Título: Diário de Canino
Gênero: Um samba do crioulo doido. Slash/Comédia/Angst/Romance...e, dependendo de como for, Lemon, Lime, coisa e tal...
AN: Hey, quem é morto-vivo sempre aparece, e isso não é exceção pra mim, a completamente/doidamente apaixonada pelo casal Slash mais formosorudo e viciável de HP.(Duuuuh, I wonder who crazy slashy writter is talking about)...Siri/Remy, de volta em novíssima versão, em seu sentido literal. Pra quem leu meu primeiro fanfic dos amadinhos, sabe que eu sou totalmente head-over-heels pra escrever um dá época Marotesca original, os anos dourados, gloriosos dos personagens mais amados por moi(e eu acredito que muitos outros): Aluado, Almofadinhas, Pontas e o nem-tão-amado Rabicho(ainda existem aqueles que gostam de roedores, antes deles matarem os melhores amigos....'''...Anyway, he sucks, i know...) São os meus amados mais especiais, nem preciso dizer que escrever sobre eles é melhor que brigadeiro na panela. Espero que seja divertido pra quem esteja lendo também, de qualquer jeito.
Disclaimer: Eu não possuo Sirius Hiper-Sexy ou Remo, o genro perfeito, o namorado perfeito, o amigo perfeito, o lobisomem perfeito, o humano perfeito, e nem Doido/Atlético/Espirituoso Tiago. Mas se vocês fizerem um abaixo assinado bem expressivo e mandarem pra Titia Rowling com a minha candidatura, aí quem sabe não tem slash e Sirius de volta com a corda toda no próximo livro, huh?piscadela marota
Feedback: Por favor, pessoas! Tenham dó da pobre criatura que tão carinhosamente vos escreve, e concedam um pouco(não estou pedindo muito, só um poooouquinhozinhudicadinhu) de felicidade à ela! Ok? Não se esqueçam, viu? Qualquer coisa tá aceita, é só opinar, sugerir, qualquercoisinha...
Sumário: Ôôôô....Sou terrível nisso, então, leiam e façam o de vocês por que mami aqui não consegue fazer o dela...
Guia Básico: A história está sendo narrada pelo brilhante Sirius Black, o nosso Almofadinhas, pelo ponto de vista dele, então já viu, neh? Eu posso até mudar o narrador para Tiago ou Remo, mas isso depende do lado que o meu cabelo vai estar quando eu acordo. Enquanto nada acontece, a pena está na mão do Siri, ok?
"Perhaps love is like the ocean
Full of conflict, full of pain
Like a fire when it's cold outside
Thunder when it rains
If I should live forever
And all my dreams come true
My memories of love will be of you..."
(John Denver)
Ultimamente ando reparando como o comportamento de uma coruja pode indicar os traços da personalidade do dono em especial. Deturpando aquele ditado trouxa, diga-me quem transporta suas cartas e direi quem és. Tiago, desde a tenra idade cuidava da Medusa, sua coruja protegida e mimada, que, na minha humilde e silenciosa opinião era uma esfera de fogo hiperativa desvairada. Acho que eu não preciso completar relatando como meu amigo se comportava...Somos os Marotos, a elite da escola quando se tratava de pregar peças das mais diversas. E Tiago, inacreditavelmente, parece sempre preparado para atirar as roupas pelo dormitório e ditar as regras pelos corredores, desafiando a ordem normal de todos os acontecimentos. Até mesmo eu, que confesso não ser o tipo de garoto tímido e recluso(um pouco explosivo e infantil, eventualmente), não conseguia compreender de onde saía tanto ânimo para tocar tanta balbúrdia, sete dias por semana, vinte e quatro horas por dia, durante todo o ano (especialmente em Hogwarts, em casa ele se contentava com brincadeiras mais inocentes e menos destruidoras, pobre Sra. Potter...).
Remo, por sua vez, tem coruja mais comportada, elegante e pontual de todo o corujal. Enquanto Medusa arrivava pronta para arrancar a massa cinzenta da primeira cabeça que estivesse á vista, Buda pousava no ombro do dono, um ar de superioridade e leveza, que somente nós, animais por alguns momentos, podíamos observar. Por mais pesada que fosse a entrega ou mais longínquo o endereço, Buda sempre se prontificava a entregar as correspondências por mais que isso custasse. Determinação, responsabilidade, discrição e graça. Essas eram só poucas das grandes qualidades do nosso Aluado (que, como prosseguirei narrando, desejo tão duramente que seja meu, embora não seja uma tarefa tão facilmente executável, como parecia).
Minha coruja, o Elvis, é uma notável exceção. Nunca teve nenhum jeito semelhante com os meus. Tem um quê de egocentrismo, é inexplicavelmente folgado, atrasado nas entregas e por mais incrível que pareça, ainda, nunca admitia sua insignificância e saía voando pelas Torres sem compromisso algum. Francamente, como o animal de uma pessoa tão admirável como eu pode se portar de tal forma? Revoltante.
Rabicho não tinha corujas, o pobre menino. Sua mãe não tivera dinheiro suficiente para envia-lo durante o primeiro ano, e acabou sem ter nenhum animal mágico pra lhe fazer serviços ou companhia. Mas isso não vem ao caso. Naturalmente, não agora.
Nas últimas férias, onde acompanhei os Potter, fomos até os Estados Unidos da América. Apesar de não ter uma população mágica tão expressiva quanto á da Grã-Bretanha, passei ótimos momentos por lá (exceto quando Tiago regredia mentalmente e me obrigava a acordar durante a madrugada para atazanar os vizinhos, o petulante), e como em todas as férias, acabei adquirindo algum hábito do lugar onde fui. Dessa vez, confesso que não foi a melhor das coisas que aconteceu, mas ainda assim, não incomodava a mim, e, sim, definitivamente aos outros. Tiago não ligava para as minhas caixas de cigarros americanos escondidas por todos os bolsos que minhas calças possuíam (mais um motivo para pensar duas vezes quando comprar roupas em Hogsmeade), e, algumas vezes me acompanhava numa tragada. Era a outra pessoa que meu recém adquirido vício incomodava profundamente...
"Almofadinhas, pelo amor do meu aparelho respiratório, tire esse rolo fedorento de dentro da boca..."
Remo, claro, o defensor da saúde, do bem-estar alheio e do aroma aceitável no Salão. Sempre que a oportunidade aparecia, ele ralha a respeito dos cigarros. Mas o que o tolinho não sabe que ele é o motivo central que alimenta o meu pecado do fumo desenfreado. Eu, de fato, não sabia a razão, mas esse rolinho malcheiroso tinha a propriedade peculiar de acabar com a minha ansiedade. Uma tragada, e, eis...A tensão vai embora, entrelaçada com a fumaça que deixa os meus lábios e narinas. Maior problema do que esse, era a obsessão por Remo que me movia desde o segundo ano (dêem crédito á minha força, pois já estamos no sexto ano, e permanecer firme e forte, sem tentar jogar seu melhor amigo na sua própria cama e fazer coisinhas indevidas não é tão simples assim), e vêm me consumindo de dentro pra fora, toda vez que meus olhos batem naquele corpo perfeito, nos lábios rosados e cerrados ou contorcidos num suspiro (ou móveis, quando ele se deita no sofá e recita os versos de vários livros com uma devoção que eu queria que fosse dirigida á mim) nas mechas castanhas que se entrelaçam em ondas e evidenciam os olhos âmbar de Remo, cheios de doçura e graciosidade, o poço de amabilidade que ele é. Eu o quero muito, muito, é impossível medir a intensidade da minha luxúria, do desejo que me corrói.
E o sotaque francês que ele carrega há anos? Oh, não há coisa mais atraente que as palavras pronunciadas por Remo...até mesmo as palavras, ele consegue transforma-la em encantadoras, falando com sutileza e desenvoltura, contudo, capaz de manter todos os olhos grudados em sua boca por bons minutos. Não é como o tipo de pessoa que possui uma voz consideravelmente bonita, e só, ele tem uma espécie de magnetismo, de luminosidade que te faz ansiar pelo som, pela entoação excelente das palavras que só ele sabia compor. Ninguém tem noção de como é difícil suportar todas as férias de verão, todos os dias sem ouvir uma sílaba deixando os lábios do Aluado e ter de se contentar com cartas, é praticamente desesperador.
Merlin, eu sou um caso perdido.
Posso ter metade da população feminina e masculina de Hogwarts e meu alvo é justamente meu lobinho – Digo, meu melhor amigo, respeitável e adorável Remo, aquele que estava sempre ajudando e procurando ajudar mesmo aqueles que não mereciam um somente olhar dos olhos vibrantes e sinceros do meu lobo. E o que mais me amedronta, é que está ocasionalmente rodeado de meninos e meninas, na maldita biblioteca, todos aspirando a sua fragrância máscula e delicada, doce e arrebatadora enquanto se amontoam em cadeiras em torno do meu adorado. Mas sou eu que mais profundamente o conheço (não intimamente do modo que eu tanto ambiciono, infelizmente). Pois aquilo que queremos mais, é sempre mais árduo alcançar, e sou eu que compartilho lembranças, memórias, risadas, lágrimas e tudo mais com ele. Eu, e o Tiago. E o Pedro. Droga, e lá vem o perfurante ciúme novamente. Eu o quero só pra mim, para poder dividir recordações, e outras felicidades sutis com ele, coisas que nenhuma outra pessoa poderá. Se eu ao menos tivesse força suficiente para lhe dizer tudo isso que escrevo com tanta voracidade, mas não, Sirius Black tem seu lado covarde e fraco, e, por instância, tudo fica só na teoria.
Eu preciso desviar meus pensamentos, pois temos de ir até a biblioteca, e já que Remo nos convidou, não tenho porque recusar, tenho?
Numa das cadeiras, envolto por um grupo de colegas, está Rômulo, o irmão caçula de Remo, que acabara de chegar a escola, para seu primeiro ano. Aluado é o tipo de irmão-coruja que se derrete paparicando o mais novo e lhe fazendo todo o tipo de gracejos, se preocupando em excesso e achando que o menino não pode andar com os próprios pés. Se Remo pudesse contornar todo esse carinho e atenção em mim, eu não resmungaria.
"Rômulo, Rômulo, como você está, que nunca fala comigo?" ele pergunta, um tom de indignação na voz. Abraçando o irmão, ele desliza as mãos pelo rosto do menino, em cabelos idênticos aos seus, somente os olhos os diferenciavam."Nós ainda estudamos na mesma casa, Rômulo. Alguma coisa aconteceu? Um Professor? Precisa de ajuda em alguma matéria?...Nãããão, alguém te bateu?! Passe o nome da criatura agora que e..."
"Por Merlin, Remo, não é nada disso!" defendeu-se o menino, sacudindo os ombros do irmão maior, que se ajoelhava á sua frente.
"É, Aluado, você acha que se nada estivesse acontecendo ele não iria nos contar?Diferentemente do irmão, ele nunca nos esconderia absolutamente nada." aproveitei para pousar uma das mãos no ombro de Remo, que ainda tinha uma expressão curiosa para o irmão, que se sentia, no mínimo, encurralado. Remo conseguia ser inegavelmente intimidante quando queria. Rômulo me fitou como se clamasse por socorro desesperadamente. Naquele momento, os achei tão semelhantes e tão imaculados que poderia levá-los embora comigo.
"Não é como se ele fosse se afogar na pia do banheiro, Rem...Pára de ser grilado..."
"Tiago, isso já aconteceu com o Pedrinho, não é um bom exemplo...Sem ofensas, Rabicho." Recebi um olhar tristonho do nosso amigo rechonchudo e descuidado."Além do mais, Remo, ele está estudando com tanto afinco...Você não acha que está sendo inconveniente e atrapalhando o trabalho do seu irmão? Vou contar pra mamãe, Aluado..."
"Muito engraçado, os senhores. Quem vai afogar os dois na pia do banheiro, daqui a pouco, serei eu, com prazer..." rugiu o lobisomem, e deu algumas últimas palavras rápidas com Rômulo em francês, o que me deixou admirado. Nunca havia visto Remo falar tão deliciosamente, eu poderia mordê-lo agora mesmo, e se não meus olhos estão embaçados, Tiago havia percebido isso, pois meu queixo caiu sem que eu mesmo me desse conta. Quando Aluado terminou o sermão lingüístico, Rômulo parecia muito mais rubro e amedrontado que cinco minutos antes. E Remo, com uma fisionomia de grande satisfação própria, saiu da biblioteca com um sorriso orgulhoso.
"Remo, que tipo de crueldade você falou para o garoto? Ele está com uma cara de quem está prestes a pescar a Lula Gigante com uma batata-frita...Oh, você já introduziu a Lula Gigante ao Rômulo?" sussurrou Tiago, visivelmente entusiasmado. Num gesto de repreensão, atirei um tapa na nuca do apanhador. Quando Remo desviava seus olhos alertas, Rômulo fazia mímicas de decapitamento e ânsias de vômito, mas logo parou, pois Remo o observavava por alguns segundos, tirando uma das mechas douradas do rosto e cruzando os braços com um porte fino e decidido. Finalmente havia deixado a biblioteca, deixando Rômulo e os amigos sossegados. Remo emitiu um bocejo que embargou sua voz."Nada de mais, só a velha história do que acontece com quem infringe as regras da escola...Sempre funcionou comigo, até, bem...até eu me convencer do que vocês eram capazes de me persuadir a fazer, eu presumo..." respondeu, com um semblante desapontado consigo mesmo."Remo, você é definitivamente aterrorizante. O pirralho já tem um irmão lobisomem, e você ainda consegue deixa-lo mais temeroso a respeito de coisas que nem sequer existem?...Eu te amo, cara." E seu rosto se partiu num sorriso decididamente safado, que provocou risadas em Remo, que passou os dedos pelos cabelos desgrenhados de Tiago, deixando-os propositalmente ainda mais volumosos.
O ar tépido e ferino que era o ciúme foi percorrendo seu caminho pelo meu corpo, até se alojar permanentemente no meu peito.
Sutilmente, afastei Tiago de Remo, com uma súbita necessidade que meu nome saísse dos lábios de Aluado. Tiago me lançou um olhar desafiador, me examinando com estranheza, mas, sinceramente, não prestei atenção nisso, já que me dirigia somente ao meu lobo."Aluado, já te avisaram da Festa no Salão de hoje? Eu e Pontas estamos providenciando os comes e bebes, e eu consegui um carregamento daquele chocolate com cereja que você tanto comprou no Caldeirão Furado, e que acabou no dia seguinte..." Ah, eu genuinamente sei onde tocar, o que dizer e como me comportar, pois determinantemente o elo fraco de Remo era aquela iguaria que ele tanto idolatrava, e que eu tanto adorava observar quando acabava as barras nas mãos de Remo, e ele lambia os dedos cuidadosamente, sem deixar uma lasca do doce escapar dos lábios famintos...Ah, olha como eu me perco nos devaneios...
"O Chocolate de Cereja? Sirius você é um anjo!"
E lá se vai meu ego, á toda potência e velocidade, atingindo a ponta da Torre mais alta de Hogwarts, sem limites para atingir a próxima galáxia. Imediatamente ele se colou no meu braço, aquele sorriso sedento contorcendo os lábios inocentes dele, sorriso de desejo, um daqueles que era raro ver pintado no rosto de Remo."Você arranjou o do pacote azul ou do vermelho?...Pois o azul tem castanhas com o chocolate, além da cereja...Oh, Deus...Almofadinhas, posso te pedir uma coisa?" olhar magicamente amável e impossível de se renegar ou ao menos ignorar. Desde quando eu era tão fraco para ceder á todas as requisições de Remo? Seguramente, há muito tempo." Certamente, 'Luado, pode atirar...Desde que não tenha nenhuma ligação com pergaminhos quilométricos..." Eu tive a impressão de que Tiago e Pedro estavam seriamente isolados e desconfiados de algo. Remo mostrou-me a língua com displicência."Claro que não, tontão. Você me dá um dos chocolates?" ele juntou as mãos, implorando.
"Tudo bem, mas tem uma condição." Impus, num falso tom de ingenuidade. Ele balançou a cabeça, devota e adoravelmente."E o que é?" indagou, verdadeiramente intrigado."Que você consiga tirar algum da minha boca depois que eu tiver engolido todos..." e desatei correndo para o castelo, descontroladamente, disparando em direção aos dormitórios, minha própria risada ecoando nos meus ouvidos, enquanto o vento açoitava meus cabelos negros em meu rosto. Com um suspiro vitorioso, concluí que Remo estava logo atrás do meu rastro.
"Isso é melhor do que gabaritar Poções..." miou Remo, engolindo o último bombom da caixa, enquanto eu saboreava o meu segundo. Joguei fora o papel enquanto tentava limpar a sujeira na minha camiseta, e Remo tinha o olhar fixo em mim, como se houvesse detectado algo abruptamente interessante em mim. Ah, como eu preciso de um cigarro, maldita hora em que fui comprar um jeans desprovido de bolsos. Merlin, como é brilhante e magnífico aquele olhar dourado grudado em mim, não há sensação que se equipare."Sirius, não se desperdiça chocolate..." ensinou, com a voz apetitosamente séria e compenetrada."Posso?" perguntou, e eu absorto, e apontava diretamente para minhas mãos mergulhadas de restos de chocolate. Sinceramente, Remo parecia tão convicto que nem me dei ao trabalho de compreender ao que ele se referia.
"Huh...ok?"
Imagino como isso deve ter soado estúpido. Entretanto, Remo tomou minha mão com repentina segurança e certeza que não realizei o que estava acontecendo até que senti seus lábios escarlates se fechando no meu indicador e aquela língua úmida, cálida e ligeira levando todos os resquícios de chocolate para sua boca, e ocasionalmente ronronando com um irresistivelmente sedutor "hmmmm" que era canção abençoada aos meus ouvidos. Suponho que nunca tenha chegado tão próximo de uma sucessão de orgasmos quanto neste momento. Nossa mãe. E Remo prosseguia lambiscando, dedo por dedo, por vezes escorregando a língua pelos próprios lábios, ingenuamente, totalmente inconsciente da sexualidade que exalava. Talvez ele fosse tão pueril e divinal que não tinha idéia de que bombardeava minha mente com idéias ardilosas e sobretudo maliciosas. Melhor pra mim, se é que serve de consolo para a minha situação.
"Almofadinhas, eu posso dar uma palavrinha com voc..." Tiago interrompeu, na porta do Salão, uma garrafa de firewhisky segura entre os dedos. Repentinamente, sua boca se contraiu numa forma perfeitamente oval."OH, POR MERLIN!", e usou ambas as mãos para vedar os olhos, o imbecil, assemelhando-se mais á uma criança inexperiente que nunca havia experienciado a visão da própria genitália. Grande inoportuno cabeludo, sempre presente onde deveria estar ausente. Naturalmente, a garrafa de firewhisky se estilhaçou no chão, produzindo um barulho suficientemente alto para afastar Remo de mim, e, angelicalmente, voltar a procurar por mais bombons no que havia restado do pacote. Com ternura, notei que as bochechas rosadas de Aluado estavam manchadas de chocolate e recheio, mas até mesmo melado ele era apresentável e inigualavelmente sublime, uma obra dos céus.
Seriamente tentado a chutar tudo o que visse pela frente, me aproximei de Tiago, que ainda tinha as duas mãos unidas ao rosto, e o carreguei pelo braço até um canto onde não houvesse fofoqueiros á espreita."Pontas, o que você tem na cabeça?!Titica de galinha?!" ele apartou as mãos dos olhos, me encarando duramente, enquanto Pedro chegava ao Salão, com duas garrafas de firewhisky fechadas em suas mãos. Tiago se ofereceu de uma, ainda me furando com as orbes, talvez procurando uma explicação mais profunda até que pudesse explodir em berros intermináveis ou risadas."O que eu tenho na cabeça, Sirius? Certamente um cérebro aparentemente normal que não fica formulando idéias cheias de depravações a respeito do meu melhor amigo! Oh, Merlin, Almofadinhas...O Aluado, eu quase não acreditei..." e começou a rodar nos próprios passos, a voz subitamente mais esganiçada e altiva que a normal, e uma das mãos na testa. Ele parou, inesperadamente, olhando de Pedro para mim."Vem cá, quantos donuts estragados você comeu no café?" eu notei como o olhar de Tiago aparentava dez vezes mais ameaçador quando ele estava tenso, e, surpreendentemente, nenhuma sílaba escapou da minha garganta, me senti estranhamente pego de surpresa, e não havia como coibir a curiosidade ou o estouro de Tiago, afinal, esse era um segredo de anos, e se eu bem o conhecia, conservar segredos ocultos, não era algo que agradava muito Pontas.
"Muito bem, Sirius, foi ótimo enquanto eu não soube. Agora, pode ir desembuchando antes que eu me aborreça e arranje um Veritaserum. E você sabe muito bem do que eu sou capaz..." vociferou, enquanto se servia do firewhisky, os olhos ainda retalhando os meus. Como ele conseguia? Senti-me afogado com a minha própria derrota, suspirei e corri as mãos pelos cabelos nervosamente e emiti um grunhido que me lembrou muito os caninos durante as transformações. "Vamos, Sirius, eu suponho que o Tiago não esteja no humor para esperar você achar as palavras mais devidas..." disse Pedro, sendo agora aquele que se sentia encurralado pelo olhar raivoso de alguém, eu, evidentemente."E eu suponho que seja hora de você achar sua própria ratoeira e guardar as suas palavrinhas irritantes pra você, Pedrinho, meu velho..." cuspi, amarguradamente, e o pequeno animago se encolheu atrás de Tiago, procurando proteção.
Tomei a garrafa que estava nas mãos de Tiago, tão ligeiramente, que nem eu mesmo percebi meu movimento felino. "Espero que não já seja muito cedo para começar a beber. Me dá essa droga logo..." e bebi de um longo gole, esperando que o álcool tivesse o mesmo efeito que a nicotina, me tornar corajoso, confiante e sereno. Foi próximo, mas não exatamente."Muito bem. Vocês pediram, aí vai bomba." Engoli em seco e me descobri inspirando muito mais ar que meus pulmões poderiam suportar e me descobri engasgando e tossindo freneticamente. O olhar inquisidor de Tiago foi um bom remédio, pois as tossidas cessaram instantaneamente."Eu tenho uma queda pelo Aluado, ok? Satisfeitos?!Ainda vão usar o arsenal de torturas?" grunhi, completamente absorto de que estava corando assombrosamente."...Por favor, não deixem de ser meus amigos...?" murmurei, com um aspecto no mínimo humilhado. Tiago imediatamente enroscou um dos braços em torno dos meus ombros, a fim de me encorajar, e Pedro, por sua vez, abriu um sorriso confiante, e foi uma das poucas vezes que descobrira o quão magníficos e indispensáveis meus amigos significavam pra mim."Use os miolos, Almofadinhas. Nem se você fosse o tarado da machadinha nós o renegaríamos como amigo." Não pude deixar de sorrir, Tiago tinha esse dom peculiar sob todos, e isso me incluía."Mas conte a verdade, Siri, o que você tem pelo Aluado não é uma simples queda...Ou meu palpite está errado?" Eu acho que nunca pareci tão atingível e vulnerável. Demos uma rápida espiada dentro da Sala Comunal, onde Remo conversava entusiasmada com o principal alvo de Pontas, Lílian Evans. Ela parecia muito entretida, momentaneamente, nos ângulos do rosto estupendo de Aluado. Qualquer mortal estava suscetível ao feitiço que Remo inconscientemente utilizava e encantava á todos ao seu redor."Não. Não é uma simples queda, ou eu já teria resolvido isso há tempos. Por mais que pareça patético e estupidamente sentimental, eu acho que estou..." eu não acreditava que estava prestes a finalizar a frase que mais temi admitir internamente."Insanamente apaixonado pelo nosso lobo?"
"Bingo."
Foi tudo o que brotou dos meus lábios. Tiago andava admiravelmente perspicaz e observador, para sua própria saúde. Para suportar a aparição de Remo banhado pela luz fraca da lua crescente que encerrava o dia e abria a escuridão da noite, tive de recorrer á mais uma golada espantosamente mais comprida que a primeira.
