Primeiramente eu gostaria de agradecer os review que vocês me mandaram.
Essa é a segunda fic HP que eu escrevo, e a primeira que eu tenho coragem
de publicar. É muito legal saber que alguém curtiu o que eu escrevi.
Segundamente (hehe) eu quero agradecer de novo à Ptyx, minha super beta, que corrigiu minha pontuação (eu juro q não sabia q pontuava tão mal) e me deu toques muito importantes.
É isso ai, meu último capítulo, com quase o dobro do tamanho dos anteriores e com a justificativa para essa fic ser nc17. Espero que tenha se divertido lendo tanto quanto eu me diverti escrevendo, vou tentar agora escrever a historia do Draco e do Harry.....
Um grande abraço Marck Evans
O Mais Improvável
Hogsmead – 10/08/2003
Snape estava mais uma vez sentado na sala de visitas esperando Sirius.
-Pronto, Severus. Podemos ir.
-Você está lindo.
O elogio fez Sirius sorrir. Ele usava vestes cinza-escuro e uma longa capa negra com detalhes em cinza. O chapéu cônico era negro, com detalhe em cinza também. Os anos haviam atenuado, sem no entanto apagar, as marcas deixadas por Azkaban, mas sua expressão arrojada fazia-o parecer um herói de lendas antigas, provado em muitas batalhas. Severus parecia um bruxo saído das histórias medievais. O negro total de suas vestes e capa só era quebrado por alguns detalhes verdes. A convivência com Sirius o tornara menos sisudo, e os traços do rosto, apesar de não tão belos quanto os do amante, eram altivos e atraentes.
-Você está esplêndido, Severus.
-Vamos, então?
-Caminhando para o restaurante?
-Vamos andar um pouco, mas não vamos a nenhum restaurante.
-Ora essa! Quando você disse que íamos sair para jantar, eu achei que íamos àquele restaurante de que você gosta.
-Venha, a caminhada não é longa. Você não vive dizendo que gosta de surpresas?
Realmente, a caminhada não era longa. Snape conduziu Black para Hogwarts.
-Nós vamos jantar com o Professor Dumbledore no nosso aniversário? Severus, isso não é nada interessante.
-Deixe de ser tolo, Sirius, e confie em mim.
Uma vez dentro da propriedade, Snape se dirigiu ao lago e, contornando-o, chegou a uma área protegida de sua margem, onde uma barraca que lembrava uma tenda árabe estava montada. Sirius, que desde que eles haviam se aproximado do lago havia entendido aonde Severus ia, estava calado. Quando chegaram, segurou o namorado pela mão.
-Isso é incrível, Severus.
-Você ainda não viu nada. – Snape irradiava felicidade. – Entre.
Por dentro, a tenta era forrada por um tapete persa. Uma mesa baixa tinha um ceia pronta; uma luz suave e mágica vinha de algum lugar que Sirius não podia determinar. No centro da tenda, uma cama grande e baixa, cheia de almofadas. Havia um cheiro suave de incenso no ar, e uma música começou a tocar baixinho.
Quando eles entraram, Severus parou à porta da tenda apreciando a reação do outro bruxo. Sirius, parado no meio da tenda, se voltou para ele:
-Quando você fez isso, Severus? É fantástico.
-Que bom que gostou. – Severus sorria abertamente. Mesmo para Sirius, um sorriso dele era uma visão rara.
Severus indicou a mesa, cercada de almofadas, onde eles se sentaram para cear.
-Como você explicou para Dumbledore essa tenda no meio do terreno de Hogwarts? Mesmo sendo férias ele deve ter estranhado essa idéia.
-Disse a ele que queríamos acampar. – O brilho divertido nos olhos de Severus aumentou – Acredito que ele saiba exatamente porque esse súbito amor à natureza, mas ele não disse nada.
-Você é muito cara-de-pau, sabia?
-Não mais que você. Talvez até um pouco menos.
Durante a ceia, falaram de tudo e de nada; depois Sirius trouxe Severus para perto dele e se ocupou de beijar o amante, que estava muito feliz aninhado em seus braços.
Severus beijou os lábios do amante e deslizou a mão sobre o peito de Sirius:
– Me responde uma coisa, Sirius.
-O que você quiser – Sirius respondeu, com o nariz no pescoço de Severus. - Oh Merlin, eu adoro seu cheiro.
-E eu gosto que você me fareje Cachorrinho. Mas o que eu quero saber é outra coisa. Sirius, você é feliz?
-Sou. –Os olhos cinzentos do animago se encontraram com os olhos negros de Severus, naquele momento sem o menor vestígio de oclumência. – Nunca fui tão feliz. Apesar de nossas discussões, as de brincadeira e as reais, eu sou imensamente feliz. – Sirius deu um sorriso intrigado. – Por que isso agora?
-Por muito tempo em minha vida eu realmente duvidei da minha capacidade de fazer alguém feliz, ou de ser feliz com alguém. Somos diferentes, Sirius, muito diferentes. Não me lembro de em nenhum momento da minha vida eu ter pensado "É com ele que eu quero viver". Eu nem percebi quando foi que me apaixonei, quando a raiva virou atração. Uma hora eu estava recebendo a notícia da sua morte e dizendo para mim mesmo que era um idiota a menos no mundo, depois eu estava vendo você vivo, e tudo que eu queria era abraçar você. Minha alma estava aquecida ao ver você deitado naquele sofá. Eu sabia que você tinha voltado. Então lutei muito contra o que estava sentindo. Não queria amar você. Mas felizmente perdi. Na noite que você me seguiu até aqui, eu tinha me afastado para pensar. Eu havia decidido que falaria com você, mas estava aterrorizado de medo de fazer isso, nem mesmo sabia como o faria. Por isso me afastei para pensar um pouco e me acalmar. Porque eu o faria de qualquer jeito. – Durante todo o tempo em que falava, a mão de Severus acariciava o rosto de Sirius. Seus olhos pareciam fitar algo distante; então ele voltou a atenção para Sirius e suspirou. – Eu não planejei essa noite para ficar dizendo esse tipo de coisa.
Sirius sabia que era muito difícil para Severus dizer aquilo tudo, aquela era a maior declaração de amor que ele jamais ouviria. Era assim que Severus declarava seu amor e sua confiança, de forma talvez um pouco confusa, mas que fazia total sentido para eles. Era o retrato do longo caminho que os dois haviam percorrido juntos.
-Eu também lutei, Severus. Na realidade, eu me apavorei quando me vi atraído por você.– Sirius beijou o rosto de Severus várias vezes. – Agora sou eu quem quer ouvir. Você é feliz, Severus?
-Imensamente. Loucamente. – Cada palavra de Severus era seguida de um beijo em algum lugar do rosto de Sirius. – Loucamente com certeza, porque ser feliz com um cachorro lambão é coisa de gente insana.
-Cobra peçonhenta – Sirius beijava o pescoço de Severus.
-Pulguento. – Severus beijou o peito de Sirius.
-Corvo. – Sirius mordeu os lábios dele.
-Tarado. – E a risada rara de Severus ecoou na tenda.
-Vem cá. – Sirius se ergueu de súbito e andou para perto da cama.
-Você nunca se cansa? – Ele ia andando devagar na direção de Sirius.
-De você, não. Por quê? Está cansado?
-Pareço cansado? Ou entediado?
-Você parece estar tramando alguma coisa, Severus. – O sorriso malandro de Sirius indicava que ele estava mais do que pronto para qualquer coisa que Severus pensasse.
Severus, que estava quase encostado em Sirius, usou a magia para empurrar o amante suavemente de costas na cama.
-Não sei de onde você tira essas idéias, Black. Eu nunca tramo nada – ele ainda falou antes de se sentar sobre as pernas do namorado e se abaixar para beijar-lhe a boca.
Hogwarts – 10/08/1998
-Hoje faz quarenta e cinco dias.... – E Sirius se desligou do discurso de Dumbledore. Ele não conseguia se concentrar. Mas sabia muito bem o que acontecera há 45 dias. E sabia também o que vinha acontecendo desde então.
Olhou para Harry, sentado do outro lado da mesa, pálido ainda, mas imensamente feliz. O afilhado olhou para ele e sorriu. Sirius sorriu de volta. Ninguém conseguia evitar, sempre havia alguém sorrindo. O alívio levava embora anos de dor, luta e incerteza.
Harry sobrevivera, e Voldemort não. Isso era o que realmente estava na mente das pessoas. Todas as precauções tomadas por Voldemort para evitar a morte haviam sido em vão e ele, por fim, morrera. O mundo bruxo estava em festa. Muitas famílias contavam mortos e feridos graves, mas o mundo bruxo estava em festa.
Sirius correu os olhos pela mesa. Jane e Remus, de mãos dadas, ouviam o discurso de Dumbledore. Ela estava em Hogwarts pela primeira vez, e recebera um feitiço especial para poder ver a escola como realmente era. Rony parecia ter-se recuperado completamente; os cabelos outrora castanhos de Hermione seriam azul- escuros para sempre, efeito colateral da poção de cura que ela tomara, mas combinavam com seus olhos, que agora eram de um azul profundo.
Sua prima Tonks ainda não podia falar. Levaria talvez uns dois anos para que sua fala se normalizasse totalmente, mas Charles, o noivo dela, entendia muito bem sua linguagem de sinais. Arthur e Molly mostravam no rosto sinais da dor que era perder dois filhos em um espaço de tempo tão curto; nas paredes do salão, os retratos sorridentes de Bill e Percy Weasley estavam junto de tantos outros heróis da guerra. "Tantos jovens se foram agora, exatamente como há 17 anos". Apesar da tristeza, Sirius sorriu para os retratos de Lily e James Potter.
Draco estava abraçado a Harry, com a cabeça apoiada no ombro dele, e não parecia prestar a atenção no que o líder da Ordem da Fênix dizia. Sirius ainda tinha viva na memória a expressão desesperada do jovem sonserino quando todos haviam achado que Harry ia morrer também. Se não fosse Draco, talvez Harry realmente não encontrasse motivos para voltar. Mas não fora apenas por Draco, fora por todos eles, os amigos que tinham se tornado a sua família, que Harry voltara.
Gina Weasley, sentada junto aos gêmeos, era só sorrisos, e Sirius podia apostar que os três tramavam alguma coisa. Vendo-os assim era difícil imaginar o quanto eles haviam sido fundamentais nas batalhas e o quanto a jovem bruxinha era poderosa. Neville estava sentado debaixo do retrato dos pais dele, um retrato antigo onde Frank e Alice pareciam a imagem do casal feliz.
McGonagall se aposentara. Tudo o que ela passara no final da guerra a forçara a isso, mas a antiga mestra, que continuaria como consultora da escola, estava no banquete, e Sirius tinha certeza de que ela se manteria bastante ocupada.
Então o olhar dele pousou no novo vice-diretor de Hogwarts, e seu coração acelerou o ritmo.
Todos os dias, desde a derrota de Voldemort, Sirius fazia três coisas. A primeira: agradecia aos céus por Severus ter sobrevivido. Entendia a dor que se apossara de Draco, porque por dois intermináveis dias Severus estivera desaparecido, e todos o acreditavam morto. Conseguira voltar, ferido, fraco, mas vivo. A segunda coisa que fazia era prometer a si mesmo que falaria com Snape, que se arriscaria e diria a ele tudo o que sentia. E, na hora de dormir, invariavelmente, fazia uma terceira coisa: xingava-se de covarde e fraco por não ter falado ainda.
Os aplausos indicavam o final do discurso. E o banquete começou. Era uma festa para os membros da Ordem; as comemorações oficiais ainda eram feitas de tempos em tempos, mas naquele dia Dumbledore reunira os que haviam lutado juntos. Ele providenciara uma mesa redonda, com a do rei Arthur das histórias antigas.
Depois de algum tempo, as pessoas começaram a trocar de lugar, se aproximando dos que não viam há algum tempo para falar com os amigos. E foi Hagrid que veio se sentar ao lado de Sirius.
-E então, Sirius, agora que já pode mostrar a cara por aí, qual o primeiro lugar aonde você quer ir? – Peter Pettigrew fora preso e interrogado sob efeito do Veritaserum; Sirius era enfim um homem livre.
-Já fui. Fui ao Três Vassouras, Hagrid. Em parte para pagar a Rosmerta a comida que roubei de lá nos últimos tempos, e em parte para rir com ela e tomar uma cerveja na frente de todos.
-Não houve problemas? Houve?
-Não, passei de monstro assassino a herói popular com uma notícia do Profeta Diário. – Sirius se referia à cobertura da historia de Rabicho pelo jornal.
No final do banquete, os mais jovens iniciaram um baile, e Sirius, sem vontade de dançar, se refugiou em uma das janelas do salão. Harry e Draco vieram lhe fazer companhia.
-Se escondendo pelos cantos, Sirius?
-Velhos hábitos, Draco.
Depois de alguns minutos de uma conversa que não levava a nada, Draco pediu licença. Era óbvio que ele e Harry tinham combinado algo.
-Sabe o que me impressiona, Sirius? A quantidade de casais que têm se formado entre as pessoas mais próximas de nós.
"Onde Harry quer chegar com isso? Oh não! Ele sabe".
-Acho que é a proximidade da morte que faz isso, Harry.
-Talvez. O que eu sei é que o dia em que precisei de mais coragem na minha vida foi quando fui atrás do Draco na torre de astronomia. – Harry deu um pequeno sorriso com a lembrança. – Sabe, ele costumava se refugiar lá para ficar sozinho. Fazia tempo que eu estava vigiando ele pelo Mapa do Maroto. Eu tinha medo por ele. Medo da vingança do pai dele, ou de que alguém que não gostasse de Lucius o atacasse pensando... sei lá, ferir Lucius por meio de Draco. Eu ficava vendo ele lá sozinho e tudo que eu queria era correr para lá e cuidar dele, dizer tudo o que eu sentia, tocar nele.
Sirius estava surpreso. Harry nunca fora muito dado a confidências e agora estava abrindo a alma para ele.
-Então um dia eu fui. Nunca precisei de tanta coragem na minha vida como para sair do salão da Grifinória, atravessar o castelo, ir até a torre e encarar Draco. Eu não me lembro o que falei, só me lembro do medo de que ele dissesse não e risse de mim, eu achava que isso iria me matar. E do medo maior ainda de que ele dissesse sim, e aí eu não sabia o que poderia acontecer. Eu achava que perderia o controle da minha vida. Além de tudo, tinha a complicação de nós dois sermos homens. Eu fui criado entre trouxas, e você sabe que os trouxas pensam muito diferente da gente nesse lance de amor entre pessoas do mesmo sexo.
-Eu sei. Deve ter sido difícil para você encarar isso.
-Foi difícil, sim. Foi difícil explicar isso pro Draco também. Ele não entende muita coisa de trouxas. Mas o que eu quero falar com você não é isso. Eu quero contar é o que senti quando terminei de falar, antes mesmo de Draco responder. Eu senti minha alma leve, me senti inteiro, Sirius. Você entende o que eu quero dizer. Eu soube que conseguiria lidar com o que viesse. E me senti pronto para lutar pelo Draco também. Felizmente, não foi necessário. Draco disse sim e, ao invés de perder o controle da minha vida, eu me senti melhor dentro da minha própria pele – Harry concluiu com um sorriso alegre.
Sirius ficou olhando para Harry. Seu afilhado era um grande homem, sem sombra de dúvida. Ao invés de ele aconselhar Harry, era Harry quem o estava aconselhando.
Ainda sem saber o que dizer ou fazer em seguida, Sirius viu Draco, que se aproximara sem que ele percebesse, lhe estendendo um pergaminho. Era o Mapa do Maroto, e Draco estava lhe mostrando um pontinho "Severus Snape" se afastando do castelo e se dirigindo para a beira do lago.
Pela primeira vez em quase 18 anos, Sirius deu o sorriso que derretera tantos corações em Hogwarts. Olhou para os retratos de Lily e James:
-Vocês iam rir muito disso, especialmente você, Pontas.
Pegou o mapa da mão do Draco e pediu aos garotos:
– Não deixem ninguém vir atrás de mim, não pretendo voltar tão cedo.
Saiu do salão o mais discretamente que conseguiu, mas foi acompanhado pelo sorriso de Remus e pelo olhar cintilante de Dumbledore.
Sirius se afastava rapidamente do castelo. Assumira a forma canina porque assim corria mais. Só foi alcançar Severus quando este já tinha contornado boa parte do lago e se refugiado numa clareira às suas margens, de onde não podia ver o castelo nem dele ser visto.
Apesar do andar normalmente silencioso que tinha quando na forma de cão, Sirius deve ter feito algum barulho, pois Severus se voltou quando ele chegou na beirada da clareira. Sob o olhar intrigado de Severus, Sirius se aproximou e apoiou as patas dianteiras no ombro de Snape. Voltou à forma humana segurando o professor de poções pelo ombro e com os olhos fixos nos dele.
-Preciso falar com você, Severus.
-Aconteceu algo no castelo? Dumbledore...
-Não. – Sirius interrompeu, tentando encontrar a forma certa de dizer. – Está tudo bem. Sou eu quem precisa falar com você.
Sirius o soltou e andou agitado na clareira. "Merda! Como se diz para um sujeito com que você brigou a vida toda que está apaixonado por ele?".
-Sirius, você parece um cachorro perseguindo o próprio rabo. Fique quieto e me diga o que você quer.
-Perseguir meu próprio rabo pode ser divertido, e eu não estou me divertindo agora. – Sirius respirou fundo. – Droga. Eu não sei por onde começar.
-Você está me deixando preocupado. Aconteceu algo, Sirius? – Severus parou na frente de Sirius, forçando-o a ficar quieto e olhar para ele.
-Eu sou péssimo com palavras. Ok. Sem enrolação. Uma demonstração prática.
Talvez fossem os 12 anos em Azkaban; talvez Sirius nunca tivesse tido realmente juízo; talvez alguma coisa houvesse se desarranjado no cérebro dele quando caíra através do véu da morte. Ou talvez fosse realmente muito difícil para ele dizer algo que não conseguia ainda entender.
Sirius puxou o rosto de Severus para junto do seu e o beijou. Simplesmente beijou. Sem dar tempo de Snape pensar ou reagir, colou os lábios nos de Severus e tentou expressar por meio de um beijo toda a paixão que estava sentindo.
Preparou-se para ser empurrado, amaldiçoado, ameaçado de morte. Preparou-se para ter de lidar com um Snape furioso e pronto para arrasá-lo. Mas Severus passou os braços pelas costas de Sirius e o trouxe mais para perto enquanto entreabria os lábios para receber a língua exigente do animago.
O beijo se aprofundou. Ser correspondido daquela forma enlouquecia Sirius. Era como se a paixão de um ampliasse o que o outro sentia. Todo o tempo que eles haviam se contido explodia naquele beijo, jogando por terra qualquer reserva que um deles pudesse ter.
Quando se afastaram, Sirius encarou os olhos de Severus, e os viu pela primeira vez totalmente livres da oclumencia. A expressão era inconfundível. Paixão. De uma intensidade que causava vertigem em Sirius, e o fazia querer mergulhar ainda mais fundo na alma daquele homem.
-O que você tinha para me dizer, Sirius? – A voz de Severus era baixa, rouca e tão sensual que parecia incendiar a coluna de Sirius.
-Que eu enlouqueci de vez. Que não tem mais cura. Eu me apaixonei por você. O próximo passo é o Saint Mungo – Sirius respondeu, roçando os lábios no pescoço de Severus.
-Eu sei como é. Padeço do mesmo mal. Acredito que devo pedir que nos coloquem no mesmo quarto. – Severus encostou os lábios na boca de Sirius e colou o corpo no dele. – Isso não tem cura.
-Me trancar no mesmo quarto que você é exatamente o que eu tenho em mente. – Através das vestes, eles sentiam o roçar dos seus membros excitados.
Snape se limitou a beijá-lo, invadindo sua boca e acariciando seu corpo.
Já próximo de um descontrole total, Severus se afastou um pouco, sem, no entanto, sair dos braços de Sirius.
-Nunca o Castelo me pareceu tão longe. – Ele inclinou a cabeça para trás buscando ar.
-Por que você quer ir para o Castelo? Precisa falar com alguém logo agora? –A fingida inocência de Sirius não convenceria ninguém.
-Pretendia trancar você em um quarto para chamar os curandeiros.
-Hummmm. Claro. E nos encontrarmos com um bando de gente que vai querer falar conosco. Eu não estou em condições de bater papo com Dumbledore. – Sirius puxou o quadril de Severus de encontro ao seu. – E nem você.
-E você tem uma idéia melhor? – Severus conseguira desabotoar os dois botões superiores das vestes de Sirius e se dedicava a explorar com a língua a pele que ele desnudara.
-Isso é bom. Isso é muito bom – Estava complicado manter a concentração desse jeito. – Eu tenho uma idéia, sim. Ai! Você me mordeu.
-Doeu?
-Você está mordendo um cachorro, Severus. Depois agüente as consequências. Me deixe concentrar.
Apontando a varinha para o meio da clareira, Black criou uma tenda, cuja única entrada estava voltada para o leste, para o lago. Sirius puxou Severus para dentro.
-Se conseguisse me concentrar faria algo mais sofisticado, mas minha mente está em outro lugar.
Por dentro, a tenda era forrada por um tapete vermelho. Em um canto, havia um ninho de almofadas vermelhas e douradas. As paredes seguiam o mesmo padrão.
-Grifinória demais. – E sem descolar os lábios dos de Sirius, Severus tornou as paredes verdes e substituiu as almofadas douradas por outras da mesma cor. – Bem melhor.
-Eu vou te mostrar o que é bem melhor. – Usando a varinha, Sirius fez a capa de Severus escorregar lentamente até o chão, e enfeitiçou os botões da veste do outro bruxo para irem abrindo devagarzinho.
Sirius beijava o peito de Severus à medida que ele ia sendo desnudado. Sentir-se ser despido daquele jeito era maravilhoso. Severus apontou a varinha para os pés de ambos e os deixou descalços, depois usou as mãos para soltar a capa de Sirius. Tirou os braços das mangas das vestes, deixando-a escorregar para o chão em companhia das capas. Sentia as mãos habilidosas de Sirius percorrendo-lhe as costas e puxando-o mais para perto, conduzindo-o para as almofadas. Quando seus pés tocaram a primeira almofada, Severus fez um feitiço que deixou Sirius completamente nu. Girando o corpo, deitou Black nas almofadas e despindo a cueca se colocou por cima dele.
Severus usou os lábios, a língua, as mãos para enlouquecer Sirius. Ele ia percorrendo o caminho do rosto do animago até sua mais que evidente ereção. Quando a boca de Severus tocou pela primeira vez o membro rígido de Sirius, este se rendeu totalmente. A sensação de prazer que ele há muito não experimentava o subjugou. Os gemidos roucos dele estimulavam Severus a levá- lo ainda mais longe. Sirius sentiu os dedos de Severus o preparando para ser penetrado e abriu as pernas para lhe dar maior acesso. Com a boca, Severus se dedicava a enlouquecer Sirius, usava a língua e os lábios pelo corpo do amante. Pequenas mordidas provocavam gemidos excitados do animago. Então Severus se concentrou em lamber e sugar o membro ereto de Sirius, enquanto o penetrava com os dedos, arrancando gritos roucos de prazer dos lábios do amante.
O cheiro, os gemidos e o gosto de Sirius ameaçavam o controle de Severus, mas ele queria primeiro proporcionar prazer a Sirius. O animago contorcia- se sob a intensidade do que sentia, todo seu corpo pulsava; ele mergulhou em um mundo de sensações até explodir num orgasmo avassalador, gemendo o nome do amante. Ainda trêmulo e sentindo no corpo as descargas de energia, Sirius puxou Severus para cima dele. Podia sentir o gosto do próprio gozo nos lábios dele. Precisava desesperadamente beijar aquele homem.
-Eu quero você, Sirius – Severus murmurou contra os lábios dele. – Eu quero você agora.
Sirius envolveu o quadril do amante com as pernas enquanto era beijado por ele, e chamou baixinho:
-Vem. Sou seu todo seu.
Severus tentou manter o controle enquanto penetrava Sirius. A princípio lenta e suavemente; no entanto, a medida que a expressão de entrega mesclada a prazer e dor que ele via no rosto do animago o enlouquecia, passou a penetrá-lo com mais força.
Severus sentiu as unhas de Sirius em suas costas; os arranhões deixariam marcas, mas no momento só o excitavam mais. Sirius puxou a cabeça de Severus e mordeu seus lábios, o gosto de sangue excitando ainda mais o professor.
Naquele transe de prazer em que Severus mergulhou, ele estava sensível a tudo, ao cheiro de Sirius, ao gosto do suor dele e à expressão do rosto do animago, que passava de uma submissão suave quando gemia diante das estocadas de Severus a um desejo selvagem que fazia Sirius gemer, pedir mais e beijar o amante de forma insana. Sentindo Severus próximo ao clímax, Sirius murmurou ao seu ouvido:
-Eu sonhei com isso por muito tempo. Sou seu, Severus, completamente seu. Você é meu amor, minha paixão. Ah....Merlin! isso é .... ah.... perfeito!
A respiração entrecortada do amante, somada a sua voz rouca e ao que ele dizia, levaram Severus a explodir de prazer, tal como Sirius um pouco antes, sem controle, sem limites, em uma entrega total, para depois cair arfante nos braços do animago.
Sirius estava recostado nas almofadas da cama com Severus aninhado no seu peito. Um silêncio confortável caíra sobre a tenda, até que Severus olhou para Sirius e falou:
-Vai ser uma confusão dos diabos de agora para frente.
-No que você está pensando? Na reação das pessoas? Ou em ter de se relacionar comigo? – Enquanto falava, Sirius acariciava o rosto e os cabelos de Severus.
-Eu estava pensando só em nós dois. Mas acho que as pessoas também vão se espantar.
-Remus sabe.
-Você disse a ele?
-Não. Ele percebeu e me confrontou. Chamou-me de covarde, na realidade. Draco e Harry também sabem.
-Fomos os últimos a perceber, Sirius?
-Eu sei disso há muito tempo. Remus tinha razão: eu estava com medo.
-Medo de mim, Black? – Snape simulou seu olhar frio e seu ar mais arrogante.
-Medo de mim, seu tolo. – Sirius puxou o amante mais para perto – Medo de me perder nos seus olhos para sempre. Mas exatamente o que eu quero agora. Perder-me nos seus olhos.
-Não sou uma pessoa fácil, Sirius. Nem você tampouco.
-Não. Não somos. Mas quem disse que eu gosto do que é fácil?
-Sirius, isso é tão bobo! – Mas Severus não pôde evitar sorrir ao ouvir aquilo. – Sabe, eu nunca quis um bicho de estimação. Acho que agora arrumei um cachorro e uma dor de cabeça ao mesmo tempo.
-Isso não é nada romântico. Vem cá. Vou lhe mostrar o tamanho da sua dor de cabeça, Severus. –Sirius o deitou nas almofadas ficando por cima, e sorriu provocante. – Agora sou eu quem vai sentir o gosto do seu prazer. Você agora é meu, Severus.
Severus segurou o rosto de Sirius:
-Moruame. – Severus abraçou o animago. – Domauame - sussurrou.
-O que isso quer dizer, Severus?
-Meu amor, meu amado.
Sirius fitou Severus com os olhos brilhando de uma emoção que nunca experimentara antes. Ficou parado olhando para Severus, que tinha um ar inseguro, como se temesse que Sirius não gostasse do que ele dissera. Por fim, aproximou os lábios dos do outro bruxo e falou baixinho, só para Severus:
-Isso é romântico, domauame. Isso é lindo, moruame.
Sirius beijou Severus com doçura, que foi lentamente sendo substituída por paixão. Os corpos dos dois já mostravam o quão excitados eles estavam, e Sirius, deitado por cima de Severus, prendeu os braços do amante na cama.
-Você é meu, Severus. – Snape sentia-se derreter diante do olhar possessivo e apaixonado de Sirius.
-Então me toma para você, moruame.
A língua de Sirius desenhou o contorno da boca de Severus, que tentou abraçá-lo, sendo contido pelo animago.
-Quietinho. Agora você vai ficar bem quietinho! – O sorriso provocante de Sirius causou arrepios em Severus.
Sirius beijou os lábios, o pescoço e o peito de Severus. Quando atingiu os mamilos do outro bruxo, ele os sugou, brincou com eles com a ponta da língua e, olhando nos olhos de Severus, mordeu-os, arrancando um gemido rouco do amante
Soltando os braços de Severus, Sirius passou as unhas por seu peito, enquanto abocanhava o membro completamente rígido de Snape.
-Ah, Sirius!
Sirius provocava Severus com a língua e os lábios. Devolvendo o prazer que recebera há pouco, com os dedos ele testava a entradinha de Severus, que gemia e se agarrava com força aos cabelos de Sirius.
Severus gemia descontrolado. Nunca antes se entregara dessa forma à paixão. Sirius sugava o membro de Severus, brincando com a íngua em torno da glande e lambendo toda a extensão do órgão ereto. O animago provocava o amante deixando os dentes rasparem de leve na pele sensível e depois voltando a sugá-lo hora com força, hora gentilmente. Snape gemia o nome de Sirius totalmente entregue ao prazer que o amante lhe proporcionava, e foi com o nome de sirius nos lábios que Severus se entregou a um orgasmo intenso.
Ainda tonto de prazer, sentiu os lábios possessivos de Sirius tomarem os seus, ainda com o gosto de seu gozo neles. A língua exigente de Sirus invadiu sua boca enquanto ele sentia o roçar da ereção do animago na sua barriga.
-Faça comigo o que quiser, Sirius! –Severus abriu os braços e se entregou ao amante de vez.
Sorrindo sedutoramente Sirius o fez virar de lado e o abraçou por trás.
-Você me quer, Severus?
-Quero. Quero muito.
A voz de ambos estava rouca e não era mais que um sussurro.
-Então pede, moruame.
-Me possua, domauame. Torne-me seu.
Sirius não se fez de rogado. Possuiu Severus, contendo-se para não machucá- lo. O cheiro do amante tirava seu equilíbrio e o deixava cheio de um desejo selvagem.
Envolvendo o Severus nos braços, Sirius o penetrava e gemia no seu ouvido. Primeiro gentilmente, quase que com reverencia. Quando sentiu o corpo de Snape se acostumando com o seu ele aumentou gradualmente a força com que possuía o amante.
-Severus.... oh Merlim! Eu estou louco por você!
Ele movia-se dentro de Severus e sentia uma energia e uma paixão totalmente diferente de tudo que experimentara antes; mais intensa, mais real.
Snape virou o rosto para trás, sentindo os movimentos do amante se intensificarem, e beijou os lábios de Sirius.
-Você é minha vida, meu amor – sussurrou, pouco antes de sentir Sirius se entregar ao prazer.
Ainda tremendo pelo êxtase compartilhado, Sirius fez Severus se virar de frente para ele e, envolvendo o quadril do amante com as pernas, beijou-o terna e suavemente.
Quando Severus acordou algum tempo depois, sentiu o peso da cabeça de Sirius em seu ombro. Era uma sensação estranha acordar abraçado a ele. Há muito tempo Snape não acordava abraçado a ninguém. O corpo saciado, a alma em paz; nunca Severus sentira tanta calma ao amanhecer.
Ele se ajeitou na cama, mantendo Sirius junto ao seu corpo, e olhou para a porta da tenda que eles haviam esquecido aberta na noite anterior. O sol começava a nascer. Manteve os olhos no mais suave espetáculo da natureza enquanto acariciava os cabelos do amante adormecido.
Sirius acordou devagar e, seguindo a linha do olhar de Severus, fitou o sol nascente.
-É uma tolice romântica, Severus. Mas hoje o sol parece nascer só para nós.
Hogwarts – 11/08/2003
Severus estava recostado nas almofadas da cama com Sirius recostado no seu colo. Eles haviam enfeitiçado um prato de frutas para que flutuasse ao alcance das mãos e bebiam o vinho forte, de que ambos gostavam, em taças de cristal. Os corpos exaustos, e ainda letárgicos pelo prazer que haviam se dado, eles se dedicavam a trocar caricias e a conversar. Lentamente eles escorregaram para o sono, se aninhando um nos braços do outro.
Severus acordou junto com o nascer do sol, não se deu ao trabalho de acordar Sirius; limitou-se a ver seu espetáculo favorito e voltou a dormir nos braços do inesperado amor da sua vida.
Segundamente (hehe) eu quero agradecer de novo à Ptyx, minha super beta, que corrigiu minha pontuação (eu juro q não sabia q pontuava tão mal) e me deu toques muito importantes.
É isso ai, meu último capítulo, com quase o dobro do tamanho dos anteriores e com a justificativa para essa fic ser nc17. Espero que tenha se divertido lendo tanto quanto eu me diverti escrevendo, vou tentar agora escrever a historia do Draco e do Harry.....
Um grande abraço Marck Evans
O Mais Improvável
Hogsmead – 10/08/2003
Snape estava mais uma vez sentado na sala de visitas esperando Sirius.
-Pronto, Severus. Podemos ir.
-Você está lindo.
O elogio fez Sirius sorrir. Ele usava vestes cinza-escuro e uma longa capa negra com detalhes em cinza. O chapéu cônico era negro, com detalhe em cinza também. Os anos haviam atenuado, sem no entanto apagar, as marcas deixadas por Azkaban, mas sua expressão arrojada fazia-o parecer um herói de lendas antigas, provado em muitas batalhas. Severus parecia um bruxo saído das histórias medievais. O negro total de suas vestes e capa só era quebrado por alguns detalhes verdes. A convivência com Sirius o tornara menos sisudo, e os traços do rosto, apesar de não tão belos quanto os do amante, eram altivos e atraentes.
-Você está esplêndido, Severus.
-Vamos, então?
-Caminhando para o restaurante?
-Vamos andar um pouco, mas não vamos a nenhum restaurante.
-Ora essa! Quando você disse que íamos sair para jantar, eu achei que íamos àquele restaurante de que você gosta.
-Venha, a caminhada não é longa. Você não vive dizendo que gosta de surpresas?
Realmente, a caminhada não era longa. Snape conduziu Black para Hogwarts.
-Nós vamos jantar com o Professor Dumbledore no nosso aniversário? Severus, isso não é nada interessante.
-Deixe de ser tolo, Sirius, e confie em mim.
Uma vez dentro da propriedade, Snape se dirigiu ao lago e, contornando-o, chegou a uma área protegida de sua margem, onde uma barraca que lembrava uma tenda árabe estava montada. Sirius, que desde que eles haviam se aproximado do lago havia entendido aonde Severus ia, estava calado. Quando chegaram, segurou o namorado pela mão.
-Isso é incrível, Severus.
-Você ainda não viu nada. – Snape irradiava felicidade. – Entre.
Por dentro, a tenta era forrada por um tapete persa. Uma mesa baixa tinha um ceia pronta; uma luz suave e mágica vinha de algum lugar que Sirius não podia determinar. No centro da tenda, uma cama grande e baixa, cheia de almofadas. Havia um cheiro suave de incenso no ar, e uma música começou a tocar baixinho.
Quando eles entraram, Severus parou à porta da tenda apreciando a reação do outro bruxo. Sirius, parado no meio da tenda, se voltou para ele:
-Quando você fez isso, Severus? É fantástico.
-Que bom que gostou. – Severus sorria abertamente. Mesmo para Sirius, um sorriso dele era uma visão rara.
Severus indicou a mesa, cercada de almofadas, onde eles se sentaram para cear.
-Como você explicou para Dumbledore essa tenda no meio do terreno de Hogwarts? Mesmo sendo férias ele deve ter estranhado essa idéia.
-Disse a ele que queríamos acampar. – O brilho divertido nos olhos de Severus aumentou – Acredito que ele saiba exatamente porque esse súbito amor à natureza, mas ele não disse nada.
-Você é muito cara-de-pau, sabia?
-Não mais que você. Talvez até um pouco menos.
Durante a ceia, falaram de tudo e de nada; depois Sirius trouxe Severus para perto dele e se ocupou de beijar o amante, que estava muito feliz aninhado em seus braços.
Severus beijou os lábios do amante e deslizou a mão sobre o peito de Sirius:
– Me responde uma coisa, Sirius.
-O que você quiser – Sirius respondeu, com o nariz no pescoço de Severus. - Oh Merlin, eu adoro seu cheiro.
-E eu gosto que você me fareje Cachorrinho. Mas o que eu quero saber é outra coisa. Sirius, você é feliz?
-Sou. –Os olhos cinzentos do animago se encontraram com os olhos negros de Severus, naquele momento sem o menor vestígio de oclumência. – Nunca fui tão feliz. Apesar de nossas discussões, as de brincadeira e as reais, eu sou imensamente feliz. – Sirius deu um sorriso intrigado. – Por que isso agora?
-Por muito tempo em minha vida eu realmente duvidei da minha capacidade de fazer alguém feliz, ou de ser feliz com alguém. Somos diferentes, Sirius, muito diferentes. Não me lembro de em nenhum momento da minha vida eu ter pensado "É com ele que eu quero viver". Eu nem percebi quando foi que me apaixonei, quando a raiva virou atração. Uma hora eu estava recebendo a notícia da sua morte e dizendo para mim mesmo que era um idiota a menos no mundo, depois eu estava vendo você vivo, e tudo que eu queria era abraçar você. Minha alma estava aquecida ao ver você deitado naquele sofá. Eu sabia que você tinha voltado. Então lutei muito contra o que estava sentindo. Não queria amar você. Mas felizmente perdi. Na noite que você me seguiu até aqui, eu tinha me afastado para pensar. Eu havia decidido que falaria com você, mas estava aterrorizado de medo de fazer isso, nem mesmo sabia como o faria. Por isso me afastei para pensar um pouco e me acalmar. Porque eu o faria de qualquer jeito. – Durante todo o tempo em que falava, a mão de Severus acariciava o rosto de Sirius. Seus olhos pareciam fitar algo distante; então ele voltou a atenção para Sirius e suspirou. – Eu não planejei essa noite para ficar dizendo esse tipo de coisa.
Sirius sabia que era muito difícil para Severus dizer aquilo tudo, aquela era a maior declaração de amor que ele jamais ouviria. Era assim que Severus declarava seu amor e sua confiança, de forma talvez um pouco confusa, mas que fazia total sentido para eles. Era o retrato do longo caminho que os dois haviam percorrido juntos.
-Eu também lutei, Severus. Na realidade, eu me apavorei quando me vi atraído por você.– Sirius beijou o rosto de Severus várias vezes. – Agora sou eu quem quer ouvir. Você é feliz, Severus?
-Imensamente. Loucamente. – Cada palavra de Severus era seguida de um beijo em algum lugar do rosto de Sirius. – Loucamente com certeza, porque ser feliz com um cachorro lambão é coisa de gente insana.
-Cobra peçonhenta – Sirius beijava o pescoço de Severus.
-Pulguento. – Severus beijou o peito de Sirius.
-Corvo. – Sirius mordeu os lábios dele.
-Tarado. – E a risada rara de Severus ecoou na tenda.
-Vem cá. – Sirius se ergueu de súbito e andou para perto da cama.
-Você nunca se cansa? – Ele ia andando devagar na direção de Sirius.
-De você, não. Por quê? Está cansado?
-Pareço cansado? Ou entediado?
-Você parece estar tramando alguma coisa, Severus. – O sorriso malandro de Sirius indicava que ele estava mais do que pronto para qualquer coisa que Severus pensasse.
Severus, que estava quase encostado em Sirius, usou a magia para empurrar o amante suavemente de costas na cama.
-Não sei de onde você tira essas idéias, Black. Eu nunca tramo nada – ele ainda falou antes de se sentar sobre as pernas do namorado e se abaixar para beijar-lhe a boca.
Hogwarts – 10/08/1998
-Hoje faz quarenta e cinco dias.... – E Sirius se desligou do discurso de Dumbledore. Ele não conseguia se concentrar. Mas sabia muito bem o que acontecera há 45 dias. E sabia também o que vinha acontecendo desde então.
Olhou para Harry, sentado do outro lado da mesa, pálido ainda, mas imensamente feliz. O afilhado olhou para ele e sorriu. Sirius sorriu de volta. Ninguém conseguia evitar, sempre havia alguém sorrindo. O alívio levava embora anos de dor, luta e incerteza.
Harry sobrevivera, e Voldemort não. Isso era o que realmente estava na mente das pessoas. Todas as precauções tomadas por Voldemort para evitar a morte haviam sido em vão e ele, por fim, morrera. O mundo bruxo estava em festa. Muitas famílias contavam mortos e feridos graves, mas o mundo bruxo estava em festa.
Sirius correu os olhos pela mesa. Jane e Remus, de mãos dadas, ouviam o discurso de Dumbledore. Ela estava em Hogwarts pela primeira vez, e recebera um feitiço especial para poder ver a escola como realmente era. Rony parecia ter-se recuperado completamente; os cabelos outrora castanhos de Hermione seriam azul- escuros para sempre, efeito colateral da poção de cura que ela tomara, mas combinavam com seus olhos, que agora eram de um azul profundo.
Sua prima Tonks ainda não podia falar. Levaria talvez uns dois anos para que sua fala se normalizasse totalmente, mas Charles, o noivo dela, entendia muito bem sua linguagem de sinais. Arthur e Molly mostravam no rosto sinais da dor que era perder dois filhos em um espaço de tempo tão curto; nas paredes do salão, os retratos sorridentes de Bill e Percy Weasley estavam junto de tantos outros heróis da guerra. "Tantos jovens se foram agora, exatamente como há 17 anos". Apesar da tristeza, Sirius sorriu para os retratos de Lily e James Potter.
Draco estava abraçado a Harry, com a cabeça apoiada no ombro dele, e não parecia prestar a atenção no que o líder da Ordem da Fênix dizia. Sirius ainda tinha viva na memória a expressão desesperada do jovem sonserino quando todos haviam achado que Harry ia morrer também. Se não fosse Draco, talvez Harry realmente não encontrasse motivos para voltar. Mas não fora apenas por Draco, fora por todos eles, os amigos que tinham se tornado a sua família, que Harry voltara.
Gina Weasley, sentada junto aos gêmeos, era só sorrisos, e Sirius podia apostar que os três tramavam alguma coisa. Vendo-os assim era difícil imaginar o quanto eles haviam sido fundamentais nas batalhas e o quanto a jovem bruxinha era poderosa. Neville estava sentado debaixo do retrato dos pais dele, um retrato antigo onde Frank e Alice pareciam a imagem do casal feliz.
McGonagall se aposentara. Tudo o que ela passara no final da guerra a forçara a isso, mas a antiga mestra, que continuaria como consultora da escola, estava no banquete, e Sirius tinha certeza de que ela se manteria bastante ocupada.
Então o olhar dele pousou no novo vice-diretor de Hogwarts, e seu coração acelerou o ritmo.
Todos os dias, desde a derrota de Voldemort, Sirius fazia três coisas. A primeira: agradecia aos céus por Severus ter sobrevivido. Entendia a dor que se apossara de Draco, porque por dois intermináveis dias Severus estivera desaparecido, e todos o acreditavam morto. Conseguira voltar, ferido, fraco, mas vivo. A segunda coisa que fazia era prometer a si mesmo que falaria com Snape, que se arriscaria e diria a ele tudo o que sentia. E, na hora de dormir, invariavelmente, fazia uma terceira coisa: xingava-se de covarde e fraco por não ter falado ainda.
Os aplausos indicavam o final do discurso. E o banquete começou. Era uma festa para os membros da Ordem; as comemorações oficiais ainda eram feitas de tempos em tempos, mas naquele dia Dumbledore reunira os que haviam lutado juntos. Ele providenciara uma mesa redonda, com a do rei Arthur das histórias antigas.
Depois de algum tempo, as pessoas começaram a trocar de lugar, se aproximando dos que não viam há algum tempo para falar com os amigos. E foi Hagrid que veio se sentar ao lado de Sirius.
-E então, Sirius, agora que já pode mostrar a cara por aí, qual o primeiro lugar aonde você quer ir? – Peter Pettigrew fora preso e interrogado sob efeito do Veritaserum; Sirius era enfim um homem livre.
-Já fui. Fui ao Três Vassouras, Hagrid. Em parte para pagar a Rosmerta a comida que roubei de lá nos últimos tempos, e em parte para rir com ela e tomar uma cerveja na frente de todos.
-Não houve problemas? Houve?
-Não, passei de monstro assassino a herói popular com uma notícia do Profeta Diário. – Sirius se referia à cobertura da historia de Rabicho pelo jornal.
No final do banquete, os mais jovens iniciaram um baile, e Sirius, sem vontade de dançar, se refugiou em uma das janelas do salão. Harry e Draco vieram lhe fazer companhia.
-Se escondendo pelos cantos, Sirius?
-Velhos hábitos, Draco.
Depois de alguns minutos de uma conversa que não levava a nada, Draco pediu licença. Era óbvio que ele e Harry tinham combinado algo.
-Sabe o que me impressiona, Sirius? A quantidade de casais que têm se formado entre as pessoas mais próximas de nós.
"Onde Harry quer chegar com isso? Oh não! Ele sabe".
-Acho que é a proximidade da morte que faz isso, Harry.
-Talvez. O que eu sei é que o dia em que precisei de mais coragem na minha vida foi quando fui atrás do Draco na torre de astronomia. – Harry deu um pequeno sorriso com a lembrança. – Sabe, ele costumava se refugiar lá para ficar sozinho. Fazia tempo que eu estava vigiando ele pelo Mapa do Maroto. Eu tinha medo por ele. Medo da vingança do pai dele, ou de que alguém que não gostasse de Lucius o atacasse pensando... sei lá, ferir Lucius por meio de Draco. Eu ficava vendo ele lá sozinho e tudo que eu queria era correr para lá e cuidar dele, dizer tudo o que eu sentia, tocar nele.
Sirius estava surpreso. Harry nunca fora muito dado a confidências e agora estava abrindo a alma para ele.
-Então um dia eu fui. Nunca precisei de tanta coragem na minha vida como para sair do salão da Grifinória, atravessar o castelo, ir até a torre e encarar Draco. Eu não me lembro o que falei, só me lembro do medo de que ele dissesse não e risse de mim, eu achava que isso iria me matar. E do medo maior ainda de que ele dissesse sim, e aí eu não sabia o que poderia acontecer. Eu achava que perderia o controle da minha vida. Além de tudo, tinha a complicação de nós dois sermos homens. Eu fui criado entre trouxas, e você sabe que os trouxas pensam muito diferente da gente nesse lance de amor entre pessoas do mesmo sexo.
-Eu sei. Deve ter sido difícil para você encarar isso.
-Foi difícil, sim. Foi difícil explicar isso pro Draco também. Ele não entende muita coisa de trouxas. Mas o que eu quero falar com você não é isso. Eu quero contar é o que senti quando terminei de falar, antes mesmo de Draco responder. Eu senti minha alma leve, me senti inteiro, Sirius. Você entende o que eu quero dizer. Eu soube que conseguiria lidar com o que viesse. E me senti pronto para lutar pelo Draco também. Felizmente, não foi necessário. Draco disse sim e, ao invés de perder o controle da minha vida, eu me senti melhor dentro da minha própria pele – Harry concluiu com um sorriso alegre.
Sirius ficou olhando para Harry. Seu afilhado era um grande homem, sem sombra de dúvida. Ao invés de ele aconselhar Harry, era Harry quem o estava aconselhando.
Ainda sem saber o que dizer ou fazer em seguida, Sirius viu Draco, que se aproximara sem que ele percebesse, lhe estendendo um pergaminho. Era o Mapa do Maroto, e Draco estava lhe mostrando um pontinho "Severus Snape" se afastando do castelo e se dirigindo para a beira do lago.
Pela primeira vez em quase 18 anos, Sirius deu o sorriso que derretera tantos corações em Hogwarts. Olhou para os retratos de Lily e James:
-Vocês iam rir muito disso, especialmente você, Pontas.
Pegou o mapa da mão do Draco e pediu aos garotos:
– Não deixem ninguém vir atrás de mim, não pretendo voltar tão cedo.
Saiu do salão o mais discretamente que conseguiu, mas foi acompanhado pelo sorriso de Remus e pelo olhar cintilante de Dumbledore.
Sirius se afastava rapidamente do castelo. Assumira a forma canina porque assim corria mais. Só foi alcançar Severus quando este já tinha contornado boa parte do lago e se refugiado numa clareira às suas margens, de onde não podia ver o castelo nem dele ser visto.
Apesar do andar normalmente silencioso que tinha quando na forma de cão, Sirius deve ter feito algum barulho, pois Severus se voltou quando ele chegou na beirada da clareira. Sob o olhar intrigado de Severus, Sirius se aproximou e apoiou as patas dianteiras no ombro de Snape. Voltou à forma humana segurando o professor de poções pelo ombro e com os olhos fixos nos dele.
-Preciso falar com você, Severus.
-Aconteceu algo no castelo? Dumbledore...
-Não. – Sirius interrompeu, tentando encontrar a forma certa de dizer. – Está tudo bem. Sou eu quem precisa falar com você.
Sirius o soltou e andou agitado na clareira. "Merda! Como se diz para um sujeito com que você brigou a vida toda que está apaixonado por ele?".
-Sirius, você parece um cachorro perseguindo o próprio rabo. Fique quieto e me diga o que você quer.
-Perseguir meu próprio rabo pode ser divertido, e eu não estou me divertindo agora. – Sirius respirou fundo. – Droga. Eu não sei por onde começar.
-Você está me deixando preocupado. Aconteceu algo, Sirius? – Severus parou na frente de Sirius, forçando-o a ficar quieto e olhar para ele.
-Eu sou péssimo com palavras. Ok. Sem enrolação. Uma demonstração prática.
Talvez fossem os 12 anos em Azkaban; talvez Sirius nunca tivesse tido realmente juízo; talvez alguma coisa houvesse se desarranjado no cérebro dele quando caíra através do véu da morte. Ou talvez fosse realmente muito difícil para ele dizer algo que não conseguia ainda entender.
Sirius puxou o rosto de Severus para junto do seu e o beijou. Simplesmente beijou. Sem dar tempo de Snape pensar ou reagir, colou os lábios nos de Severus e tentou expressar por meio de um beijo toda a paixão que estava sentindo.
Preparou-se para ser empurrado, amaldiçoado, ameaçado de morte. Preparou-se para ter de lidar com um Snape furioso e pronto para arrasá-lo. Mas Severus passou os braços pelas costas de Sirius e o trouxe mais para perto enquanto entreabria os lábios para receber a língua exigente do animago.
O beijo se aprofundou. Ser correspondido daquela forma enlouquecia Sirius. Era como se a paixão de um ampliasse o que o outro sentia. Todo o tempo que eles haviam se contido explodia naquele beijo, jogando por terra qualquer reserva que um deles pudesse ter.
Quando se afastaram, Sirius encarou os olhos de Severus, e os viu pela primeira vez totalmente livres da oclumencia. A expressão era inconfundível. Paixão. De uma intensidade que causava vertigem em Sirius, e o fazia querer mergulhar ainda mais fundo na alma daquele homem.
-O que você tinha para me dizer, Sirius? – A voz de Severus era baixa, rouca e tão sensual que parecia incendiar a coluna de Sirius.
-Que eu enlouqueci de vez. Que não tem mais cura. Eu me apaixonei por você. O próximo passo é o Saint Mungo – Sirius respondeu, roçando os lábios no pescoço de Severus.
-Eu sei como é. Padeço do mesmo mal. Acredito que devo pedir que nos coloquem no mesmo quarto. – Severus encostou os lábios na boca de Sirius e colou o corpo no dele. – Isso não tem cura.
-Me trancar no mesmo quarto que você é exatamente o que eu tenho em mente. – Através das vestes, eles sentiam o roçar dos seus membros excitados.
Snape se limitou a beijá-lo, invadindo sua boca e acariciando seu corpo.
Já próximo de um descontrole total, Severus se afastou um pouco, sem, no entanto, sair dos braços de Sirius.
-Nunca o Castelo me pareceu tão longe. – Ele inclinou a cabeça para trás buscando ar.
-Por que você quer ir para o Castelo? Precisa falar com alguém logo agora? –A fingida inocência de Sirius não convenceria ninguém.
-Pretendia trancar você em um quarto para chamar os curandeiros.
-Hummmm. Claro. E nos encontrarmos com um bando de gente que vai querer falar conosco. Eu não estou em condições de bater papo com Dumbledore. – Sirius puxou o quadril de Severus de encontro ao seu. – E nem você.
-E você tem uma idéia melhor? – Severus conseguira desabotoar os dois botões superiores das vestes de Sirius e se dedicava a explorar com a língua a pele que ele desnudara.
-Isso é bom. Isso é muito bom – Estava complicado manter a concentração desse jeito. – Eu tenho uma idéia, sim. Ai! Você me mordeu.
-Doeu?
-Você está mordendo um cachorro, Severus. Depois agüente as consequências. Me deixe concentrar.
Apontando a varinha para o meio da clareira, Black criou uma tenda, cuja única entrada estava voltada para o leste, para o lago. Sirius puxou Severus para dentro.
-Se conseguisse me concentrar faria algo mais sofisticado, mas minha mente está em outro lugar.
Por dentro, a tenda era forrada por um tapete vermelho. Em um canto, havia um ninho de almofadas vermelhas e douradas. As paredes seguiam o mesmo padrão.
-Grifinória demais. – E sem descolar os lábios dos de Sirius, Severus tornou as paredes verdes e substituiu as almofadas douradas por outras da mesma cor. – Bem melhor.
-Eu vou te mostrar o que é bem melhor. – Usando a varinha, Sirius fez a capa de Severus escorregar lentamente até o chão, e enfeitiçou os botões da veste do outro bruxo para irem abrindo devagarzinho.
Sirius beijava o peito de Severus à medida que ele ia sendo desnudado. Sentir-se ser despido daquele jeito era maravilhoso. Severus apontou a varinha para os pés de ambos e os deixou descalços, depois usou as mãos para soltar a capa de Sirius. Tirou os braços das mangas das vestes, deixando-a escorregar para o chão em companhia das capas. Sentia as mãos habilidosas de Sirius percorrendo-lhe as costas e puxando-o mais para perto, conduzindo-o para as almofadas. Quando seus pés tocaram a primeira almofada, Severus fez um feitiço que deixou Sirius completamente nu. Girando o corpo, deitou Black nas almofadas e despindo a cueca se colocou por cima dele.
Severus usou os lábios, a língua, as mãos para enlouquecer Sirius. Ele ia percorrendo o caminho do rosto do animago até sua mais que evidente ereção. Quando a boca de Severus tocou pela primeira vez o membro rígido de Sirius, este se rendeu totalmente. A sensação de prazer que ele há muito não experimentava o subjugou. Os gemidos roucos dele estimulavam Severus a levá- lo ainda mais longe. Sirius sentiu os dedos de Severus o preparando para ser penetrado e abriu as pernas para lhe dar maior acesso. Com a boca, Severus se dedicava a enlouquecer Sirius, usava a língua e os lábios pelo corpo do amante. Pequenas mordidas provocavam gemidos excitados do animago. Então Severus se concentrou em lamber e sugar o membro ereto de Sirius, enquanto o penetrava com os dedos, arrancando gritos roucos de prazer dos lábios do amante.
O cheiro, os gemidos e o gosto de Sirius ameaçavam o controle de Severus, mas ele queria primeiro proporcionar prazer a Sirius. O animago contorcia- se sob a intensidade do que sentia, todo seu corpo pulsava; ele mergulhou em um mundo de sensações até explodir num orgasmo avassalador, gemendo o nome do amante. Ainda trêmulo e sentindo no corpo as descargas de energia, Sirius puxou Severus para cima dele. Podia sentir o gosto do próprio gozo nos lábios dele. Precisava desesperadamente beijar aquele homem.
-Eu quero você, Sirius – Severus murmurou contra os lábios dele. – Eu quero você agora.
Sirius envolveu o quadril do amante com as pernas enquanto era beijado por ele, e chamou baixinho:
-Vem. Sou seu todo seu.
Severus tentou manter o controle enquanto penetrava Sirius. A princípio lenta e suavemente; no entanto, a medida que a expressão de entrega mesclada a prazer e dor que ele via no rosto do animago o enlouquecia, passou a penetrá-lo com mais força.
Severus sentiu as unhas de Sirius em suas costas; os arranhões deixariam marcas, mas no momento só o excitavam mais. Sirius puxou a cabeça de Severus e mordeu seus lábios, o gosto de sangue excitando ainda mais o professor.
Naquele transe de prazer em que Severus mergulhou, ele estava sensível a tudo, ao cheiro de Sirius, ao gosto do suor dele e à expressão do rosto do animago, que passava de uma submissão suave quando gemia diante das estocadas de Severus a um desejo selvagem que fazia Sirius gemer, pedir mais e beijar o amante de forma insana. Sentindo Severus próximo ao clímax, Sirius murmurou ao seu ouvido:
-Eu sonhei com isso por muito tempo. Sou seu, Severus, completamente seu. Você é meu amor, minha paixão. Ah....Merlin! isso é .... ah.... perfeito!
A respiração entrecortada do amante, somada a sua voz rouca e ao que ele dizia, levaram Severus a explodir de prazer, tal como Sirius um pouco antes, sem controle, sem limites, em uma entrega total, para depois cair arfante nos braços do animago.
Sirius estava recostado nas almofadas da cama com Severus aninhado no seu peito. Um silêncio confortável caíra sobre a tenda, até que Severus olhou para Sirius e falou:
-Vai ser uma confusão dos diabos de agora para frente.
-No que você está pensando? Na reação das pessoas? Ou em ter de se relacionar comigo? – Enquanto falava, Sirius acariciava o rosto e os cabelos de Severus.
-Eu estava pensando só em nós dois. Mas acho que as pessoas também vão se espantar.
-Remus sabe.
-Você disse a ele?
-Não. Ele percebeu e me confrontou. Chamou-me de covarde, na realidade. Draco e Harry também sabem.
-Fomos os últimos a perceber, Sirius?
-Eu sei disso há muito tempo. Remus tinha razão: eu estava com medo.
-Medo de mim, Black? – Snape simulou seu olhar frio e seu ar mais arrogante.
-Medo de mim, seu tolo. – Sirius puxou o amante mais para perto – Medo de me perder nos seus olhos para sempre. Mas exatamente o que eu quero agora. Perder-me nos seus olhos.
-Não sou uma pessoa fácil, Sirius. Nem você tampouco.
-Não. Não somos. Mas quem disse que eu gosto do que é fácil?
-Sirius, isso é tão bobo! – Mas Severus não pôde evitar sorrir ao ouvir aquilo. – Sabe, eu nunca quis um bicho de estimação. Acho que agora arrumei um cachorro e uma dor de cabeça ao mesmo tempo.
-Isso não é nada romântico. Vem cá. Vou lhe mostrar o tamanho da sua dor de cabeça, Severus. –Sirius o deitou nas almofadas ficando por cima, e sorriu provocante. – Agora sou eu quem vai sentir o gosto do seu prazer. Você agora é meu, Severus.
Severus segurou o rosto de Sirius:
-Moruame. – Severus abraçou o animago. – Domauame - sussurrou.
-O que isso quer dizer, Severus?
-Meu amor, meu amado.
Sirius fitou Severus com os olhos brilhando de uma emoção que nunca experimentara antes. Ficou parado olhando para Severus, que tinha um ar inseguro, como se temesse que Sirius não gostasse do que ele dissera. Por fim, aproximou os lábios dos do outro bruxo e falou baixinho, só para Severus:
-Isso é romântico, domauame. Isso é lindo, moruame.
Sirius beijou Severus com doçura, que foi lentamente sendo substituída por paixão. Os corpos dos dois já mostravam o quão excitados eles estavam, e Sirius, deitado por cima de Severus, prendeu os braços do amante na cama.
-Você é meu, Severus. – Snape sentia-se derreter diante do olhar possessivo e apaixonado de Sirius.
-Então me toma para você, moruame.
A língua de Sirius desenhou o contorno da boca de Severus, que tentou abraçá-lo, sendo contido pelo animago.
-Quietinho. Agora você vai ficar bem quietinho! – O sorriso provocante de Sirius causou arrepios em Severus.
Sirius beijou os lábios, o pescoço e o peito de Severus. Quando atingiu os mamilos do outro bruxo, ele os sugou, brincou com eles com a ponta da língua e, olhando nos olhos de Severus, mordeu-os, arrancando um gemido rouco do amante
Soltando os braços de Severus, Sirius passou as unhas por seu peito, enquanto abocanhava o membro completamente rígido de Snape.
-Ah, Sirius!
Sirius provocava Severus com a língua e os lábios. Devolvendo o prazer que recebera há pouco, com os dedos ele testava a entradinha de Severus, que gemia e se agarrava com força aos cabelos de Sirius.
Severus gemia descontrolado. Nunca antes se entregara dessa forma à paixão. Sirius sugava o membro de Severus, brincando com a íngua em torno da glande e lambendo toda a extensão do órgão ereto. O animago provocava o amante deixando os dentes rasparem de leve na pele sensível e depois voltando a sugá-lo hora com força, hora gentilmente. Snape gemia o nome de Sirius totalmente entregue ao prazer que o amante lhe proporcionava, e foi com o nome de sirius nos lábios que Severus se entregou a um orgasmo intenso.
Ainda tonto de prazer, sentiu os lábios possessivos de Sirius tomarem os seus, ainda com o gosto de seu gozo neles. A língua exigente de Sirus invadiu sua boca enquanto ele sentia o roçar da ereção do animago na sua barriga.
-Faça comigo o que quiser, Sirius! –Severus abriu os braços e se entregou ao amante de vez.
Sorrindo sedutoramente Sirius o fez virar de lado e o abraçou por trás.
-Você me quer, Severus?
-Quero. Quero muito.
A voz de ambos estava rouca e não era mais que um sussurro.
-Então pede, moruame.
-Me possua, domauame. Torne-me seu.
Sirius não se fez de rogado. Possuiu Severus, contendo-se para não machucá- lo. O cheiro do amante tirava seu equilíbrio e o deixava cheio de um desejo selvagem.
Envolvendo o Severus nos braços, Sirius o penetrava e gemia no seu ouvido. Primeiro gentilmente, quase que com reverencia. Quando sentiu o corpo de Snape se acostumando com o seu ele aumentou gradualmente a força com que possuía o amante.
-Severus.... oh Merlim! Eu estou louco por você!
Ele movia-se dentro de Severus e sentia uma energia e uma paixão totalmente diferente de tudo que experimentara antes; mais intensa, mais real.
Snape virou o rosto para trás, sentindo os movimentos do amante se intensificarem, e beijou os lábios de Sirius.
-Você é minha vida, meu amor – sussurrou, pouco antes de sentir Sirius se entregar ao prazer.
Ainda tremendo pelo êxtase compartilhado, Sirius fez Severus se virar de frente para ele e, envolvendo o quadril do amante com as pernas, beijou-o terna e suavemente.
Quando Severus acordou algum tempo depois, sentiu o peso da cabeça de Sirius em seu ombro. Era uma sensação estranha acordar abraçado a ele. Há muito tempo Snape não acordava abraçado a ninguém. O corpo saciado, a alma em paz; nunca Severus sentira tanta calma ao amanhecer.
Ele se ajeitou na cama, mantendo Sirius junto ao seu corpo, e olhou para a porta da tenda que eles haviam esquecido aberta na noite anterior. O sol começava a nascer. Manteve os olhos no mais suave espetáculo da natureza enquanto acariciava os cabelos do amante adormecido.
Sirius acordou devagar e, seguindo a linha do olhar de Severus, fitou o sol nascente.
-É uma tolice romântica, Severus. Mas hoje o sol parece nascer só para nós.
Hogwarts – 11/08/2003
Severus estava recostado nas almofadas da cama com Sirius recostado no seu colo. Eles haviam enfeitiçado um prato de frutas para que flutuasse ao alcance das mãos e bebiam o vinho forte, de que ambos gostavam, em taças de cristal. Os corpos exaustos, e ainda letárgicos pelo prazer que haviam se dado, eles se dedicavam a trocar caricias e a conversar. Lentamente eles escorregaram para o sono, se aninhando um nos braços do outro.
Severus acordou junto com o nascer do sol, não se deu ao trabalho de acordar Sirius; limitou-se a ver seu espetáculo favorito e voltou a dormir nos braços do inesperado amor da sua vida.
