Capítulo 11 – Legilimência

Não estou brincando! Eu quero todos de volta, e quero agora! Há uma semana as pessoas sumiram, e simplesmente acham que podem continuar desaparecidas por razões desconhecidas.

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Eu vou matar aquele sonserino maldito! Eu vou matar ele mesmo que ele não tenha nada a ver com isso! Ele sabia! Eu não tenho dúvidas de que ele sabia!

Eu não acredito. Eu realmente estou me sentindo mal. Mal. Mal. Mal! Eu não me lembro de já ter me sentindo assim. Impotente. Infeliz. Revoltada. Ilusão pensar que esse tipo de coisa não vai acontecer com você, ou com alguém que você conhece.

E eu não vejo razão. Não há um porque. Há uma vontade indefinível de causar o mal. Há a falta de alguns neurônios essenciais na formação encefálica desses indivíduos. Resta uma sensação inexplicável, e indesejável. Resta tristeza. Quem sabe, uma impotente infelicidade.

Agatha concorda comigo. Ela disse uns bons dez palavrões antes de conseguir ler o Profeta Diário em voz alta – apenas um parágrafo.  E acredite, é realmente chocante que Agatha tenha feito isso. Se eu fosse contar, diria que ela não fala cinco palavrões em um ano.

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Eu estou me perguntando quando ele vai chegar, porque ele vai voltar, não vai? É claro que ele vai voltar...

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Ai meu Deus! Eu acho que me descontrolei um pouco. Tudo bem ameaçar causar mal a uma pessoa, é compreensível quando se está em estado de humor alterado – situação constante se tratando da minha pessoa. Mas, pelos Deuses, eu realmente o mandei para a ala hospitalar. Se Tiago tivesse visto aquilo, acho que teria ficado orgulhoso do meu espírito grifinório. O que eu estou dizendo? Eu danifique a saúde de uma pessoa!

Tiago...Eu queria notícias. Eu queria apenas um olhar. Eu sei que não terei um sorriso

Talvez eu não devesse me sentir tão culpada. Aquele sonserino realmente está envolvido em coisas impróprias a qualquer idade. E eu realmente pensei que ele tivesse alguma espécie de sistema pensante, mas a atitude, e a decisão dele depõe contra.

Eu posso não conhecer absolutamente nada da vida dele, e estar tomando como parâmetro meras pseudoconversas, mas eu tenho a noção de que se tornar um comensal – ou pelo menos pretender fazer isso – não é uma coisa legal! Não é nada bonito! Nada de que alguém possa se orgulhar. Porém, aparentemente, ele não concorda comigo.

"Uma conversa, por favor.". Eu pretendia conseguir não esbarrar com aquele projeto de ser humano, mas quando o vi andando em direção a aula de Transfiguração, "sugeri delicadamente" que gostaria de expor alguns assuntos, e logo o arrastei para algum lugar que pudéssemos esclarecer algumas penumbras de situações.

"Você realmente não sabe se impor, Evans.". Ele respondeu, e eu pude sentir um ar de felicidade rodear o lugar. Eu tentei pensar que essa súbita alegria era por estar ouvindo a minha voz. Seria ainda mais desastroso para ele se aquilo estivesse ligado ao atentado.

"Só responda a uma pergunta. Não quero falar com você mais do que o necessário.". Ele quase riu com esse princípio de escândalo.

"Pois não.". Deboche. Se eu não considerasse a idéia de Snape estar bêbado muito absurda, eu juraria que ele passara a manhã inteira a base de cervejas amantegadas – e convenhamos, ele precisaria de muitas para se alegrar a esse ponto.

"Você sabia do atentado que teria na mansão Potter?". Seca. Ele riu.

"Porque você está me perguntando isso?".

"Não se faça de desentendido. Eu não ligo mais para alguma tentativa insana de estabelecer uma relação amigável. Responda.". Eu apontei a minha varinha para ele, e esperei alguma reação. Mas ela não veio. Nenhuma pista. Nada que pudesse demonstrar aflição, ou qualquer coisa que se sinta quando há uma pessoa furiosa lhe apontando uma arma.

"Era inevitável, Evans. Tivesse sido agora, ou em algumas semanas, era fatal. O Lord não estava muito feliz com o fato dos Potter estarem insistentemente cruzando o caminho dele.".

"Você é nojento.". Eu disse assustada com aquelas minhas palavras venenosas, indiferentes. Ele riu. Pode ter sido impressão, mas aquele foi o choro mais dissimulado que eu já pude identificar. Uma angustia extravasada na forma de riso. "Você não fez nada para impedir. Você sabia que eles iriam sofrer aquele atentado! Você e esse clã louco ao qual você pertence! Chega a ser deprimente.".

"Não fale do que não entende.".

"E você entende?".  Ele preferiu adotar o antigo método de não se pronunciar a respeito, e eu perdi o resto de paciência que ainda preservava.

"Você é a pessoa mais confusa que eu já conheci na minha vida. Peça ajuda alguém, mas eu não tenho mais paciência.".

"Evans, você não sabe o que diz.". Eu não tinha mais estrutura para agüentar aquele diálogo. Eu me pergunto como consegui sustentar aquilo por tanto tempo. Eu decreto o meu fracasso!

Virei-me e comecei a andar meio que correndo para qualquer lugar. O salão comunal, a cozinha, qualquer passagem secreta, e até mesmo a casa da árvore de Tiago seriam melhores do que algum lugar na companhia de Snape.

"Você está ficando igual ao Potte, Evans! Arrogante! Cuidado para não ter o mesmo fim que os pais dele.". Eu ouvi claro como água cristalina. Venenoso como só ele poderia ser. Ao mesmo tempo, o remorso pontuava cada palavra daquela frase.

Minha vista começou a ficar embaçada, e primeira vez desde de todos aqueles acontecimentos relâmpagos, eu parei e chorei. Chorei por não ter percebido como as coisas estavam caóticas. Chorei por ter pensado em coisas tão infantis quando tudo com que eu devia me importar era Tiago. Chorei por ter me dado conta da seriedade da situação.

Depois de algum tempo o meu choro foi dando lugar a uma raiva. Talvez todas aquelas conversas mal acabadas com o Snape tenham desenvolvido em mim uma certa mágoa. Eu simplesmente comecei a expeli-la toda de uma vez, e contrariando a todas as probabilidades, ele não pareceu se alterar. Se isso é uma tática para irritar ainda mais as pessoas, ele definitivamente consegue. Ele simplesmente emudece. Finge não dar importância, e eu sinceramente não me importo se ele dá.

No entanto, o que eu fiz a seguir saiu completamente do controle de qualquer situação. Talvez por ele ter se referido aos Potter de uma maneira tão fria e agressiva, eu realmente tenha tomado as dores da família. Eu simplesmente lancei umas três azarações, que eu nem tinha noção de que conhecia, e de repente me dei conta. Eu era monitora, e eu estava atacando um aluno, mesmo que este fosse um comensal.

Ainda em algum lugar desconhecido, eu ouvi alguém dizendo o meu nome com tamanha severidade que me assustei.

"Evans! Pare com isso!". McGonagol. Se não bastasse eu estar atacando um aluno, eu tinha que ter feito isso praticamente em frete a sala de transfiguração. De uma inteligência impressionante! Eu tenho a sensação de ter visto alguns rosto de alunos chocados. Mas também, quando eles imaginariam que eu, Lílian Evans, faria uma coisa dessas? Aparentemente, não é apenas a Agatha que anda sofrendo a influência dos marotos nesse aspecto.

Eu não dei qualquer tipo de resposta a professora. De qualquer forma, não acho que tive chance de o fazer.  Uma coisa realmente impressionante, e um tanto quanto amedrontadora, aconteceu. Dumbledore apareceu.

Dumbledore! Eu podia ouvir o meu coração bater de uma forma descompassada. Todas as possibilidades de como eu seria expulsa passaram pela minha cabeça, porque certeza eu já tinha.

Ele tomou as rédeas da situação com uma destreza peculiar. Gentilmente solicitou à professora McGonagol que tomasse as providências quanto ao Snape, e assustadoramente pediu-me para o acompanhasse.

Eu tenho que confessar que subi as escadas, e passei pelos corredores olhando todas as paredes com um carinho especial. Quando você acha estar prestes a ser expulso, até aquelas roxas frias, de um marrom nada atraente, lhe parecem obras primas.

Dumbledore passou muito tempo apenas olhando para os objetos de sua sala sem realmente vê-los. Ele estava com um ar melancólico, e eu desconcertada, afinal, eu estava sentada na poltrona da diretoria, olhando aqueles quadros estranhos, que definitivamente estavam retribuindo o meu olhar, e sem realmente saber o que esperar daquela conversa. No entanto, a minha imaginação – e convenhamos, ela é fértil - não poderia ter imaginado o que ele tinha para me dizer.

"Lílian Evans.". Ele falou com um ar pensativo e uma voz rouca. "Eu acho que lhe devo desculpas.". Isso foi de uma sinceridade, que mais do que confusa, me deixou sem palavras. Então, eu simplesmente não respondi. Fiquei com a minha boca semi-aberta e um olhar chocado. Os segundos estalavam com o dobro do volume que costumavam, e nem eu, nem o diretor dizíamos nada. E quando eu já tinha me convencido que aquilo não era normal, e que eu estava novamente sonhando com Dumbledore, ele voltou a falar.

"Lílian...Você sabe o que é Legilimência?".

"Não exatamente.". Incrível, não? Eu consegui articular duas palavras!

"É a habilidade mágica de influir, e até mesmo controlar a mente de outra pessoa.". Ele carregava um ar culpado, e eu um sinal de interrogação estampado na minha testa. Não que eu não tivesse entendido aquela explicação, eu só não compreendia o porque dele estar a me fornecendo.

"Diretor, e porque o Senhor está me dizendo isso?".

"Snape. Eu, ou melhor dizendo, você por meu intermédio usou essa técnica nele.". Do que ele estava falando? Eu, até dois segundo atrás, não sabia nem o que era a tal da Legilimência.

"Eu acho que não entendi.".

"Eu tenho que lhe pedir desculpas. Eu usei Legilimência em você para que pudesse influir em Snape.". Eu comecei a entender e de repente algumas coisas começaram a fazer sentido. Aquele 'É' do Snape sobre os comensais, a minha pergunta sem sentido, as aberturas do Snape. No começo da minha tentativa de relacionamento com aquele ser, eu poderia jurar que ele começaria em terminaria qualquer "diálogo" sem falar.

"Você viu a minha mente?". Eu perguntei incerta se queria a resposta.

"Me desculpe, Lílian.". Sabe, acho que Dumbledore também recebeu algum dos poderes do Tiago. Ficar brava com ele é bem difícil.

"Você está 'vendo' a minha mente agora?". Ele sorriu levemente.

"Não. Eu só usei Legilimência em alguns diálogos que você teve com o Snape. Eu precisava descobrir algumas coisas, e eu sabia que ele poderia 'ajudar'".

"Você sabia...Sobre o Snape.".

"Infelizmente.". Eu não sabia o que falar. Eu estava tão chocada. Eu deveria ter desconfiado que Dumbledore, sendo Dumbledore, estaria cem anos luz a frente do que qualquer tentativa de detetive que eu pudesse ter.

Então, eu simplesmente fiquei calada olhando os objetos excêntricos da diretoria. Quer dizer, quando até o diretor sabe das suas maluquices mentais, alguma reação fica realmente difícil. Eu não sabia o que falar, pensar, e nem sabia se deveria.

Entretanto, eu não fiquei naquela divagação tempo o suficiente para chegar a alguma conclusão. Um barulho incômodo e o aparecimento repentino de quatro pessoas fizeram o meu coração acelerar e a minha voz simplesmente achou conveniente gritar. Juro! Eu berrei na sala de Dumbledore! Acho que até os quadros se assustaram.

Quando eu parei de gritar, e me dei ao trabalho de abrir os meus olhos – eu não sei exatamente como eles se fecharam – eu vi. Os marotos. Pedro, Sirius, Remo, Tiago, e uma chave de portal...

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Nota da Autora:

- Ok, não me matem agora! Eu prometo que resolvo as coisas no próximo capítulo!

- Obrigada Dani! Por aquela ajuda!

Comentários:

- Nhai! Eu nem sei mais como agradecer aos comentários! Obrigadaaaa!

- Chi Dieh, eu fico feliz que você tenha gostado do 'traidora' da Lily, mas eu preferiria que você não a utilizasse, sabe? É porque quando eu criei isso me pareceu uma coisa tão Lily e tão nova. Eu preferiria que não...Mas fica a seu critério. '

- Fernanda Rosadas, paciência menina! Farei o Tiaguito 'cair na real'. Você vai ver...

- Camy Weasley Grint, como assim eu nunca ligo para os seus comentários? Eu amo todos os comentários!

- Riiko, as pessoas realmente querem saber em que ponto a fic acaba! Mas tenham paciência... Eu não vou dizer, porque eu sou muito má! .

- Mione Malfoy, SANTA? Hauhauhauhauhauhau...

- Próxima Atualização, dia 16, quarta-feira.

Beijokas,

Manza