Capítulo 12 – Ele é especial...

O único problema de diários e dias frios são o fato das juntas se mecanizarem substancialmente. Escrever com luva é simplesmente impossível, e escrever sem elas é ter que parar a cada dez minutos para restabelecer os movimentos. Tudo congela. 

Eu estou me sentindo uma própria engrenagem em mau funcionamento. Eu preciso de uma chave de fenda, qualquer coisa que desemperre. As coisas estão me parecendo automáticas, regulares e sistematizadas. Isso é o que eu chamo de fase comedida de relacionamentos. As pessoas não querem falar muito com medo de mexerem em feridas muito recentes. Eu sinceramente tenho receio de rir e estar sendo totalmente inconveniente. Mas Tiago...bem ele está lidando com isso de uma forma inesperada.

Há uma semana o meu cérebro teve que lidar com a frase: "O Ministério da Magia confirma o atentando e as mortes de Christin e Dalton Potter". E temos que concordar que eu não soube lidar muito bem com isso. Azarar o Snape não é uma forma madura de encarar a situação. Mas não é como se eu estivesse sobre condições normais de pressão e temperatura.

Eu tinha brigado com o Tiago. Eu tinha brigado com ele, e o feito sentir-se realmente mal a respeito de si mesmo no momento em que menos precisava de uma crise. E como se isso não bastasse, ele teve que lidar com a morte relâmpaga dos pais. Mas ele é especial...

Ele sorriu para mim quando me viu o encarar totalmente aflita. Todos os quadros estranhos, os objetos mágicos ortodoxos, e o próprio Dumbledore pareciam ter desaparecido de sua própria sala. Tudo se resumia ao Tiago, seu sorriso simples, porém o único que eu vira a um absurdo de tempo (uma semana), e os marotos. Eu não excluo os marotos, porque eles estavam de tal forma sérios que eu me espantei e não pude deixar de nota-los.

Depois deu um tempo que me pareceu bem longo, Dumbledore me salvou da possibilidade de ter que dizer alguma coisa. Quer dizer, o que exatamente eu diria: "Oi?". Não é como se isso fosse algo muito bom a se dizer a alguém que acabou de passar por aquela situação. Eu simplesmente não me sentia capaz de dizer alguma coisa que fizesse a diferença. E não sei se algo realmente faz.

"Garotos. Eu creio que chegaram um pouco antes. Melhor assim. Sirius, Remus, Pedro e Lílian, vocês poderiam me deixar a sós com Tiago?".

E foi o que fizemos. Estacionamos do lado de fora do escritório de Dumbledore, e o nosso propósito era não deixar aquele corredor até Tiago ser liberado. Eu realmente esperei, mas Sirius e Remo acabaram resolvendo tentar um diálogo com suas namoradas. Eles simplesmente esqueceram da Agatha e da Belle. Pedro se dispersou junto com eles. Parecia ter sentido falta da comida de Hogwarts.

Então eu simplesmente me apoiei na escultura estranha que barrava a entrada para o escritório de Dumbledore, e esperei. Esperei pensando no quanto os amigos fazem a diferença, e o quanto Tiago teve o apoio deles – os mesmo que eu chamava de gangue de mal-feitores no começo do ano - nesse momento. E nessa hora um sentimento enorme de culpa caiu sobre os meus ombros. Como se algo me dissesse que eu deveria ter estado com ele. Que não importava se as coisas tivessem acontecido rápido de mais, e as circunstâncias simplesmente tivessem me afastado do núcleo dos acontecimentos. Eu simplesmente deveria ter furtado uma das vassouras da escola e ido para a mansão Potter – mesmo que eu não tenha menor noção de sua localização. E quando eu iria começar com uma lista de penitências mentais, a estátua girou e eu quase beijei o chão do corredor. A propósito, Tiago deve ter se assustado com a visão da minha pessoa cambaleando e fazendo malabarismo nas próprias pernas para não se estabacar. Eu deveria estar a cara de uma pessoa que nunca patinou no gelo em sua primeira tentativa. Ele fez uma espécie de careta e disse:

"Lily?".

"Ah...Oi!". Grande resposta, não? Impressionante! Ele ergueu uma das sobrancelhas, e deu um meio sorriso.

"Oi?". Eu não sei exatamente o que ele quis dizer com isso. Pode parecer uma frase simples. Mas sinceramente? Talvez tenha sido uma pergunta ao meu "Oi", ou um cumprimento incerto dele. E se foi um cumprimento incerto, ele não sabia se queria falar comigo. Eu sei que parece paranóia, mas a minha situação não era confortável.  De qualquer forma, eu ri de mim mesma e o encarei.

Eu juro, JURO que queria que aquele momento explodisse. Eu não queria passar pr aquilo, eu não queria discutir, eu só queria ter tudo como era antes. Mas era exatamente isso que eu não podia ter, porque as coisas simplesmente não eram como antes. É incrível como em uma semana tudo pode acontecer na velocidade da luz, e provocar conseqüências totalmente inesperadas. E como se isso fosse muito justo, você, em tempo recorde, tem que aprender a lidar com essas situações.

Tiago desviou o olhar e colocou as mãos nos bolsos.

"E você como tem passado?". Eu não sei se eu sou a louca, mas essa frase foi esquisita. Como assim 'E você?', eu não me lembro de ter perguntado a ele como ele tinha estado. De qualquer forma, acho que o meu olhar transmitia essa pergunta com uma clareza maior do que qualquer palavra.

"Diferente.". Eu respondi surpresa com a minha capacidade de ter definido aquela fase.

"Eu senti a sua falta.". Ele disse abruptamente, e o meu coração simplesmente pulou para fora do meu corpo, deu duas voltas em toda Hogwarts, e voltou a bater. Eu não me lembro nem de ter conseguido respirar. Quer dizer, a um segundo atrás ele estava me fazendo uma pergunta totalmente 'vamos-falar-alguma-coisa-para-acabar-com-esse-clima', e agora ele mudava o cenário de uma maneira avassaladora. O mais impressionante, o tom de sua voz não mudou. Era como se tudo aquilo fosse muito natural. Eu tenho até medo de imaginar como estava a cabeça de Tiago.

"Eu...". Francamente! Tem horas que eu me irrito com a minha capacidade incrível de articulação. "Oh, eu quase morri sem você aqui.". Existem momentos que um avestruz é tudo que você quer ser na vida. Simplesmente se esconder, não ver. Eu não gosto nem de imaginar a minha cor facial naquela hora. Eu já mencionei os vasos sanguíneos traidores, não?

Eu vi, pelo canto dos olhos – o meu pescoço me salvou de o encarar – um sorriso discreto nos lábios de Tiago. E de repente, ele começou a andar. Eu, apesar de decepcionada por aquela minha frase não ter gerado frutos, o segui. E insuportavelmente, passamos um bom tempo apenas ouvindo o eco de nossos próprios passos.

"Eu sei que não é uma boa hora.". Eu comecei, porque honestamente, alguém tinha que falar alguma coisa. "E eu não queria o lembrar disso, apesar de saber que não é como se você conseguisse tirar os últimos acontecimentos da cabeça, mas eu realmente sinto muito Tiago. E eu sei que você está bravo comigo, mas se tivesse qualquer coisa, qualquer coisa que eu pudesse fazer...". E como se a minha voz traidora não estivesse satisfeita, ela começou a falar, falar, e falar... "Eu sei que não foi nada legal eu ter mentido para você, mas eu realmente não estava fazendo por mal. E, bem, desculpa...".

"Qualquer coisa?". Eu devia inventar um ditado: Uma vez maroto, sempre maroto.

Eu devo ter feito alguma espécie de careta reprimida, – eu não estava em condições de ficar brava com ele – mas o que veio a seguir simplesmente tomou todo o espaço pensante da minha mente.

Tiago simplesmente pegou na minha mão como se aquilo fosse totalmente normal, e como se para me acalmar, fez uma espécie de carinho nela.

Comportamentos plausíveis que eu poderia ter tomado:

- Simplesmente retribuir seria interessante.

- Perguntar se estava tudo bem não seria exatamente horroroso.

Mas o que eu fiz superou. Eu agarrei ele. Não estou brincando. Os meus braços, que eu acho terem vida própria, simplesmente o envolveram num abraço cheio de saudade. Como se toda a angustia dos últimos dias estivesse se revelando. E inesperadamente Tiago me abraçou realmente forte. Como se aquilo fosse exatamente o que ele precisasse.

Depois de uma eternidade ele me encarou cheio de algum sentimento que eu não consegui decifrar, e a minha vista começou a embaçar. Porque é claro que eu não poderia deixar de chorar! Água sempre tem que brotar dos meus olhos nesses momentos. Juro, o meu sistema ocular deve conter alguma válvula estranha que simplesmente surta nessas horas. E ele riu, e soou sincero. 

"Você realmente é confusa, Lily.". Tiago tem uma capacidade única de gerar rupturas de pensamentos no meu cérebro. Eu poderia jurar que, até dois segundos atrás, estivera em alguma constelação multicoloria, brilhante e completamente inebriante. No entanto, voltar a realidade é necessário, e é dessa capacidade que eu estou falando. Longe de tentar explicar a ele alguma das minhas confusões, eu ri. Ri da cara inexplicável dele, e por não saber o que dizer.

"E você é incrível!".

Eu não sei quem ficou mais feliz com essa reconciliação, se eu ou a Agatha. Quando eu contei a ela o que havia acontecido, eu recebi um berro, e um "Graças a Merlin! Não agüentava mais essa sua cara de 'eu quero o Tiago de volta'.". Eu ainda tentei rebater dizendo que não estava fazendo cara nenhuma, mas discutir com a Agatha é realmente uma perda de tempo. Eu simplesmente me vi bombardeada com milhares de argumentos que atestavam positivamente para o lado da cara 'besta' com que eu vinha me apresentando.

Uma semana depois, eu posso dizer que as coisas estão na fase do respirável. Eu venho tentando animar Tiago, e sinceramente, ele deve estar me achando totalmente grudenta...Olha no que as minhas boas intenções resultam...

Após dois dias de uma postura cabisbaixa, eu ataquei o Tiago com batalhão de beijos, e de tão ridícula que foi a cena, ele riu. Eu não estou brincando. Eu chego a revirar os olhos para mim mesma. Onde já se viu atacar o maroto daquela forma? Ele estava todo pensando na vida, e eu entediada de o ver pensar na vida. Foi nessa hora que algo superior se apossou de mim, e eu pulei para cima dele. Deuses, eu não me agüento!

De qualquer forma, os professores estão realmente apertando os alunos do sétimo ano. N.I.E.M's! Eu estou me sentindo espremida, como se cada parte do meu ser estivesse sendo consumida por estudos. O meu caderno pareceu ter se tornado o meu melhor amigo. Juro! Eu estou começando uma relação nova e assustadora com ele. Eu me sinto angustiada só de pensar no montante de coisas que tenho para estudar. E se sentir aflita só de pensar é completamente paranóico. É humanamente impossível estudar tudo. Até o Tiago está batendo ponto na biblioteca E isso é preocupante.

Revolta! Eu acabei de ouvir da Agatha: "Lily, porque você não tenta parar de escrever no diário, e começar a listar os ingredientes de Veritaserum. Expor no diário o seu desespero não vai ajudar os N.I.E.M's a ficarem mais fáceis.".

"Como você sabe que eu estava escrevendo sobre isso?". Eu estava brava. Tudo bem que ela não precisa me ouvir resmungar sobre a falta de sensibilidade com uma alma juvenil, que deveria ter mais tempo para os seus afazeres pessoais – dormir -, e como os N.I.E.M's estavam perdendo a noção de Incrivelmente Exaustivos. Deveriam se Chamar N.M.U.S.H.I.E.M's. Níveis Mega Ultral Super Hiper Incrivelmente Exaustivos da Magia.

"Oras, é só olhar para você. Você tinha que ver a sua cara...". A Agatha e suas teorias de como definir a Lily por suas caras completamente óbvias.

Tiago!!! Me salva?

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Nota da Autora:

- Eu disse que o Tiago ima ficar mais bonzinho. Cute

- Capítulo dedicado à Dani e Ligia (Prão). Obrigada pelo apoio sobre a fic e sobre o capítulo. Adoro MUITO vocês.

- Próxima Atualização: sexta-feira, dia 18. Ahá! Estranho, não? Bem, tem Potter Rio no sábado... Eu estarei no Rio de Janeiro.

- MUITO obrigada por todos os comentários e elogios! Eu vou procurar responder mais a cada atualização.

Raissa, meu desculpe se eu não respondi a sua dúvida antes. De qualquer forma, eu não entendi muito bem o porque da sua pergunta, mas ai vai a resposta. Para eles descobrirem que o Rabicho é um comensal, eles teriam que estar na fase pós-Hogwarts e o atentado aos Potter teria que já ter acontecido. Lembre-se que é um diário, e a Lily é a autora, então mesmo que os Potter viessem a perceber que o Rabicho os traíram, não teria dado tempo da Lily escrever, certo? E mesmo que por algum milagre a Lily tivesse suspeitado e deixado alguma coisa no diário, não teria como mostrar a visão dos outros personagens. Além do mais, a fanfic acaba muito antes disso.

Arwen Liliana Demonangels, fiz ele se entenderem!

Tamy Black, obrigada por ser repetitiva, querida Tamy!

Fairy Darkness, espero que tenha ido bem na sua prova!

Ana Luthor, sempre bem vinda! Obrigada!

Ka, estou trabalhando nessa parte Lily do meu ser. Hauhauhau... Mas é mais revolta do que histerismo. Obrigada pelo seu palpite sobre 'advogada', e não se preocupe, eu não me importo com análises de perfis. Eu acho até muito divertido.  Ah...e obrigada pelos elogios sobre a fic!

Torfithiel, espero que você esteja bem para ler esse atualização. Hum...caps maiores? É difííícil porque é um diário, mas o próximo é o maior da fanfic.

Nostalgi Camp, ow entrevista by review é estranhoooo.

Como vc se sente sendo a autora da fan fiction de maior reviews da atualidade?

Eu sou? O.õ. Acho que receber review é gratificante para qualquer autora (autor). Saber que alguém está lendo já é...saltitante.

Quantos anos vc têm e pretende seguir carreira como escritora?

18. Ser escritora? Er...bem eu vou fazer direito, o que não me impede de escrever (Aliás, me obriga). De qualquer forma, escrever para mim é um hobby, diversão. Pode ser que um dia isso venha a dar frutos, pode ser que eu fique apenas nas minhas produções particulares...

VC conhece pessoalmente todos que lhe mandam reviews?

Não, não, não. Absolutamente! Não sei nem se conheço pessoalmente alguém que me deixa review.

Quantas páginas vc pretende escrever até a conclusão dessa fan fiction?

'Páginas' é uma coisa muito específica, não? Serve capítulos? 17.

Prontinho.

Mione Malfoy, DEUSA?

PatyAnjinha-Malfoy, msn: mandita13msn.com

- Eu procurei responder aos reviews que fizeram perguntas. Me desculpem àqueles que eu não respondi. Eu os li e reli, mas é bem difícil responder a todos! Obrigada mesmo por comentar!

Beijos,

Manza