Vícios
Amor de Perdão
CAPÍTULO VI
Aviso: Esta história é baseada em personagens e situações criadas por JK Rowling. Os direitos autorais pertencem a editoras como Bloomsbury Books, Scholastic Books e Raincoast Books, e Warner Bros., Inc. Não há intenção nenhuma de arrecadar dinheiro com essa prática ou violar leis. O principal objetivo deste fic é somente a divulgação de idéias e liberdade de imaginação. Respeito e admiro totalmente as obras de JK Rowling, não pretendendo de forma alguma roubar ou marginalizar seus personagens.
Sumário: O segundo capítulo de uma série. Sentimentos profundos são nutridos pelos amigos Harry Potter e Ron Weasley, ao mesmo tempo em que um aparente mal os ronda.
Casais: Harry/Ron; Harry/Draco; Draco/Snape; Lucius/Draco Categoria: Romance/Slash/Angst
Notas: Por favor, não encarem esta história com uma visão ofensiva ou julguem seu conteúdo apenas erótico. Há aqui a presença de sentimentos e emoções que obviamente não cabem num cenário pornô, onde a única preocupação é a prática desenfreada de sexo. Se por um acaso você é menor de idade ou possui algum trauma ou preconceito contra homossexualismo (relacionamento entre homens) não a leia. Não há necessidade de entupirem minha caixa de e- mail com comentários baixos sobre yaoi ou críticas ofensivas. Somos adultos e vivemos num país livre, por isso, vamos nos comportar e nos respeitar.
Este texto contém incesto e demorou um pouco mais para sair. Agradeço a todos que têm postado reviews e que também vêm acompanhando "Vícios".
Realmente, muito obrigada. :)
São incentivos como os de todos vocês que me motivam a escrever.
Espero que gostem do capítulo VI e espero com ansiedade opiniões vindas de vocês.
Muitos abraços para todos.
Brilliant Green ^.^ (2/3/03)
Harry acordou naquela manhã com uma profunda sensação de tristeza. Atordoado, demorou um pouco para ele lembrar-se porque sentia-se tão infeliz. A luz pálida da manhã nublada invadia o quarto através das frestas da janela. O lugar estava vazio. Era sábado e todos os alunos deveriam estar se entretendo em alguma divertida atividade no jardim ou conversado em suas respectivas Salas Comunais. O garoto não sentia vontade de ver ou ouvir ninguém. Mas não poderia passar o dia inteiro trancado no quarto. Pensamentos pessimistas começavam a assolá-lo e não era bom isolar-se.
Contra gosto, trocou de roupa e quando preparava-se para descer, ouviu batidas suaves na porta. Harry abriu-a e sorriu quando deparou-se com Mione segurando uma bandeja com mingau de aveia e torradas com geléia de morango.
"Achei que você não estivesse com muita vontade de ser chateado com as perguntas dos outros alunos assim como eu e resolvi que talvez pudéssemos tomar café juntos aqui em cima. Posso entrar?"
Harry por dentro agradecia à menina. Sem dúvida, era a sua melhor amiga e não eram meramente os estudos que a tornavam brilhante. Ambos não necessitavam de palavras para entenderem-se. Então, sentados na cama de Harry, os dois conversaram longe dos curiosos que os interrogavam sobre o incidente na aula de Snape, aborrecendo-os.
"O que houve entre você e Ron, Harry?"__ perguntou a menina mordiscando uma torrada.
"Nós brigamos ontem à noite. Você já falou com ele hoje de manhã...?"
"Falei sim. Ele estava com uma cara péssima. Não estava sendo muito agradável com ninguém. Eu sabia que vocês dois tinham que ter brigado para ele ficar daquele jeito...Falei que ele era um idiota por querer te chatear numa hora tão difícil..."
"Ele tem toda a razão em me odiar, Mione...Eu fiz e disse coisas terríveis..."
"Posso saber o que houve, Harry?"
"Não, Mione...Não quero que você me odeie também..."
Neste momento os olhos cinzentos da menina encheram-se de água e ela sufocou um soluço.
"Como eu poderia te odiar, Harry? Eu...não quero que você seja expulso de Hogwarts. Você é meu amigo. Eu não aceito...Não é justo..."
"Mione, por favor, não chora..."
Harry abraçou a amiga com carinho. Afagando seu cabelo, Harry murmurou:
"Eu não sei o que vou fazer se tiver que deixar tudo isso para trás e voltar para a casa dos Dursleys".
Hermione fez uma careta imaginando os tios trouxas de Harry e seu primo Duda. Ela, Ron, Jorge, Fred e Gina haviam ido visitar o amigo no verão passado levando-lhe presentes e um bolo que a própria senhora Weasley havia preparado para comemorar o aniversário do garoto. Tio Valter quando vira os amigos de seu sobrinho gritara com sua cara pavorosa que não iria aceitar mais anormais em sua casa e que esse tipo de aberrações deveria ser dizimada da face da Terra. Harry que tomara as dores dos amigos, iniciara uma séria discussão com seus tios e resolvera passar o resto das férias na casa dos Weasleys, alegando que a qualquer minuto perderia a paciência que lhe restava e transformaria em algo terrível sua própria família.
"Pode ser que Dumbledore interceda por você e acabe ficando aqui... Quero dizer... A maioria das pessoas está ao seu favor... Fizeram até um abaixo assinado para você ficar e soube que pretendem levá-lo à sala da professora Mc Gonnagal." __ disse Hermione sorrindo.
"Eu fico muito feliz que nossos colegas estejam fazendo isso. Mas não depende da professora Minerva e sim do Snape E eu estou certo de que ele jamais retirará a queixa..."
Mione baixou os olhos e ofereceu uma torrada ao amigo, forçando-o a comer.
"Como você está? Pavarti comentou conosco que você estava muito nervosa ontem e teve que tomar uma poção para dormir..."__ perguntou Harry olhando-a com preocupação.
"Fiquei muito tensa com aquilo tudo ontem. Mandei ainda pouco uma coruja para Vítor. Acho que vou me sentir melhor com alguma palavra de apoio dele..."
O menino de cabelos escuros tocou no rosto da amiga, acariciando-o levemente.
"Está apaixonada por ele mesmo, Mione...?"
A menina corou timidamente e assentiu com a cabeça.
"Acho que ele também gosta muito de você..."
Hermione começara a namorar Krum nas férias do verão passado. Enquanto ela estudava em Hogwarts, o romance se dava à distância, sendo mantido pelas corujas que iam e vinham trazendo palavras de afeto. No Natal, ele ia vê-la na Escola.
"Me sinto bem ao lado dele, Harry... Me sinto tão... feliz... É difícil de explicar..."
"Eu sei exatamente o que você quer dizer..."
A menina olhou ainda com olhos tímidos para o amigo.
"... Depois de tanto tempo que somos amigos e eu te contar de quem gosto, você ainda não me revelou quem é a sua pessoa especial..."
Harry sorriu com sinceridade.
"Ora... Vamos lá, Mione! Você é a bruxa mais inteligente e esperta de Hogwarts. Você sabe quem é a minha pessoa importante ou ao menos tem uma intuição muito forte de quem seja...."
Os dois começaram a rir na cumplicidade em que aquela conversa inspirava. Mione murmurou pensativa enquanto mirava o teto.
"... É o idiota que está lá embaixo de cara amarrada e que adora me irritar. Ele é o chato dos chatos, tem um sério complexo de inferioridade e não consegue nem mesmo perceber o quão maravilhoso é para nós o termos como nosso amigo..."
Os dois olharam-se por alguns segundos ainda com sorrisos em seus lábios.
"Desde quando sabe, gênio?"
"Acho que desde sempre... Só faltava ouvir isso diretamente de um dos dois. Ele também gosta muito de você, Harry..."
Harry calou-se por um instante e manteve-se pensativo. A discussão que Ron e ele haviam tido na noite anterior voltava em suas lembranças juntamente com todas as suas palavras duras.
"Harry...Posso perguntar uma coisa...?"__ perguntou Hermione evitando encontrar os olhos do amigo.
"Talvez..."
Hermione ruborizou um pouco antes de falar.
"Vocês dois já se beijaram?"
Harry respondeu sem alteração.
"Já... Muitas vezes... inúmeras vezes...Por quê? Você e Krum, não...?"
"Algumas vezes... E..."
Hermione levou uma grande colherada de mingau à boca antes de murmurar baixinho como se alguém pudesse ouvi-los naquele lugar onde somente os dois se encontravam.
"...Vocês dois já...? Você sabe..."
"Se refere à sexo, Mione?"
A menina assentiu com a cabeça fingindo dar atenção ao mingau de aveia que tomava e, por descuido, acabou sem querer derramando um pouco de mingau sobre Harry.
"Já que você é tão inteligente, deve saber a resposta dessa pergunta também..."
Hermione largou a bandeja e levou as mãos ao rosto, vermelha como nunca. Rindo nervosamente, ela murmurou:
"Não acredito que meus dois melhores amigos fizeram isso! Ah, Harry! Não sabia que você e Ron já tinham ido tão longe..."
"Ah, deixa de ser sonsa que eu sei que você também já desconfiava disso..."
Harry, rindo também, atirou um travesseiro em Hermione que respondeu à brincadeira.
"Qual é o problema, Mione? Não entendo por que você ficou assim. Eu e ele planejamos muito isso, tá? Não é motivo para ficar rindo. Agora, já que isso é uma troca de segredos, quero que me responda até que ponto você foi com o Krum..."
A menina se tornou um pouco mais séria enquanto suas faces pareciam ser afogueadas por brasas.
"Não fizemos isso ainda, Harry! Eu sou muito jovem e Krum também acha o mesmo. Somos bem diferentes de dois pervertidos que conheço..."
"Você e Krum namoram só há alguns meses. Ron e eu namoramos há anos. Ano que vem, eu vou te fazer de novo essa pergunta..."
Mione fez uma careta para Harry. Depois de algum tempo, ela pareceu recuperar quase que totalmente a seriedade.
"Não se preocupe, Harry. Seja lá pelo que brigaram, ele vai voltar a falar com você. Ele não tem culpa de ser tão imaturo."
"Aconteceram muitas coisas horríveis, Mione..."
"Por piores que sejam, ele vai voltar. Harry..."
"Você acha mesmo?"
"Tenho certeza..."
Hermione colocou a bandeja cobre a cabeceira e espreguiçando-se, deitou ao lado de Harry na cama.
"Não gosto que vocês briguem. Daqui a pouco, vou falar com o Ron e ele vai me ouvir..."
A menina sorriu e ficou pensativa durante um minuto. Depois, finalmente comentou com olhos vagos.
"Sabia que quando entrei em Hogwarts, gostei de você? Antes de nos tornamos amigos, eu havia me interessado por você. Mas depois que ficamos tão próximos, eu deixei de lado..."
"É mesmo? Você nunca havia falado nisso antes..."
"Foi coisa de criança. Já passou... Mas às vezes, eu paro e penso como seria... Talvez fôssemos um fracasso de casal, ao contrário do sucesso de amigos que somos..."
Harry afagou o cabelo da menina, retirando a franja de seus olhos.
"Ei, Mione, não é porque não tenho um romance com você como tenho com Ron que não te amo. Vocês dois são meus melhores amigos e estão acima de qualquer outra pessoa em minha vida..."
"Foi bem legal o tempo que passamos juntos aqui em Hogwarts, não? Se você for, sentirei saudades..."
"Eu também..."
Harry abraçou a amiga com ternura.
"Promete que vai manter um olho em Ron por mim? Vai cuidar dele, não vai...?"
"Se ele parar de pegar no pé do Vítor, eu cuido dele..."
"Ele sente ciúmes de você. Você mesmo me disse uma vez que ele se sentia mal por ter tantos irmãos brilhantes e achar que não é tão bom quanto eles. Acho que os amigos foram uma das únicas coisas que ele não teve que dividir com alguém. A amizade foi algo que ele conquistou sozinho. Talvez ele sinta medo de perder toda a sua atenção para o Vítor Krum."
"Ele é muito idiota. Eu adoro o Vítor. Mas é lógico que vocês dois sempre vêm em primeiro lugar!"
Harry parou de comer a torrada e olhou com profundidade para Hermione.
"Gosta mesmo tanto assim de nós?"
"O melhor que tive em Hogwarts não foram as notas boas... Foi conhecer vocês... Por isso estou com tanto medo que você seja expulso,Harry..."
Hermione abraçou Harry e os dois mantiveram-se assim enquanto ele afagava a sua mão. Não havia nada erótico nos dois deitados e abraçados na cama de Harry. Havia somente uma profunda e meiga amizade.
Neste momento, a porta abriu e alguns dos alunos da Grifinória entraram. Simas e Neville vinham à frente e arregalaram seus olhos quando depararam- se com o menino e a menina naquela situação que para quem estava de fora era demasiadamente comprometedora.
"Harry...Hermione... Er... desculpe, não sabíamos que estavam aqui... Quer dizer... Er... Sabíamos que estavam aqui, mas não assim..."
Pavarti Patil e Lilá Brown cochichavam entre si olhando para os dois com expressões de indignação e despeito.
Hermione ergueu-se rapidamente. Suas roupas estavam amarrotadas e seu cabelo desarrumado devido à trevesseirada que levara de Harry.
O menino de cabelos escuros, por sua vez, tinha os olhos fixos em Ron que vinha ao lado de Dino Thomas. Harry sentia uma vontade louca de rir da cara abobalhada dos colegas. Ron, por sua vez, compreendendo o mal entendido, segurava o riso enquanto suas bochechas avermelhavam-se com o esforço.
Naturalmente, Ron sabia que Hermione e Harry não estariam fazendo nada do que os outros vinham a pensar que estariam. Era ciumento e desconfiado com os outros de fora. Ente eles, não havia espaço para tais sentimentos.
"Não é nada do que estão pesando... Estávamos conversando..." murmurou Hermione nervosamente.
"Deitados na cama de Harry e abraçados?"__ provocou Ron tentando fingir seriedade e prolongando os olhares assustados de Neville e Simas.
Hermione, por sua vez, limitou-se a olhar o amigo como se pudesse matá-lo.
"Por que entraram aqui?"__ perguntou Harry dirigindo-se aos colegas.
"Viemos aqui dizer que fomos falar com Mc. Gonnagal sobre a sua expulsão... Ela disse que quer vê-lo... Íamos nos oferecer para acompanhá-lo e testemunharmos as provocações de Draco Malfoy e do professor Snape..."
"Puxa, obrigado a todos vocês..."
Os colegas olharam para Hermione tentar desamassar as rugas nas pregas de sua saia com nervosismo.
Ron colocava agora a mão na boca para tentar esconder seu riso. Harry também disfarçava seu sorriso como podia. Para todos os outros, aquela era uma situação muito incômoda.
"De nada, Harry... Mas, você... pode vir... oura hora se estiver muito ocupado... Não nos importamos..." __ respondeu Simas com uma voz gaguejante.
"Não, não... Iremos juntos agora mesmo... Esperem lá embaixo. Eu já vou descer..."
Harry olhou para sua calça na região da coxa onde havia a mancha do mingau que Hermione derramara.
"É só um minutinho. Só preciso trocar a calça suja..."
Pavarti Patil e Lilá Brown, neste momento, pareciam que iam ter seus olhos saltados das órbitas e comentando apavoradas, saíram murmurando:
"Não acredito que a Granger e o Potter fizeram aquilo no dormitório dos meninos, em plena luz do dia!"
"Viu só? Ele disse que a calça dele estava suja! A Hermione é mesmo uma sem- vergonha. Deve ter aprendido a ser assim no mundo trouxa onde ela nasceu!"
Ron agora segurava o riso com todas as suas forças. Seus olhos lacrimejavam. Um a um os alunos da Grifinória saíram ainda olhando para trás. Ron permaneceu no quarto e ao fechar a porta, ouviu ainda as vozes de Simas e Dino.
"Eu não disse que Hermione e Harry são namorados?"
"Eu estou imaginando coisas ou...?"
"Se for sua imaginação, estamos imaginando a mesma coisa..."
Ron quando largou a mão da maçaneta soltou uma gargalhada que encheu o quarto todo. Harry, na cama, ria levando a mão ao estômago, procurado conter-se. Hermione era a única séria. Com um nervosismo crescente, ela dizia:
"Parem de rir! Não tem graça alguma! O que vão agora dizer de mim...?"
"O pior possível..."__ disse Ron com esforço ente as risadas __ "Com as fofoqueiras da Patil e da Brown, amanhã isso vai estar na primeira página do Profeta Diário..."
"Ai, um Deus! Por que tinham que entrar aqui sem bater? Se Vítor saber disso, vai acabar pensando que é verdade..."
Neste momento, Ron subitamente parou de rir.
"Não sabia que o Krumn pensava..."
Mione olhou de modo fuzilante para o amigo.
"Não fale assim do meu namorado, Ron! Eu gosto dele!"
"Gosta nada! Está com ele só porque é famoso. O Zé Bonitinho bem que poderia deixar de vir no Natal. Não ia fazer falta alguma!"
"Não fale idiotices, Ron! Para mim, ele faz falta!"
Ron mirou a menina, ofendidíssimo.
"Ótimo, então! Tomara que ele venha e se engasgue de tanto comer! Não estou nem aí para ele! É um intrometido mesmo! Não tem nada o que vir fazer em Hogwarts no Natal".
"Ai, Ron, você às vezes é insuportável! __ vociferou Hermione furiosa pisando duro até a porta. Antes dela sair, acrescentou ainda irritada.
"Eu acho bom você fazer as pazes com o Harry! Ele está aborrecido e não é para você ficar enchendo a cabeça dele de besteiras! Estou cansada de você criado encrencas por aqui! Se não parar com isso, escrevo hoje mesmo contando tudo para sua mãe!"
Harry já parara de rir, mas ainda tinha seus olhos vermelhos. Ron olhou-o em silêncio depois que fez uma careta para a porta que se fechara.
A conversa com Mione fizera muito bem à Harry, mas agora que Ron estava diante dele, as más lembranças da noite anterior voltavam mais fortes. Harry quebrou receoso o silêncio.
"Você não vai até a sala da professora Mc. Gonnagal, Ron?"
O garoto de cabelos ruivos, sem responder, sentou-se em sua cama e começou a tirar os livros de dentro da sua mochila. Ainda calado, ele abriu um livro de Transfiguração e começou a lê-lo apático.
Harry suspirou, murmurando com irritação.
"Tá bom, desculpa incomodar! Só foi uma pergunta!"
Ron olhou-o com uma expressão ofendida.
"Você ainda ousa falar comigo, Harry?"
"Achei que você tivesse se acalmado e pensado melhor. Mas estou enganado, não é mesmo?"
"O enganado aqui não é você, Harry!"
A voz de Ron exprimia uma mágoa nunca ouvida antes. Harry trocou a sua calça enquanto o outro garoto mantinha os olhos fixos no livro. Antes de ir até a porta, Harry aproximou-se da cama de Ron e disse com firmeza.
"Eu só quero que você saiba, Ron, que, mesmo que você não acredite, eu ainda gosto de você do mesmo modo de antes. Você nunca foi minha "diversão pé-rapada". Nunca o olhei dessa maneira."
"Você acabou em alguns minutos com tudo o que existia entre nós! Não me culpe pelas conseqüências! Você se agarra com Malfoy e vem me pedir desculpas!? Eu odeio o Draco! Como acha que posso ter confiança em você novamente? Como vou ter certeza que antes de você me beijar, não andou beijando também aquele miserável?"
"Ron, eu odeio o Draco! Será que você não vê?"
"Ora, não me diga, Harry! Sabe como me senti com isso tudo? Tem idéia de como me causou mal!? Não, acho que não... A imprensão que ficou é que só ficamos juntos porque eu fui a primeira opção que surgiu! Foi só Draco te convidar que você me trocou rapidinho. Foi só ele te chamar que você foi correndo pra ele!"
"Não adianta mesmo, não é, Ron? Você não vai acreditar em nada do que eu possa dizer... Como pode achar que todas as coisas que houve entre nós foram falsidades? Pois saiba, que mesmo que você não me ame mais, eu não vou poder mudar o que sinto..."
Ron o mirava em silêncio. Seu rosto desbotado e triste possuía decepção.
"Você vai se atrasar... Os outros estão te esperado lá embaixo. Está perdendo seu tempo aqui em cima."
Harry mirou o outro garoto com irritação. Abrira seu coração e ainda não era o suficiente. Droga, por que Ron não podia compreender as coisas? Por que tinha que ser tão irredutível?"
"Dane-se, Ron! Você pode ficar feliz! O famoso Harry Potter não é tão perfeito quanto você" __ redargüiu Harry furioso dando um soco na porta antes de abandonar o quarto.
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"Eu amo tanto você, Draco..."
O menino se encolheu quando Lucius o beijou com agressividade, pressionando o corpo contra o seu. Quando o pai partiu o beijo, os olhos de Draco estavam vermelhos e sua voz saía trêmula.
"Pára, pai... Tá me assustando..."
"Não precisa ficar com medo, meu bem...Eu não vou te fazer mal. Acha que seu próprio pai te machucaria? Tudo o que eu quero é mostrar como eu te quero bem... Fica quietinho e vem cá... Assim..."
Lucius mergulhava os lábios no pescoço do próprio filho enquanto também acariciava-lhe as pernas com insistência.
"Você vai ser bonzinho e me obedecer, não é? Você não vai querer me ver bravo... Ou vai? Não, acho que não... Só vai levar um tempo... Você vai se acostumar e vai acabar gostando também..."
"Pai,... o que vai fazer?" __ choramingou o garoto com pavor nos olhos.
"Você é tão lindo... Quero ver o seu corpo... Ande, fique de pé. Deixa eu tirar sua roupa. Quero tocar em você... Vamos manter isso somente entre nós dois. É um segredo de pai e filho... Se por um acaso, pensar em contar isso para sua mãe ou qualquer outra pessoa, eu juro que quebro o seu pescoço..."
As cenas seguiram-se turvas. De repente, Draco não estava mais no mesmo lugar. Agora, estava sozinho em seu quarto. Estava deitado no chão. Uma navalha suja de sangue manchava o carpete branco. Draco olhou receoso para baixo. Seus olhos arregalaram-se quando viu um sangue vivo e fresco correr livremente de seus pulsos. Em algum lugar muito distante, ele ouvia a voz de Snape dizendo-lhe palavras as quais não conseguia distinguir. Todas as coisas romperam sobre si, quando uma voz firme cortou o ar. Harry Potter em algum lugar gritava: "Eu te odeio, Malfoy".
Draco acordou com um sobressalto. Tivera outro pesadelo. Suas mãos tremiam. Ao seu lado, o professor Snape também acordou. Tocando o menino no ombro, ele perguntou preocupado.
"O que houve, Draco?"
O garoto não respondeu. Estava apavorado. Sentia-se terrível. Aquilo realmente acontecera. Fizera de tudo para esquecer, porém fora em vão. Eram nítidos, as palavras e gestos na primeira vez em que seu pai o havia violado. A outra parte do sonho também estava próxima da verdade.
Snape ainda olhava o garoto esperando uma resposta. Apreensivo, ele voltou a perguntar.
"Draco, você teve um pesadelo?"
Desejava ardentemente que aquilo fosse somente um pesadelo. Mas não era! Era verdade! Maldita verdade! Por que tinha ainda que ser perturbado com aquelas lembranças?
"Me deixa em paz, Snape!" __ disse o menino se levantando e se livrando dos lençóis. Rapidamente, vestiu o robe que estava no chão e se sentou na poltrona próxima à lareira. As mãos estavam cerradas de modo que as unhas magoavam suas palmas. Um nervosismo crescente começava a dominá-lo.
Snape levantou-se rapidamente e também cobriu-se. Aproximou-se do garoto que ainda tremia.
"Com o que sonhou?"
"Não é da sua conta!"
O professor de Poções olhava desconfiado o aluno. Nunca o vira tão amedrontado.
"Volte para a cama! Está tremendo!"
"Eu não quero!"__ respondeu Draco com maus modos.
"Draco, qual é o problema?"
O garoto sonserino ergueu-se com raiva nos olhos.
"Nada! Acha que entende tudo o que acontece comigo? Acha que pode me salvar? Você não é meu pai! Sai do meu quarto agora mesmo!"
"Draco, o que...?"
"VAI EMBORA!"__ vociferou ele em resposta correndo para a cama.
Snape não saiu. Ao invés disso, aproximou-se novamente do aluno e insistiu.
"Pode confiar em mim..."
"Eu não quero sua ajuda! Não preciso de sua pena! Sai logo daqui!"
Neste momento, Snape sentou-se na cama de Draco e puxou o menino para si, abraçando-o. Por um instante, Draco tentou livrar-se do contato, empurrando o professor. Mas sua arrogância jamais poderia vencer a dor. O professor calara-se e limitava-se a acalentá-lo agora. Os olhos de Draco fixaram-se na janela. Ainda deveria ser muito cedo. O sol mal nascera.
"... Por Deus, o que foi que fizeram com você, Draco?"
O menino soltou um soluço e não respondeu. Snape o segurava como uma criança pequena. Aquilo não o irritava àquela hora. Pelo contrário, se sentia seguro ali. Não! Não poderia contar! Aquele segredo deveria ser selado para sempre.
Odiava Lucius com todas as suas forças. No dia em que ele morresse, sua vida lhe seria devolvida e então tornaria-se feliz quando cuspisse em seu cadáver. Até lá, deveria ser forte.
Draco não compreendia bem por que Snape permanecera ao seu lado. Por que não fora embora quando o vira agressivo e nervoso? Não entendia tampouco o olhar que o professor lhe lançava enquanto acariciava seu cabelo.
O que raios ele ganharia com aquilo? Qual a finalidade dele suportar suas crises? Mergulhado em pensamentos aleatórios, Draco sentiu suas pálpebras pesarem em meio ao silêncio. Seu último pensamento veio de uma voz interior que murmurava sonolenta.
"Será que não enxerga que ele é diferente dos outros?"
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Harry caminhava ao lado de Hermione. Os outros alunos iam um pouco atrás, olhando-os ainda com desconfiança. A menina contara constrangida ao amigo que enquanto o esperava na Sala Comunal, Pavarti e Lilá a haviam puxado num canto dizendo que o quê ela havia feito era algo vergonhoso. No entanto, não esconderam a curiosidade quando perguntaram que diabos ela fazia de tão bom para conseguir a atenção do famoso "Harry Potter". As suas tentativas de explicações para as colegas pareciam não convencê-las.
Quando enfim o grupo da Grifinória alcançou a sala da professora Mc Gonnagal, esta olhou cada aluno com severidade.
"O que significa isso? Eu disse que queria conversar a sós com o senhor Potter."
"Professora, nós viemos testemunhar contra o professor Snape e Draco Malfoy. Eles mereceram tudo o que Harry disse! Passaram dos limites!" __ disse Simas, motivando os outros a protestarem também.
"Harry não pode ser expulso, professora!"__ manifestou-se um inseguro Neville.
"É muito bom ver esse espírito de amizade entre colegas. Mas nada disso é mais necessário. O professor Snape retirou a queixa esta manhã. Harry Potter não será mais expulso."
Os alunos olharam, incrédulos, a professora. Aquela, sem dúvida, era a notícia mais inesperada que poderiam ter.
"Mas quero que saiba, senhor Potter, que estou muito desgostosa com tudo isso. Não pode responder aquelas coisas terríveis a um professor e a um colega seu todas as vezes que se sentir incomodado ou ofendido. Tenha cuidado! Pode ser que da próxima vez não tenha tanta sorte."
Quando saíram da sala, os alunos da Grifinória davam vivas de alegria. Parecia inacreditável tal coisa.
"Harry, eu não entendo! Foi fácil demais. Por que Snape retiraria a queixa? Certamente, não foi de boa vontade que ele fez isso."__ disse Hermione abraçando feliz o amigo.
"Não tenho idéia, Mione! Talvez Dumbledore tenha interferido. Eu tenho que contar pro Hagrid. Ele ficou muito aborrecido com tudo isso e vai ficar contente com a notícia. Vai com os outros para a Sala Comunal da Grifinória que eu vou avisar ele!"
Harry saiu correndo pelos corredores, sentindo-se flutuar pela melhor notícia que poderia receber. Foi com surpresa que quando passava apressado por uma sala com a porta entreaberta, teve sua capa puxada com força, fazendo-o cair de joelhos no chão. Atordoado, o garoto de cabelos escuros virou-se para quem fizera aquela brincadeira de mau gosto. Quem era senão Draco Malfoy que sorria com malícia.
"Olá, Potter! Feliz pela notícia?"
Harry empurrou o sonserino com força.
"Sai de perto de mim! Está me seguindo?"
"Ora, Potter, acha que cheguei ao ponto de ficar seguindo-o dia e noite? Quanta presunção! Estava aqui no corredor quando vi você se aproximando e me escondi. Foi uma brincadeira. Não me leve a mal. Afinal, você deveria ter mais gratidão e respeito por mim. Ainda mais depois que eu livrei a sua pele, pedindo para Snape retirar a queixa..."
Harry mirou-o por um segundo totalmente atordoado.
"Está mentindo! Todos sabem que você é o principal culpado de tudo o que aconteceu! Por que haveria de me querer por perto?"
Draco sorriu. A malícia mais viva em seus olhos.
"Preciso mesmo responder? Ora, que graça terá cumprir detenção sem a sua ilustre companhia?"
Harry voou na gola da camisa de Malfoy, segurando-o com firmeza.
"Prefiro mil vezes ser expulso do que participar de suas imundices baratas..."
"Tire de uma vez sua máscara,Potter. Negue que gostou! Negue que sentiu atração por mim. Já contou para o infeliz do Weasley?"
"Você armou tudo direitinho para conseguir o que queria! Por sua culpa eu perdi a pessoa mais importante de minha vida. Por sua culpa, perdi o Ron. Eu me odeio por tê-lo trocado por uma coisa tão nojenta, tão barata quanto você!"
O sorriso de Draco já desaparecera.
"Ah, é? E o que aconteceu com o "pobrezinho" do Weasley quando ficou sabendo? Não se enforcou em nenhuma árvore? Que pena... Com quem vai se ocupar agora, Potter já que não vai ter mais com quem trepar...?
Harry alterava a voz a cada minuto. Estava fora de si.
"Lave sua maldita boca antes de falar do Ron, Malfoy! Eu e Ron nunca trepamos! Quem faz isso são pessoas baixas, infelizes, imundas como você! Ron e eu fazemos amor, o que é muito diferente! Sabe o que significa isso, Malfoy? Aposto que não! É um mimado arrogante que ninguém quer. Como poderiam te amar? Você não tem coração, e por isso, nem sequer pena, eu consigo ter de você! Tudo o que vai conseguir na sua vida inteira é algum idiota como eu te masturbando em uma sala vazia depois de você se oferecer de todas as maneiras."
Draco gradualmente perdia as estribeiras. As palavras de Potter o causavam uma estranha sensação. Sentia-se açoitado pelo que lhe era dito e também por causa da pessoa que pronunciava tais ofensas.
"O meu agradecimento por não ser expulso, vai ser não quebrar sua cara aqui mesmo. Mas se algum dia, voltar a se aproximar novamente de mim, do Ron ou da Mione, eu acabo com você."
"Não conte com isso, Potter. Eu sei muito à seu respeito. Ainda não acabou. Sei de coisas que deixariam-no surpreso...!"
"Não entendeu o que eu disse? Nada que venha de você me interessa! Eu sinto náuseas só em ouvir sua voz. Tudo em você me causa mal. Fique longe de mim pra sempre! Eu amo o Ron! É nele que eu penso! É só ele que eu beijo! Não o trocaria por ninguém! Pára de me perseguir ou de perseguir meus amigos! Não queremos que você faça parte de nossa vida! Não queremos que você faça parte de nosso mundo!"
Malfoy tremia de ódio. Ódio? Poderia matar seu arquiinimigo. Poderia? Por que continuava diante de Harry Potter mesmo depois de ser tão humilhado?
"Vai me pagar, Potter! Mais cedo do que espera. Guarde bem uma coisa! Eu vou me lembrar de TUDO o que você disse agora por mil décadas. Um dia, você ainda vai me pedir perdão de joelhos, "garoto que sobreviveu". Santo Potter...hmp... Sua arrogância será sua juíza! E quanto à sua namoradinha Weasley, ela também vai ter a parte dela."
Neste momento, a porta abriu-se e quem menos Harry esperava apareceu. Ron com seu rosto traçado pela raiva mirava Malfoy com uma fúria que ele não usaria contra mais ninguém.
"Ron... O que está fazendo aqui?"
Malfoy mirava o garoto de cabelos ruivos com desprezo.
"Ora, ora,Weasley, que ventos pobres o trazem até aqui...? A menininha vaio buscar o namoradinho para que não o traia de novo, é?"
Ron fez menção de avançar para o sonserino, porém Harry rapidamente colocou- se diante dele puxando-o para a porta.
"Não, Ron, não faça o jogo dele! Ele está te provocando de propósito para que comece alguma confusão. Venha, vamos sair daqui..."
Draco andava inquieto pela sala como se também estivesse remoendo seu próprio aborrecimento.Antes dos dois outros garotos saírem, ele vociferou com irritação.
"Malditos Potter e Weasley! Ainda vou fazê-los lamberem meu chão!"
Harry puxou Ron até o fim da escada pela manga da capa. O outro, por sua vez, ainda olhava para trás com ódio nos olhos.
"Quando eu colocar minhas mãos naquele bastardo, eu vou matá-lo!"
"Fica calmo, Ron, você está muito nervoso... É isso que ele quer, nos irritar."
Harry olhava receoso para o amigo. Deveria tentar conversar com ele? Como Ron o responderia?
"O que... você estava fazendo lá, Ron? Pensei que não quisesse chegar muito perto de mim depois do que houve..."
Ron pareceu finalmente voltar sua atenção para o lugar onde estavam e não para a sala que ficara há corredores atrás. Neste instante, ele baixou a cabeça e corou em suas faces sardentas.
"Harry... Depois que eu fui um pouco grosso com você no dormitório, ... eu desci... para procurá-lo, sabe? Queria... pedir desculpas... Então quando encontrei a Hermione e os outros no caminho, eles disseram que você havia ido procurar o Hagrid... Eu ia tentar te alcançar...Foi quando ouvi a discussão sua e de Draco no corredor. Acabei ouvindo tudo..."
"Você...ouviu tudo?"
"Harry, eu acho que Draco é um lixo. E... acho que você também o odeia depois de tudo o que escutei naquela sala..."
Foi tudo o que Harry esperava. Sabia que aquilo era um modo de Ron perdoá- lo e pedir perdão. Tomado pela felicidade, o garoto de cabelos escuros, abraçou o outro e beijou-o compulsivamente.
"Ron, me desculpa por ter feito aquilo! Eu fui um idiota! Eu amo você! Não me despreze de novo, ouviu? Pensei que nunca mais voltaríamos a nos falar... Não faz de novo isso comigo, por favor..."
Os dois garotos desculparam-se naquela manhã. Sem vontade alguma de conterem suas emoções, os dois abraçavam-se entre palavras de afeto e beijos. Os bruxos dos quadros os olhavam com curiosidade.
Voltaram para a Sala Comunal obrigados depois que Fred e Jorge os foram encontrar, preocupados com a demora de ambos, e por pouco, não o surpreenderam.
Todos se divertiram muito com as comemorações da Grifinória pela permanência de Harry. Os gêmeos Weasley trouxeram doces de Dedosmedel, o que causou aplausos de todos. Harry e Ron, durante todo o dia, trocaram olhares mesmo quando longe. Precisavam ficar a sós. Precisavam conversar. Apesar de permanecerem menos de um dia brigados, parecia que semanas haviam decorrido. Antes do jantar, conseguiram subir até o dormitório dos meninos, onde lançaram o feitiço para trancar fechaduras. Beijaram-se ainda recostados à porta. Harry comentou com um olhar meio inquietante.
"Pensei que você estivesse com nojo de mim depois do que aconteceu com..."
Ron silenciou-o com um beijo e quando voltou a falar, murmurou envergonhado.
"Eu achei que o tinha perdido, Harry. Achei que você e Draco... Fiquei cego de ciúmes... Você sabe que às vezes não meço as palavras. Foram palavras ditas com raiva. Eu não sinto nojo de você. Fiquei magoado, mas nunca te odiei pelo que fez..."
Harry voltou a beijar o garoto de cabelos ruivos cada vez com mais paixão. Ambos já sentiam suas faces arderem. Foi com pesar que ouviram passos no corredor e, separando-se rapidamente, destrancaram a porta.
Neville foi quem entrou no quarto com uma cara péssima. Ron, muito contrariado com a presença do colega, perguntou irritado.
"Neville, por que você não vai jantar?"
O menino soltou um gemido de dor e murmurou deitando-se em sua cama.
"Estou com dor de estômago. Acho que comi muitos sapinhos de chocolate..."
Ron redargüiu impaciente.
"Nesse caso, é melhor ir até a enfermaria e se tratar lá, não é?"
"Mas eu já fui! Madame Pomfrey me deu uma poção para a dor e me pediu para repousar aqui."
Foi um mal humorado Ron que deixou o dormitório batendo a porta. Apesar de contrariado, Harry olhava muito divertido para o amigo.
"Droga, isso é hora para passar mal? Harry, pega a sua Capa da Invisibilidade! Vamos procurar uma sala vazia para ficarmos e conversarmos."
Conversar não era a palavra exata para o que Ron tinha em mente e Harry sabia disso. É verdade que sempre quando os dois brigavam, necessitavam quando faziam as pazes, das carícias que reconfortavam suas almas. Talvez essa fosse uma ânsia de sentirem-se seguros. Aliás, fora após a briga em que tiveram no quarto ano onde deixaram de se falar por muito tempo que os dois garotos não conseguiram mais reprimir o desejo que os atormentava há tempos.
"Hoje é sábado. Os corredores estão cheios. Vamos esperar até de madrugada..."
"Ainda são cinco e meia da tarde"__ respondeu Ron com um suspiro aborrecido enquanto consultava seu relógio.
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Draco caminhava sozinho pelo jardim da Escola. A neve fina caía por sobre seus cabelos e tingia de branco a sua capa escura. O frio que sentia não era de todo externo. Era um frio por dentro. Seu coração estava doendo. Sabia que com a intensidade que seus olhos ardiam, deveriam estar vermelhos como nunca.
O garoto observou, distraído, alguns alunos da Lufa-Lufa brincarem de atirar bolas de neve uns nos outros, seguramente distantes do lago repleto de armadilhas com seu gelo inconstante e quebradiço. Possivelmente, haviam sido advertidos por seus monitores covardes a não se aproximarem de lá. Draco os julgava ridículos por obedecerem regras tão débeis.
Sua vista estava um tanto quanto embaçada. Olhou para a Floresta Proibida com os galhos de suas árvores totalmente brancos. Não seria de certo modo, ruim se perder lá para sempre. Queria fugir das palavras que ainda o feriam por dentro.
Potter! Maldito Potter!
Maldito?
Sua mente tecia-se em confusões as quais lhe entristeciam. Doía ainda quando ouvia em sua cabeça Harry dizer que o odiava. Por que ainda assim ele continuava pensando em Harry Potter? O que era aquela obsessão que o fazia ainda querer vê-lo? Estava louco em aceitar as afrontas de seu inimigo?
Inimigo?
A lembrança daquela noite voltou estranhamente aos seus pensamentos. A lembrança da vez em que vira pela primeira vez Weasley e Potter, sem saber que eram espionados, intimamente se tocando...
Os olhos de Potter...
Por que não esquecia daqueles olhos que mantinham-se firmemente fechados quando eram beijados por Weasley como se estivessem sonhando com algo repleto de ternura. Um rubor estava em suas faces pálidas e seu sorriso era diferente das vezes em que ele vencia no Quadribol ou de quando sua Casa vencia os campeonatos...
Era um sorriso contido, tímido, mas com uma profundidade que para Draco era absurdamente nova e encantadoramente interessante...
Ainda agora, com seu coração partido, Draco poderia beijar Potter se ele lá estivesse. Por que essa idéia não conseguia sair de sua cabeça...?
Draco caminhava aos poucos. Aproximara-se do lago congelado onde um pálido reflexo seu era visto. Ajoelhou-se, mirando-se na imagem distorcida. A voz que falava em sua mente, a qual era a única que não conseguia afastar quando queria, murmurou trêmula pela friagem.
"Está ficando perigoso... Está perdendo o controle, Draco... Como você se sente...?"
Uma brisa mais fria soprou por seu rosto e o garoto sentiu por um momento como se ele estivesse sendo cortado.
"Estou vivo..."
"Esqueça-o de uma vez por todas..."
"Ele disse que me odeia e... sente náuseas quando está ao meu lado. Ele sente nojo de mim... Por que ele não pode ser como os outros... Por que meu coração está doendo tanto?"
Neste momento, Draco sufocou um soluço com as mãos e chorou com abandono. Os alunos da Lufa- Lufa interromperam a brincadeira e o olharam com preocupação quando viram-no naquele estado tão frágil. Porém, ninguém ousou se aproximar do desprezível Draco Malfoy e nem do gelo intimidador.
Suas lágrimas alcançaram o lago que permaneceria ainda por uma estação inteira frio, distante e melancolicamente solitário.
Amor de Perdão
CAPÍTULO VI
Aviso: Esta história é baseada em personagens e situações criadas por JK Rowling. Os direitos autorais pertencem a editoras como Bloomsbury Books, Scholastic Books e Raincoast Books, e Warner Bros., Inc. Não há intenção nenhuma de arrecadar dinheiro com essa prática ou violar leis. O principal objetivo deste fic é somente a divulgação de idéias e liberdade de imaginação. Respeito e admiro totalmente as obras de JK Rowling, não pretendendo de forma alguma roubar ou marginalizar seus personagens.
Sumário: O segundo capítulo de uma série. Sentimentos profundos são nutridos pelos amigos Harry Potter e Ron Weasley, ao mesmo tempo em que um aparente mal os ronda.
Casais: Harry/Ron; Harry/Draco; Draco/Snape; Lucius/Draco Categoria: Romance/Slash/Angst
Notas: Por favor, não encarem esta história com uma visão ofensiva ou julguem seu conteúdo apenas erótico. Há aqui a presença de sentimentos e emoções que obviamente não cabem num cenário pornô, onde a única preocupação é a prática desenfreada de sexo. Se por um acaso você é menor de idade ou possui algum trauma ou preconceito contra homossexualismo (relacionamento entre homens) não a leia. Não há necessidade de entupirem minha caixa de e- mail com comentários baixos sobre yaoi ou críticas ofensivas. Somos adultos e vivemos num país livre, por isso, vamos nos comportar e nos respeitar.
Este texto contém incesto e demorou um pouco mais para sair. Agradeço a todos que têm postado reviews e que também vêm acompanhando "Vícios".
Realmente, muito obrigada. :)
São incentivos como os de todos vocês que me motivam a escrever.
Espero que gostem do capítulo VI e espero com ansiedade opiniões vindas de vocês.
Muitos abraços para todos.
Brilliant Green ^.^ (2/3/03)
Harry acordou naquela manhã com uma profunda sensação de tristeza. Atordoado, demorou um pouco para ele lembrar-se porque sentia-se tão infeliz. A luz pálida da manhã nublada invadia o quarto através das frestas da janela. O lugar estava vazio. Era sábado e todos os alunos deveriam estar se entretendo em alguma divertida atividade no jardim ou conversado em suas respectivas Salas Comunais. O garoto não sentia vontade de ver ou ouvir ninguém. Mas não poderia passar o dia inteiro trancado no quarto. Pensamentos pessimistas começavam a assolá-lo e não era bom isolar-se.
Contra gosto, trocou de roupa e quando preparava-se para descer, ouviu batidas suaves na porta. Harry abriu-a e sorriu quando deparou-se com Mione segurando uma bandeja com mingau de aveia e torradas com geléia de morango.
"Achei que você não estivesse com muita vontade de ser chateado com as perguntas dos outros alunos assim como eu e resolvi que talvez pudéssemos tomar café juntos aqui em cima. Posso entrar?"
Harry por dentro agradecia à menina. Sem dúvida, era a sua melhor amiga e não eram meramente os estudos que a tornavam brilhante. Ambos não necessitavam de palavras para entenderem-se. Então, sentados na cama de Harry, os dois conversaram longe dos curiosos que os interrogavam sobre o incidente na aula de Snape, aborrecendo-os.
"O que houve entre você e Ron, Harry?"__ perguntou a menina mordiscando uma torrada.
"Nós brigamos ontem à noite. Você já falou com ele hoje de manhã...?"
"Falei sim. Ele estava com uma cara péssima. Não estava sendo muito agradável com ninguém. Eu sabia que vocês dois tinham que ter brigado para ele ficar daquele jeito...Falei que ele era um idiota por querer te chatear numa hora tão difícil..."
"Ele tem toda a razão em me odiar, Mione...Eu fiz e disse coisas terríveis..."
"Posso saber o que houve, Harry?"
"Não, Mione...Não quero que você me odeie também..."
Neste momento os olhos cinzentos da menina encheram-se de água e ela sufocou um soluço.
"Como eu poderia te odiar, Harry? Eu...não quero que você seja expulso de Hogwarts. Você é meu amigo. Eu não aceito...Não é justo..."
"Mione, por favor, não chora..."
Harry abraçou a amiga com carinho. Afagando seu cabelo, Harry murmurou:
"Eu não sei o que vou fazer se tiver que deixar tudo isso para trás e voltar para a casa dos Dursleys".
Hermione fez uma careta imaginando os tios trouxas de Harry e seu primo Duda. Ela, Ron, Jorge, Fred e Gina haviam ido visitar o amigo no verão passado levando-lhe presentes e um bolo que a própria senhora Weasley havia preparado para comemorar o aniversário do garoto. Tio Valter quando vira os amigos de seu sobrinho gritara com sua cara pavorosa que não iria aceitar mais anormais em sua casa e que esse tipo de aberrações deveria ser dizimada da face da Terra. Harry que tomara as dores dos amigos, iniciara uma séria discussão com seus tios e resolvera passar o resto das férias na casa dos Weasleys, alegando que a qualquer minuto perderia a paciência que lhe restava e transformaria em algo terrível sua própria família.
"Pode ser que Dumbledore interceda por você e acabe ficando aqui... Quero dizer... A maioria das pessoas está ao seu favor... Fizeram até um abaixo assinado para você ficar e soube que pretendem levá-lo à sala da professora Mc Gonnagal." __ disse Hermione sorrindo.
"Eu fico muito feliz que nossos colegas estejam fazendo isso. Mas não depende da professora Minerva e sim do Snape E eu estou certo de que ele jamais retirará a queixa..."
Mione baixou os olhos e ofereceu uma torrada ao amigo, forçando-o a comer.
"Como você está? Pavarti comentou conosco que você estava muito nervosa ontem e teve que tomar uma poção para dormir..."__ perguntou Harry olhando-a com preocupação.
"Fiquei muito tensa com aquilo tudo ontem. Mandei ainda pouco uma coruja para Vítor. Acho que vou me sentir melhor com alguma palavra de apoio dele..."
O menino de cabelos escuros tocou no rosto da amiga, acariciando-o levemente.
"Está apaixonada por ele mesmo, Mione...?"
A menina corou timidamente e assentiu com a cabeça.
"Acho que ele também gosta muito de você..."
Hermione começara a namorar Krum nas férias do verão passado. Enquanto ela estudava em Hogwarts, o romance se dava à distância, sendo mantido pelas corujas que iam e vinham trazendo palavras de afeto. No Natal, ele ia vê-la na Escola.
"Me sinto bem ao lado dele, Harry... Me sinto tão... feliz... É difícil de explicar..."
"Eu sei exatamente o que você quer dizer..."
A menina olhou ainda com olhos tímidos para o amigo.
"... Depois de tanto tempo que somos amigos e eu te contar de quem gosto, você ainda não me revelou quem é a sua pessoa especial..."
Harry sorriu com sinceridade.
"Ora... Vamos lá, Mione! Você é a bruxa mais inteligente e esperta de Hogwarts. Você sabe quem é a minha pessoa importante ou ao menos tem uma intuição muito forte de quem seja...."
Os dois começaram a rir na cumplicidade em que aquela conversa inspirava. Mione murmurou pensativa enquanto mirava o teto.
"... É o idiota que está lá embaixo de cara amarrada e que adora me irritar. Ele é o chato dos chatos, tem um sério complexo de inferioridade e não consegue nem mesmo perceber o quão maravilhoso é para nós o termos como nosso amigo..."
Os dois olharam-se por alguns segundos ainda com sorrisos em seus lábios.
"Desde quando sabe, gênio?"
"Acho que desde sempre... Só faltava ouvir isso diretamente de um dos dois. Ele também gosta muito de você, Harry..."
Harry calou-se por um instante e manteve-se pensativo. A discussão que Ron e ele haviam tido na noite anterior voltava em suas lembranças juntamente com todas as suas palavras duras.
"Harry...Posso perguntar uma coisa...?"__ perguntou Hermione evitando encontrar os olhos do amigo.
"Talvez..."
Hermione ruborizou um pouco antes de falar.
"Vocês dois já se beijaram?"
Harry respondeu sem alteração.
"Já... Muitas vezes... inúmeras vezes...Por quê? Você e Krum, não...?"
"Algumas vezes... E..."
Hermione levou uma grande colherada de mingau à boca antes de murmurar baixinho como se alguém pudesse ouvi-los naquele lugar onde somente os dois se encontravam.
"...Vocês dois já...? Você sabe..."
"Se refere à sexo, Mione?"
A menina assentiu com a cabeça fingindo dar atenção ao mingau de aveia que tomava e, por descuido, acabou sem querer derramando um pouco de mingau sobre Harry.
"Já que você é tão inteligente, deve saber a resposta dessa pergunta também..."
Hermione largou a bandeja e levou as mãos ao rosto, vermelha como nunca. Rindo nervosamente, ela murmurou:
"Não acredito que meus dois melhores amigos fizeram isso! Ah, Harry! Não sabia que você e Ron já tinham ido tão longe..."
"Ah, deixa de ser sonsa que eu sei que você também já desconfiava disso..."
Harry, rindo também, atirou um travesseiro em Hermione que respondeu à brincadeira.
"Qual é o problema, Mione? Não entendo por que você ficou assim. Eu e ele planejamos muito isso, tá? Não é motivo para ficar rindo. Agora, já que isso é uma troca de segredos, quero que me responda até que ponto você foi com o Krum..."
A menina se tornou um pouco mais séria enquanto suas faces pareciam ser afogueadas por brasas.
"Não fizemos isso ainda, Harry! Eu sou muito jovem e Krum também acha o mesmo. Somos bem diferentes de dois pervertidos que conheço..."
"Você e Krum namoram só há alguns meses. Ron e eu namoramos há anos. Ano que vem, eu vou te fazer de novo essa pergunta..."
Mione fez uma careta para Harry. Depois de algum tempo, ela pareceu recuperar quase que totalmente a seriedade.
"Não se preocupe, Harry. Seja lá pelo que brigaram, ele vai voltar a falar com você. Ele não tem culpa de ser tão imaturo."
"Aconteceram muitas coisas horríveis, Mione..."
"Por piores que sejam, ele vai voltar. Harry..."
"Você acha mesmo?"
"Tenho certeza..."
Hermione colocou a bandeja cobre a cabeceira e espreguiçando-se, deitou ao lado de Harry na cama.
"Não gosto que vocês briguem. Daqui a pouco, vou falar com o Ron e ele vai me ouvir..."
A menina sorriu e ficou pensativa durante um minuto. Depois, finalmente comentou com olhos vagos.
"Sabia que quando entrei em Hogwarts, gostei de você? Antes de nos tornamos amigos, eu havia me interessado por você. Mas depois que ficamos tão próximos, eu deixei de lado..."
"É mesmo? Você nunca havia falado nisso antes..."
"Foi coisa de criança. Já passou... Mas às vezes, eu paro e penso como seria... Talvez fôssemos um fracasso de casal, ao contrário do sucesso de amigos que somos..."
Harry afagou o cabelo da menina, retirando a franja de seus olhos.
"Ei, Mione, não é porque não tenho um romance com você como tenho com Ron que não te amo. Vocês dois são meus melhores amigos e estão acima de qualquer outra pessoa em minha vida..."
"Foi bem legal o tempo que passamos juntos aqui em Hogwarts, não? Se você for, sentirei saudades..."
"Eu também..."
Harry abraçou a amiga com ternura.
"Promete que vai manter um olho em Ron por mim? Vai cuidar dele, não vai...?"
"Se ele parar de pegar no pé do Vítor, eu cuido dele..."
"Ele sente ciúmes de você. Você mesmo me disse uma vez que ele se sentia mal por ter tantos irmãos brilhantes e achar que não é tão bom quanto eles. Acho que os amigos foram uma das únicas coisas que ele não teve que dividir com alguém. A amizade foi algo que ele conquistou sozinho. Talvez ele sinta medo de perder toda a sua atenção para o Vítor Krum."
"Ele é muito idiota. Eu adoro o Vítor. Mas é lógico que vocês dois sempre vêm em primeiro lugar!"
Harry parou de comer a torrada e olhou com profundidade para Hermione.
"Gosta mesmo tanto assim de nós?"
"O melhor que tive em Hogwarts não foram as notas boas... Foi conhecer vocês... Por isso estou com tanto medo que você seja expulso,Harry..."
Hermione abraçou Harry e os dois mantiveram-se assim enquanto ele afagava a sua mão. Não havia nada erótico nos dois deitados e abraçados na cama de Harry. Havia somente uma profunda e meiga amizade.
Neste momento, a porta abriu e alguns dos alunos da Grifinória entraram. Simas e Neville vinham à frente e arregalaram seus olhos quando depararam- se com o menino e a menina naquela situação que para quem estava de fora era demasiadamente comprometedora.
"Harry...Hermione... Er... desculpe, não sabíamos que estavam aqui... Quer dizer... Er... Sabíamos que estavam aqui, mas não assim..."
Pavarti Patil e Lilá Brown cochichavam entre si olhando para os dois com expressões de indignação e despeito.
Hermione ergueu-se rapidamente. Suas roupas estavam amarrotadas e seu cabelo desarrumado devido à trevesseirada que levara de Harry.
O menino de cabelos escuros, por sua vez, tinha os olhos fixos em Ron que vinha ao lado de Dino Thomas. Harry sentia uma vontade louca de rir da cara abobalhada dos colegas. Ron, por sua vez, compreendendo o mal entendido, segurava o riso enquanto suas bochechas avermelhavam-se com o esforço.
Naturalmente, Ron sabia que Hermione e Harry não estariam fazendo nada do que os outros vinham a pensar que estariam. Era ciumento e desconfiado com os outros de fora. Ente eles, não havia espaço para tais sentimentos.
"Não é nada do que estão pesando... Estávamos conversando..." murmurou Hermione nervosamente.
"Deitados na cama de Harry e abraçados?"__ provocou Ron tentando fingir seriedade e prolongando os olhares assustados de Neville e Simas.
Hermione, por sua vez, limitou-se a olhar o amigo como se pudesse matá-lo.
"Por que entraram aqui?"__ perguntou Harry dirigindo-se aos colegas.
"Viemos aqui dizer que fomos falar com Mc. Gonnagal sobre a sua expulsão... Ela disse que quer vê-lo... Íamos nos oferecer para acompanhá-lo e testemunharmos as provocações de Draco Malfoy e do professor Snape..."
"Puxa, obrigado a todos vocês..."
Os colegas olharam para Hermione tentar desamassar as rugas nas pregas de sua saia com nervosismo.
Ron colocava agora a mão na boca para tentar esconder seu riso. Harry também disfarçava seu sorriso como podia. Para todos os outros, aquela era uma situação muito incômoda.
"De nada, Harry... Mas, você... pode vir... oura hora se estiver muito ocupado... Não nos importamos..." __ respondeu Simas com uma voz gaguejante.
"Não, não... Iremos juntos agora mesmo... Esperem lá embaixo. Eu já vou descer..."
Harry olhou para sua calça na região da coxa onde havia a mancha do mingau que Hermione derramara.
"É só um minutinho. Só preciso trocar a calça suja..."
Pavarti Patil e Lilá Brown, neste momento, pareciam que iam ter seus olhos saltados das órbitas e comentando apavoradas, saíram murmurando:
"Não acredito que a Granger e o Potter fizeram aquilo no dormitório dos meninos, em plena luz do dia!"
"Viu só? Ele disse que a calça dele estava suja! A Hermione é mesmo uma sem- vergonha. Deve ter aprendido a ser assim no mundo trouxa onde ela nasceu!"
Ron agora segurava o riso com todas as suas forças. Seus olhos lacrimejavam. Um a um os alunos da Grifinória saíram ainda olhando para trás. Ron permaneceu no quarto e ao fechar a porta, ouviu ainda as vozes de Simas e Dino.
"Eu não disse que Hermione e Harry são namorados?"
"Eu estou imaginando coisas ou...?"
"Se for sua imaginação, estamos imaginando a mesma coisa..."
Ron quando largou a mão da maçaneta soltou uma gargalhada que encheu o quarto todo. Harry, na cama, ria levando a mão ao estômago, procurado conter-se. Hermione era a única séria. Com um nervosismo crescente, ela dizia:
"Parem de rir! Não tem graça alguma! O que vão agora dizer de mim...?"
"O pior possível..."__ disse Ron com esforço ente as risadas __ "Com as fofoqueiras da Patil e da Brown, amanhã isso vai estar na primeira página do Profeta Diário..."
"Ai, um Deus! Por que tinham que entrar aqui sem bater? Se Vítor saber disso, vai acabar pensando que é verdade..."
Neste momento, Ron subitamente parou de rir.
"Não sabia que o Krumn pensava..."
Mione olhou de modo fuzilante para o amigo.
"Não fale assim do meu namorado, Ron! Eu gosto dele!"
"Gosta nada! Está com ele só porque é famoso. O Zé Bonitinho bem que poderia deixar de vir no Natal. Não ia fazer falta alguma!"
"Não fale idiotices, Ron! Para mim, ele faz falta!"
Ron mirou a menina, ofendidíssimo.
"Ótimo, então! Tomara que ele venha e se engasgue de tanto comer! Não estou nem aí para ele! É um intrometido mesmo! Não tem nada o que vir fazer em Hogwarts no Natal".
"Ai, Ron, você às vezes é insuportável! __ vociferou Hermione furiosa pisando duro até a porta. Antes dela sair, acrescentou ainda irritada.
"Eu acho bom você fazer as pazes com o Harry! Ele está aborrecido e não é para você ficar enchendo a cabeça dele de besteiras! Estou cansada de você criado encrencas por aqui! Se não parar com isso, escrevo hoje mesmo contando tudo para sua mãe!"
Harry já parara de rir, mas ainda tinha seus olhos vermelhos. Ron olhou-o em silêncio depois que fez uma careta para a porta que se fechara.
A conversa com Mione fizera muito bem à Harry, mas agora que Ron estava diante dele, as más lembranças da noite anterior voltavam mais fortes. Harry quebrou receoso o silêncio.
"Você não vai até a sala da professora Mc. Gonnagal, Ron?"
O garoto de cabelos ruivos, sem responder, sentou-se em sua cama e começou a tirar os livros de dentro da sua mochila. Ainda calado, ele abriu um livro de Transfiguração e começou a lê-lo apático.
Harry suspirou, murmurando com irritação.
"Tá bom, desculpa incomodar! Só foi uma pergunta!"
Ron olhou-o com uma expressão ofendida.
"Você ainda ousa falar comigo, Harry?"
"Achei que você tivesse se acalmado e pensado melhor. Mas estou enganado, não é mesmo?"
"O enganado aqui não é você, Harry!"
A voz de Ron exprimia uma mágoa nunca ouvida antes. Harry trocou a sua calça enquanto o outro garoto mantinha os olhos fixos no livro. Antes de ir até a porta, Harry aproximou-se da cama de Ron e disse com firmeza.
"Eu só quero que você saiba, Ron, que, mesmo que você não acredite, eu ainda gosto de você do mesmo modo de antes. Você nunca foi minha "diversão pé-rapada". Nunca o olhei dessa maneira."
"Você acabou em alguns minutos com tudo o que existia entre nós! Não me culpe pelas conseqüências! Você se agarra com Malfoy e vem me pedir desculpas!? Eu odeio o Draco! Como acha que posso ter confiança em você novamente? Como vou ter certeza que antes de você me beijar, não andou beijando também aquele miserável?"
"Ron, eu odeio o Draco! Será que você não vê?"
"Ora, não me diga, Harry! Sabe como me senti com isso tudo? Tem idéia de como me causou mal!? Não, acho que não... A imprensão que ficou é que só ficamos juntos porque eu fui a primeira opção que surgiu! Foi só Draco te convidar que você me trocou rapidinho. Foi só ele te chamar que você foi correndo pra ele!"
"Não adianta mesmo, não é, Ron? Você não vai acreditar em nada do que eu possa dizer... Como pode achar que todas as coisas que houve entre nós foram falsidades? Pois saiba, que mesmo que você não me ame mais, eu não vou poder mudar o que sinto..."
Ron o mirava em silêncio. Seu rosto desbotado e triste possuía decepção.
"Você vai se atrasar... Os outros estão te esperado lá embaixo. Está perdendo seu tempo aqui em cima."
Harry mirou o outro garoto com irritação. Abrira seu coração e ainda não era o suficiente. Droga, por que Ron não podia compreender as coisas? Por que tinha que ser tão irredutível?"
"Dane-se, Ron! Você pode ficar feliz! O famoso Harry Potter não é tão perfeito quanto você" __ redargüiu Harry furioso dando um soco na porta antes de abandonar o quarto.
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"Eu amo tanto você, Draco..."
O menino se encolheu quando Lucius o beijou com agressividade, pressionando o corpo contra o seu. Quando o pai partiu o beijo, os olhos de Draco estavam vermelhos e sua voz saía trêmula.
"Pára, pai... Tá me assustando..."
"Não precisa ficar com medo, meu bem...Eu não vou te fazer mal. Acha que seu próprio pai te machucaria? Tudo o que eu quero é mostrar como eu te quero bem... Fica quietinho e vem cá... Assim..."
Lucius mergulhava os lábios no pescoço do próprio filho enquanto também acariciava-lhe as pernas com insistência.
"Você vai ser bonzinho e me obedecer, não é? Você não vai querer me ver bravo... Ou vai? Não, acho que não... Só vai levar um tempo... Você vai se acostumar e vai acabar gostando também..."
"Pai,... o que vai fazer?" __ choramingou o garoto com pavor nos olhos.
"Você é tão lindo... Quero ver o seu corpo... Ande, fique de pé. Deixa eu tirar sua roupa. Quero tocar em você... Vamos manter isso somente entre nós dois. É um segredo de pai e filho... Se por um acaso, pensar em contar isso para sua mãe ou qualquer outra pessoa, eu juro que quebro o seu pescoço..."
As cenas seguiram-se turvas. De repente, Draco não estava mais no mesmo lugar. Agora, estava sozinho em seu quarto. Estava deitado no chão. Uma navalha suja de sangue manchava o carpete branco. Draco olhou receoso para baixo. Seus olhos arregalaram-se quando viu um sangue vivo e fresco correr livremente de seus pulsos. Em algum lugar muito distante, ele ouvia a voz de Snape dizendo-lhe palavras as quais não conseguia distinguir. Todas as coisas romperam sobre si, quando uma voz firme cortou o ar. Harry Potter em algum lugar gritava: "Eu te odeio, Malfoy".
Draco acordou com um sobressalto. Tivera outro pesadelo. Suas mãos tremiam. Ao seu lado, o professor Snape também acordou. Tocando o menino no ombro, ele perguntou preocupado.
"O que houve, Draco?"
O garoto não respondeu. Estava apavorado. Sentia-se terrível. Aquilo realmente acontecera. Fizera de tudo para esquecer, porém fora em vão. Eram nítidos, as palavras e gestos na primeira vez em que seu pai o havia violado. A outra parte do sonho também estava próxima da verdade.
Snape ainda olhava o garoto esperando uma resposta. Apreensivo, ele voltou a perguntar.
"Draco, você teve um pesadelo?"
Desejava ardentemente que aquilo fosse somente um pesadelo. Mas não era! Era verdade! Maldita verdade! Por que tinha ainda que ser perturbado com aquelas lembranças?
"Me deixa em paz, Snape!" __ disse o menino se levantando e se livrando dos lençóis. Rapidamente, vestiu o robe que estava no chão e se sentou na poltrona próxima à lareira. As mãos estavam cerradas de modo que as unhas magoavam suas palmas. Um nervosismo crescente começava a dominá-lo.
Snape levantou-se rapidamente e também cobriu-se. Aproximou-se do garoto que ainda tremia.
"Com o que sonhou?"
"Não é da sua conta!"
O professor de Poções olhava desconfiado o aluno. Nunca o vira tão amedrontado.
"Volte para a cama! Está tremendo!"
"Eu não quero!"__ respondeu Draco com maus modos.
"Draco, qual é o problema?"
O garoto sonserino ergueu-se com raiva nos olhos.
"Nada! Acha que entende tudo o que acontece comigo? Acha que pode me salvar? Você não é meu pai! Sai do meu quarto agora mesmo!"
"Draco, o que...?"
"VAI EMBORA!"__ vociferou ele em resposta correndo para a cama.
Snape não saiu. Ao invés disso, aproximou-se novamente do aluno e insistiu.
"Pode confiar em mim..."
"Eu não quero sua ajuda! Não preciso de sua pena! Sai logo daqui!"
Neste momento, Snape sentou-se na cama de Draco e puxou o menino para si, abraçando-o. Por um instante, Draco tentou livrar-se do contato, empurrando o professor. Mas sua arrogância jamais poderia vencer a dor. O professor calara-se e limitava-se a acalentá-lo agora. Os olhos de Draco fixaram-se na janela. Ainda deveria ser muito cedo. O sol mal nascera.
"... Por Deus, o que foi que fizeram com você, Draco?"
O menino soltou um soluço e não respondeu. Snape o segurava como uma criança pequena. Aquilo não o irritava àquela hora. Pelo contrário, se sentia seguro ali. Não! Não poderia contar! Aquele segredo deveria ser selado para sempre.
Odiava Lucius com todas as suas forças. No dia em que ele morresse, sua vida lhe seria devolvida e então tornaria-se feliz quando cuspisse em seu cadáver. Até lá, deveria ser forte.
Draco não compreendia bem por que Snape permanecera ao seu lado. Por que não fora embora quando o vira agressivo e nervoso? Não entendia tampouco o olhar que o professor lhe lançava enquanto acariciava seu cabelo.
O que raios ele ganharia com aquilo? Qual a finalidade dele suportar suas crises? Mergulhado em pensamentos aleatórios, Draco sentiu suas pálpebras pesarem em meio ao silêncio. Seu último pensamento veio de uma voz interior que murmurava sonolenta.
"Será que não enxerga que ele é diferente dos outros?"
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Harry caminhava ao lado de Hermione. Os outros alunos iam um pouco atrás, olhando-os ainda com desconfiança. A menina contara constrangida ao amigo que enquanto o esperava na Sala Comunal, Pavarti e Lilá a haviam puxado num canto dizendo que o quê ela havia feito era algo vergonhoso. No entanto, não esconderam a curiosidade quando perguntaram que diabos ela fazia de tão bom para conseguir a atenção do famoso "Harry Potter". As suas tentativas de explicações para as colegas pareciam não convencê-las.
Quando enfim o grupo da Grifinória alcançou a sala da professora Mc Gonnagal, esta olhou cada aluno com severidade.
"O que significa isso? Eu disse que queria conversar a sós com o senhor Potter."
"Professora, nós viemos testemunhar contra o professor Snape e Draco Malfoy. Eles mereceram tudo o que Harry disse! Passaram dos limites!" __ disse Simas, motivando os outros a protestarem também.
"Harry não pode ser expulso, professora!"__ manifestou-se um inseguro Neville.
"É muito bom ver esse espírito de amizade entre colegas. Mas nada disso é mais necessário. O professor Snape retirou a queixa esta manhã. Harry Potter não será mais expulso."
Os alunos olharam, incrédulos, a professora. Aquela, sem dúvida, era a notícia mais inesperada que poderiam ter.
"Mas quero que saiba, senhor Potter, que estou muito desgostosa com tudo isso. Não pode responder aquelas coisas terríveis a um professor e a um colega seu todas as vezes que se sentir incomodado ou ofendido. Tenha cuidado! Pode ser que da próxima vez não tenha tanta sorte."
Quando saíram da sala, os alunos da Grifinória davam vivas de alegria. Parecia inacreditável tal coisa.
"Harry, eu não entendo! Foi fácil demais. Por que Snape retiraria a queixa? Certamente, não foi de boa vontade que ele fez isso."__ disse Hermione abraçando feliz o amigo.
"Não tenho idéia, Mione! Talvez Dumbledore tenha interferido. Eu tenho que contar pro Hagrid. Ele ficou muito aborrecido com tudo isso e vai ficar contente com a notícia. Vai com os outros para a Sala Comunal da Grifinória que eu vou avisar ele!"
Harry saiu correndo pelos corredores, sentindo-se flutuar pela melhor notícia que poderia receber. Foi com surpresa que quando passava apressado por uma sala com a porta entreaberta, teve sua capa puxada com força, fazendo-o cair de joelhos no chão. Atordoado, o garoto de cabelos escuros virou-se para quem fizera aquela brincadeira de mau gosto. Quem era senão Draco Malfoy que sorria com malícia.
"Olá, Potter! Feliz pela notícia?"
Harry empurrou o sonserino com força.
"Sai de perto de mim! Está me seguindo?"
"Ora, Potter, acha que cheguei ao ponto de ficar seguindo-o dia e noite? Quanta presunção! Estava aqui no corredor quando vi você se aproximando e me escondi. Foi uma brincadeira. Não me leve a mal. Afinal, você deveria ter mais gratidão e respeito por mim. Ainda mais depois que eu livrei a sua pele, pedindo para Snape retirar a queixa..."
Harry mirou-o por um segundo totalmente atordoado.
"Está mentindo! Todos sabem que você é o principal culpado de tudo o que aconteceu! Por que haveria de me querer por perto?"
Draco sorriu. A malícia mais viva em seus olhos.
"Preciso mesmo responder? Ora, que graça terá cumprir detenção sem a sua ilustre companhia?"
Harry voou na gola da camisa de Malfoy, segurando-o com firmeza.
"Prefiro mil vezes ser expulso do que participar de suas imundices baratas..."
"Tire de uma vez sua máscara,Potter. Negue que gostou! Negue que sentiu atração por mim. Já contou para o infeliz do Weasley?"
"Você armou tudo direitinho para conseguir o que queria! Por sua culpa eu perdi a pessoa mais importante de minha vida. Por sua culpa, perdi o Ron. Eu me odeio por tê-lo trocado por uma coisa tão nojenta, tão barata quanto você!"
O sorriso de Draco já desaparecera.
"Ah, é? E o que aconteceu com o "pobrezinho" do Weasley quando ficou sabendo? Não se enforcou em nenhuma árvore? Que pena... Com quem vai se ocupar agora, Potter já que não vai ter mais com quem trepar...?
Harry alterava a voz a cada minuto. Estava fora de si.
"Lave sua maldita boca antes de falar do Ron, Malfoy! Eu e Ron nunca trepamos! Quem faz isso são pessoas baixas, infelizes, imundas como você! Ron e eu fazemos amor, o que é muito diferente! Sabe o que significa isso, Malfoy? Aposto que não! É um mimado arrogante que ninguém quer. Como poderiam te amar? Você não tem coração, e por isso, nem sequer pena, eu consigo ter de você! Tudo o que vai conseguir na sua vida inteira é algum idiota como eu te masturbando em uma sala vazia depois de você se oferecer de todas as maneiras."
Draco gradualmente perdia as estribeiras. As palavras de Potter o causavam uma estranha sensação. Sentia-se açoitado pelo que lhe era dito e também por causa da pessoa que pronunciava tais ofensas.
"O meu agradecimento por não ser expulso, vai ser não quebrar sua cara aqui mesmo. Mas se algum dia, voltar a se aproximar novamente de mim, do Ron ou da Mione, eu acabo com você."
"Não conte com isso, Potter. Eu sei muito à seu respeito. Ainda não acabou. Sei de coisas que deixariam-no surpreso...!"
"Não entendeu o que eu disse? Nada que venha de você me interessa! Eu sinto náuseas só em ouvir sua voz. Tudo em você me causa mal. Fique longe de mim pra sempre! Eu amo o Ron! É nele que eu penso! É só ele que eu beijo! Não o trocaria por ninguém! Pára de me perseguir ou de perseguir meus amigos! Não queremos que você faça parte de nossa vida! Não queremos que você faça parte de nosso mundo!"
Malfoy tremia de ódio. Ódio? Poderia matar seu arquiinimigo. Poderia? Por que continuava diante de Harry Potter mesmo depois de ser tão humilhado?
"Vai me pagar, Potter! Mais cedo do que espera. Guarde bem uma coisa! Eu vou me lembrar de TUDO o que você disse agora por mil décadas. Um dia, você ainda vai me pedir perdão de joelhos, "garoto que sobreviveu". Santo Potter...hmp... Sua arrogância será sua juíza! E quanto à sua namoradinha Weasley, ela também vai ter a parte dela."
Neste momento, a porta abriu-se e quem menos Harry esperava apareceu. Ron com seu rosto traçado pela raiva mirava Malfoy com uma fúria que ele não usaria contra mais ninguém.
"Ron... O que está fazendo aqui?"
Malfoy mirava o garoto de cabelos ruivos com desprezo.
"Ora, ora,Weasley, que ventos pobres o trazem até aqui...? A menininha vaio buscar o namoradinho para que não o traia de novo, é?"
Ron fez menção de avançar para o sonserino, porém Harry rapidamente colocou- se diante dele puxando-o para a porta.
"Não, Ron, não faça o jogo dele! Ele está te provocando de propósito para que comece alguma confusão. Venha, vamos sair daqui..."
Draco andava inquieto pela sala como se também estivesse remoendo seu próprio aborrecimento.Antes dos dois outros garotos saírem, ele vociferou com irritação.
"Malditos Potter e Weasley! Ainda vou fazê-los lamberem meu chão!"
Harry puxou Ron até o fim da escada pela manga da capa. O outro, por sua vez, ainda olhava para trás com ódio nos olhos.
"Quando eu colocar minhas mãos naquele bastardo, eu vou matá-lo!"
"Fica calmo, Ron, você está muito nervoso... É isso que ele quer, nos irritar."
Harry olhava receoso para o amigo. Deveria tentar conversar com ele? Como Ron o responderia?
"O que... você estava fazendo lá, Ron? Pensei que não quisesse chegar muito perto de mim depois do que houve..."
Ron pareceu finalmente voltar sua atenção para o lugar onde estavam e não para a sala que ficara há corredores atrás. Neste instante, ele baixou a cabeça e corou em suas faces sardentas.
"Harry... Depois que eu fui um pouco grosso com você no dormitório, ... eu desci... para procurá-lo, sabe? Queria... pedir desculpas... Então quando encontrei a Hermione e os outros no caminho, eles disseram que você havia ido procurar o Hagrid... Eu ia tentar te alcançar...Foi quando ouvi a discussão sua e de Draco no corredor. Acabei ouvindo tudo..."
"Você...ouviu tudo?"
"Harry, eu acho que Draco é um lixo. E... acho que você também o odeia depois de tudo o que escutei naquela sala..."
Foi tudo o que Harry esperava. Sabia que aquilo era um modo de Ron perdoá- lo e pedir perdão. Tomado pela felicidade, o garoto de cabelos escuros, abraçou o outro e beijou-o compulsivamente.
"Ron, me desculpa por ter feito aquilo! Eu fui um idiota! Eu amo você! Não me despreze de novo, ouviu? Pensei que nunca mais voltaríamos a nos falar... Não faz de novo isso comigo, por favor..."
Os dois garotos desculparam-se naquela manhã. Sem vontade alguma de conterem suas emoções, os dois abraçavam-se entre palavras de afeto e beijos. Os bruxos dos quadros os olhavam com curiosidade.
Voltaram para a Sala Comunal obrigados depois que Fred e Jorge os foram encontrar, preocupados com a demora de ambos, e por pouco, não o surpreenderam.
Todos se divertiram muito com as comemorações da Grifinória pela permanência de Harry. Os gêmeos Weasley trouxeram doces de Dedosmedel, o que causou aplausos de todos. Harry e Ron, durante todo o dia, trocaram olhares mesmo quando longe. Precisavam ficar a sós. Precisavam conversar. Apesar de permanecerem menos de um dia brigados, parecia que semanas haviam decorrido. Antes do jantar, conseguiram subir até o dormitório dos meninos, onde lançaram o feitiço para trancar fechaduras. Beijaram-se ainda recostados à porta. Harry comentou com um olhar meio inquietante.
"Pensei que você estivesse com nojo de mim depois do que aconteceu com..."
Ron silenciou-o com um beijo e quando voltou a falar, murmurou envergonhado.
"Eu achei que o tinha perdido, Harry. Achei que você e Draco... Fiquei cego de ciúmes... Você sabe que às vezes não meço as palavras. Foram palavras ditas com raiva. Eu não sinto nojo de você. Fiquei magoado, mas nunca te odiei pelo que fez..."
Harry voltou a beijar o garoto de cabelos ruivos cada vez com mais paixão. Ambos já sentiam suas faces arderem. Foi com pesar que ouviram passos no corredor e, separando-se rapidamente, destrancaram a porta.
Neville foi quem entrou no quarto com uma cara péssima. Ron, muito contrariado com a presença do colega, perguntou irritado.
"Neville, por que você não vai jantar?"
O menino soltou um gemido de dor e murmurou deitando-se em sua cama.
"Estou com dor de estômago. Acho que comi muitos sapinhos de chocolate..."
Ron redargüiu impaciente.
"Nesse caso, é melhor ir até a enfermaria e se tratar lá, não é?"
"Mas eu já fui! Madame Pomfrey me deu uma poção para a dor e me pediu para repousar aqui."
Foi um mal humorado Ron que deixou o dormitório batendo a porta. Apesar de contrariado, Harry olhava muito divertido para o amigo.
"Droga, isso é hora para passar mal? Harry, pega a sua Capa da Invisibilidade! Vamos procurar uma sala vazia para ficarmos e conversarmos."
Conversar não era a palavra exata para o que Ron tinha em mente e Harry sabia disso. É verdade que sempre quando os dois brigavam, necessitavam quando faziam as pazes, das carícias que reconfortavam suas almas. Talvez essa fosse uma ânsia de sentirem-se seguros. Aliás, fora após a briga em que tiveram no quarto ano onde deixaram de se falar por muito tempo que os dois garotos não conseguiram mais reprimir o desejo que os atormentava há tempos.
"Hoje é sábado. Os corredores estão cheios. Vamos esperar até de madrugada..."
"Ainda são cinco e meia da tarde"__ respondeu Ron com um suspiro aborrecido enquanto consultava seu relógio.
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Draco caminhava sozinho pelo jardim da Escola. A neve fina caía por sobre seus cabelos e tingia de branco a sua capa escura. O frio que sentia não era de todo externo. Era um frio por dentro. Seu coração estava doendo. Sabia que com a intensidade que seus olhos ardiam, deveriam estar vermelhos como nunca.
O garoto observou, distraído, alguns alunos da Lufa-Lufa brincarem de atirar bolas de neve uns nos outros, seguramente distantes do lago repleto de armadilhas com seu gelo inconstante e quebradiço. Possivelmente, haviam sido advertidos por seus monitores covardes a não se aproximarem de lá. Draco os julgava ridículos por obedecerem regras tão débeis.
Sua vista estava um tanto quanto embaçada. Olhou para a Floresta Proibida com os galhos de suas árvores totalmente brancos. Não seria de certo modo, ruim se perder lá para sempre. Queria fugir das palavras que ainda o feriam por dentro.
Potter! Maldito Potter!
Maldito?
Sua mente tecia-se em confusões as quais lhe entristeciam. Doía ainda quando ouvia em sua cabeça Harry dizer que o odiava. Por que ainda assim ele continuava pensando em Harry Potter? O que era aquela obsessão que o fazia ainda querer vê-lo? Estava louco em aceitar as afrontas de seu inimigo?
Inimigo?
A lembrança daquela noite voltou estranhamente aos seus pensamentos. A lembrança da vez em que vira pela primeira vez Weasley e Potter, sem saber que eram espionados, intimamente se tocando...
Os olhos de Potter...
Por que não esquecia daqueles olhos que mantinham-se firmemente fechados quando eram beijados por Weasley como se estivessem sonhando com algo repleto de ternura. Um rubor estava em suas faces pálidas e seu sorriso era diferente das vezes em que ele vencia no Quadribol ou de quando sua Casa vencia os campeonatos...
Era um sorriso contido, tímido, mas com uma profundidade que para Draco era absurdamente nova e encantadoramente interessante...
Ainda agora, com seu coração partido, Draco poderia beijar Potter se ele lá estivesse. Por que essa idéia não conseguia sair de sua cabeça...?
Draco caminhava aos poucos. Aproximara-se do lago congelado onde um pálido reflexo seu era visto. Ajoelhou-se, mirando-se na imagem distorcida. A voz que falava em sua mente, a qual era a única que não conseguia afastar quando queria, murmurou trêmula pela friagem.
"Está ficando perigoso... Está perdendo o controle, Draco... Como você se sente...?"
Uma brisa mais fria soprou por seu rosto e o garoto sentiu por um momento como se ele estivesse sendo cortado.
"Estou vivo..."
"Esqueça-o de uma vez por todas..."
"Ele disse que me odeia e... sente náuseas quando está ao meu lado. Ele sente nojo de mim... Por que ele não pode ser como os outros... Por que meu coração está doendo tanto?"
Neste momento, Draco sufocou um soluço com as mãos e chorou com abandono. Os alunos da Lufa- Lufa interromperam a brincadeira e o olharam com preocupação quando viram-no naquele estado tão frágil. Porém, ninguém ousou se aproximar do desprezível Draco Malfoy e nem do gelo intimidador.
Suas lágrimas alcançaram o lago que permaneceria ainda por uma estação inteira frio, distante e melancolicamente solitário.
