de sentir. Agora que refletia, uma tristeza profunda o assolava. Ia ser expulso do lugar que mais adorava em sua vida.

Ron ergueu olhos muito vermelhos para o amigo.

"Por que você perdeu o controle? Quero dizer...Snape e Draco mereciam aquilo e muito mais...Mas você sempre soube se manter acima das provocações e nunca fez o jogo deles...Por que hoje você não agüentou...?"

"Snape falou de meu pai. E Draco... passou dos limites..."

Ron manteve-se um tempo em silêncio como que se estivesse escolhendo as palavras certas.

"O que Draco queria dizer quando se referiu à detenção? Aquilo foi muito estranho e...desde ontem, você está diferente, Harry... Há algo que eu deva saber? Quando você saiu, Malfoy insinuou que você estava escondendo algo de mim..."

Harry silenciou-se. Havia chegado o momento. Deveria ser sincero com Ron por mais cruel e nojenta que a verdade fosse.

"Ron, eu quero que saiba de algo...Mas antes, quero que você tenha certeza de quanto te amo. Você é a pessoa mais importante de minha vida. Se lembra do Torneio Tribuxo quando meu refém foi você? Se lembra que você era a pessoa que mais me fazia falta...? Nada mudou de lá para cá, entende...?"

"O que aconteceu, Harry? Está me preocupando assim..."

"Aconteceu algo que eu não te contei ontem à noite..."

O garoto de cabelos ruivos olhou o outro com receio. "Tem a ver com Malfoy, não é...? Ele tentou algo com você? É por isso que se irritou tanto hoje durante a aula...?"

"Ron, eu beijei Malfoy ontem à noite."

Choque, atordoamento, tristeza...

"O quê?"

"Não foi um beijo como o nosso. Foi um beijo de desafio. Foi um beijo de ódio."

Mágoa, decepção...

"Harry, por quê?"

"Eu o beijei porque ele descobriu de algum modo que você é meu namorado. Ele ficou enchendo a minha cabeça de bobagens , ofendeu você na minha frente e passou a detenção toda se oferecendo..."

"E você aceitou!? Francamente, Harry, como pôde me trair com Draco?"

A voz de Ron tremia e seus olhos estavam vermelhos como nunca.

"Já disse, Ron, que não foi um beijo de verdade. Foi um beijo dado num momento de raiva!"

"Poderia ter quebrado a cara dele se estava com raiva. Admita de uma vez por todas que prefere o intragável do Draco. Não sou bom o suficiente para o "famoso" Potter? Eu já deveria imaginar..."

"Pare de dizer idiotices, Ron!"

"Ah, agora eu também sou idiota? Talvez Malfoy seja mais esperto! Por que não vai para a Sala Comunal da Sonserina se consolar com ele? Pelo grau de intimidade que vocês tem, deve saber a senha, não é mesmo?"

"Ron, eu não gosto do Draco. Eu o odeio!"

Fora pior do que imaginava. Harry conhecia muito bem aquele ar ofendido de seu amigo. Quando ele cismava com algo ou achava que havia sido deixado de lado, agia como uma irredutível criança mimada. O garoto de cabelos escuros mordia os lábios diante e Ron. Aquela ainda não era toda a verdade. Havia a pior parte da história que ainda não fora sequer mencionada.

"Ron, eu..."

"Aceitaria melhor se você tivesse beijado qualquer outro, Harry. Mas Malfoy, não..."

"Desculpe, Ron..."

Os dois garotos olharam-se por um longo tempo. Ron tinha o desgosto expresso em cada veia de seu rosto melancólico. Seus olhos agora terrivelmente embaçados. Uma lágrima rebelde teimava em cair. Harry olhando para o rosto do amigo, enfiou a mão no bolso da calça e, sem ver, puxou um lenço para enxugar os filetes de decepção que se revelavam lentamente. Quando o estendeu para Ron, os olhos deste arregalaram-se como se tivesse visto algo sinistro. Seus lábios entreabriam- se e somente quando Harry prestou atenção no lenço que segurava, compreendeu bem a expressão do outro. Era um lenço verde musgo com uma cobra prateada bordada em sua ponta. Harry apreensivo, lembrou-se que o esquecera dentro do bolso de sua calça quando Draco o dera e desde então, ali permanecera. Como pudera ser tão desligado e relapso?

"O que é isso, Harry? Esse lenço pertence só aos alunos da Sonserina. O que faz com um desses em seu bolso!? O que significa tudo isso...?"

A voz de Ron estava alterada pela confusão dos acontecimentos. Harry suspirou profundamente e pôs-se a contar toda a verdade. No fim, quando terminou, o garoto de cabelos ruivos finalmente conseguiu falar.

"...E eu te beijei ontem à noite! Estou com nojo de você, Harry...Estou com nojo por você ter tocado em Malfoy! Como pôde se dispor a fazer aquela imundice com alguém que sai pelos corredores, aos quatro ventos, gritando que Hermione é uma sangue ruim!? Draco é decadente! Ele insulta à mim e à minha família todos os dias desde que viemos estudar em Hogwarts e como prêmio acaba ganhando suas carícias e beijos, Harry...? Deveria ter vergonha de ainda olhar para mim! Como pôde...? Com qualquer um que fosse, menos Draco!"

"Ron, eu estou muito arrependido..."

"Como ainda ousa dizer que somos namorados se na primeira vez que surge uma oportunidade, me trai...?"

"Não, Ron! Se eu não gostasse de você como eu gosto, poderia tê-lo traído há muito tempo, mas..."

"Claro que poderia! É o famoso Potter, não? O que foi? Cansou de sua diversão pé-rapada, é? Prefere bruxos esnobes e asquerosos como Malfoy? Devem ter se divertido bastante, os dois, rindo dos miseráveis Weasleys. Contou todas nossas intimidades, Harry? Tem certeza que não se esqueceu de nenhum detalhe...?"

"Já chega, Ron! Já te disse como as coisas aconteceram! Mas se quer ser teimoso e acreditar nas loucuras que está dizendo, o problema é seu!"

Ron, extremamente ofendido, parecia conter uma crise dentro de si. Sua voz exprimia nervosismo e irritação.

"Já que o problema é meu, não precisa se explicar mais. Não quero ouvir mais nada que tenha pra dizer. Está tudo terminado. Seu caminho está livre para com Malfoy! Vai procurar ele, vai! Eu não te desculpo!"

Harry olhou-o já também irritado por aquela situação ridícula.

"Ótimo, Ron! Nesse caso, já que prefere que as coisas fiquem assim, será de seu modo! Bom para você, que já que eu adoro tanto Draco Malfoy, vou ser expulso por mandá-lo se danar! Não vai precisar mais me olhar e sentir asco! Não vou ficar mais aqui para te perturbar!"

Harry jogou a Capa a Invisibilidade por sobre os ombros e abandonou, furioso, a sala de aula. Ron largou-se em uma carteira vazia com um insuportável sentimento de tristeza. Então, era aquele o fim...?