Capítulo 4 – Combatentes dos Crimes de Sádicos Mal Amados

Eu não sei nem por onde começar. Provavelmente porque eu não sei o motivo que me levou a começar. Quem sabe, porque já não faço isso há tempo, um mês para ser exata. Eu senti muita falta de escrever nesse diário, foi quase como se eu tivesse parado de respirar por um mês. Mas eu não deixaria isso acontecer, se não estivesse realmente ocupada. Ai meu Deus, porque eu fui concordar em entrar naquilo? Agora, as coisas só tendem a piorar, e piorar. Em vinte dias chega o natal, eu espero que pelo menos nesse período haja um recesso. Eu acho que Kevin Mornic está vendo o céu nascer encaveirado, e serpeitinado de mais ultimamente.

Muitas manchetes vieram e foram, e a cada uma um número diferente de mortes apareceu. Nomes, vidas, famílias, pessoas diferentes. E finalmente, as pessoas perceberam, os sádicos em questão são do grupo que acreditam em uma raça superior, os sangue-puro, típicos sonserinos. Eles me parecem bem transtornados...

Eu tenho que confessar. Eu estou com medo. Eu gostaria de conseguir rir como o Tiago, sorrir como e com ele. E mesmo que eu não consiga, eu me sinto reconfortada por ter um sol que dissipa as minhas nuvens. Eu sei que ele também está com medo, mas ele ri e faz o mundo parecer divertido. Eu acho que só estou sentido falta de conversas irritantes no salão comunal, e cafés da manhã especiais.

Tudo começou quando Agatha finalizou o relatório parcial dos acontecimentos. Foi muito incrível a rapidez com que ela fez isso. Ela passou a noite inteira revirando celulose em estado de desintegração. Depois disso, aquele mesmo grupo de sempre começou a discutir de uma maneira frenética, tentando antecipar informações. Nós levantávamos quatrocentos mil tipos de possibilidades para cada situação. Eu estava ficando louca. O problema é que somos grifinórios, e grifinórios pensam de mais no que não deveriam, acham mais do que lhes é permitido, falam mais do que devem, e fazem mais do que o prudente.

"Eles tem até agora cinco integrantes que já foram apresentados para o mundo.". Agatha tratou de informar o que sabia dos tais comensais.

"Sim.". Sirius respondeu irritado. Acho que ele esperava que ela fosse falar, e continuar falando ininterruptamente. "E quem são?".

"Eu não sei. Mas comparando os atentados, as atitudes dos comensais, me parece o mesmo grupo. Um cria uma distração para os donos do lugar; outro abre espaço, e se certifica que o 'caminho está livre'; outra pessoa permanece na porta vigiando; e os que sobraram fazem o trabalho sujo propriamente dito. E, ao que me parece, a pessoa que conjura a marca é uma mulher. Em um dos relatos das vítimas, um senhor afirma ter escutado a frase: 'Só falta ela conjurar a marca.'.

"Eu já sei.". Tiago se pronunciou brilhantemente. "A mulher me parece totalmente mal amada.". Isso não é comentário que se faça! Mas Sirius o achou completamente lógico, e apoiou sem pestanejar. Remo riu quando Agatha comentou que a vida amorosa da tal comensal não estava em pauta. Pedro não se manifestou, ele parecia extremamente assustado.

"Tiago, mal amada ou não, essa senhora continua sendo uma sádica terrorista.".

"Você não é muito amiga da sua classe, Lily.". Ele disse meio rindo, meio segurando o riso.

"Tiago Potter, repita isso, e você verá o que lhe acontecerá!". Eu respondi totalmente irritada. Porque Tiago sempre tinha que transformar uma discussão séria em motivo de risada?

"Você...não...é". Marotamente ele começou a repetir a frase, parando apenas para observar a minha reação. Eu cerrei os olhos, e fechei os punhos. "O que você vai fazer, Lily? Atentar contra a minha vida, ou coisa do tipo? Mas se você fizer isso, como você vai viver sem a minha magnífica pessoa?". Ele respondeu rindo da minha falta de atitude. A verdade é que eu apenas o havia ameaçado. Eu não tinha nenhuma reação programada. Ele começou a rir mais e mais quando percebeu que eu só estava blefando, e apesar daquela risada infernalmente contagiante já estar querendo me levar para o mau caminho, eu consegui me conter e clamar para que algum dos meus órgãos traidores tomasse a dianteira. Mas eles são traidores, eles não funcionam quando deveriam, e tomam atitudes quando deveriam ficar bem quietinhos em seus cantos. Eu bufei, e cruzei os braços. Tiago parou de rir, e sorriu daquele jeito. Mais, foi como se ele estivesse falando coisas lindas para mim, daquelas que derreteriam até o coração da comensal mal amada. E eu queria ter conseguido ficar brava, mas o máximo que eu consegui foi rir contrariada por ter rido, e falar que ele era um completo besta. Como eu sou inútil!

"Lily, não adianta insistir. Você não consegue ficar brava comigo. Você me ama!". Eu queria tanto matar ele naquele momento. Porque, então, eu acabei o beijando? (Na verdade, ele me atacou). Mas porque, porque, PORQUE?

"Eu não vou assistir a essa cena deprimente nem mais um minuto. Vocês dois querem para com isso? Nós estamos em uma discussão séria aqui!". Sirius se pronunciou fazendo caras e bocas extremamente difíceis de se descrever.

"Pela primeira vez, eu tenho que concordar com o Sirius.". Agatha falou. Ela estava totalmente sem graça, o que eu foi muito engraçado. Remo olhou para ela e fez sinal de concordância. Eu já estava pronta para murmurar um desculpa quando ouvi a risada de Tiago ecoando no salão comunal (Novidade! Juro esse salão deve estar tão impregnado dessa risada, que daqui a vinte anos ela ainda poderá ser ouvida. Se tornará um salão mal assombrado. Culpa de quem? Tiago.). Sirius revirou os olhos, e Agatha recomeçou a falar.

"Independente da vida amorosa da tal comensal, ela e os outros, hum, companheiros estão causando um grande mal. E apesar de todo o meu cérebro estar me dizendo para não fazer nada, eu realmente acho que devemos fazer alguma coisa, qualquer coisa.".

"E pelo jeito que você está falando. Você já tem um plano.". Remo concluiu cheio de preocupação. Eu acho que ele está meio acostumado com esse tipo de situação. Os marotos são cheios de planos arriscados. Entretanto, quando a idéia sai da boca da Agatha, a coisa realmente se torna preocupante.

"Sim, e não.". Muito esclarecedor.

"Ah, claro.". Sirius disse totalmente sarcástico. Acho que ele estava mal humorado por não ter conseguido falar com a Belle sobre essa reunião. Ele insistia em dizer que uma corvinal no grupo seria de grande ajuda. Eu não duvido.

"Eu acho que temos que começar a investigar em Hogwarts. Entre os alunos, mais especificamente.".

"E como você pretende fazer isso?". Eu perguntei.

"Eu acho que os meninos deveriam ficar longe da Sonserina, mas eu e você poderíamos tentar algumas amizades por lá. Remo poderia pegar a Lufa-lufa. Eu não tenho dúvida que ele se daria muito bem com as pessoas de lá. O Sirius ficaria com a Corvinal, e contando com a ajuda da Belle, meio caminho já estaria andado. E o Tiago ficaria com a Grifinória. Acho que ele sabe o nome de todo mundo nessa casa. E o Pedro poderia ajudar o Tiago.".

"Você está querendo dizer que suspeita da sua própria casa?". Sirius perguntou revoltado.

"Não. Eu estou dizendo que todos, TODOS são suspeitos.".

"Inclusive a sua própria casa. Ora, vamos Agatha, ninguém da Grifinória estaria envolvido nesse tipo de coisa.". A Agatha não respondeu, o que deixou um Sirius com uma cara muito engraçada. Mas eu tenho que concordar. Não acho que grifinórios estariam nesse grupo. De qualquer forma, anos de amizade me ensinaram a não a contrariar. Inexplicavelmente, Tiago começou a rir. Eu não sei da onde ele tira tanto senso de humor.

"Você duas! Tentar amizade com os sonserinos?". Ele ria mais e mais. "Ninguém simplesmente vira amigo de um sonserino. Eles acabam matando vocês antes!". Que graça de pessoa. Nem um pouco pessimista. Eu sinceramente acho que sonserino, mesmo sendo sonserino, é um ser humano capaz de cultivar uma amizade.

"Eu acho completamente possível!". Eu respondi irritada.

"Eu concordo com a Lily". Agatha me apoiou instantaneamente.

"Hum Agatha.". Remo começou cauteloso. "Talvez fosse melhor tentar uma outra tática com os sonserinos. Eles não são muito amigáveis.". Ele tentou esboçar um sorriso no final, mas o olhar de Agatha não foi muito encorajador.

"Eu vou tentar. Lily você está comigo?". Ela perguntou como se estivéssemos em uma espécie de disputa. Todo aquele clima já estava se tornando bizarramente divertido.

"Sem pestanejar.".

"Vocês vão arrumar problemas". Tiago começou com ar de quem entende do que está falando.

"Nós vamos solucionar problemas.". Agatha respondeu rápida.

"Tudo isso por causa de meia dúzia de mal amados.". Sirius revirou os olhos.

"Mal amados, e provavelmente monstros em todos os sentidos da palavra.".

"Tiago, é a primeira vez que eu concordo com você hoje.". Eu disse com ar de falsa surpresa, ele riu. Eu juro que estava fazendo um esforço para não derreter a todo o instante, mas ele podia colaborar, não?

"Eu estou aqui pensando...". Sirius começou completamente sombrio, mas eu devia ter desconfiado de alguma coisa. "Que roupa um comensal da morte usa?".

"Qual é a relevância disso?". Agatha fez uma careta enquanto falava.

"Oras...". Sirius parecia mesmo achar que a roupa dos sádicos era um quesito importantíssimo. "Esses grupo costumam ter uniformes. Eu estou tentando imaginar se eles usam aquelas roupas apertadas". Que pensamento mais aterrorizante!

"E com aquele símbolo simpático...". Tiago completou, piorando ainda mais a figura.

"Você quer dizer aquele collas de ballet?". Eu perguntei.

"O que?". Tiago perguntou.

"Você nunca viram um ballet? Dança, musica clássica!"

"Lily, eu sei o que é ballet!". Tiago respondeu exasperado. "Eu quero dizer..."

"Eu não acho que comensais da morte usariam collas, sainhas e sapatilhas, Lily.". Agatha interrompeu a discussão.

"Saias?". Sirius perguntou.

"Eles são loucos. É bem possível!". Tiago ponderou.

"Não, não é possível. Eles devem usar aquelas capas de frio.". Agatha interrompeu-o com ar de quem queria acabar aquela discussão.

"E quando não está frio?". Sirius desafiou.

"Sempre é frio. Nós estamos na Inglaterra. Quando não está nevando, está chovendo. E quando está chovendo, eles usam capas de chuva e galochas, satisfeito?". É engraçado com alguém que considerava a conversa irrelevante conseguiu participar tão integralmente da discussão.

"Galochas?". Tiago!

"Porque nós estamos discutindo o guarda roupas de maníacos?". Ela perguntou retoricamente.

"Porque o Sirius estava se perguntando o que eles vestem...". Eu ignorei o retoricamente.

"Eu quero dizer, porque nós demos importância a tal pensamento?".

"Hei!". Um protesto. "Eu, tenho realmente um objetivo.". Sirius alegou.

"Qual exatamente?".

"Eu acho que nós deveríamos ter um uniforme. Combatentes dos crimes de sádicos mal amados.". Juro! Eu achei que estava ouvindo errado. Agatha revirou os olhos, e começou a se encaminhar para o dormitório.

"Um nome, pelo menos!". Sirius gritou.

"Nós já temos um.". Ela disse. "Os marotos, mais Lily, mais Agatha. Fim de discussão.". Subiu as escadas.

"Remo.". Sirius começou todo revoltado. "Você não pode dar um jeito nisso?". Ele reivindicou apontando para o lugar onde, segundos antes, Agatha estivera.

Nota da Autora:

- Muito obrigada pelos comentários. Eu fico realmente feliz e surpresa com a quantidade deles. É emocionante saber que as pessoas estão gostando.

- Para quem falou sobre a Lily: Chata é? Tadinha. Mas ela ama o Tiaguito, e ele ama o jeito dela, apesar de tudo.

- Para quem falou que eu devia escrever um livro: huahuahuahua...Deuses!

- Para quem perguntou em que ponto eu terminarei a fic: Bem, eu não vou dizer, né? ;- )

- Se você perguntou alguma coisa e eu não respondi, me desculpe. Pergunte novamente e eu prometo que não vou esquecer.

- Próxima Atualização: Sábado, dia 22 de maio.

Beijokas,

Manza